Mudanças no 99Food, falência da Sis Express e regulamentação no governo Lula.

Alguns eventos importantes no setor de aplicativos de entregas/caronas das últimas semanas:

  • A 99 encerrou o serviço de delivery com entregadores parceiros. Agora, o 99Food funciona apenas como marketplace, ou seja, os entregadores são todos vinculados a restaurantes ou terceiros. Via Mobile Time.
  • A Sis Express, maior operador logístico (terceirizada/intermediária) do iFood no Brasil, faliu. Em novembro de 2022, o The Intercept denunciou as investidas abusivas da Sis Express e do iFood contra um entregador youtuber. Via iFood.
  • O governo Lula conseguiu um feito: agradar empresários do setor e representantes dos entregadores/motoristas. O desafio agora é convergir as promessas feitas aos dos lados da mesa. Via Folha de S.Paulo.

China muda estratégia para lidar com suas big techs.

Desde 2021 focada na regulação das big techs, a China agora está de olho no poder de voto dentro dessas empresas.

No começo do ano, o órgão regulador de tecnologia comprou 1% de uma subsidiária da Alibaba e está no processo de fazer o mesmo com a Tencent — como já fez com o Weibo e a ByteDance. É uma participação pequena, mas o tipo de ações adquiridas (a chamada “golden share”) inclui o governo em decisões importantes, como a nomeação de diretores.

Na direção contrária, o fundador da Alibaba, Jack Ma, perdeu o controle do Ant Group após uma reorganização da composição acionária da empresa no começo do mês.

O maior envolvimento do governo chinês em suas big techs acontece em um momento sensível para essas empresas no contexto internacional. O TikTok admitiu que, durante uma auditoria interna, funcionários acessaram indevidamente dados de jornalistas que investigavam a empresa.

Agora, políticos de diversos países se mobilizam para restringir as operações da ByteDance em seus territórios, como os EUA já haviam ameaçado fazer durante o governo Trump — situação que é bem explicada neste artigo da Vox e que estava para ser resolvida no final de 2022.

Em meio a essas tensões, as empresas enfrentam perda de valor e promovem demissões: Didi deve fazer cortes na força de trabalho às vésperas do ano novo (já fez aqui no Brasil, na 99) e a ByteDance, nova concorrente da Didi no mercado de caronas compartilhadas, demitiu 10% dos seus trabalhadores.


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99 testará 300 carros elétricos da BYD em São Paulo.

A 99, braço brasileiro da chinesa DiDi Chuxing, fechou uma parceria para colocar 300 carros elétricos da também chinesa BYD nas ruas de São Paulo. O modelo escolhido, D1, tem preço sugerido de R$ 270 mil, mas será oferecido aos motoristas na modalidade aluguel, via Aliança pela Mobilidade Sustentável, um grupo de empresas que se juntou em abril para promover a eletrificação da frota brasileira.

O chamariz, ao motorista, é um custo de manutenção até 80% menor que o de carros convencionais, com motores a combustão.

A 99 tem 750 mil motoristas ativos mensais no Brasil que atendem mais de 20 milhões de usuários. Via Folha de S.Paulo.

Ministério da Justiça quer saber por que motoristas da 99 e da Uber estão cancelando corridas.

A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), ligada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, notificou as empresas 99 e Uber para que prestes esclarecimentos a respeito do suposto alto volume de cancelamentos de corridas por parte dos motoristas.

A motivação da Senacon, segundo o G1, é a repercussão na imprensa. O problema existe, é fato, mas as empresas já têm políticas para isso — até meio draconianas, dependendo a quem se pergunte.

As empresas têm até quinta-feira (30) para responderem. Via G1.

Rafael Grohmann: A questão do trabalho plataformizado

Na semana em que a Agência Pública revelou o trabalho sujo do iFood em sabotar o movimento dos entregadores que demandam melhores condições de trabalho, Jacqueline Lafloufa e Rodrigo Ghedin recebem o pesquisador Rafael Grohmann, professor da Unisinos, diretor do laboratório de pesquisas Digilabour e coordenador da Fairwork no Brasil, para falar de trabalho plataformizado. É possível que as plataformas ofereçam trabalhos decentes? Quais alternativas temos às comerciais? E o que nós, pessoas preocupadas com essa deteriorização da condição trabalhista, podemos fazer para ajudar?

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99, iFood e Uber anunciam aumentos nos preços, reflexo da inflação e alta dos combustíveis.

Nos últimos dias, plataformas digitais anunciaram reajustes nos preços para refletir a inflação e a alta no preço dos combustíveis:

  • 99: Aumento de 5% no preço do quilômetro rodado.
  • iFood: Aumento de 13% na rota mínima (de R$ 5,31 para R$ 6) e de 50% no quilômetro rodado (de R$ 1 para R$ 1,50).
  • Uber: Aumento temporário de 6,5% no preço das corridas.

