Este episódio é uma continuação do episódio anterior e o prelúdio para o próximo episódio.
Continue lendo “O papel da big tech nas eleições brasileiras de 2022, parte 2”
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A Meta lançou os “canais” do WhatsApp no mundo inteiro (+150 países), incluindo o Brasil.
O recurso é muito similar a um homônimo do Telegram. Trata-se de uma área, dentro do app, para distribuir conteúdo em formato de mensagens em larga escala (de uma para muitas pessoas).
Não há limites para o número de seguidores que um canal pode ter. As mensagens veiculadas somem depois de 30 dias. E, ao contrário de listas de transmissão e grupos, ninguém pode ver o número de telefone de ninguém, nem seguidores, nem administradores.
As similaridades com os canais do Telegram poderiam ter ligado o alerta da Meta à instrumentalização da novidade para fins… menos nobres, um problema que acomete o Telegram e, arrisco dizer, será inevitável no WhatsApp.
A princípio, apenas canais chancelados pela Meta estão disponíveis, de “organizações, equipes esportivas, artistas e formadores de opinião” — entre os destacados estão Luciano Huck, CONMEBOL Libertadores e Ministério da Fazenda.
A restrição à criação de canais nesta fase torna trivial manter a plataforma livre de polêmicas, mas é algo com os dias contados. No comunicado oficial, a Meta informou que “nos próximos meses, também permitiremos que qualquer pessoa crie um canal”.
Mande o seu recado ou pergunta, em texto ou áudio, no Telegram ou por e-mail.
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Neste episódio, recebo Iná Jost, coordenadora da área de liberdade de expressão do InternetLab, para falar do novo relatório de lá sobre sistemas de moderação em camadas para redes/plataformas sociais. O que são? Quais as vantagens e os desafios? Trata-se de uma lista VIP, onde já figuraram nomes controversos como Neymar e Donald Trump, ou é algo mais complexo, cujo potencial ainda não foi realizado?
Baixe o relatório aqui e inscreva-se na newsletter semanal do InternetLab.
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X (antigo Twitter), a rede social de Elon Musk, processou o Center for Countering Digital Hate (CCDH), uma organização sem fins lucrativos que analisa e publica relatórios sobre discurso de ódio, extremismo e comportamento nocivo em redes sociais. A empresa alega que o grupo de pesquisadores viola seus termos de uso ao coletar dados para análise e, sem provas, de que são financiados por governos estrangeiros e empresas concorrentes da X.
Desde que Musk assumiu o controle do Twitter/X, o CCDH publicou vários relatórios apontando pioras em indicadores da rede, como o aumento do discurso de ódio anti-LGBT+ e do negacionismo climático.
Dado o histórico recente de Musk e a postura da X em relação a temas delicados — como restaurar a conta de alguém que compartilhou imagens de abuso sexual infantil —, acho que já é seguro colocar a X no mesmo balaio de outras redes extremistas, como Gab, Truth Social e Gettr. Via Associated Press (em inglês).
O presidente global de assuntos globais da Meta, Nick Clegg, comentou com entusiasmo a divulgação de quatro artigos sobre a influência do Facebook e Instagram nas eleições norte-americanas de 2020.
São os primeiros resultados de um projeto mais amplo, iniciado em 2020, entre pesquisadores de universidades norte-americanas e a Meta. Da Science:
Em um experimento, os pesquisadores impediram que os usuários do Facebook vissem quaisquer postagens “recompartilhadas”; em outro, eles exibiram feeds do Instagram e do Facebook para os usuários em ordem cronológica inversa, em vez de em uma ordem com curadoria do algoritmo da Meta. Ambos os estudos foram publicados na Science. Em um terceiro estudo, publicado na Nature, a equipe reduziu em um terço o número de postagens que os usuários do Facebook viram de fontes com opiniões parecidas — ou seja, pessoas que compartilham suas inclinações políticas.
Em cada um dos experimentos, os ajustes mudaram o tipo de conteúdo que os usuários viram: remover postagens recompartilhadas fez com que as pessoas vissem muito menos notícias de política e menos notícias de fontes não confiáveis, por exemplo, mas mais conteúdo incivil. Substituir o algoritmo por um feed cronológico levou as pessoas a ver mais conteúdo não confiável (porque o algoritmo da Meta rebaixa fontes que compartilham repetidamente desinformação), embora tenha cortado o conteúdo de ódio e intolerante quase pela metade. Os usuários dos experimentos também acabaram gastando muito menos tempo nas plataformas do que outros usuários, sugerindo que eles se tornaram menos atraentes.
