BeReal e Clubhouse, startups de um truque só?

Reza a lenda que quando Steve Jobs tentou comprar o Dropbox, então uma pequena startup, o ex-CEO da Apple argumentou que o Dropbox era um recurso, uma funcionalidade, e não um produto.

O Dropbox ainda está aí, como toda boa empresa de tecnologia: capital aberto, demitindo centenas de pessoas e apostando tudo em inteligência artificial, provando que talvez Jobs estivesse errado.

Outras empresas, porém, parecem estar provando que às vezes uma boa ideia é só isso, uma boa ideia, e não serve de base para a constituição de uma empresa.

Tomemos o BeReal, a rede social francesa que ganhou tração limitando os usuários a uma postagem por dia, todas feitas no mesmo horário.

O BeReal ascendeu e caiu no ostracismo sem lançar um mísero recurso novo. Alguém lá dentro deve ter se tocado disso, o que levou à divulgação de uma novidade: agora, os usuários podem postar não uma, mas três vezes por dia. Oportunidade perdida e um forte indício de que toda a criatividade da equipe foi consumida pela ideia inicial.

O Clubhouse foi outra. Em janeiro de 2021, perto do pico de ansiedade provocado pela pandemia de covid-19, um delírio coletivo apontou as salas públicas de áudio como o futuro da internet. Milhões investidos, rivais pesos-pesados copiando recursos e… você se lembra do Clubhouse?

Nesta quinta (27), o Clubhouse demitiu metade dos funcionários para “reiniciar” a empresa que, dizem os fundadores, está construindo algo de que “o mundo precisa” e, por qualquer motivo, só conseguirá isso com 50 pessoas trabalhando em vez de 100. Via BeReal, Clubhouse (ambos em inglês).

LinkedIn vai lançar clone do Clubhouse.

O LinkedIn liberará, ainda este mês, um novo recurso para hospedar eventos interativos apenas em áudio — em outras palavras, seu clone do Clubhouse. A ideia da rede social profissional da Microsoft é oferecer uma plataforma para que criadores e empresas hospedem eventos ao vivo. Uma versão baseada em vídeo deve pintar ainda no primeiro semestre, bem como a opção de cobrar pelos eventos, esta ainda sem data para ser liberada.

Praticamente todas as outras redes comerciais de grande alcance já lançaram o recurso consolidado pelo Clubhouse, que por um breve período de duas semanas, no início de 2021, parecia a nova super rede social onde todo mundo estava. Tarde demais? Via TechCrunch (em inglês).

Se uma pessoa fala no Clubhouse e não há ninguém por perto… espera, o Clubhouse ainda existe?.

O Clubhouse, lembra dele?, ganhou um novo logo, mensagens de texto e, enfim, abandonou a fila de espera e o sistema de convites para novos usuários. Não que isso importe muito, porque, aparentemente, ninguém mais usa o aplicativo — e as nossas previsões de quanto tempo levaria para o Clubhouse afundar, feitas neste Guia Prático gravado dentro do Clubhouse, meio que se concretizaram. Via Clubhouse (em inglês).

O mais interessante é que o Clubhouse virou o elefante da sala minimalista com decoração escandinava dos investidores de risco e futurólogos que, em janeiro, despejaram US$ 100 milhões no app, avaliando-o em US$ 4 bilhões (!), e profetizavam que este seria o novo Facebook porque… sei lá, Marc Andreessen (investidor do Clubhouse), Elon Musk e Mark Zuckerberg usaram o app uma ou duas vezes.

Vale ler esta boa coluna (em inglês) de Ed Zitron, talvez o primeiro obituário do Clubhouse.

Em abril, downloads do Clubhouse despencaram 90,4% — e a versão para Android ainda está longe.

Em abril, o app do Clubhouse foi baixado 922 mil vezes. É pouco comparado ao pico de fevereiro, de 9,6 milhões de downloads (queda de 90,4%), e mesmo em relação a março, quando o app teve 2,7 milhões de downloads (-65,8%). Os dados são da consultoria Sensor Tower. Via Insider (em inglês).

Nesta segunda (3), começaram os testes da versão para Android do Clubhouse. Segundo a empresa, ainda é um “beta rudimentar”. No mesmo dia, o Twitter oficializou o Spaces, seu clone do Clubhouse: agora ele pode ser usado por qualquer usuário com mais de 600 seguidores. No iOS e no Android. Via The Next Web (em inglês), Twitter.

