A “classe média” dos desenvolvedores de aplicativos

Em 2022, baixamos pouco mais de 140 bilhões de aplicativos em nossos celulares1. Em termos financeiros, gastamos US$ 129 bilhões tocando em botões virtuais na tela de aparelhos que cabem no bolso.

Nem o mais otimista executivo da Apple poderia imaginar em 2008, no lançamento da App Store do iOS, que esse negócio de aplicativo em celular poderia ser tão rentável. E tão útil. De atividades triviais dos primórdios daquela época, como ler o e-mail e abrir sites, passamos a fazer meio que tudo no celular, de pagar por coisas e investir até “invocar” carros e comida.

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Apple prepara suporte a lojas de aplicativos de terceiros no iOS em resposta a lei europeia.

Fontes internas da Apple disseram à Bloomberg que a empresa prepara mudanças substanciais no iOS e na App Store, a princípio exclusivas para a Europa, a fim de atender o Digital Markets Act (DMA), projeto de lei em estágio avançado que tenta restabelecer a competitividade em setores dominados pela big tech.

A maior delas, talvez, é a abertura do iOS/iPadOS a lojas de aplicativos de terceiros. Hoje, a única maneira de se obter apps nesses sistemas é baixando-os da App Store, da própria Apple.

A Apple passou anos fazendo lobby contra a medida, dizendo que abrir o sistema a outros métodos de distribuição de aplicativos traria inconveniência e insegurança.

Balela. Esse cenário tido como apocalíptico sempre existiu no Android e, ainda assim, a Play Store, do Google, lidera isolada a distribuição de apps.

Não duvido, porém que empresas como a Meta e a Epic Games, que reclamam abertamente das políticas da App Store, arrisquem-se com lojas próprias e até em restringir seus populares aplicativos, como Instagram e Fortnite, a elas.

Por outro lado, seria lindo algo similar ao F-Droid no iOS. Fica a expectativa, caso essa mudança se expanda para o resto do mundo.

A Apple também estaria cogitando abrir o iOS para outros motores web (hoje, todos os navegadores são obrigados a usar o WebKit do Safari), o uso do chip NFC do iPhone para outras carteiras digitais e alguns recursos da câmera hoje de uso exclusivo da Apple.

Não consigo imaginar como todas essas mudanças, mais a adoção do USB-C no iPhone, poderiam ser negativas para quem quer que seja — fora, claro, os acionistas da Apple. Via Bloomberg (em inglês).

App Store ganha centenas de novos preços.

A App Store agora aceita centenas de novos preços, incluindo valores redondos (R$ 5,00), menores que o antigo piso (no Brasil, era de R$ 4,90) e que podem chegar a US$ 10 mil (os 100 maiores preços só serão liberados mediante solicitação).

Outra novidade importante é uma automação para manter a equivalência de preços em todas as fachadas (175) e moedas (44) com que trabalha.

A conferir como essa maior granulação afetará os preços dos aplicativos e assinaturas da App Store.

A medida, vale mencionar, é resultado de um acordo que a Apple costurou com a Justiça dos Estados Unidos em agosto de 2021. Via Apple (em inglês).

Grandes anunciantes desistem do Twitter; Apple teria ameaçado banir aplicativo da App Store.

A deterioração do Twitter segue a olhos vistos, impulsionada por atitudes intempestivas, inexplicáveis e/ou apenas estúpidas de Elon Musk.

Metade dos 100 maiores anunciantes do Twitter interrompeu a compra de anúncios na plataforma.

Pipocam casos de falhas crassas no sistema de moderação — passa 99% dos posts racistas da Copa, vídeos de um atentado na Nova Zelândia, campanhas de desinformação patrocinadas pela China.

Musk, quando não está exibindo fotos constrangedoras do seu criado-mudo no Twitter, tem feito ameaças à Apple devido à taxa que a empresa cobra de aplicativos distribuídos na App Store.

Parece um movimento preparatório. A proliferação no Twitter de discursos de ódio e outros mal vistos pela Apple, como pornografia, somada ao enfraquecimento da marca Twitter, pode culminar com a remoção do aplicativo da rede social da App Store. Essa possibilidade parece já ter sido aventada pela Apple, de acordo com este post de Musk.

A maioria das pessoas acessa o Twitter por celulares, e usando o aplicativo oficial.

