Inteligência artificial no banco dos réus

Um escritório de advocacia da Califórnia, processou a OpenAI e o Google por infringirem direitos autorais e a privacidade no treinamento dos seus chatbots, ChatGPT e Bard.

Em outra ação, a comediante e escritora Sarah Silverman e outros escritores processaram a OpenAI e a Meta pelo mesmo motivo. Aqui, a alegação é de que as empresas usaram cópias piratas de seus livros, de repositórios como Z-Library e Biblotik, para treinarem os algoritmos do ChatGPT e LLaMA.

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ChatGPT e outras inteligências artificiais impõe dilema a plataformas de conteúdo gerado por usuários.

Os gringos estão fascinados com o ChatGPT, a nova inteligência artificial de conversação da OpenAI — de onde saiu o GPT-3, outra IA capaz de gerar textos completos do nada.

O uso mais provável do ChatGPT é tornar os chatbots ainda mais detestáveis a médio ou longo prazo e engambelar chefes tóxicos (gosto) e professores (zoado). Por ora, a tecnologia tem sido usado como mera curiosidade, uso recreativo. Porque é divertido, sim, mas também porque os usos sérios não demoram a aparecer, como textos completamente equivocados, mas que parecem corretos.

O Stack Overflow, fórum de dúvidas para programadores, baniu temporariamente respostas geradas pelo ChatGPT porque:

[…] a taxa média de respostas corretas obtidas do ChatGPT é muito baixa, e a publicação de respostas criadas pelo ChatGPT é significativamente danosa ao site e aos usuários que perguntam ou buscam por respostas corretas.

O principal problema é que embora as respostas que o ChatGPT produz tenham uma taxa elevada de equívocos, elas geralmente parecem ser boas e as respostas são muito fáceis de serem produzidas.

O banimento é temporário, o que significa que ele poderá ser revertido em breve. Esse dilema, porém, em algum momento atingirá todos os espaços que aceitam conteúdo gerado por usuários (UGC). A questão primordial é: qual a definição de “usuário”?

A Adobe anunciou que vai aceitar e vender imagens geradas por IAs como DALL-E e Stable Diffusion. A única exigência é que elas sejam rotuladas como tais. O Getty Images, o contrário: não aceitará comercializar imagens do tipo.

Como a Adobe garantirá que a rotulagem das imagens submetidas está sendo feita? Até quando o Getty Images resistirá?

Outros conteúdos do Manual para pensar:

Via Stack Overflow, Axios, The Verge (todos em inglês).

Arquivos de Photoshop estão perdendo as cores por ganância da Pantone.

A Adobe e a Pantone™ encerraram uma parceria de longa data e, como resultado, agora é preciso pagar uma mensalidade pelo plugin Pantone™ Connect para que arquivos do Photoshop, Illustrator e InDesign que usem cores da paleta proprietária da Pantone as exibam corretamente. Não quer pagar? As cores Pantone™ são substituídas por preto.

Os preços variam por região. No Brasil, a assinatura anual do Pantone™ Connect custa R$ 37,85 por mês (12 meses pagos numa tacada só), com 7 dias de gratuidade.

A Pantone™ conseguiu, de alguma maneira, tornar-se proprietária de cores (o que estou escrevendo?) e após décadas de colaboração com a Adobe, decidiu tirar uma lasquinha do mercado de SaaS que a Adobe vem explorando há alguns anos com grande sucesso financeiro.

O “legal”, nos lembra Cory Doctorow, é que, sendo softwares alugados, não existe a possibilidade de estacionar numa versão do Photoshop para não ser afetado pela mudança. Há relatos de arquivos criados há 20 anos que tiveram cores Pantone™ trocadas por preto. Via @funwithstuff/Twitter, Kotaku, Pluralistic (todos em inglês).

Atualização (15h20): Stuart Semple lançou o Freetone, um plugin gratuito que faz o “matching” de cores com a paleta Pantone™.

