Há duas semanas, o site jornalístico Núcleo me convidou para aprofundar um fio que tinha publicado no Twitter sobre o impacto do banimento do Terça Livre do YouTube para o bolsonarismo digital. Esse episódio do Tecnocracia é uma versão estendida daquela análise. O Núcleo publica análises sobre a interseção entre tecnologia e política no Brasil […]
Desinformação
YouTube aponta violação de regras e encerra canal bolsonarista Terça Livre
O YouTube baniu os canais do site bolsonarista Terça Livre — havia dois, o principal, que estava impedido temporariamente de subir novos vídeos, e um reserva, criado para burlar o impedimento do principal. O YouTube alega que o canal, comandado por Allan dos Santos, violou regras sobre a integridade das eleições e por incitar violência contra indivíduos ou grupos. Via Folha.
Comitê de Supervisão independente defende permanência de post favorável à cloroquina no tratamento da COVID-19
Na primeira rodada de decisões do Comitê de Supervisão independente do Facebook, vimos resultados meio esquisitos. Em um dos casos julgados, o Comitê reverteu a exclusão de um post em Mianmar em que alguém dizia que muçulmanos têm algo errado na cabeça por não reagirem ao tratamento dado pela China aos uigures muçulmanos com a mesma intensidade com que reagem a caricaturas de Maomé na França. “Embora o post possa ser considerado ofensivo, ele não atingiu o nível de discurso de ódio,” diz a decisão. Via Comitê de Supervisão.
A grande polêmica, porém, foi a reversão na exclusão do post de um homem na França, publicado em um grupo em outubro de 2020, que reclamava do governo pela falta de autorização para o uso de hidroxicloroquina combinada com azitromicina no tratamento da COVID-19. O texto também questionava o que a sociedade tinha a perder ao permitir que médicos receitassem um “remédio inofensivo” quando os sintomas da doença aparecessem. O Facebook havia justificado a exclusão com as suas regras específicas de COVID-19 e de risco iminente de dano físico — o que, e o Brasil é prova disso, está correto.
Surpreendentemente, o Facebook informou, por nota, que não acatará a decisão do Comitê relacionada ao post da COVID-19. Provavelmente a coisa certa a ser feita, mas já na largada esse caso coloca em xeque o poder do Comitê.
Em tempo: é esse Comitê que decidirá o futuro de Donald Trump nas plataformas do Facebook.
Donald Trump é o primeiro grande case de déspota digital auxiliado pela Big Tech
Essa história começa com dois fenômenos paralelos. O primeiro. Como você entrou na internet? Pode ter ouvido de um(a) amigo(a) e resolveu, lá atrás, testar a conexão discada, as salas de chat, o IRC, o fazer amigos(as) só por mensagens de texto, sem nunca ter visto a cara ou ouvido a voz. Quando apareceram, as […]
Com Birdwatch, Twitter joga o problema da desinformação aos usuários
O Twitter anunciou uma nova iniciativa de combate à desinformação em sua plataforma. Chamada Birdwatch, ela joga para a comunidade a tarefa de contextualizar tuítes incorretos via anotações e votações feitas pelos usuários. Por ora, o Birdwatch só funciona nos Estados Unidos e não tem efeito prático, ou seja, as anotações não aparecem no app do Twitter para todos os demais usuários. O objetivo, neste momento, é entender como isso pode funcionar.
O Birdwatch pode vir a suprir uma lacuna da ferramenta de denúncia do Twitter, que não contempla desinformação. Embora essa ausência por vezes seja alvo de críticas, ela está alinhada à postura do Twitter na moderação de conteúdo: suas regras não proíbem a publicação de mentiras e, portanto, a empresa nunca age em conteúdos falsos por si só, exceto quando a mentira desemboca em uma das proibições previstas, como risco à saúde pública durante a pandemia de COVID-19, por exemplo — o que levou às rotulações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e do Ministério da Saúde.
