A cidade inteligente é uma utopia eternamente não realizada (em inglês), por Chris Salter na MIT Technology Review:
A visão contemporânea da cidade inteligente [“smart city”] já é bem conhecida. É, nas palavras da IBM, “uma visão de instrumentação, interconexão e inteligência”. “Instrumentação” refere-se a tecnologias de sensores, enquanto “interconectividade” descreve a integração de dados de sensores em plataformas computacionais “que permitam a comunicação de tais informações entre vários serviços da cidade”. Uma cidade inteligente é boa na medida da inteligência imaginada que produz ou extrai. O grande dilema, contudo, é qual o papel da inteligência humana na rede de “análises complexa, modelagem, otimização, serviços de visualização e, por último, mas certamente não menos importante, inteligência artificial” que a IBM anunciou. A empresa registou o termo “cidades mais inteligentes” [“smarter cities”] em novembro de 2011, sublinhando a realidade de que tais cidades deixariam de pertencer inteiramente àqueles que as habitavam.
O que é interessante tanto nas visões iniciais como nas contemporâneas das redes de sensores urbanos e do uso que poderia ser feito dos dados que produzem é a proximidade e, no entanto, a distância do conceito de Constant [Nieuwenhuys, pioneiro das “smart cities”] do que tais tecnologias produziriam. A imagem tecnológica da Nova Babilônia era a visão de uma cidade inteligente não marcada, como a da IBM, pela extração de dados em larga escala para aumentar os fluxos de receitas através de tudo, de estacionamento e compras à saúde e monitoramento dos serviços públicos. A Nova Babilônia era inequivocamente anticapitalista; era formada pela crença de que tecnologias difundidas e conscientes nos libertariam, de alguma forma, um dia, da estafa do trabalho.