Os reajustes de 99 e Uber já estão valendo. Os do iFood entram em vigor no dia 2 de abril.

A remuneração de motoristas e entregadores foi apontada como um dos problemas mais graves no relatório da Fairwork. Das seis plataformas analisadas, apenas a 99 garantia o salário mínimo aos trabalhadores. Via LABS.

Uber, 99, Rappi e iFood têm notas pífias em avaliação sobre trabalho decente no Brasil

Uber, 99, Rappi e iFood têm notas pífias em avaliação sobre trabalho decente no Brasil, por Tatiana Dias no The Intercept:

Nessa edição do relatório [da Fairwork], a primeira feita no Brasil, foram avaliadas seis empresas — e a nota máxima foi 2, colocando o país entre os piores lugares do mundo para os trabalhadores de plataformas.

Rappi, GetNinjas e Uber Eats zeraram — isso significa que não pontuaram absolutamente nada nos critérios de “trabalho decente”. O Uber atingiu a mísera nota 1. O iFood e a 99, as empresas melhor avaliadas, conseguiram uma risível nota 2 — e isso depois de se movimentarem, ao saberem da existência do ranking, para cumprir alguns dos critérios levantados pelos pesquisadores.

A íntegra do relatório pode ser baixada no site da Fairwork.

Reajustes nos preços de 99 e Uber.

Confusa a comunicação da Uber sobre o reajuste motivado pela alta dos combustíveis, anunciado na noite desta sexta (10). A empresa informou que o valor da tarifa seria reajustado em até 35% na modalidade UberX, mas que ele não afetaria o custo para o usuário. Segundo correções em alguns jornais (Folha de S.Paulo, G1), o repasse afeta os motoristas. O que ainda é nebuloso — quer dizer que os motoristas pagarão o pato? Não também. Segundo a correção do G1, “a informação correta é de que este aumento não será repassado ao passageiro, o que aumenta é o repasse de ganhos para os motoristas do aplicativo”. Então a Uber vai absorver o prejuízo? Pela lógica, sim, mas ainda segundo o G1, “a companhia não detalhou até a última atualização dessa reportagem como o aumento do valor repassado para os motoristas será absorvido pela empresa de forma a evitar uma alta no preço da viagem para o passageiro”.

A situação na 99 é mais simples — pelo menos por ora, ou até fazerem uma correção — e os preços serão reajustados, entre 10% a 25%, para o usuário final. Via G1, Folha de S.Paulo.

Preço dos combustíveis aperta lucro de motoristas de app e motoboys — que escolhem corridas e pensam em largar a profissão.

Desolador o impacto da alta dos combustíveis no trabalho dos motoristas e entregadores de aplicativos. Via G1.

Do gasto diário de um motorista, a gasolina representa entre 40% e 50%. A taxa paga aos aplicativos gira em torno de 25%. Para boa parte dos condutores, há ainda o pagamento de parcelas do veículo ou locação.

A Associação dos Motoristas de Aplicativos de São Paulo (Amasp) estima que 25% dos motoristas deixaram de dirigir na cidade, em relação ao total do início de 2020.

Nos apps de delivery, a pandemia teve um efeito contrário ao dos motoristas na pandemia, aumentando a demanda e, com isso, o número de entregadores circulando nas ruas, o que fez cair os preços das corridas. O segundo impacto em um ano, o do aumento no preço dos combustíveis, tem feito muitos deles trabalharem mais — e ficarem mais suscetíveis a acidentes:

O aumento de acidentes de moto é flagrante. Os últimos números do Infosiga SP mostram que o número de acidentes com motociclistas na capital paulista saltou de 1.011 em abril de 2020 para 1.584 em junho de 2021 (alta de 56,6%). As mortes subiram 58,8%, de 17 para 27.

99, Rappi e Uber continuam mandando notificações por SMS mesmo quando o usuário não quer

Nesta semana, a 99 lançou um novo produto, o 99Pay. Soube da novidade pelos canais convencionais — comunicado enviado à imprensa e, depois, notícias em jornais e blogs — e também por uma mensagem via SMS da própria 99, o que me surpreendeu porque, algumas semanas atrás, havia pedido expressamente à 99 que não me enviasse mais mensagens por ali.

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Como desativar as notificações por SMS de 99Food, iFood, Rappi e UberEATS — e outras dicas para se livrar desses apps

Em algum momento de 2019, decidi não usar mais aplicativos de delivery. Havia motivos de sobra — não me estenderei neles; se ficou curioso, sugiro a leitura deste artigo. Desinstalei os que estava usando e achei que estaria livre deles. Foi um engano.

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