Denunciar contas falsas no Facebook era “esvaziar oceano com peneira”, diz ex-funcionária

Selo de republicação da Agência Pública.Esta matéria foi produzida pela Agência Pública, a primeira agência de jornalismo investigativo sem fins lucrativos do Brasil.

A imagem de Sophie Zhang aparece na tela do computador para uma chamada via Zoom. Jovem, de óculos de aros grossos e fones de ouvido que parecem aqueles que gamers usam para uma experiência mais imersiva, sua fala é entrecortada por uma gagueira que poderia ser atribuída à timidez ou nervosismo. Mesmo assim, essa americana de 30 anos fala de maneira resoluta. Em setembro de 2020, Zhang tornou-se, sem querer, uma denunciante, quando decidiu compartilhar um longo relatório com seus colegas do Facebook em uma rede interna, alertando para os problemas que a empresa fingia não ver.

“Eu sei que tenho sangue nas minhas mãos agora”, escreveu no memorando, cujo objetivo era encorajar os colegas a mudarem a empresa de dentro. “Encontrem outros colegas que compartilham das suas convicções e trabalhem juntos. O Facebook é muito grande para qualquer pessoa sozinha consertá-lo”, escreveu.

Sophie acabava de ser demitida por “baixa performance”, e negou um acordo de US$ 64 mil que a obrigaria a permanecer calada. A postagem foi feita no seu último dia de trabalho, e logo foi removida pelo Facebook.

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A promessa quebrada do bitcoin em El Salvador

A promessa quebrada do bitcoin em El Salvador, por Jacob Silverman e Ben McKenzie no The Intercept Brasil:

Apesar do talento ocasional do governo salvadorenho para o marketing, o país enfrenta enormes desafios econômicos, uma crise da dívida, lutas constantes com o crime e a violência, uma disputa diplomática com os Estados Unidos e a gestão intempestiva de Bukele, que pode ser descrito superficialmente como uma mistura salvadorenha de Donald Trump, do presidente filipino Rodrigo Duterte e, incrivelmente, de um influenciador digital bitcoiner. Em 2021, Bukele remodelou o judiciário do país, nomeando novos juízes que interpretaram de forma criativa a Constituição para permitir que o presidente se candidatasse à reeleição. Preenchendo cargo governamentais com parentes e amigos de escola, Bukele dirige El Salvador quase como se fosse uma empresa familiar. As finanças da empresa podem estar em crise, mas, com sua política de prisões em massa e leis de censura visando a imprensa independente, Bukele parece determinado a consolidar ainda mais seu poder.

Pairando sobre tudo isso está a consequência, que ainda se desenrola, do desastroso projeto de Bukele para usar o bitcoin. Em junho de 2021, em uma apresentação de vídeo em uma conferência sobre bitcoin em Miami, Bukele anunciou que seu país seria o primeiro do mundo a adotar o criptoativo como moeda de uso legal. Em 7 de setembro de 2021, o bitcoin foi oficialmente adotado em El Salvador, com muita fanfarra propagandística e algum descontentamento, incluindo protestos sociais. Naquele dia, os mercados globais de criptomoedas caíram, com várias bolsas fechando inesperadamente. Seguiram-se inúmeras denúncias de fraude e roubo de identidade; um bitcoiner local nos disse que seu amigo usou uma foto de um cão para confirmar sua identidade. Problemas técnicos desenfreados atormentaram a implantação do Chivo, a carteira digital oficial em que todos os cidadãos receberiam US$ 30 em bitcoin (cujo valor despencou desde então). A adoção geral tem sido mínima, com a maioria das pessoas ainda preferindo dólares americanos, a outra moeda utilizada no país. O bitcoin também não se mostrou útil com remessas vindas do exterior, que são fundamentais para a economia de El Salvador: menos de 2% das remessas enviadas para o país agora usam bitcoin.

O projeto do bitcoin em si é levado a cabo por um confuso emaranhado de interesses governamentais e privados, alguns deles estrangeiros; poucas pessoas externas ao sistema sabem quem faz o quê ou onde. Bukele se gaba no Twitter de que compra bitcoin pelo telefone, usando dinheiro público, enquanto está sentado no vaso sanitário. Ele nunca postou o endereço da carteira que usa para que a população possa examinar essas transações, mas, se forem reais, ele já conta milhões de dólares no vermelho. Assim como o povo salvadorenho.

