A entrada na Wikipédia não especifica o dia, a Lenovo comemorou em 5 de outubro, mas acho que ainda é válido comentar os 30 anos do ThinkPad, uma das marcas de computadores mais longevas disponíveis no mercado.
Computadores
A Apple — e só ela — segue aumentando as vendas de computadores.
A ressaca pós-pandemia do mercado de computadores bateu forte, com as vendas declinando 15% no terceiro trimestre deste ano. Há uma exceção, porém: a Apple.
Pela primeira vez, a Apple vendeu mais de 10 milhões de computadores em um trimestre. Enquanto todas as outras grandes fabricantes apresentaram quedas na casa dos dois dígitos, a Apple aumentou as vendas dos seus Macs em 40,2%.
Tudo bem que parte desse desempenho é mera compensação de gargalos logísticos que afetaram as vendas do primeiro trimestre. Ainda assim, é algo a ficar de olho. Via IDC (em inglês).
Google lança ChromeOS Flex, sistema operacional compatível com centenas de computadores antigos.
O Google lançou a primeira versão estável do ChromeOS Flex nesta quinta (14). (Sim, agora “ChromeOS” se escreve assim, tudo junto.) O sistema é uma variante mais democrática do Chrome OS que vem equipado de fábrica. Ele pode ser instalado em centenas de computadores antigos (veja a lista) e promete dar vida nova aos já abandonados pelas fabricantes, como modelos de mais de uma década da Apple, por exemplo.
Embora seja quase igual, o ChromeOS Flex tem menos recursos que o Chrome OS que sai de fábrica nos Chromebooks. A principal ausência é o suporte a aplicativos Android. E, sempre bom lembrar, em qualquer caso é obrigatório o uso com uma conta Google logada, ou seja, todos os seus movimentos são monitorados e registrados pelo Google. Download aqui. Via Google (em inglês).
As primeiras impressões do MacBook Air com chip M2.
Caiu o embargo aos reviews do novo MacBook Air com chip M2. Nada fora do esperado. Destaco estas impressões:
- A ausência de ventoinha tem um impacto em processamento por longos períodos. Segundo Dave Lee, do canal Dave2D, aplicações que dependem de todos os componentes (CPU, GPU, disco) começam a apresentar degradação de desempenho após três minutos. De qualquer forma, não é o perfil de uso de quem recorre ao Air.
- A exemplo do MacBook Pro com M2, a versão de entrada vem apenas com um chip de memória (256 GB) e isso reduz pela metade a velocidade do disco. “É um retrocesso decepcionante e significa que os únicos modelos que me sinto confortável em recomendar começam em US$ 1,5 mil”, escreveu Dan Seifert no The Verge.
- A nova cor, azul meia-noite, é um ímã de impressões digitais, disseram… todos que tiveram contato com ela.
Apesar das ressalvas, todos recomendam enfaticamente o novo notebook da Apple. Via Dave2D/YouTube, The Verge (ambos em inglês).
Um raio-x dos celulares e computadores de usuários do Chrome no Brasil.
Dia desses topei com um material do Google com dados da base instalada do Chrome. Embora já tenha mais de um ano (alcançam até abril de 2021, eles pintam um retrato do tipo de dispositivo (celulares e computadores) que a maioria usa e, o que me chamou a atenção, traz dados segmentados para o Brasil.
Por aqui, por exemplo, mais da metade dos usuários do Chrome para Android usavam dispositivos com 2 GB de RAM ou menos, quantidade tida por alguns como insuficiente hoje (e já em 2021). Os processadores desses celulares tinham, a maioria (~60%), entre 5 e 8 núcleos.
Nos computadores Windows, a quantidade de RAM é mais diversificada, sendo a maioria com até 4 GB. Em processadores, por outro lado, dominam com mais da metade da base aqueles com até dois núcleos.
Outro exercício interessante é comparar os gráficos brasileiros aos de outros países. Há piores nos indicadores, como Nigéria e África do Sul, e, claro, alguns bem mais avançados no critério dispositivos melhores, como Alemanha e Reino Unido. O documento, no link ao lado, também traz dados de dispositivos que rodam Chrome OS. Via Google, blog do Chrome (ambos em inglês).
