É interessante observar que lugares onde políticas reacionárias, como criminalizar o consumo de drogas e usar da violência para tentar resolver problemas sociais, o resultado é sempre esse fracasso absoluto. Ainda assim, mesmo diante de evidências empíricas, esse tipo de “(des)política pública” segue com amplo apoio popular.
Sempre haverá muito apoio: são as soluções óbvias para o problema. Isso combinado com uma percepção que é inadmissível a situação: como, uma região que poderia ser a mais nobre da cidade, é “degradada” dessa forma?
A ideia de conviver com a situação, ir resolvendo de forma paliativa e incremental, não tem aceitação. Ninguém quer ouvir, que não há solução rápida e simples, para lidar com um problema social de desigualdade e dependentes químicos.
O pior é que não consigo nem convencer meus pais, que prefiro manter a cracolândia onde fica, se a alternativa é espalhar ela pelo centro. O argumento é que “algo” precisa ser feito, mesmo que seja inútil e só piore o problema.
Desde que me conheço por gente, há essa ideia de “resolver” o centro com obras e grandes intervenções, que curiosamente parecia estar caminhando a despeito do poder público. Talvez, por outros problemas públicos, como aumento de custo de moradia nas áreas nobres e transporte público deficitário.
O estereótipo dos Santa Cecilers, é essa classe média que foi morar por lá, trazido pelos (ou que trouxe) empreendimentos novos e comércio para esse público como bares, lojinhas e cafeterias hipster. Inclusive, ao lado da farmácia invadida, tem um prédio residencial gigantesco construído há poucos anos.
Esse video fala um pouco do centro https://www.youtube.com/watch?v=ZGHOOctve10 e é um ótimo canal para se entender a questão da moradia em SP
Vi por cima. Ele explica os anos de promessas de tentativas e ações para habitar o centro.
Pelo que me lembro, acho que era o Nabil Bonduki na época do Haddad que fez um esforço para tentar mudar as leis para facilitar a desapropriação de prédios em SP. Antes dele, até que outros secretários tentavam, mas a mafinha controlava a especúlação imobiliária do Centro. Tanto que só na época do Haddad tinham liberado alguns prédios só (os da região da Av. Ipiranga principalmente).
O Cine Marrocos que eu me lembre foi ocupado por um tempo, só que descobriram que a ocupação era controlada por um criminoso (acharam um ponto de receptação de roubados por lá, isso na época do incêndio no prédio do INSS no fim da Rio Branco). Por isso depois o Marrocos foi “impedido” depois, medo de voltar outros criminosos.
Interessante, realmente a maioria das iniciativas públicas não são focadas em habitação, mas centro culturais e afins. Há tantas ocupações no centro, faria todo sentido atuar mais nesse sentido.
Na frente daquele antigo prédio da polícia federal, tem uma ocupação, nada mais simbólico de como as coisas não estão funcionando. Como foi dito no vídeo, o que deveria ser moradias populares, segue um buraco sem uso no meio da cidade.
Eu moro em um retrofit na outra esquina dessa rua: cruzamento de viaduto Santa Ifigênia, Cásper Líbero e o viaduto. Um prédio, que era basicamente vazio por décadas e servia de estacionamento para ir na Santa Ifigênia.
Suspeito que seja fruto do plano diretor, mas não sei ao certo porque só foi feito algo depois de tanto tempo. Os prédios novos do centro não tem mais de 10 anos, então imagino que tenha alguma relação.
E uma coisa que noto é que é difícil até mesmo gente de esquerda ver o óbvio que acontece ali na região.
Todas as sedes das polícias estão no entorno da Cracolândia. Uma das primeiras sedes está em um prédio em reformas – o Alfredo Issa; e o -outro é aprox. 1 a 2km do epicentro da Cracolândia – o Palácio da Polícia. Há a sede da PM na Av. Rio Branco, um dos DPs na Rua Aurora, o DHPP na rua Barão de Limeira – próximo a sede da Folha. Uma das sedes da GCM é na Praça da Luz. Enfim, polícia é o que não falta na região.
Se a polícia quisesse fazer um “cordão de segurança” e impedir o tráfico, não é tão difícil. Só que o óbvio não está nem só no reacionário e na violência contra o pobre. Está em coisas que não dá para ficar falando a toa.
Pior pensar que NÓS paulistas deixamos o voto errado dominar.
Quem foi o último prefeito de esquerda em São Paulo?
As propostas da esquerda sempre são recusadas pelo paulistano, a classe média paulistana se acha melhor que o todo mundo, com exceção da Europa e Estados Unidos.
A cidade prefere as soluções rápidas e erradas.
É bem por aí mesmo. A classe média paulistana (e os mais ricos, desnecessário mencionar) que ver alguma coisa acontecendo, não importa o resultado. Isso acontece faz tempo, por isso estamos nesse ponto agora.
O engraçado é que quando o Haddad foi eleito, houve um esforço em vão de tentar evitar conflitos na Cracolândia. Ele é(ra) centro esquerda, diga-se.
Só que a mafinha tava que existe na época queria mexer na região (que estava degradada e tinham prédios marcados para demolir). de fato, hoje a area virou um polo habitacional, mas eles provavelmente querem mexer agora no quadrilátero da santa ifigenia