Isso seria desastroso, mas não sem precedentes. Em 2018, a Apple removeu o aplicativo do Tumblr devido à presença de imagens de abusos sexuais infantis.

Para Musk, a solução caso isso aconteça é simples: criar um celular próprio. O ego do homem mais rico do mundo é proporcional à sua fortuna. Boa sorte com isso.

Desenvolvedores reclamam de anúncios de mau gosto na App Store.

Desenvolvedores de aplicativos para iOS estão desde segunda (24) se lamentando dos novos anúncios da App Store. (Aparentemente, os anúncios não estão ativos no Brasil.)

Com a expansão, a Apple agora exibe anúncios nas páginas dos aplicativos. Pior: parece não haver filtro e há muitos anúncios de aplicativos de apostas, jogos caça-níqueis e outras atividades suspeitas, para dizer o mínimo.

É lamentável que uma empresa que lucra dezenas de bilhões de dólares por trimestre (US$ 19,4 bi no mais recente) se sujeite a isso, mas não surpreendente. Nesse arranjo, o que importa é crescer — não importa o quão grande você já seja.

Seria ótimo se esses desenvolvedores insatisfeitos se voltassem a plataformas abertas, em que uma empresa mesquinha não detenha a exclusividade na distribuição de aplicativos.

Alguns exemplos da choradeira nos links ao lado. Via @simonbs/Twitter, @marcoarment/Twitter, @cabel/Twitter, @TimothyBuckSF/Twitter (todos em inglês).

Atualização (27/10): Após a pressão, a Apple suspendeu “anúncios de aplicativos de apostas e outras categorias da App Store”. Não disse quais, nem por quanto tempo, porém. Via Macrumors (em inglês).

Apple vai cobrar taxa de impulsionamento de posts em apps de redes sociais no iOS.

Junto às novas versões do iPadOS e macOS, a Apple atualizou várias diretrizes da App Store nesta segunda (24). Destaque para a que estende a “taxa Apple” (até 30%) às compras de impulsionamento em aplicativos de redes sociais, como Facebook, Twitter e Instagram.

No mesmo movimento, a Apple diminuiu consideravelmente o apelo dos NFTs no iOS (apps não podem vincular recursos e benefícios à venda de NFTs) e aumentou seu poder de controle, dando a si mesma o poder de rejeitar aplicativos que faturam/lucram com “eventos recentes” prejudiciais, como conflitos violentos e ataques terroristas (aplicativos de jornais entram nessa classificação?).

A partir do raciocínio de Neil Katz, dá para dizer que Apple é uma empresa “sui generis”: aumenta sobremaneira seu poder centralizador no momento em que a pressão por suas práticas momopolistas atinge o ápice e, ao mesmo tempo, consegue vender sua marca como premium mesmo vendendo várias dezenas de milhões de produtos todo trimestre. Via Apple, FOSS Patents, @neilkatz/Twitter (todos em inglês).

O plano do Tumblr para deixar de ser puritano — sem irritar a Apple.

O Tumblr anunciou uma mudança no sistema de classificação de posts para devolver o conteúdo adulto à sua comunidade de usuários.

Matt Mullenweg, CEO da Automattic, empresa que adquiriu o Tumblr em 2019, anunciou que criadores de conteúdo e usuários/leitores agora podem classificar posts como “vício em drogas e álcool”, “violência” ou “temáticas sexuais”.

O sistema de classificação é chamado de “rótulos da comunidade” e, segundo Mullenweg, é um primeiro passo no sentido de tornar as diretrizes de uso do Tumblr “mais abertas e compreensíveis” — em outras palavras, viabilizar conteúdo sensível sem irritar a Apple.

O Tumblr surgiu em 2007 com diretrizes bem folgadas, o que atraiu à plataforma criadores de conteúdo mais… digamos… quente. Ou pornográfico, para sermos diretos.

Não é à toa que as redes sociais comerciais evitam pornografia. O CEO da Automattic listou as dores de cabeça que esse tipo de conteúdo atrai, desde dificuldades em processar pagamentos por cartão de crédito até a necessidade de que o conteúdo publicado não seja produto de abusos.

Mullenweg também citou o puritanismo da Apple. Em 2018, quando o Tumblr pertencia à Verizon, a Apple suspendeu o aplicativo da App Store alegando a presença de conteúdo irregular, segundo suas diretrizes.

