O ano de 2022 mostra que o governo chinês leva cada vez mais a premissa de que dados são o novo petróleo, gás, etc. a sério. Como apareceu no Protocol China em fevereiro, a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma anunciou o lançamento de uma política para ampliar a capacidade de processamento de dados do país.
O projeto também veio do think tank governamental CAICT e foi criado em 2020, com um nome que fica mais ou menos como “Dados do Leste, Computação do Oeste”. A ideia é criar centros de processamento de alta capacidade, usando energia mais barata, renovável (e, portanto, mais sustentável) nas regiões mais pobres do oeste, com dados coletados nas regiões mais prósperas do leste — que têm energia mais cara.
Uma inspiração para essa “otimização” do espaço nacional foi o South-to-North Diversion Project (do qual já falamos aqui), que pretende redirecionar águas de alguns rios do país.
Na semana passada, a China Telecom e China Unicom, empresas de telecomunicações, anunciaram a aceleração da construção de centros que se adequem ao planejamento do projeto. A Huawei também está ligada, como mostra este texto publicado recentemente em seu site, refletindo sobre a importância da infraestrutura das redes para que o projeto dê certo. Isso tudo se alinha com o 14º Plano Nacional de Informatização, lançado pelo governo em janeiro (como contamos aqui). Para ler também uma reflexão e análise do plano, vá lá no DigiChina.
Por falar nela, a Huawei voltou à pauta esta semana com duas notícias: a reaparição de Meng Wanzhou e o posicionamento da gigante de tecnologia chinesa diante das sanções impostas à Rússia, devido à guerra com a Ucrânia.
Em resposta a uma pergunta de um repórter, Guo Ping, que ocupa a presidência rotativa da companhia, disse que a Huawei está preocupada com os desdobramentos da guerra para a população atingida e que a possibilidade de aderir às sanções ainda está sob análise cuidadosa. Durante o mesmo evento, em que a empresa reportou crescimento de 76% dos lucros em 2021, na segunda (28), Meng Wenzhou fez sua primeira aparição pública desde que retornou à China após passar um período em prisão domiciliar no Canadá.
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