Brasil fica em 54º lugar em ranking de preços de internet móvel.

O Brasil aparece em 54º lugar, com um preço médio de US$ 0,74 por 1 GB baseado em 45 planos, no ranking de planos de internet móvel da Cable.co.uk, empresa especializada em comparação de preços de planos de internet.

Ficamos atrás de alguns vizinhos sul-americanos — Uruguai (9º, US$ 0,27/GB), Colômbia (31º, US$ 49/GB) e Chile (32º, US$ 0,51) —, mas bem melhor que a média da região (US$ 4,09/GB). Note-se, porém, que essa média é puxada bastante para cima pelas Ilhas Malvinas, que têm o segundo gigabyte mais caro do mundo, por US$ 38,45.

O território com o gigabyte mais caro do mundo é Santa Helena, outra ilha britânica ao Sul do Atlântico, com pouco mais de 4 mil habitantes. Por lá, 1 GB custa US$ 41,06. O gigabyte mais barato é o de Israel, onde custa US$ 0,04.

O levantamento da Cable.co.uk considerou 5 mil planos de dados móveis de 233 países e territórios, com dados coletados entre 16 de março e 2 de junho. Gráficos, planilhas com os dados brutos e comentários da empresa estão no link ao lado. Via Cable.co.uk (em inglês).

Chile, Colômbia, Peru, México, Brasil: a Oppo veio aí.

A expansão latino-americana das marcas da BBK Electronics segue um roteiro bem previsível: chega pelo Chile ou pelo México, se expande para países do Pacífico com mercados grandes (Peru ou Colômbia) e, a partir daí, atravessa os Andes para chegar no Brasil. Foi assim com a Realme, está sendo assim com a Oppo, conforme previmos há cinco newsletters atrás (e será assim com a OnePlus e a vivo).

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Salvadorenhos já abandonaram suas carteiras de bitcoins.

Quando El Salvador adotou o bitcoin como moeda oficial, em setembro de 2021, ofereceu aos cidadãos uma carteira digital chamada Chivo para que eles transacionassem usando a criptomoeda.

Um estudo publicado recentemente pelo Birô Nacional de Pesquisa Econômica, grupo de Massachusetts, EUA, descobriu que a Chivo é um fiasco. Nas 1.800 residências consultadas, praticamente metade havia baixado o aplicativo, mas, desses, 61% já o abandonou. Quem manteve o app tem usado ele para transacionar dólares. Segundo o próprio Banco Central salvadorenho, em fevereiro, apenas 1,6% das transações no Chivo envolveram bitcoins. Via Rest of World (em inglês).

Fuga de cérebros: desenvolvedores latino-americanos ganham mais trabalhando remotamente para empresas estrangeiras

O mercado de tecnologia da informação (TI) nunca esteve tão aquecido na América Latina. Além de sobrarem vagas em países como o Brasil, há uma nova tendência favorecendo esses profissionais: empresas estrangeiras que buscam profissionais para trabalho remoto na região pagando salários em dólar ou euro.

Latino-americanos ganham em média 2,2 vezes mais trabalhando para empresas de fora do que para empresas de seus próprios países — US$ 26,4 mil contra US$ 12 mil, respectivamente.

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A nova OnePlus

A chegada da OnePlus no mundo Android foi um grande surto coletivo, com o “never settle” e todo o hype de Carl Pei e Pete Lau. Carl Pei saiu (e levou a hype machine pra Nothing), a BBK uniu a Oppo e a OnePlus debaixo da asa de Pete Lau e, bom, a OnePlus queridinha do mundo nerd Android morreu, faleceu, foi de base.

Agora é uma marca querendo ser mainstream, talvez mais próxima de ser uma segunda marca global da BBK Electronics (a primeira está se encaminhando para ser a Realme) e aproveitar o espaço que surgiu a partir da saída da LG do mercado móvel; um sinal disso é que, em 2022, a expansão da marca promete ser agressiva fora de EUA/Europa Ocidental/Índia/China:

Gráfico em círculo mostrando os mercados de expansão da OnePlus.
Notaram ali “América do Sul”? Eu já tirei o cavalinho da chuva, não acredito que em 2022 a OP apareça além de Chile, Peru e Colômbia. Imagem: OnePlus/Divulgação.