A política de tolerância zero com pornografia foi baixada pela Verizon como um remédio para restabelecer a presença do aplicativo do Tumblr no iPhone.

Os rótulos da comunidade e outras melhorias nesse sentido que estão sendo implementadas não visam restabelecer a “terra sem lei” que o Tumblr costumava ser.

Para Mullenweg, a “era amigável ao pornô dos primórdios da internet é impossível hoje”. Ele espera, porém, reconquistar artistas e usuários que exploram temas ligeiramente mais sensíveis que abandonaram o Tumblr em 2018. Via @photomatt/Tumblr (em inglês).

Apple e Meta bloqueiam The OG App, aplicativo alternativo de Instagram.

Não demorou um dia para que Meta e Apple agissem para derrubar o The OG App, aplicativo que promete(ia?) uma experiência mais calma no Instagram.

A Apple removeu o aplicativo da App Store, citando violações em suas diretrizes. O aplicativo acumulou 10 mil downloads no iOS antes de ser bloqueado.

a Meta, empresa dona do Instagram, excluiu os perfis pessoais no Facebook e Instagram dos fundadores e funcionários da Un1feed, a startup por trás do The OG App. Um porta-voz da empresa disse ao TechCrunch que “este aplicativo [The OG App] viola nossas políticas e estamos tomando as medidas apropriadas”. Via TechCrunch, @TheOGapp_/Twitter(2) (em inglês).

LibreOffice chega à Mac App Store por R$ 49,90.

A Document Foundation, responsável pelo LibreOffice, lançou a versão Community da suite de aplicativos na Mac App Store como um aplicativo pago. No Brasil, sai por R$ 49,90.

A fundação explica, no comunicado, que o lançamento é uma maneira de apoiar “usuários finais que queiram obter todos os seus softwares de desktop do canal de vendas proprietário da Apple”, e que o valor levantado ali será investido no desenvolvimento do projeto.

Usuários do macOS que quiserem baixar o LibreOffice gratuitamente podem baixá-lo pelo canal tradicional, direto do site oficial.

Esse expediente não é novo. Vários aplicativos de código aberto gratuitos para macOS são cobrados quando distribuídos pela Mac App Store. Além do LibreOffice, conheço outros dois que fazem o mesmo: Maccy (R$ 54,90 via Apple) e GrandPerspective (R$ 16,90 via Apple).

Quase sempre, a cobrança de aplicativos gratuitos na Mac App Store é uma forma de financiar o desenvolvimento. Se o intuito da compra for ajudar os projetos, porém, é mais jogo doar diretamente a eles — pela loja da Apple, a empresa dona do macOS retém com 30% do valor total pago. Via Document Foundation (em inglês).

Se o Telegram, um dos dez aplicativos mais populares do mundo, está recebendo este tratamento [da Apple], imagine as dificuldades enfrentadas por desenvolvedores de aplicativos menores.

— Pavel Durov, CEO do Telegram.

O desabafo de Durov diz respeito a uma atualização do Telegram presa há duas semanas no processo de revisão da App Store, da Apple.

Segundo o executivo, é uma atualização que vai “revolucionar a maneira como as pessoas se expressam em aplicativos de mensagens”. É de se duvidar, mas seguimos atentos. Via @durov/Telegram (em inglês).

Google e Apple continuam cobrando taxas elevadas ao liberarem sistemas de pagamentos alternativos para aplicativos.

Antecipando-se ao Digital Markets Act (DMA), o Google anunciou que permitirá o uso de sistemas de pagamento alternativos a aplicativos (e só, não vale para jogos) na região da União Europeia. Nesse arranjo, os aplicativos terão que pagar uma taxa apenas três pontos percentuais abaixo da cobrada pelo Google em seu sistema de pagamento próprio.

O percentual é similar ao que a Apple descontando nos locais e circunstâncias em que tem sido obrigada a abrir a App Store para sistemas de pagamento alternativos, como para os apps de namoro na Holanda (de 30% para 27%) e para todos na Coreia do Sul (de 30% para 26%). Nesses termos, não parece uma saída vantajosa… Via Google, Apple (2) (todos em inglês).

Apple força Instagram a oferecer exclusão da conta direto no app.