Continue lendo “Novos estudos analisam o papel do Facebook e Instagram nas eleições”
Perto das 19h30 do dia 1º de dezembro de 2022, o coronel Jean Lawand Junior, subchefe do Estado-Maior do Exército, abriu o WhatsApp e gravou uma mensagem de áudio para um colega do Exército. Nela, não existe espaço para subjetivo: Lawand clama para que “ele dê a ordem que o povo tá com ele”.
O “ele” na mensagem se referia ao ainda Presidente da República, Jair Bolsonaro, a um mês de sair do Palácio após ser derrotado nas urnas cinco semanas antes pelo agora presidente Lula. O destinatário da mensagem de Lawand era o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Cid era uma espécie de braço direito, faz-tudo do ex-presidente — onde estava Bolsonaro, estava Cid a tiracolo carregando pasta, celulares e afins.
Continue lendo “O papel da big tech nas eleições brasileiras de 2022, parte 1”
As autoridades chinesas reguladoras do ciberespaço propuseram novas regras para a regulação de serviços similares ao AirDrop, recurso da Apple para compartilhar arquivos e fotos de forma facilitada usando Bluetooth ou Wi-Fi.
O China Law Translate traduziu para o inglês o rascunho público aberto para comentários — as propostas se desenham de forma similar a outras previsões para serviços de internet no país.
Como resumiu Jeremy Daum, essas regras incluem a necessidade de consentimento das partes envolvidas para o envio (inclusive para a visualização de preview). Um dos focos é a disseminação de notícias falsas e preocupação com a segurança nacional. Um momento curioso, já que contamos sobre o ShareIt, aplicativo similar chinês, algumas semanas atrás. Também vale lembrar que o AirDrop foi bastante utilizado durante os protestos pelo fim das restrições de Covid Zero no ano passado e em Hong Kong em 2019.
A Shūmiàn 书面 é uma plataforma independente, que publica notícias e análises de política, economia, relações exteriores e sociedade da China. Receba a newsletter semanal, sem custo.
Neste episódio do Guia Prático, recebo Paulo Rená, do Aqualtune Lab, para uma conversa animada a respeito do PL 2630/20 (PL das fake news), a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, contra o Telegram, e a crescente tensão entre os poderes da República e as big techs no contexto da regulação das plataformas digitais no Brasil. No final, Rená comenta duas iniciativas de inclusão muito bacanas: a AkObEn — Antirracismo na Organização de Eventos, da Aqualtune Lab, e Mulheres na Governança da Internet, do IP.rec e Instituto de Referência em Internet e Sociedade (IRIS).
Na última semana, o Manual do Usuário ganhou cinco novos apoiadores: Rodrigo de Campos, Sergio Luiz Tutui, Rui Vilarinho, Silvio Junior e Bruno Rocha. Obrigado!
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Música de abertura: Free Jazz, de Steve Combs.
A Senacon determinou, com base no Código de Defesa do Consumidor, que o Google sinalize como publicidade o link que incluiu na página inicial do buscador contrário ao PL 2630/20, o PL das fake news que deve ser votado esta semana na Câmara.
O texto do Google ora dizia “O PL das fake news pode aumentar a confusão sobre o que é verdade ou mentira no Brasil”, ora “O PL das fake news pode piorar sua internet”, e levava a conteúdos no blog do Google contrários à aprovação do PL 2630/20.
A medida cautelar também prevê multa de R$ 1 milhão por hora em descumprimento e a obrigação de um link de “contrapropaganda”, com conteúdo oposto ao dos materiais do Google, com igual destaque. Leia o texto na íntegra (PDF).
O Google removeu prontamente o link após a coletiva de imprensa do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), no início da tarde desta terça (2).
Nos últimos dias, o Google subiu o tom da sua campanha desleal contra o PL 2630/20.
No YouTube, donos de canais se deparam com um link no YouTube Studio para outro post com teor terrorista da empresa.
Em paralelo, o Ministério Público Federal de São Paulo solicitou informações ao Google a respeito de possível manipulação de resultados, favorecendo conteúdos contrários ao PL 2630/20. A empresa tem dez dias para responder.
A Meta também publicou um texto crítico no dia 29 de abril, não assinado, ao PL das fake news. A empresa afirma que a corresponsabilidade pelo conteúdo pago aumentará custos e prejudicará principalmente pequenos negócios. Via @JusticaGovBR/YouTube, G1, Agência Brasil.
Atualização (17h32): Corrigido o link para o PDF da medida cautelar da Senacon e alterado o título que, no original, dizia incorretamente que a Senacon determinou a remoção do conteúdo publicitário do Google.
O texto final do PL 2630/20, o PL das fake news, foi apresentado na noite desta quinta (27) pelo relator, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP).