Quem precisa da Adobe? Estes estúdios de design usam apenas software livre

Em janeiro de 2021, o jovem Dylan Field, co-fundador do Figma, serviço de prototipagem de interfaces digitais, disse que “o nosso objetivo é ser o Figma, não a Adobe” em uma conversa em que alguns usuários, insatisfeitos com a Adobe, especulavam quanto tempo levaria para o Figma desbancar a dona do Photoshop.

Quase dois anos depois, em setembro de 2022, a Adobe comprou o Figma por US$ 20 bilhões e Dylan, no mesmo Twitter, pareceu animado com a notícia de que sua empresa acabara de se tornar a Adobe.

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Adobe compra Figma por US$ 20 bilhões.

A Adobe anunciou a compra do Figma por US$ 20 bilhões, em dinheiro e ações. O negócio depende da aprovação de órgãos reguladores e deve ser finalizado em 2023.

A compra é vista como um movimento para neutralizar um concorrente promissor — A Adobe já tem um aplicativo similar, o Adobe XD — e com grande potencial de receita. O valor pago pela Adobe é 100% maior que o do último “valuation” do Figma, de US$ 10 bilhões, anunciado em junho de 2021, quando a startup havia levantado US$ 200 milhões junto a investidores. Via Adobe, TechCrunch (ambos em inglês).

Adobe lança o seu Canva.

A Adobe lançou o Adobe Creative Cloud Express, serviço baseado em templates para a criação rápida e facilitada de artes visuais — em outras palavras, seu rival do Canva. Tem versão web e apps para Android e iOS, versão grátis e uma paga, de R$ 43/mês, com acesso a fotos, fontes e muito material da Adobe. Via TechCrunch (em inglês).

Adobe leva Photoshop e Illustrator à web.

Começou nesta terça (26) a Adobe MAX, evento anual em que a Adobe anuncia novidades na sua vasta linha de produtos. Um dos destaques deste primeiro dia são as versões web do Photoshop e Illustrator. A ideia, porém, não é levar todo o poder desses editores ao navegador. Em vez disso, a Adobe quer facilitar o compartilhamento e a colaboração em arquivos. Com as versões web, um cliente ou colaborador não precisa dos aplicativos para abrir arquivos, fazer apontamentos, comentários e edições básicas. O Photoshop na web já está disponível, em beta; o Illustrator chega mais tarde. Via Adobe (em inglês).

Se você queria um verdadeiro Photoshop na web, o Photopea talvez seja a coisa mais próxima disso. E é gratuito (com anúncios).

Charles “Chuck” Geschke morre aos 81 anos.

Charles “Chuck” Geschke, co-fundador da Adobe e um dos criadores do formato PDF, morreu aos 81 anos, vítima de um câncer. Na Adobe, foi diretor de operações e presidente; aposentou-se em 2000. Em 1992, foi vítima de um sequestro no estacionamento da empresa; quatro dias depois, foi resgatado pelo FBI. Natural de Cleveland, Ohio, Charles vivia com a família em Los Altos, Califórnia. Ele deixa a esposa, três filhos e sete netos. Na Wikipédia (em inglês). Via AP (em inglês), Folha de S.Paulo.

Cuidado com a multa de cancelamento da Adobe.

Em um tuíte que viralizou e acabou excluído pelo seu autor, alguém reclamava da multa de cancelamento da assinatura da Creative Cloud, aquele pacotão de aplicativos da Adobe, como Photoshop, Illustrator e Premiere, entre outros. (O @internetofshit repercutiu.) Para muitos, foi uma surpresa, mas é o “modus operandi” da Adobe, válido também no Brasil, e por isso você deveria ficar atento antes de fechar negócio com ela.

A confusão é compreensível. No site da Adobe, a assinatura do pacote completo da Creative Cloud é exibida como se fosse uma assinatura mensal — para pessoas físicas, custa R$ 224 por mês:

Caixas dos planos da Creative Cloud completa, mostrando valores mensais.
Imagem: Adobe/Reprodução.