Uma atualização do aplicativo do Instagram para iOS/iPhone lançada pela Meta acrescentou uma discreta opção para excluir a conta ali, sem que o(a) usuário(a) precise abrir o navegador, como era até esta quinta (30).

A novidade não foi desmotivada, mas sim para adequar o aplicativo às regras da App Store, a loja de aplicativos da Apple. Em maio, a dona do iPhone alertou os desenvolvedores de aplicativos do prazo, até 30 de junho, para eles incluírem a opção de excluir contas dentro dos próprios apps. Via TechCrunch, Apple (ambos em inglês).

Meta reclama da Apple, mas cobra taxas similares.

A Meta é uma das empresas mais barulhentas na hora de reclamar das (de fato altas) taxas cobradas por Apple e Google de desenvolvedores de aplicativos em suas respectivas lojas.

Em uma reportagem do Financial Times, criadores de jogos e experiências em realidade virtual reclamam das taxas cobradas pela Meta deles em sua loja online.

A Quest Store, loja de aplicativos em realidade virtual da Meta, cobra uma taxa de 30% de compras de bens digitais e de 15–30% de assinaturas. Por acaso, os percentuais são similares, se não idênticos, aos cobrados por Apple e Google nas lojas App Store e Play Store.

Em abril, a Meta anunciou uma “taxa de plataforma” extra, de 17,5%, que se somaria às taxas já cobradas. A Apple não perdeu a oportunidade de apontar a hipocrisia entre discurso e prática da holding de Mark Zuckerberg, que nos últimos anos tem feito uma ofensiva contra as taxas cobradas pela dona do iPhone dos desenvolvedores de aplicativos.

Em nota ao Financial Times, a Meta se defendeu dizendo que, ao contrário do iPhone, seu headset Oculus Quest 2 permite o uso de lojas alternativas.
A empresa até indicou duas: a SideQuest, independente; e a App Lap, também da Meta, onde aplicações mais experimentais podem ser lançadas.

O problema é que a App Lap também cobra uma taxa de 30% e a SideQuest tem uma audiência muito inferior à da Quest Store. Segundo a consultoria Sensor Tower, a SideQuest já foi baixada pouco mais de 400 mil vezes, enquanto a Quest Store acumula 19 milhões de downloads.

Desenvolvedores de aplicações em realidade virtual também reclamam do processo de aprovação da Quest Store, que seria mais demorado e complexo que o da Apple em sua App Store.

O CIO da Rooom disse que levou nove meses e muito debate para colocarem uma plataforma de eventos 3D na Quest Store. Na App Store, o processo levou duas semanas. Via Financial Times (sem paywall) (em inglês).

Aplicativos da App Store terão que oferecer meio fácil de exclusão de contas aos usuários.

A partir de 30 de junho, todos os aplicativos da App Store que oferecem contas aos usuários terão que oferecer meios para que eles excluam suas contas dentro do próprio aplicativo. E esses meios deverão “ser fáceis de achar”.

Às vezes, a mão de ferro da Apple no controle da App Store gera resultados positivos. Via 9to5Mac (em inglês).

Assinaturas na App Store poderão aumentar o preço uma vez por ano automaticamente.

A Apple fez uma alteração no sistema de assinaturas de aplicativos da App Store. A partir de agora, desenvolvedores poderão aumentar os preços sem precisar da confirmação do assinante para manter a assinatura valendo.

Parece ruim, mas… não é tão ruim quanto parece?

Segundo a Apple, a renovação automática com aumento de preço só poderá ser feita uma vez por ano e não deverá exceder US$ 5 ou 50% do valor (ou US$ 50 ou 50%, no caso de assinaturas anuais). A prática, obviamente, deve ser legalmente permitida no país do assinante. Antes do aumento passar a valer, a Apple notificará o usuário via e-mail, notificação e com uma mensagem dentro do aplicativo. Também serão enviadas notificações ensinando o assinante a acessar, gerenciar e cancelar assinaturas.

Até agora, quando um aplicativo aumentava o preço da assinatura vigente, o assinante precisava confirmar (“opt-in”) o aumento, ou seja, a renovação de acontecer automaticamente. A Apple alega que esse sistema “levava alguns serviços a serem interrompidos sem que os usuários assim desejassem e eles tinham que refazer a assinatura”. Via Apple (em inglês).