Facebook anuncia novos produtos de áudio.

O Facebook copia tanto a concorrência que agora anuncia seus clones em grupos. Confirmando vários rumores, nesta segunda (19) a rede social anunciou, numa tacada só, um clone do Clubhouse (para grupos e figuras públicas), suporte a podcasts (em parceria com o Spotify) e mensagens curtas, tipo áudios do WhatsApp, mas na timeline, que chamou de “Soundbites”. Via Facebook (em inglês), CNBC (em inglês).

Dados públicos de 1,3 milhão de usuários do Clubhouse estão sendo distribuídos.

Depois de Facebook e LinkedIn, agora foi a vez do Clubhouse ter dados vazados. A técnica foi a mesma: raspagem de dados mediante uma API pública sem muito controle. No caso do Clubhouse, foram 1,3 milhão de registros, cada um com alguns dados públicos como nome, foto, data da criação da conta e número de seguidores, que estão sendo distribuídos gratuitamente em um fórum na internet.

O Clubhouse protestou no Twitter, dizendo que os dados não vieram de um hacking ou vazamento. O caso é menos problemático que o do Facebook, pela escala e pelos dados obtidos, e o debate é válido: abusar de uma API para consolidar dados públicos em bancos de dados acessíveis é o mesmo ou equiparável a hackear? Via CyberNews (em inglês).

Discord e LinkedIn também estão clonando o Clubhouse.

Depois do Spotify, chegou a vez de Discord e LinkedIn entrarem na dança de clonar o Clubhouse. Se chegou no LinkedIn, significa que o negócio virou commodity, perdeu a graça e é hora de partir para outra. Via TechCrunch (em inglês), Discord (em inglês).

Spotify adquire aplicativo de áudio ao vivo, tipo o Clubhouse.

Por um valor não revelado, o Spotify adquiriu a startup Betty Labs, dona do app Locker Room, uma espécie Clubhouse focado em esportes. Aos poucos, o Spotify mudará a marca do Locker Room, a fim de expandi-lo para áreas de cultura e música, e não descarta integrá-lo ao app principal e a seus podcasts. Falta alguém para competir com o Clubhouse? Via The Verge (em inglês).

Clubhouse passa a permitir convites sem exigir lista de contatos do usuário em troca.

Prestes a completar um ano, o Clubhouse finalmente permitirá convidar pessoas para o aplicativo sem que seja necessário ceder toda a agenda de contatos. Outras novidades incluem links compartilháveis para perfil ou clube, filtros de idiomas e o lançamento de um fundo de apoio para 20 “criadores”. Via @joinClubhouse/Twiter (em inglês).

Próxima versão do Telegram trará recursos para equipará-lo ao Clubhouse.

A próxima versão do Telegram (7.6) virá com muitos recursos para equipará-lo ao Clubhouse em seu recurso Chat de Voz: levantar a mão para falar, gravação das conversas, Chat de Voz em canais, nomes personalizados e links de convite direto para os Chats de Voz. Via @DicasTelegram/Telegram.

Gravação do Guia Prático, ao vivo, no Clubhouse.

Temos que experimentar algo para comentar esse algo com propriedade, certo? Por isso, logo mais eu e a Jacqueline Lafloufa faremos a gravação do Guia Prático ao vivo, no Clubhouse, falando do Clubhouse (e de outro assunto também). Se você está lá, acompanhe por este link. Começa às 18h30.

Está ouvindo? É o Clubhouse, a nova rede social de áudio

Não se fala em outra coisa. Na última semana, o Clubhouse, uma nova rede social norte-americana, não saiu dos trending topics e dos jornais, atraindo milhares de anônimos e famosos, todos com seus iPhones na mão e AirPods nos ouvidos. Sob o risco do hype baixar tão rápido quando subiu, o que tornaria este artigo um registro histórico mais do que um jornalístico, faço essa tentativa mesmo assim.

Primeiro, vamos ao básico. O Clubhouse é uma rede social baseada em áudio. Não há trocas de mensagens de texto nem vídeo, é tudo por áudio mesmo. É a vingança dos adoradores de áudio do WhatsApp, sempre criticados por todo mundo, incluindo muitos que agora batem cartão todo dia no Clubhouse.

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