Até aí, tudo bem. Mas ao clicar no botão “Compre agora”, a página seguinte conta uma história diferente. Lê-se, no resumo do pedido: “Plano anual, cobranças mensais”, seguido do valor de R$ 224/mês. Nessa parte, há um menu de seleção que, ao ser expandido, revela outras três opções, sendo uma delas “Plano mensal”. O problema é que o “plano mensal” custa R$ 340/mês, ou 51,8% mais caro que o anual parcelado em 12 vezes:

Tela de pagamento da Adobe, com um formulário de endereço de e-mail e o resumo do pedido, destacando o plano anual parcelado.
Imagem: Adobe/Reprodução.

(Está sobrando dinheiro aí? Outra opção é pagar a anuidade numa tacada só, de R$ 2.580, e economizar 4% em relação à anuidade parcelada.)

Se você contratar a Creative Cloud pelo plano anual parcelado em 12 vezes — que, reforçando, é o padrão — e se arrepender no meio do caminho, de quanto é a mordida da Adobe? Até 14 dias, nada, zero, sem custo. Depois… bem, prepare o bolso. Esta página explica:

Se você cancelar mais de 14 dias após a compra inicial, seu pagamento não será reembolsável e poderá estar sujeito a uma taxa de cancelamento.

  • Plano anual pago mensalmente: após 14 dias, uma taxa de cancelamento de 50% do saldo restante de seu contrato pode ser aplicável. O serviço continuará em vigor até o final do período de faturamento do mês vigente.

Não sei se isso se enquadra em “dark pattern”, ou seja, um truque de interface e linguagem para direcionar os usuários a certo comportamento (no caso, assinar o plano anual), mas não é difícil imaginar alguém sendo pego de surpresa com a taxa de cancelamento, que dependendo de quando é aplicada, pode ser bem salgada — o cancelamento no segundo mês, por exemplo, geraria uma dívida de R$ 1.397, pelo cálculo (11 * 254) / 2.

A última atualização do Flash.

A Adobe publicou, nesta terça (8), a última atualização do Flash Player, o formato que, em algum momento dos anos 2000, foi a promessa de futuro da web. (Aí o iPhone apareceu, ignorou o Flash e o resto é história.) O suporte ao Flash termina no próximo dia 31 e, a partir de 12 de janeiro, a Adobe bloqueará a execução de conteúdo em Flash. A empresa “recomenda fortemente que todos os usuários desinstalem o Flash Player imediatamente para ajudar na proteção de seus sistemas.” Via Adobe (em inglês).

Como consumimos vídeo online, segundo a Adobe.

No início de junho a Adobe divulgou um relatório sobre consumo de vídeo online. Ele se baseia em números massivos: 201 bilhões de vídeos começados e 285 bilhões de autenticações em mais de 300 apps do tipo TV Everywhere, obtidos anonimamente via Adobe Analytics e Primetime.

A apresentação, acima, está recheada de dados interessantes, mas três chamam a minha atenção.

  1. A dominação da Apple. Quase um em cada quatro vídeos exibidos (24%) no primeiro trimestre de 2015 teve origem num dispositivo da empresa.
  2. Tablet. A frequência de vídeos vistos em tablets se igualou à de desktops (embora esse ainda ganhe em vídeos longos). Do relatório: “Na medida em que os dispositivos se tornam cada vez mais especializados, parece que um grande caso de uso para o tablet é atividades derivadas de lazer como consumo de vídeo.”
  3. Crescimento do conceito de “TV Everywhere,” ou seja, vídeo por streaming autenticado. Em relação ao ano passado, foi de 282%, puxado por dispositivos Apple e set-top boxes e sticks, como Apple TV e Roku.

Chrome bloqueará conteúdo Flash supérfluo automaticamente.

Em um post no blog oficial do Chrome, Tommy Li, engenheiro de software do Google, anunciou uma novidade relacionada ao plugin nativo do Flash:

Quando você estiver numa página que roda Flash, pausaremos inteligentemente conteúdo (como animações em Flash) que não são centrais na página, enquanto manteremos conteúdo central (como um vídeo) rodando, sem interrupções.

(mais…)

Com Photoshop por streaming, Chromebooks podem ficar mais atraentes

Photoshop a caminho do Chrome OS.
Foto: Google.

