Loja de apps do Google tinha gravador que vazava áudios dos usuários e jogo de escravidão.

Não foi uma boa semana para a Play Store, loja de aplicativos para Android do Google.

Na terça (23), o pesquisador Lukas Stefanko, da ESET, revelou que um aplicativo a princípio legítimo, chamado iRecorder Screen Recorder, foi atualizado no segundo semestre de 2022 e passou a gravar e enviar áudios a servidores externos, sem o conhecimento do usuário, a cada 15 minutos.

O iRecorder Screen Recorder tinha mais de 50 mil downloads. O Google removeu o aplicativo da loja.

Caso mais grave ganhou destaque no Brasil. Um jogo chamado Simulador de Escravidão estava sendo distribuído na Play Store. O título descreve bem o conteúdo do jogo, que, após a repercussão, também foi removido pelo Google.

O mais bizarro (e triste) nesse caso é que Simulador de Escravidão tinha nota 4,0 (de 5,0 possível), resultado de 66 avaliações na Play Store. Via ESET (em inglês) e O Globo.

Brasil entra no piloto de sistemas de pagamento alternativos do Google; no Spotify, já dá para escolher qual usar.

O Google incluiu o Brasil nos testes de sistemas de pagamento alternativos na Play Store. Em paralelo, o Spotify lançou uma atualização do aplicativo para Android que permite ao usuário escolher pagar a assinatura pelo sistema próprio da Play Store ou direto ao Spotify — na segunda opção, o Google cobra uma taxa 4% menor. Via Android DevelopersGoogle, Spotify (todos em inglês).

Cansado do Google, desenvolvedor do FairEmail encerra projeto

O desenvolvedor Marcel Bokhorst encerrou seu aplicativo para Android, o cliente de e-mail FairEmail, após acusar o Google de “sinalizá-lo falsamente como ‘spyware’”.

O FairEmail foi removido da Play Store e da F-Droid, não será mais atualizado e Marcel não prestará mais suporte aos usuários. “O Google venceu”, disse ele em um fórum de discussões ao anunciar sua decisão.

Em mensagens anteriores, Marcel reclama de decisões arbitrárias do Google na revisão de atualizações do FairEmail. O último problema foi a acusação de spyware. “De acordo com o Google, o FairEmail é um spyware porque envia a lista de contatos [do usuário].”

Nesta quarta (18), Marcel submeteu uma atualização do FairEmail removendo o recurso supostamente problemático. “Pode ser um choque, mas se não conseguir resolver isso com o Google, será o fim do projeto. Tentei dialogar com o Google várias vezes, mas eles não oferecem quaisquer detalhes do que o aplicativo está supostamente fazendo errado.”

Quatro horas depois, o desenvolvedor recebeu uma resposta padrão e escreveu: “Removi todos os meus aplicativos da Play Store e não darei mais suporte ou manutenção a eles. O Google venceu. Boa sorte.”

Os links, de fato, não funcionam mais. No site oficial do FairEmail, uma mensagem em vermelho diz: “Todos os meus projetos foram encerrados depois que o Google falsamente sinalizou o FairEmail como spyware sem uma oportunidade razoável de apelação. Não haverá mais desenvolvimento nem suporte.”

Além das rusgas com o Google, Marcel parece estar exaurido. Ele menciona, em uma das mensagens, que sua namorada está doente. Em outra, reclama (e classifica como “problema central”) o excesso de pedidos de ajuda dos usuários e os reviews negativos que seus aplicativos recebem, sem que o Google dê a chance de respondê-los.

Também se coloca como um problema, dizendo-se “um desenvolvedor velho e resmungão, que talvez devesse se aposentar”.

O FairEmail é (era?) uma referência em aplicativos de código aberto, padrões em algumas ROMs alternativas do Android, como o /e/OS.

App com +10 milhões de download é removido da Play Store por conter malware.

O Google removeu o app Barcode Scanner da Play Store. Com mais de 10 milhões de downloads, ele servia para ler QR codes. Aparentemente, o app foi vendido em 2020 a uma empresa chamada LavaBird, que achou que seria uma boa ideia incluir no app, em novembro, um código que passava a abrir anúncios no celular do usuário. Via Malwarebytes (em inglês), Android Police (em inglês).

» O Google não excluiu o aplicativo dos celulares de quem já o baixou. Se você tem o Barcode Scanner instalado, é uma boa ideia removê-lo.

» É bem provável que o app da câmera nativo do seu aparelho consiga ler QR codes. Verifique. Se sim, é um app a menos para ocupar espaço e gerar esse tipo de brecha no seu celular.

Google e Apple banem app do Parler das suas lojas; Amazon poderá banir o site da AWS.

Google e Apple removeram o aplicativo do Parler, uma rede social alternativa adotada por trumpistas, das suas respectivas lojas de apps. Ambas as empresas alegam que o Parler viola os termos de uso ao não coibir conteúdo ilegal e de incitação à violência. Via AxiosMacRumors (em inglês).

A Amazon, onde o Parler está hospedado, deu um ultimato à empresa. Se não adequarem seus termos de uso até a meia noite deste domingo, o site será banido da Amazon Web Services (AWS). John Matze, CEO do Parler, já admite que o site poderá ficar inacessível por vários dias até ser restaurado em outra hospedagem. Via Buzzfeed (em inglês).

Do nosso arquivo, de 2015, um passeio pelo Gab, outra rede social alternativa adotada por extremistas. O Gab nunca emplacou fora dos círculos próximo a Trump. Hoje, funciona como uma instância do Mastodon, mas quem acessa o Mastodon em outras instâncias bem administradas não corre o risco de topar com seu conteúdo — a maioria das instâncias e até mesmo apps do Mastodon bloqueiam a do Gab.