Alteração em domínio da FTX eliminou NFTs.

Quando a FTX quebrou, o domínio ftx.us foi redirecionado para uma página explicando o processo de falência. Ninguém reparou ou se importou com um detalhe: vários NFTs cunhados pela FTX confiavam em uma API hospedada naquele domínio, o que significa que ao removê-la dali, os NFTs sumiram.

Dá para ver o resultado na coleção de NFTs do festival Coachella (exemplo de um NFT que supostamente vale ~US$ 19,7 mil). Em vez das imagens, quadrados cinzas são exibidos. Se ao menos soubéssemos que isso poderia acontecer… Via Web3 is Going Great (em inglês).

Marketplaces de NFTs tornam opcional comissão no mercado secundário.

Uma das principais promessas do mercado de NFT era a de que os artistas ganhariam comissões nas negociações do mercado secundário, ou seja, de vendas feitas após a inicial.

Só tem um problema: as comissões/royalties não estão previstas na blockchain e, dada essa discricionariedade, vários marketplaces passaram a isentar os negociadores da comissão ou torná-la opcional.

Para ilustrar a situação, na x2y2, um dos marketplaces que adotaram a comissão opcional, em apenas 18% das compras de outubro os criadores receberam comissão.

A OpenSea, maior marketplace de NFTs do mundo, está prestes a adotar uma política que banirá marketplaces rivais que não obrigam ao pagamento das comissões. Só que isso valerá apenas para novos NFTs. Os antigos estão num limbo e os artistas, com razão, impacientes com a situação. Via Decrypt (em inglês).

Apple vai cobrar taxa de impulsionamento de posts em apps de redes sociais no iOS.

Junto às novas versões do iPadOS e macOS, a Apple atualizou várias diretrizes da App Store nesta segunda (24). Destaque para a que estende a “taxa Apple” (até 30%) às compras de impulsionamento em aplicativos de redes sociais, como Facebook, Twitter e Instagram.

No mesmo movimento, a Apple diminuiu consideravelmente o apelo dos NFTs no iOS (apps não podem vincular recursos e benefícios à venda de NFTs) e aumentou seu poder de controle, dando a si mesma o poder de rejeitar aplicativos que faturam/lucram com “eventos recentes” prejudiciais, como conflitos violentos e ataques terroristas (aplicativos de jornais entram nessa classificação?).

A partir do raciocínio de Neil Katz, dá para dizer que Apple é uma empresa “sui generis”: aumenta sobremaneira seu poder centralizador no momento em que a pressão por suas práticas momopolistas atinge o ápice e, ao mesmo tempo, consegue vender sua marca como premium mesmo vendendo várias dezenas de milhões de produtos todo trimestre. Via Apple, FOSS Patents, @neilkatz/Twitter (todos em inglês).

Transações de NFTs na OpenSea diminuem 99% em quatro meses.

Segundo a consultoria DappRadar, o volume transacionado na OpenSea, maior marketplace de NFTs do mundo, despencou 99% em relação a maio — de US$ 2,7 bilhões em 1º de maio para pouco mais de US$ 9 milhões no último domingo (28).

A OpenSea contestou os números, dizendo que prefere mensurar essas flutuações tendo como base o volume de ETH. Nesse caso, a queda foi de 62%. Posso estar enganado, mas ainda me parece bem ruim. Via Fortune (em inglês).

CEO do Telegram desativa reações em seu canal após usuários reprovarem ideia envolvendo NFTs.

Pavel Durov, o falastrão CEO do Telegram, compartilhou com seus 650 mil seguidores no aplicativo seu apreço pelos leilões de domínios com terminação *.ton, realizado pela Open Network, grupo independente que assumiu o espólio da frustrada iniciativa de criptomoeda do aplicativo e conseguiu lançá-la em 2021.

“Se o ton foi capaz de alcançar esses resultados, imagine quão bem-sucedido seria o Telegram com seus 700 milhões de usuários se pudéssemos reservar @ nomes de usuários, grupos e canais para serem leiloados”, escreveu Durov.

Na sequência, ele soltou a imaginação e disse que esses nomes de usuários leiloados poderiam ser “tipo NFTs”, e que a lógica poderia ser estendida a outros elementos do aplicativo, como emojis e reações. “Vamos ver se conseguimos colocar um pouco de Web3 no Telegram nas próximas semanas”, finalizou.

Só faltou combinar com os usuários mais assíduos do Telegram, aqueles que acompanham o canal de Durov no aplicativo: o post recebeu uma enxurrada de reações negativas — segundo testemunhas, foram 24 mil joinhas para baixo (👎) contra apenas 4 mil curtidas (👍). O fiasco ficou ainda pior depois que Durov desativou as reações no seu canal, em óbvia retaliação à reação negativa da maioria.