O Google anunciou uma parceria com a Adobe para levar o Photoshop aonde ele nunca havia ido antes: aos Chromebooks.

Esses notebook que rodam Chrome OS, como já vimos duas vezes, são bem limitadas. De que maneira, então, o pesadão Photoshop rodará neles? Com o poder da nuvem. O Projeto Photoshop Streaming oferecerá aos donos de Chromebooks e usuários de Windows que usam o Chrome a possibilidade de rodar o editor de imagens via streaming.

Na prática, é como se o Chromebook/Chrome fosse um terminal burro. Todo o processamento, armazenamento e até a própria instalação do Photoshop ocorrerá em servidores remotos. Localmente, apenas a interface e os comandos serão executados. Por limitações atuais, o Photoshop Streaming não terá funções que rodam em cima da GPU, não salvará arquivos localmente (tudo ficará no Google Drive), nem conversará com periféricos, incluindo impressoras.

As vantagens, por outro lado, são ter um Photoshop, ou melhor, o Photoshop de verdade sempre atualizado, sem ocupar espaço na memória do equipamento e que roda mesmo no fraquíssimo hardware tipicamente encontrado em Chromebooks. De outra forma, ou seja, instalado e consumindo recursos locais, esse aplicativo seria inviável. Para o Google, a oferta do Photoshop eleva o moral do seu Chrome OS, ainda encarado com desconfiança por usuários e imprensa pela sua restrição a apps que rodam na web.

Na primeira fase o Photoshop Streaming será restrito a usuários selecionados que pagam a Creative Cloud, são estudantes e residem nos EUA. Para o futuro, a Adobe promete expandir o programa, além de trazer outros apps da Creative Cloud à modalidade por streaming.

Quem tem um Chromebook encontra editores de imagens relativamente simples na Chrome Web Store, como o Pixlr e o Sumo Paint. Nada que se compare ao poder do Photoshop, porém.

Com a compra da Aviary, Adobe expande sua presença online

A Adobe acabou de comprar mais uma empresa, a Aviary. Essa produz um kit de desenvolvimento que fornece capacidades de edição de imagens para outros apps. O Twitter, por exemplo, recorre à tecnologia para dar a seus usuários filtros e ferramentas básicas.

A quantia paga pela Adobe não foi revelada, mas uma coisa a empresa, conhecida pelo PDF e pelo Photoshop, não pode esconder: a transição para um mercado centrado na nuvem tem sido bem sucedida.

Em 2011 os principais aplicativos de produção da Adobe tiveram sua distribuição repensada. Em paralelo às versões anuais vendidas a peso de ouro, Photoshop, Illustrator, Premier e outros passaram a ser comercializados também em um sistema de assinatura, com preços mais acessíveis. Desde maio de 2013, esse passou a ser o modelo exclusivo para as novas versões desses apps. No Brasil, o pacote para fotógrafos, que inclui Photoshop e Lightroom para desktop, dispositivos móveis e na nuvem, custa R$ 22 por mês. A Creative Cloud completa, com apps e extensões a perder de vista? R$ 65 R$ 1091 por mês.

Ao mesmo tempo em que mudava seu ganha-pão, a Adobe reforçou a presença online comprando startups. A lista de aquisições nos últimos anos é vasta e inclui o Typekit, um serviço de distribuição de fontes para a web; Behance, portfólio para artistas digitais; soluções para gerenciamento de campanhas, como Demdex e Neolane; e, por último, o Aviary. Ela também lançou soluções próprias, como o Revel, para armazenar fotos na nuvem e permitir o acesso a elas via dispositivos móveis.

Apesar de ter desapontado levemente os acionistas no último trimestre, a base de usuários da Creative Cloud continua subindo. Já são 2,81 milhões de clientes pagando mensalmente para ter acesso à tecnologia mais recente da empresa. Para uma empresa tão antiga, dona de um dos softwares que ainda hoje uma multidão usa diariamente, é um feito e tanto.

  1. O valor de R$ 65/mês é válido apenas para clientes que tenham a Creative Suite 3 ou posterior.