Quando começará o processo de “merdalização” do WhatsApp?

Já são raras as oportunidades de lidar com uma pequena ou média empresa, ou com profissionais liberais, sem passar pelo WhatsApp.

No mundo inteiro, o WhatsApp Business é usado por 200 milhões de pessoas. O número é quatro vezes maior o de três anos atrás.

Com o empenho da Meta para gerar receita cada vez mais explícito (e esse crescimento vertiginoso é reflexo disso), fica a dúvida de quando começará o processo de “enshittification” do WhatsApp.

O termo, um neologismo que poderia ser traduzido como “merdalização”, foi cunhado por Cory Doctorow em um popular ensaio publicado no início de 2023. Ele resume o processo de degradação pelo qual passam plataformas digitais. Assim:

É assim que as plataformas morrem: primeiro, elas são bons para seus usuários; então elas abusam de seus usuários para melhorar as coisas para seus clientes corporativos; no fim, eles abusam desses clientes corporativos para agarrar de volta todo o valor para si mesmas. Daí elas morrem.

Chamo isso de “enshittification”. É uma consequência pelo visto inevitável, decorrente da combinação da facilidade de mudar a forma como uma plataforma aloca valor combinada à natureza de um “mercado de dois lados”, onde uma plataforma fica entre compradores e vendedores, mantendo cada refém do outro, coletando uma parte cada vez maior do valor que corre entre eles.

O ensaio todo (em inglês) é uma leitura indispensável.

Empresa chinesa dona do aplicativo de compras Temu muda sede para Irlanda.

A PDD Holdings, uma das gigantes de tecnologia chinesas, trocou a localização de sua sede de Shanghai para Dublin, capital da Irlanda.

A empresa, conhecida por possuir o Pinduoduo e o aplicativo de e-commerce Temu, notificou a mudança em documentos enviados a autoridades financeiras dos Estados Unidos.

Além de impulsionar sua internacionalização, a medida também pode ser vista como uma maneira de se proteger da pressão de parlamentares estadunidenses que vêm criticando supostos laços da PDD com violações de direitos humanos. Apesar dessa circunstância, vale notar também que a Irlanda é um destino de muitas empresas de tecnologia que buscam pagar menos impostos, como a Apple e a Meta.

O Pinduoduo, no entanto, deve continuar sediado na China, segundo o South China Morning Post.

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Governo recua e manterá isenção para compras internacionais entre pessoas físicas de até US$ 50.

O governo federal voltou atrás e não vai mais acabar com a isenção tributária para encomendas entre pessoas físicas de até US$ 50, medida que, na prática, passaria a taxar todas as compras diretas de sites asiáticos. Em entrevista ao G1, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o presidente Lula pediu pela reversão e para que o assunto — sonegação no e-commerce transfronteiriço — fosse tratado administrativamente. A pressão popular foi forte demais, afinal.

Haddad disse que todo o varejo brasileiro, Shopee e AliExpress manifestaram apoio ao aumento da fiscalização, e que a fraude é o grande problema, “em especial de uma empresa”. Arrisco dizer que é uma que começa com “She” e termina com “in”. Via G1.

Negócio da China

Um Brasil acostumado a polarizações acordou na última segunda-feira (10) com mais uma para lidar: o fim da isenção tributária para importações de até US$ 50 entre pessoas físicas.

Dito assim, soa como um assunto estranho para motivar posicionamentos apaixonados e guerra de torcidas nas redes sociais. É que a medida, na prática, visa acabar com a sonegação que ocorre em lojas asiáticas, como Shein, Shopee e AliExpress, que subvertem a isenção — vendedores subfaturam valores e despacham pacotes como se fossem pessoas físicas, por exemplo.

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Produtos importados de até US$ 50 não terão mais isenção tributária, diz Receita Federal.

O governo prepara uma medida provisória para acabar com a isenção tributária para produtos importados de até US$ 50. A informação foi dada ao Uol por Robinson Barreirinhas, secretário da Receita Federal, no domingo (9).

A iniciativa visa combater a sonegação, que corre solta em sites asiáticos (AliExpress, Shein e Shopee). De quebra, integra o pacote de medidas do governo para elevar a arrecadação em até R$ 150 bilhões, parte da nova regra fiscal anunciada no final de março pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Ficará mais caro comprar em lojas asiáticas, mas pelo menos o trâmite será agilizado: um sistema eletrônico fará o cálculo e a cobrança no ato da compra, de modo que o produto já chegue ao Brasil liberado e vá direto à casa do consumidor.

