
Belíssima a homenagem feita pelos usuários do Reddit ao CEO, Steve Huffman (u/spez no Reddit). A obra de arte foi o “gran finale” do r/Place, um projeto colaborativo que o Reddit abre vez ou outra. Via r/Place@Reddit.
Belíssima a homenagem feita pelos usuários do Reddit ao CEO, Steve Huffman (u/spez no Reddit). A obra de arte foi o “gran finale” do r/Place, um projeto colaborativo que o Reddit abre vez ou outra. Via r/Place@Reddit.
O Manual do Usuário te ajuda a entender a tecnologia e o ambiente digital. Inscreva-se na newsletter gratuita para receber novidades:
Um raio cai duas vezes no mesmo lugar? O novo aplicativo sensação nas redes sociais, o Lensa, é cria da Prisma Labs, que em 2016 viralizou com um aplicativo similar, o Prisma, que transformava selfies em ~arte. Lembra dele?
O Lensa não é novo (foi lançado em dezembro de 2018), mas viralizou na última semana após o lançamento dos “avatares mágicos”, selfies criadas por inteligência artificial a partir de fotos enviadas pelo usuário. As selfies são pagas, custam a partir de R$ 16,90.
Leitores do Manual do Usuário estão se perguntando qual a pegadinha e se o Lensa tem alguma cláusula nefasta em sua política de privacidade que mereça atenção, como era o caso do FaceApp, de 2019.
Andy Baio compilou comunicados de algumas comunidades online que baniram o uso de ilustrações/imagens geradas por inteligências artificiais, como o DALL-E 2, Midjourney (que já ganhou um concurso) e Stable Diffusion.
O DeviantArt, uma das maiores do tipo, ainda não tomou partido, mas Andy diz que as reclamações de usuários humanos do enorme volume de ilustrações geradas artificialmente têm aumentado.
O Lexica dá uma boa dimensão do problema que essas IAs representam a tais comunidades: trata-se de um banco de imagens pesquisáveis que já contém 10 milhões de imagens, todas geradas em poucas semanas por alguns beta testers da Stable Difussion. O volume de produção está em outra magnitude, em uma escala não-humana. Via Waxy (em inglês).
Um homem inscreveu uma pintura gerada pela inteligência artificial Midjourney em um concurso no Colorado, Estados Unidos. A “pintura” (acima) ganhou o primeiro prêmio na categoria de arte digital e, por óbvio, gerou reações acaloradas.
O homem, Jason Allen, presidente de uma empresa de jogos de tabuleiro, reagiu às reclamações de que o resultado é injusto. No servidor da Midjourney no Discord, escreveu:
Interessante ver como todas essas pessoas [reclamando] no Twitter, que são contra a arte gerada por inteligência artificial, são as primeiras a descartar o ser humano desacreditando o elemento humano [da obra]! Isso não soa hipócrita?
O “elemento humano” a que ele se refere é o comando dado à Midjourney para gerar a imagem. Um argumento difícil de sustentar. Seria o mesmo que dizer que a autoria de pinturas comissionadas a seres humanos é de quem paga e/ou faz o pedido, e não dos pintores. É o caso? Nunca foi, até agora.
Recentemente, o colunista Charlie Warzel usou a Midjourney para gerar ilustrações de Alex Jones em uma newsletter publicada na The Atlantic. A reação negativa foi similar. Como pode, dizem os críticos, uma das maiores revistas dos Estados Unidos preterir ilustradores humanos por um software?
Em vários blogs técnicos, que povoam locais como o Hacker News, é notável a emergência de ilustrações criadas por essas inteligências artificiais. Neste exemplo, a pessoa se gaba de ter substituído +100 imagens em seu blog com a ajuda da DALL-E 2 por US$ 45. Parabéns?
E nem entramos nos dilemas éticos mais profundos, como os relacionados a direitos autorais e limitações artificiais para impedir a criação de imagens violentas ou obscenas. A DALL-E 2 tem várias amarras contra usos questionáveis. A Stable Difusion, lançada dia desses, não tem nenhuma. Via Vice, Simon Willison’s Weblog (ambos em inglês).
Na última sexta (1º), o Reddit abriu a segunda edição do r/Place, um experimento social de desenho coletivo: cada usuário só pode postar um pixel a cada cinco minutos e todos precisam trabalhar juntos, pixel por pixel, para criar imagens em uma tela em branco gigantesca.
Teve de tudo: bandeiras, memes, referência a um video game obscuro de 2007. Até a noite de domingo (3), 6 milhões de usuários já haviam desenhado mais de 6 milhões de pixels, formando um enorme mural de pixel art.
Um cantinho do r/Place foi adotado pelos brasileiros do r/Brasil, um dos maiores subreddits do país. (Veja a imagem do topo.) Nele, desenharam a nossa bandeira e vários elementos da nossa cultura: vira-lata caramelo, turma da Mônica, a taça da Copa do Mundo de futebol, o 14-Bis, um capoeirista e o Cristo Redentor usando um chapéu de cangaceiro.