HP Dev One e o espaço de notebooks Linux na era do Linux no desktop dos outros
Num mundo em que o grande consumidor de PCs são os desenvolvedores (comprando ou recebendo da empresa onde trabalham), os containers Docker são a unidade básica de computação, os containers Docker funcionam bem somente em Linux sob x86, e os dois grandes sistemas operacionais de desktop têm suporte a Linux sob x86 na primeira classe (WSL sob Windows 10/11 e Rosetta 2 sobre macOS Ventura)… qual o espaço dos notebooks Linux puro-sangue?
Já sabemos que a HP e a System76 tentam responder a esta pergunta com o HP Dev One. E por isso estava esperando ansiosamente que brotasse no lab de Michael Larabel e de lá virasse um review.
A HP não inventou, foi direto ao assunto: pegou um setup palatável para todo um enorme espectro de desenvolvedores (a não ser que seu desenvolvimento seja para CUDA, porque não tem Nvidia e sim AMD Radeon) e para os power users que querem um notebook Linux sem muito blob proprietário (sim, não tem Coreboot e sim a boa e velha BIOS/UEFI proprietária, mas as GPUs Radeon não precisam de módulos proprietários para funcionarem etc). Em ambos os casos, com uma distro suportada por padrão (Pop!_OS), mimos que só gente grande consegue dar (tipo a HP trabalhar com a AMD para que o terror de qualquer usuário de notebook Linux, suspend/resume, funcionar direito) a um preço interessante, competitivo com outras máquinas Linux de fabricantes menores e mesmo da Dell+Ubuntu.
No geral, é uma boa ideia de colaboração entre uma OEM grande mas que não tinha nada competitivo (tirando uns notebook ultra especializados para cientistas de dados e desenvolvedores IA) em Linux e um OEM menor, especializado em Linux e que tem sua própria distro. E, o mais importante, abre um espaço para os notebooks Linux puro-sangue no mundo em que é possível rodar apps Linux em praticamente qualquer outro sistema operacional.
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China substituirá 50 milhões de computadores estrangeiros por modelos fabricados no país
Numa tentativa de ampliar a segurança de dados importantes, o governo chinês teria determinado que agências do governo central substituam seus computadores estrangeiros por produtos fabricados nacionalmente.
De acordo com a reportagem da Bloomberg replicada pelo jornal O Globo, pelo menos 50 milhões de máquinas devem ser substituídas nos próximos dois anos. O principal alvo, de acordo com o texto, são computadores e softwares dos Estados Unidos, principal adversário comercial chinês.
Embora não haja nenhuma confirmação oficial sobre o assunto, o texto da Bloomberg foi suficiente para desvalorizar as ações de empresas de tecnologia estrangeiras, como HP e Dell, e valorizar suas concorrentes chinesas.
A Shūmiàn 书面 é uma plataforma independente, que publica notícias e análises de política, economia, relações exteriores e sociedade da China. Receba a newsletter semanal, sem custo.
Apple alcança a 825 milhões e vive renascença do Mac.
Enquanto certas empresas parecem ter batido no teto, outras dão a impressão de que o céu é o limite. Nesta quinta (28), a Apple divulgou seus resultados do segundo trimestre fiscal de 2022. Foi um recorde para o período e o terceiro melhor trimestre da história, com receita de US$ 97,3 bilhões, alta de 9%.
Dois dados se destacam. Primeiro, a quantidade de “assinantes”, ou consumidores que geram receita recorrente. Já são 825 milhões, crescimento de 25% em um ano. Analistas estimam que daqui a 15~16 meses a empresa chegará ao bilhão de clientes pagantes.
O outro é a renascença do Mac, impulsionada pelos chips M1, desenvolvidos pela própria Apple, que começou a substituir os Intel em novembro de 2020.
A Apple faturou US$ 10,4 bilhões em computadores no período. Tim Cook, CEO da empresa, disse que “os últimos sete trimestre do Mac estão no ranking dos sete melhores trimestres da história do Mac”.