O deputado Marco Bertaiolli (PSD-SP), presidente da Frente Parlamentar Mista do Empreendedorismo, afirmou à Folha que o Brasil recebe cerca de 500 mil pacotes por dia e acusou as lojas asiáticas de manobras tributárias, como subfaturar produtos e dividir pacotes em vários menores a fim de evitar o imposto de importação, que é de 60%. Via Uol, Folha de S.Paulo.

Aplicativo chinês Pinduoduo é suspeito de espionagem.

Uma reportagem investigativa conduzida pela CNN com participação de pesquisadores revelou que o aplicativo Pinduoduo é capaz de monitorar as atividades de outros aplicativos, ler mensagens privadas e mudar configurações, contornando definições de segurança de celulares Android e dificultando sua desinstalação — características típicas de malwares.

O aplicativo de compras tem mais de 750 milhões de usuários mensais. De acordo com atuais e ex-funcionários, esses recursos seriam utilizados para espionar concorrentes e aumentar as vendas.

O Google Play, loja de aplicativos para aparelhos Android, removeu o Pinduoduo de seu catálogo, embora as versões contendo malware sejam disponibilizadas em outros sites.

Por enquanto, as acusações não impactam o Temu, versão internacional do Pinduoduo que se tornou o app de compras mais baixado nos Estados Unidos no final do ano passado.

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Recomendações e pedidos de promoções da Black Friday

A Black Friday está aí — em alguns casos, há um mês —, hora de aproveitar alguns descontos. Neste post, vamos reunir promoções e descontos que valem a pena, em um trabalho colaborativo. Achou algo legal? Coloca nos comentários.

Ele também serve para pedidos. Está de olho em algum produto ou serviço pagando o mínimo possível? Conte aí. De repente alguém sabe e te ajuda.

Chamo a atenção aos parceiros do Manual do Usuário:

Resenhas de livros do Skoob são integradas à Americanas para vender mais livros.

A Americanas S.A. integrou 2 milhões de resenhas de livros da plataforma Skoob, que adquiriu no final de 2021, às lojas Americanas, Submarino e Shoptime.

O objetivo da Americanas é alavancar as resenhas do Skoob para aumentar as vendas de livros nas lojas do grupo. Segundo a empresa, a expectativa é de que o movimento aumente a conversão de vendas de livros em até 40%.

Tudo muito legal, mas faltou combinar com os 9 milhões de usuários do Skoob, que da noite para o dia viraram promotores de vendas ao terem suas resenhas instrumentalizadas por uma loja para fomentar a venda de livros.

Nem a Amazon ousou ir tão longe. Em 2013, a gigante norte-americana comprou o Goodreads, rede social literária similar ao Skoob, e jamais misturou as resenhas de lá com as da sua loja virtual. Via PublishNews.

Prazo curto, pressão e ansiedade: a saga dos entregadores do Mercado Livre

Prazo curto, pressão e ansiedade: a saga dos entregadores do Mercado Livre, por Rogério Galindo e Flavia Barros, no Plural:

Depois da pandemia, toda grande cidade hoje tem milhares de pessoas trabalhando com entregas de mercadorias, não só para o Mercado Livre. As pessoas acostumaram a fazer encomendas via Internet e isso movimenta bilhões de reais. Só no primeiro ano da pandemia, o Mercado Livre registrou um espantoso crescimento de 185%. Hoje, com capacidade para entregar 2 milhões de pacotes por dia, a empresa, que tem sede na Argentina, se expande às pressas. A receita também explodiu: foram US$ 2,1 bilhões só no último trimestre de 2021.

Na ponta, isso significa uma só coisa: pressão para entregar tudo no prazo, ainda mais porque algumas compras oferecem ao consumidor a promessa de ter tudo em casa em poucas horas — às vezes no mesmo dia, às vezes no dia seguinte. O exército de entregadores não para de crescer — assim como o Uber no começo, hoje é para o serviço de entregas que correm muitos desempregados em busca de renda.

Na Índia, WhatsApp ganha primeira loja integral dentro do app

A Meta anunciou nesta segunda (29) a primeira loja integral dentro do WhatsApp, lançada na Índia em parceria com a JioMart.

A loja está atrelada ao número de WhatsApp da JioMart. Após enviar um “Oi”, o usuário pode navegar pelo catálogo de produtos, colocar os desejados num carrinho de compras, indicar o endereço para entrega e fazer o pagamento — tudo isso sem sair do WhatsApp. Veja o vídeo acima.