Também rolou uma parceria com a Irlanda, com o Irmão do Jorel e o que parece ser uma garrafa de refrigerante de gengibirra representando o lado brasileiro — ou talvez sejam só as minhas raízes paranaenses se manifestando:
O trabalho do r/Brasil e de outros subreddits envolveu o uso de scripts e robôs, segundo o Tet, usuário do Reddit e leitor do Manual, que ajudou a coordenar os esforços do subreddit brasileiro pelo Discord.
A coisa engrenou mesmo quando eles descobriram um sistema de código-aberto holandês chamado Commando, que automatizava a inserção de pixels seguindo uma imagem enviada previamente pelos coordenadores. Vários artistas e programadores ajudaram no esforço coletivo.
O r/Place durou apenas quatro dias. No final, o Reddit restringiu a inserção de novos pixels apenas à cor branca, e gradualmente a tela voltou ao estado original. No final, a tela ficou assim.
O primeiro r/Place aconteceu em 2017 e foi idealizado por um tal de Josh Wardle, que você talvez conheça do joguinho-sensação Wordle, vendido ao New York Times e que inspirou clones diversos, como os brasileiros Termo e Letreco.
Quando será o próximo? Ninguém sabe. Via Reddit, Washington Post (ambos em inglês).
Para quem lê este Manual do Usuário não há nada novo no artigo de Edward Ongweso Jr., na Vice, a respeito do “completo desastre” que é o ecossistema de NFTs, mas vale pescar alguns eventos recentes que explicitam esse desastre. Dois trechos de lá me chamaram a atenção:
Tomemos a OpenSea, o marketplace de NFTs mais popular. Semana passada, a OpenSea limitou o número de vezes que os usuários poderiam cunhar NFTs gratuitamente em sua plataforma, porque mais de 80% dos que foram criados com a ferramenta “eram obras plagiadas, colecções falsas e spam”. Ela reverteu a decisão em 24 horas, porém, graças à choradeira de criadores de projetos NFT.
Do outro lado do balcão, artistas têm sofrido com a apropriação indevida e ilegal de seus trabalhos para a criação de coleções de NFTs:
Para os artistas do DeviantArt, que hospeda mais de 500 milhões de peças de arte digital, o problema ficou tão grave que a plataforma implementou um sistema de alerta de fraudes que procura por NFTs de cópias de obras na blockchain Ethereum. O DeviantArt emitiu 80 mil alertas desde agosto de 2021, duplicou esse número entre outubro e novembro, e viu um novo aumento de 300% entre novembro e meados de dezembro.
Fosse vivo hoje, Walter Benjamin teria muito o que pensar e escrever a respeito da digitalização da cultura, de serviços como os de streaming e dos vários modelos de negócio que gravitam a arte, como os NFTs. Na ausência do pensador alemão do século XX ou de alguém mais capacitado, você terá que se contentar comigo, um mero observador sem o talento nem o conhecimento de Benjamin, para tentar entender esse último, o NFT, sigla em inglês para token não-fungível, a grande sensação ou fraude do mercado em 2021, dependendo a quem você pergunte.
Continue lendo “O delírio dos NFTs nos levará ao fim do mundo”
O recente falatório sobre NFTs produziu, em grande medida, muita confusão. Em quase todos os artigos, NFTs são enquadrados como um fenômeno tecnológico incrivelmente complicado que exige uma explicação cuidadosa, em vez de uma blablablá entediante que nos impede de focar. Essa dissonância gera dúvidas. Você pode dizer a si mesmo(a): “Ok, o que entendi disso parece ridículo, mas é um negócio de alta tecnologia e parece que está rolando uma grana alta, por isso talvez eu esteja deixando escapar alguma coisa?” Leitor(a), você não está. NFTs são tão absurdos e banais quanto você provavelmente acha que são.
Em uma passagem do Big Brother Brasil 21, o participante Caio apresentou a Rodolffo, que fora da casa é cantor, membro da dupla sertaneja Israel & Rodolffo, um aplicativo de celular “foda” que permitiria baixar músicas do YouTube. Sem entender a vantagem, Rodolffo questionou-o: “Mas pra quê? Baixa no Spotify, no próprio YouTube…”, no que Caio retrucou: “Uai, mas aí eu tenho que pagar. Esse é de graça.”1
A vida do músico nunca foi fácil. A equação que envolve arte e retorno financeiro raramente fecha e, quando sim, é só para uns poucos, aqueles com enormes audiências e que faturam na casa dos milhões. Entre esses e o hobbista assumido, que não faz questão de receber dinheiro pelo seu som, há uma farta “classe média” musical que não consegue sobreviver da arte que produz.