E parece haver potencial para mais. Na conferência com acionistas, Luca Maestri, CFO da Apple, disse que metade dos Macs vendidos no período foram comprados por gente que não usava computadores Apple anteriormente.
Outro dado: de acordo com a consultoria Counterpoint Research, o mercado global de computadores encolheu 4,3% no primeiro trimestre do ano. A Apple foi uma das poucas exceções, com crescimento de 8% no período. Via 9to5Mac, @asymco/Twitter (2), Macrumors, Counterpoint Research (todos em inglês).
Comparativo entre chips M1, M1 Ultra e um Core i5 antigo
Topei com o vídeo acima, que compara os chips M1 Ultra e M1 base da Apple, em um Mac Studio e Mac mini, respectivamente, em diversas tarefas. Chama a atenção o fato de que na maioria dos testes a diferença em preço e números frios não se traduz em ganhos de velocidade. O Mac Studio com M1 Ultra custa quase cinco vezes mais que o Mac mini base (R$ 47 mil contra R$ 8,4 mil).
Curioso com os resultados, peguei um dos benchmarks focados em processamento bruto, o Cinebench, e rodei eles no meu próprio notebook, um MacBook Pro de 2015, com um Core i5 de 5ª geração. Os resultados:
Multi-core
M1 Ultra: 24.157
M1 (Mac mini): 7.779
Core i5 (5ª geração): 1.944
Single-core
M1 Ultra: 1.534
M1 (Mac mini): 1.469
Core i5 (5ª geração): 757
O velho Core i5 da Intel foi obliterado em multi-core, mas é “só” 50% mais lento em atividades single-core.
Como disse o leitor Gabriel Arruda, para uso comum um Mac Studio Ultra e MacBook Air (ou Mac mini) são exatamente a mesma coisa.
Não à toa, no vídeo o poder do Mac Studio só aparece em sua plenitude em atividades bastante específicas, como quando o youtuber exporta vídeos em 8K com vários filtros e recursos avançados.
M1 Ultra e Mac Studio: para quem é todo esse desempenho?.
Quando a Apple anunciou os primeiros Macs com seu próprio chip (M1), no final de 2020, todos ficaram impressionados com o desempenho. Nesta terça (8), conhecemos o quarto e último chip da família, o M1 Ultra, que consiste em dois M1 Max grudados e, segundo a Apple, oferece desempenho a par com os melhores chips X86 (Intel, AMD) e placas de vídeo dedicadas consumindo até 200 W menos energia.
O M1 Ultra está no novíssimo Mac Studio, o novo computador da marca — visualmente, lembra um Mac Mini “gordinho”. No evento, a Apple também apresentou o Studio Display, monitor de 27 polegadas com uma webcam e sistema de som decentes.
Para quem é o Mac Studio e o M1 Ultra? Para poucos. Seu desempenho só tem aplicação para usuários comuns em jogos, e dado que o suporte a jogos de alto desempenho no macOS é pífio, não tem lógica investir tanto dinheiro em um computador poderosíssimo para atividades mundanas, como acessar sites de notícias e redes sociais, fazer pequenas edições de imagens e… sei lá, declarar o imposto de renda. Para esses, o M1 original ainda sobra.
Os preços dão uma ideia do segmento a que os novos produtos da Apple se destinam. No Brasil, o Mac Studio com o M1 Ultra custa a partir de R$ 47 mil. (Existe uma versão com o M1 Max, de R$ 23 mil.) O Studio Display parte de R$ 18 mil.
Ah, e ainda não acabou. Como que num “teaser”, a empresa deixou no ar que ainda falta um Mac para ser atualizado com os novos chips próprios: o Mac Pro, supostamente o mais poderoso do portfólio da Apple. Via Apple (2).
Google anuncia Chrome OS Flex, sabor do sistema instalável em PCs e Macs.
O Google anunciou nesta terça (15) o Chrome OS Flex, uma versão do Chrome OS que pode ser instalada em qualquer PC ou Mac. O objetivo do Google é dar sobrevida a computadores antigos, que não conseguem ou rodam mal as versões mais recentes do Windows e do macOS.