Visto de outro modo, o Birdwatch permite que qualquer um seja um verificador de fatos e tenta fazer com que a “comunidade” (termo estranho para se referir às muitas bolhas do Twitter) se autorregule. O guia do serviço traz algumas explicações importantes, como requisitos para se candidatar (dificultam o uso de robôs para melar as anotações) e tutoriais ilustrados com prints.
Ainda é muito cedo para dizer qualquer coisa, salvo que o Twitter finalmente está tentando alguma coisa nessa frente. Entre isso e não fazer nada, já é um progresso. Via Birdwatch Guide (em inglês), @TwitterSupport/Twitter (em inglês).
Telegram e desinformação
Apesar da multiplicidade de alternativas disponíveis, o êxodo do WhatsApp tem beneficiado dois aplicativos em especial: Signal e Telegram. Por priorizar privacidade e segurança, o Signal come poeira do WhatsApp em experiência de usuário (UX). O Telegram, por outro lado, é muito mais do que o WhatsApp poderia ser. E isso pode virar um problemão […]
Após banir Trump do Twitter, volume de posts questionando as eleições cai 73%
O volume de posts em redes sociais questionando a lisura das eleições presidenciais norte-americanas caiu 73% na semana seguinte à do banimento de Donald Trump e alguns dos seus aliados-chave do Twitter. O levantamento é da Zignal Labs. Via Washington Post (em inglês).
Post do Ministério da Saúde é rotulado pelo Twitter por conter desinformação

Um post de 12 de janeiro publicado pelo perfil oficial do Ministério da Saúde foi rotulado e ocultado pelo Twitter por conter informações enganosas e potencialmente prejudiciais relacionadas à COVID-19. O post estimulava pacientes da doença a solicitarem aos médicos o famigerado “tratamento precoce”.
Então, é isso: estamos por conta própria e com o governo federal jogando contra, a favor do coronavírus e da morte. Cuide de si e dos seus, cobre a vacina e segure as pontas até lá. Via @obrunofonseca/Twitter.
Twitter rotula e oculta post de Bolsonaro promovendo “tratamento precoce” à COVID-19

O Twitter rotulou um post do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), publicado nesta sexta (15), por violar as regras sobre a publicação de informações enganosas e potencialmente prejudiciais relacionadas à COVID-19. No post, que ainda pode ser visto, um vídeo de Alexandre Garcia e um link para um site estranho, ambos defendendo o “tratamento precoce” que, informa o próprio Twitter, não tem eficácia cientificamente comprovada.
- Alexandre Garcia, bom lembrar, negacionista de marca maior e colunista da Gazeta do Povo, entre outros jornais e rádios Brasil afora.
- No Facebook, o mesmo post segue no ar sem qualquer aviso, com 72 mil curtidas e 25 mil compartilhamentos.
Olavo de Carvalho é banido do PagSeguro
Depois do PayPal, agora foi a vez do PagSeguro banir Olavo de Carvalho da sua plataforma de pagamentos. A ação é creditada ao Sleeping Giants, que organizou um abaixo assinado que disparava um e-mail à CPP Investments, acionista do PagSeguro, a cada assinatura feita. Foram mais de meio milhão de assinaturas. Via Época.
Atualização (17h40): A assessoria do PagSeguro entrou em contato para dizer que não baniu Olavo de Carvalho, ou seja, Carvalho deixou de usar o PagSeguro por iniciativa própria. A nota do Guilherme Amado, na Época, também foi atualizada. Abaixo, a íntegra da que o PagSeguro enviou ao Manual do Usuário:
O PagSeguro reitera que é instituição de pagamento sujeita à Lei 12.865 de 2013, garantindo o atendimento não discriminatório aos usuários finais, bem como liberdade de escolha, segurança e proteção a seus interesses econômicos. O PagSeguro não faz juízo com relação às transações realizadas entre os milhões de compradores e vendedores por seu intermédio todos os dias. Conteúdos comunicacionais vendidos / adquiridos utilizando o PagSeguro como meio de pagamento são sujeitos ao Marco Civil da Internet, e somente conteúdos apontados como infringentes mediante o recebimento de ordem judicial específica são tornados indisponíveis. Isso não ocorreu até o momento, e notícias veiculadas sobre o tema são falsas.