Não é a primeira vez que uma comunidade de usuários manifesta desaprovação a empresas que flertam com NFT, Web3 e outras picaretagens do tipo. Gamers, por exemplo, são bem avessos a essas ideias. Via @durov/Telegram (em inglês)

(Obrigado pela dica, Henrique!)

Gigantes chinesas de tecnologia abrem seus algoritmos; Tencent desiste de NFTs.

Na última sexta-feira (19), o órgão responsável pelo ciberespaço chinês publicou em seu site resumos dos algoritmos utilizados por 30 aplicativos de algumas das maiores empresas de tecnologia da China.

Gigantes como Alibaba, Tencent e ByteDance foram as primeiras empresas a revelar para o governo as regras de seus algoritmos de acordo com a lei que está em vigor desde março.

Embora a informação oferecida publicamente pelo órgão não seja muito esclarecedora, acredita-se que a versão entregue ao governo seja mais detalhada. Se você perdeu as discussões que rolaram sobre o assunto lá em março, pode passar um cafezinho que o tema é denso.

Adeus, incerteza. Diante do cenário ruim nas vendas e de um temor regulatório, a Tencent, detentora do WeChat, decidiu abandonar o mercado de NFTs. Como conta o SCMP, isso acontece apenas um ano depois de a gigante de tecnologia ter entrado neste setor, que começou com uma promessa de ser grande no futuro. Já tínhamos falado há algumas edições sobre a relação complicada da China com o mercado de NFTs.


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Minecraft diz “não” aos NFTs e blockchain.

A Mojang, estúdio da Microsoft responsável por Minecraft, publicou uma enfática negativa ao uso de NFTs e de blockchains dentro do universo do jogo.

Segundo o comunicado, que é assinado por toda a equipe do estúdio, “NFTs criam modelos de escassez e exclusão que conflitam com as nossas diretrizes e o espírito de Minecraft”, em especial com o objetivo de manter uma comunidade onde todos tenham acesso ao mesmo conteúdo.

Transcrevo abaixo um trecho especialmente feliz do comunicado:

Cada um desses usos de NFTs e outras tecnologias de blockchain cria propriedades digitais baseadas em escassez e exclusão, o que não se alinha com os valores de Minecraft de inclusão criativa e de jogar juntos. NFTs não são inclusivas para toda a nossa comunidade e criam um cenário dos que têm e dos que não têm. A mentalidade de especulação e investimento em torno dos NFTs afasta o foco do jogo e incentiva o lucro, o que nos parece inconsistente com o prazer e o sucesso de longo prazo dos nossos jogadores.

Também nos preocupa o fato de que alguns NFTs de terceiros possam não ser confiáveis e acabar causando prejuízo aos jogadores que os compram. Algumas implementações de NFTs de terceiros também dependem inteiramente da tecnologia blockchain e podem exigir um gerenciador de ativos que pode desaparecer sem aviso prévio. Também houve casos em que NFTs foram vendidos a preços artificialmente ou fraudulentamente inflados. Reconhecemos que criações dentro do nosso jogo têm valor intrínseco e nos esforçamos para oferecer um mercado onde esse valor possa ser reconhecido.

Com destaque, a Mojang finaliza dizendo que “tecnologias de blockchain são proibidas de serem integradas às aplicações cliente e servidor de Minecraft e que não podem ser usadas para criar NFTs associados a qualquer conteúdo dentro do jogo, incluindo mundos, ‘skins’, itens ou outras modificações”. Via Minecraft (em inglês).

Reddit lança NFTs sem dizer que são NFTs.

O Reddit chegou meio atrasado à festa e anunciou, na quinta-feira (7), uma coleção de NFTs baseados em seu simpático mascote, usando a blockchain Polygon.

O comunicado à imprensa e os tópicos oficiais publicados pelo Reddit chamam a atenção por uma ausência: não há qualquer menção ao termo “NFT” ou “token”, embora os avatares colecionáveis sejam NFTs. Talvez seja uma estratégia para dissociar a investida de um termo que tornou-se meio radioativo e já está perdendo fôlego?

Nos tópicos, parte da galera apreciou o fato de o Reddit estar ajudando artistas a fazerem uma grana com sua arte, mas tem muito mais gente irada com o apoio ao NFT, principalmente no subreddit principal. Via Reddit (em inglês).

Será mesmo que o NFT não é um hype passageiro?.

A colunista da Veja Rio, Carla Knoplech, foi ao Parque Lage participar do NFT.Rio, primeiro evento totalmente dedicado ao tema do Brasil. Saiu de lá com uma certeza que intitulou sua última coluna no site da revista: Não, NFT não é um hype passageiro.