A proposta cria a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet, com regras e responsabilidades para plataformas que tenham mais de 10 milhões de usuários no Brasil.
Entre as novidades, ficou de fora a criação de uma entidade autônoma de fiscalização das plataformas, ideia que enfrentava forte oposição na Câmara. Outra que chamou a atenção foi a obrigação permitir o acesso gratuito a dados das plataformas para pesquisas, no que parece uma resposta direta a mudanças recentes no Twitter. Infelizmente, a imunidade parlamentar estendida às redes sociais foi mantida no texto.
O Núcleo fez uma boa análise dos principais pontos do texto, que vai à votação em plenário na próxima terça (2/5). Leia aqui (PDF) a íntegra do texto final e o parecer preliminar. Via Câmara.
A Câmara aprovou o requerimento de urgência para a votação do PL 2.630/20, o PL das fake news, nesta terça (25). Apesar do tumulto causado pela oposição (PL, Novo e Frente Parlamentar Evangélica) e da pressão das big techs por mais tempo para debates, a votação ficou em 238 a favor e 192 contra. Com isso, dispensa-se a análise pelas comissões da Câmara e o texto passa direto à votação em plenário, já na próxima terça (2/5). Via Câmara dos Deputados.
O governo federal entregou, na quinta (30/3), suas sugestões para o projeto de lei 2.630/2020, o PL das fake news, relatado na Câmara pelo deputado Orlando Silva (PCdoB-SP). Leia a íntegra (PDF).
O texto propõe a criação de uma entidade autônoma de fiscalização, prevê a responsabilização das plataformas por infrações (o chamado “dever de cuidado”) e mexe (mas não exclui) na imunidade parlamentar nas plataformas digitais.
Inspirado na regulação europeia da matéria, o texto acabou em cima do muro no que diz respeito à constitucionalidade do artigo 19 do Marco Civil da Internet (MCI), que isenta as plataformas digitais de serem responsabilizadas por não removerem conteúdo salvo por decisão judicial.
Também nessa semana, o Supremo Tribunal Federal (STF) fez uma audiência pública para ouvir especialistas antes de julgar a constitucionalidade do artigo 19 do MCI. A maioria dos quase 50 expositores manifestaram apoio à legalidade do dispositivo. O ITS-Rio acompanhou os debates e montou um “placar”.
Os links ao lado trazem análises e detalhamentos desses eventos: Aos Fatos, Poder360, Núcleo (2)
A imagem do Papa Francisco vestindo um casaco estiloso é provavelmente a primeira imagem falsa gerada por inteligência artificial (IA) a viralizar como real. Muita gente (eu também) achou que ela era verdadeira — antes que alguém notasse um glitch na mão direita do papa.
A imagem foi gerada com a IA Midjourney, que em sua versão mais recente aprendeu a contar os dedos das mãos de seres humanos. (Pelo visto, precisa treinar mais.)
Na newsletter Garbage Day, Ryan Broderick fez a cronologia da imagem. Ela foi criada por alguém no Reddit, mas viralizou no Twitter.
Nota relacionada: semana passada, o TikTok publicou regras para conteúdo gerado por IAs. Agora, “mídias manipuladas ou sintéticas que mostrem cenas realistas devem apresentar informação clara sobre a natureza do conteúdo”.
Seria pedir muito que o Twitter de Elon Musk tivesse ou estivesse preparando algo similar. Musk acredita que a solução para esse problema é todo mundo pagar R$ 42/mês para o Twitter, o que não faz o menor sentido, mas… né, o que faz sentido no Twitter da era Musk? Via Garbage Day, @elonmusk/Twitter (ambos em inglês), TikTok.
— Meta, em comunicado à imprensa não assinado.
A Meta publicou alguns números de conteúdos relacionados às eleições de 2022 no Brasil removidos do Facebook e Instagram para tirar o corpo fora do caos que se instalou em Brasília no 8 de janeiro, quando golpistas bolsonaristas invadiram e depredaram as sedes dos três poderes da República.
É desejável que o Poder Público se envolva mais nessa questão, que haja uma regulação, mas a coisa não foi bem como a Meta tenta pintar com esse comunicado. Estudo recente sobre o papel das redes no episódio concluiu que elas poderiam ter feito mais. Via Meta.
Enquanto isso, no Twitter de Elon Musk, mais de 30 mil perfis banidos já tiveram o acesso restaurado.
Alguns casos são tragicômicos, como o do neonazista Nick Fuentes, banido novamente nesta semana, menos de 24 horas depois de retornar à plataforma. Motivo? Enalteceu Hitler numa conversa em um Spaces. Via Twitter is Going Great (em inglês).