Na prática dos telefones, depois de sair na China em janeiro, o OnePlus 10 Pro saiu para o resto do mundo esta semana; este topo da linha da nova OnePlus divide opiniões como a própria nova OnePlus, bastando ler as análises de Engadget e de The Verge.


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Na Argentina, WhatsApp aumenta tamanho para envio de arquivos de 100 MB para 2 GB.

Na Argentina, ainda em fase de testes, o WhatsApp aumentou o tamanho máximo de arquivos que podem ser enviados pelos usuários — de 100 MB para 2 GB. (Não por coincidência, o novo limite é o mesmo existente no Telegram.)

Por ora, usuários argentinos podem enviar arquivos grandes entre si e para pessoas de outros países. Se tudo correr bem, como é de praxe, o novo teto para arquivos será estendido a fotos e vídeos e aos usuários no resto do mundo. Via La Nacion (em espanhol).

Com estratégia “Kinder Ovo”, startups atacam o desperdício de comida

Não é de hoje que o mundo produz comida suficiente para alimentar todos os seres humanos, mas a fome ainda existe em vários países. Paradoxalmente, mesmo nesses o desperdício de comida continua a ser um problema. Existe alguma maneira de fazer com que paremos de jogar comida boa no lixo?

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O jovem quer acabar com o e-mail / Super apps são “super” mesmo?

Oferecimento: Razor Computadores

Extraordinário. Essa palavra cuja origem vem do latim “extraordinarius” significa algo que vai “além de”, que é “fora do comum”. Se utilizada como adjetivo, a palavra representa algo excepcional, e é focando nessa palavra que a Razor fabrica computadores profissionais de altíssima performance: para você alcançar o extraordinário com uma máquina fora do comum. Clique aqui para acessar o site da Razor.

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É o fim do e-mail? A geração que está chegando ao mercado de trabalho aposta que sim — pelo menos nos Estados Unidos, segundo o New York Times. No Guia Prático a afirmação não é unanimidade. Apesar de “antiquado” e mal usado por muita gente, Rodrigo Ghedin acha que o e-mail ainda tem espaço e virtudes que os apps de mensagens não conseguem replicar. Jacqueline Lafloufa, por outro lado, acha que os jovens têm um bom argumento e que, embora o e-mail não vá desaparecer, aplicativos de mensagens — do WhatsApp ao Slack — podem se tornar o meio de comunicação padrão no trabalho e na vida.

No segundo bloco, pegamos carona na matéria sobre super apps do Manual para falar deles, mas agora do nosso ponto de vista. O que faz um super app? E, dos que estão disponíveis, quais são super mesmo? Contamos nossas experiências e impressões neste bloco.

Nas indicações culturais, Jacque trouxe o livro O projeto Decamerão: 29 histórias da pandemia [Amazon, Magalu, editora]1, de vários autores, publicado no Brasil pela Rocco, e Ghedin, a série Onde está meu coração [Globoplay], de George Moura e Sergio Goldenberg, dirigida por Noa Bressane.

  1. Ao comprar por estes links, o Manual do Usuário recebe uma pequena comissão das lojas. O preço final para você não muda.

Argentina e Índia suspendem efeitos da nova política de privacidade do WhatsApp.

Mais países se manifestaram contra a nova política de privacidade do WhatsApp. Na segunda (17), a Argentina ordenou que o Facebook suspendesse as mudanças em seu app a fim de evitar “uma situação de abuso de posição dominante”. A suspensão durará por pelo menos seis meses. Via Folha de S.Paulo, Argentina.gob.ar (em espanhol).

Na terça (18), a Índia deu ao Facebook/WhatsApp sete dias para apresentar uma resposta “satisfatória” a respeito das mudanças na política de privacidade, e ameaçou tomar medidas legais caso a demanda não seja atendida. Lá, pesa muito o fato de que os novos termos não serão aplicados na União Europeia.

A Índia é o maior mercado do WhatsApp, com 450 milhões de usuários, e tem um histórico de medidas drásticas — em junho de 2020, o país baniu dezenas de aplicativos chineses, incluindo alguns muito populares como TikTok e WeChat. Via TechCrunch (em inglês).

No Brasil, vale lembrar, os efeitos do não aceite da nova política de privacidade do WhatsApp foram suspensos por 90 dias a pedido do Cade, Ministério Público Federal e Senacon.