Parece mais um (grande) passo para posicionar o WhatsApp como “super app”, ou como o “WeChat do resto do mundo”. Para acompanhar com atenção. Via Meta, @zuck/Facebook (ambos em inglês)

Pessoas comprando capa do Galaxy Z Flip 3 achando que é o celular na Shopee.

A Fernanda Lizardo à atenção um fenômeno curioso na Shopee: pessoas comprando uma capinha de R$ 62 para o Galaxy Z Flip 3, um dos celulares dobráveis da Samsung, achando que se trata do celular em si.

O preço sugerido do Galaxy Z Flip 3 é R$ 7 mil. Segundo o Zoom, o menor preço dele no varejo nos últimos seis meses foi R$ 3,9 mil.

Alguns comentários de compradores “enganados” pela capinha da Shopee:

Comprei achado que era um celular. Quando chegueu era uma capa

Eu pensei que era um celular mais não!!! Venho só acapa nosssa!!!! Agora vou fazer oque isso? Só com a capa?

Não gostei demorou pra chegar e me ferrei pensei que estava comprando um celular e erra só a capa

Kkkk vacilei pensando ser celular Kkkk mais.enfim dão lindas

Não gostei, no anúncio não esplica que é uma capa, me senti enganada.comprei achando que era um celular.

O título do anúncio é “Ultra-thin Skin Feel Hard Phone Cover For Samsung Galaxy ZFlip3 Z Flip 3 Flip3 5G Protect Cases ZFilp 3 Bumper Back Shell” e a primeira foto tem um aviso, também em inglês, reforçando que é só uma capa.

Uma estranheza o título do anúncio estar em inglês. Mesmo os das lojas chinesas costumam aparecer em português, (mal) traduzidos automaticamente.

A capa parece, pelas fotos, bem discreta, o que pode ter contribuído para a confusão dos consumidores. Mas… né, o que se compra com R$ 62 hoje? Seguramente, não um celular — nem mesmo os básicos da Nokia ou Multilaser, digo, Multi. Chato isso. Via @FernandaLizardo/Twitter.

E-commerce é o novo banco

E-commerce é o novo banco, por Hugo Cilo na IstoÉ Dinheiro:

O executivo Tulio Oliveira, que comanda a fintech Mercado Pago, braço financeiro do maior site de classificados da América Latina, o Mercado Livre, vive uma espécie de crise de identidade profissional. Uma boa crise. À frente de um negócio que responde por 48% das receitas globais de US$ 2,6 bilhões da companhia no segundo trimestre, ele já não sabe se pilota um banco que tem um marketplace ou um marketplace que tem um banco. […]

O processo de bancarização do varejo ou de “varejização” dos bancos — a ordem dos fatores, neste caso, definitivamente não altera o produto — é um fenômeno que ultrapassa as fronteiras do Melicidade, sede do Mercado Livre, em Osasco (SP). Outras gigantes do e-commerce, como OLX, Magazine Luiza e Via (antiga Via Varejo, dona de Casas Bahia, Ponto e Extra.com.br) estão surfando na crista da onda dos serviços financeiros. A Lojas Renner tem a Realize, a Via tem o banQi, o Magazine Luiza tem o Magalu Pay, entre muitos outros. “O objetivo é garantir a inclusão financeira, criando conexão entre as lojas, o e-commerce e o marketplace”, disse André Calabró, CEO do banQi.

Instagram lança compras via DM nos EUA.

O Instagram deu mais um passo para deixar de ser um aplicativo de fotos, como prometeu seu diretor, Adam Mosseri.

Mark Zuckerberg, CEO da Meta, anunciou um novo sistema de pagamentos para pequenos negócios nos Estados Unidos a partir das mensagens diretas (DMs) do Instagram. Por lá, será possível personalizar o pedido, fazer pagamentos e acompanhar a entrega pelas DMs. O pagamento será processado pelo Meta Pay. Via @zuck/Instagram, Meta (ambos em inglês).

Mercado Livre e Shopee são os principais e-commerces nas favelas brasileiras.

As plataformas mais usadas na hora de fazer compras via internet nas favelas brasileiras Mercado Livre (49%) e Shopee (37%).

Esse dado é da Pesquisa Persona Favela, desenvolvida pelo Outdoor Social Inteligência. Do total de entrevistados, 38% disseram fazer compras via internet.

A pesquisa mapeou os hábitos de consumo via internet nas favelas brasileiras. Foram 462 moradores das 15 maiores comunidades dos municípios de Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Recife, Fortaleza, São Luís e Belém. Via Mercado&Consumo.