Há algumas diferenças entre o Chrome OS “normal”, que vem pré-instalado em notebooks homologados pelo Google, e o novo sabor Flex. A principal é a ausência, no segundo, do suporte a aplicativos Android. Esta página traz mais detalhes.
O Chrome OS Flex parece fruto direto da aquisição da Neverware pelo Google em 2020. A empresa distribuía o Cloudready, um Chrome OS instalável em qualquer computador, criado a partir do projeto de código aberto do Chrome OS.
O Chrome OS Flex já pode ser baixado aqui, mas é um “early access”, ou seja, versão sujeita a falhas. O Google espera lançar uma versão estável nos próximos meses. Via Ars Technica, Google Cloud (ambos em inglês).
Roubos de celulares e o risco à sua conta bancária / Comprando eletrônicos no segundo ano da pandemia
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No Guia Prático desta semana, Jacqueline Lafloufa e Rodrigo Ghedin falam das quadrilhas “limpa-contas”, que roubam celulares para acessarem aplicativos bancários e limparem valores deles. A onda desses crimes gerou preocupação, especialmente porque algumas vítimas relatam que seus celulares foram levados bloqueados e, mesmo assim, os assaltantes conseguiram acesso às suas contas. Como eles fazem isso? O que fazer para se proteger?
No segundo bloco, revisitamos a alta vertiginosa nos preços de eletrônicos no Brasil, causada pela escassez de chips, valorização do dólar e extensão da pandemia no Brasil. Quem pode se segura com o que tem, mas para muita gente não comprar não é uma opção. Nesses casos, o que fazer? Vale a pena recorrer a produtos usados?
Nas indicações culturais, Ghedin traz o podcast Rádio Batente, do Repórter Brasil, em nova temporada com o tema “gamificação” do trabalho, e Jacque o filme de animação Luca [Disney+], de Enrico Casarosa.
Este podcast é editado pela Tumpats.
System76 passa a enviar produtos ao Brasil.
A System76, fabricante norte-americana de computadores lindões com Linux e responsável pelo Pop!_OS, agora envia para o Brasil. Duro que é em dólar. E o frete não deve ser barato. E ainda tem os impostos. Esta talvez seja a pior hora para dar esta notícia, mas, de qualquer forma, uma boa notícia. Via @system76_com/Instagram (em inglês), @pinguinsmoveis/Telegram.
Raspberry Pi 400 chega ao Brasil por R$ 999.
O Raspberry Pi 400, aquela versão do computador embutida em um teclado, chegou oficialmente ao Brasil. Só que o preço assustou: R$ 999. Para contexto, lá fora ele sai por US$ 70, cerca de R$ 390 em conversão direta na cotação atual. Via FilipeFlop.
PCs crescem, celulares encolhem / O Facebook no seu cérebro (ou quase isso)
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No podcast de hoje, Rodrigo Ghedin e Jacqueline Lafloufa debatem os números de vendas de computadores e celulares no Brasil em 2020. A pandemia inverteu tendências: computadores tiveram a maior alta da última década e celulares encolheram bem — e tudo ficou mais caro.
No segundo bloco, o assunto é a pulseira do Facebook que lê impulsos elétricos enviados pelo cérebro do usuário para manipular interfaces de realidade aumentada. Parece legal, mas… né? Facebook. Existem públicos, como aqueles com dificuldades motoras, que se beneficiarão muito dessa e de outras tecnologias do tipo, mas eles são o foco ou prioridade? É possível alinhar metas humanitárias com os interesses das empresas de capital aberto?
Nas indicações, Jacque fala do livro Super-heróis da ciência [Amazon, Americanas]1, de Ana Cláudia Munhoz Bonassa, Laura Marise de Freitas e Renan Vinicius de Araújo, publicado pela HarperKids. Ghedin indica o documentário Agente duplo, de Maite Alberdi, disponível no Globoplay.
- Ao comprar por estes links, o Manual do Usuário recebe uma pequena comissão das lojas. O preço final para você não muda. ↩