Fora a estranheza de se realizar um evento de NFTs no ambiente físico (e a web 3.0?), esbocei um sorriso com este trecho:

Fez parte da experiência também ver de perto a exposição física de alguns dos NFTs mais famosos do mundo como Cryptopunks, XCopy e Fidenza, além de obras que integram o acervo do colecionador Cozomo de’ Medici, pseudônimo reivindicado pelo rapper Snoop Dogg, no ano passado.

Alguém imprimiu uns desenhos que pegou na internet e, bum!, temos uma “exposição física de NFTs”. Via Veja Rio.

NFTs chegam ao Instagram.

NFTs chegaram ao Instagram. A rede social da Meta começou a testar o compartilhamento dos famigerados tokens não-fungíveis com alguns criadores norte-americanos.

Em um vídeo, Mosseri explicou que usuários poderão exibir NFTs que criaram ou compraram no Instagram — no feed, nos stories e nas mensagens. Essa é, segundo ele, uma maneira de ajudar uma parte dos “criadores” da plataforma a ganharem a vida fazendo o que amam.

O anúncio do Instagram acontece poucos dias após uma reportagem do Wall Street Journal apontar uma queda expressiva no volume de negócios envolvendo NFTs.

Entre setembro de 2021, quando a febre dos NFTs atingiu seu pico, e a semana que compreendeu o fim de abril e início de maio, o volume de transações despencou 92%, de 225 mil por dia para 19 mil. O número de carteiras com NFTs ativas também caiu drasticamente, 88%, das 119 mil em novembro para 14 mil agora.

Na linha fina, o Wall Street Journal questiona se estamos presenciando o início do fim dos NFTs. Será que o Instagram consegue reverter essa tendência? Via @mosseri/Twitter, Wall Street Journal (ambos em inglês).

O futuro que nos prometeram no SXSW 2022

Nesta semana, debatemos as tendências e promessas de futuro apresentadas no South by Southwest, evento anual de tecnologia, música e cultura que acontece em Austin, no Texas, Estados Unidos, e que a Jacqueline Lafloufa cobriu remotamente. Os assuntos mais quentes da edição 2022, a primeira com a presença de público desde 2019, já estão na pauta de empreendedores do mundo inteiro. Assuntos polarizadores, como Web3 e NFTs, e que Rodrigo Ghedin não vê com bons olhos. Um típico episódio de discordâncias (respeitosas!) entre os apresentadores.

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O que muda com a regulação de criptoativos no Brasil

O crescimento vertiginoso em valor de mercado do bitcoin, a partir de 2017, e uma profusão de novos negócios baseadas na tecnologia blockchain, incluindo aí os ilícitos, chamaram a atenção dos poucos brasileiros ainda com dinheiro para investir. Agora, na esteira do “boom” dos criptoativos — e dos golpes envolvendo esse tipo de bem digital —, o Congresso brasileiro corre para regular o setor.

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Estamos trabalhando para levar NFTs ao Instagram a curto prazo. Não estou pronto para anunciar o que será isso exatamente, mas nos próximos meses [teremos] o recurso de trazer alguns dos seus NFTs para dentro [do Instagram], e depois tornar possível gerar novos NFTs dentro daquele ambiente.

— Mark Zuckerberg, em painel no South by Southwest.

A ideia de trabalhar com NFTs, já ventilada em 2021 por outros executivos da Meta, conecta-se com o alardeado metaverso. Em outro momento da conversa, Zuckerberg explicou que roupinhas de avatares no metaverso da companhia poderão ser geradas e negociadas como NFTs. Via O Globo, Engadget (em inglês).

A maioria das pessoas falando de metaverso não faz a menor ideia do que estão falando. E, aparentemente, nunca jogaram um MMO. Eles pensam: ‘Oh, você terá este avatar personalizável’. E é como, bem… entra em La Noscea no Final Fantasy 14 e me diga se este não é um problema resolvido há uma década, e não uma coisa incrível que você está inventando.

— Gabe Newell, co-fundador e CEO da Valve.

Em outra parte da entrevista, Gabe foi mais direto: “Tem um monte de esquemas ‘fique rico rápido’ em torno do metaverso.”

E sobre a tendência de executivos de empresas de tecnologia de adotarem ideias distópicas da literatura e as repaginar como algo bom ou desejável: “Sou amigo do Neal Stephenson [que cunhou o termo ‘metaverso’] e toda vez que nos encontramos, ele leva as mãos ao rosto. É meio ‘certo, qual notícia do metaverso me deixará maluco hoje?’” Via PC Gamer (em inglês).

Em outra entrevista, a respeito de NFTs e criptoativos: “[…] Com os atores que estão no momento neste espaço de NFTs, eles não são pessoas com quem você realmente queira fazer negócio.” Via Rock Paper Shotgun (em inglês).