Parece que o nascente mercado de NFTs, ou tokens não-fungíveis, já mergulhou em uma queda aguda. De acordo com a NonFungible.com, site que monitora diversos marketplaces de NFTs, o preço médio dos NFTs despencou 70% do pico de fevereiro. Devido à falta de liquidez dos NFTs, há quem esteja chamando essa queda generalizada de “quebra silenciosa”: em vez de correções diárias e graduais dos preços, NFTs são reajustados vez ou outra, da noite para o dia, em percentuais elevadíssimos. Ouça o nosso podcast sobre o tema. Via Bloomberg (em inglês), Cointelegraph (em inglês).
Na última quinta-feira (11), uma arte digital na forma de uma NFT (token não-fungível) do artista Beeple foi vendida em um leilão organizado pela Christie’s por US$ 69,3 milhões, sendo US$ 60 milhões pagos da obra e US$ 9,3 milhões em taxas à casa de leilões. Muito se repercutiu sobre a venda, como se ela fosse um atestado da validade e viabilidade das NFTs, mas a história tem bases bastante questionáveis.
A jornalista independente Amy Castor descobriu a identidade do comprador e revelou as relações espúrias entre ele, Beeple e criptomoedas em geral. A compra, incluindo a comissão à Christie’s, foi paga na criptomoeda ETH. A Metapurse, uma empresa de investimentos em NFTs, é propriedade de Metakovan, pseudônimo que Amy acredita ser de Vignesh Sundaresan, que atualmente vive em Singapura. (A Bloomberg confirmou a ligação entre Metakovan e Metapurse.) A empresa oferece um fundo de NFTs de artes do Beeple, acessível mediante a compra da sua própria criptomoeda, a B20, da qual detém 59% do total. Beeple tem uma reserva de 2% da B20.
A B20 se valorizou quase 6.300% entre 23 de janeiro, quando foi lançada (US$ 0,36), até o pico (US$ 23). Eu não entendo muito de contabilidade e finanças, mas a impressão é de que fizeram todo esse circo para vender uma arte por US$ 69 milhões, porém pagos com dinheiro de Banco Imobiliário a fim de levantar alguns milhões em dólares. Sem entrar no mérito artístico (veja a obra, intitulada “The First 5000 Days”), todo esse esquema tem cara, cheiro e forma de picaretagem. Será que é? Via Amy Castor (em inglês), Bloomberg (em inglês).
Abra este site e aumente o volume. Ele toca um barulhinho toda vez que alguém edita a Wikipédia. O ritmo da versão portuguesa é lento; em uma mais ativa, como a inglesa, as edições formam uma melodia. Visualmente, bolhas coloridas indicam o tamanho da edição e outras características. O código-fonte está no GitHub.
“Ajudem o tio aqui: os fakes já passaram por várias modas nesses meus 10 anos de Twitter. Agora são esses desenhos de olhos esbugalhados. O que é isso?” A pergunta foi feita pelo Leandro Demori, editor-executivo do The Intercept Brasil. Os desenhos não são exclusividade de robôs e contas falsas no Twitter. Nas últimas semanas, redes sociais e aplicativos de mensagens foram tomados por uma legião dessas caricaturas bem peculiares. De onde elas vieram?
As caricaturas de traços delicados e que destacam os olhos, mas de uma maneira divergente da dos tradicionais desenhos japoneses — também caracterizados pelos olhões —, são feitas com um aplicativo chamado Dollify. Ele foi criado pelo artista digital costa-riquenho David Álvarez, conhecido na internet como Dave XP. Por e-mail, o Manual do Usuário bateu um papo com Dave para saber como o app surgiu.
Continue lendo ““O que são esses desenhos de olhos esbugalhados?” A curiosa história do Dollify”
Cada vez mais os livros não têm capas: o rápido crescimento de tablets e e-readers fez com que mais livros fossem lidos em telas que não enfatizam a capa como um identificador visual e um delimitador físico. Uma capa já representou a individualidade tangível de um livro, sua discrição. Agora, nas telas, as capas persistem como imagens retangulares vestigiais, ornamentando de maneira supérflua resultados de busca ou PDFs. Essa mudança de ênfase significa que os leitores se envolvem mais diretamente com os próprios textos, em vez de julgar os livros por suas capas, como adverte o clichê? Cinquenta Tons de Cinza e livros de autoajuda ganharam popularidade em aparelhos pós-capa. Estamos finalmente livres para ler o que realmente queremos, seguros em saber que ninguém pode nos julgar?
Continue lendo “O que se perde quando “vemos Netflix” em vez de filmes”
Entre as suas várias funções, a ficção tenta, com o uso de metáforas, analogias e exercícios de futurologia, nos fazer entender e vislumbrar aonde estamos indo. Nesse último sentido, a ficção científica se mostra especialmente importante em tempos de tecnicalidade extrema e uma confiança talvez sem precedentes de que a resolução dos nossos muitos conflitos passa por meio externos ao próprio ser humano.
Continue lendo “90 anos de “Metropolis”, o clássico filme de ficção científica de Fritz Lang”