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22 comentários

  1. O termo “escravidão” está banalizado, como bem explicou o Juarez nos comentários. A autora o usou para causar impacto, mas o banalizou.

    Fora isso, essa é a realidade não só de agências de publicidade, mas de diversos tipos de empresas prestadoras de serviços para outras empresas, inclusive de muitos escritórios de advocacia (o que é uma contradição em termos).

    Mas penso que tudo isso (essa “submissão” dos empregados a essa exploração) é fruto da propaganda e cultura de consumo – diga-se, insustentável – do próprio capitalismo. Gastamos tudo que ganhamos e queremos sempre mais porque estamos condicionados a não refletirmos sobre isso e a absorvermos que sempre temos necessidades que, na verdade, não temos. Nessa, prejudicamos nossa própria saúde em troca de coisas que, na realidade, não tem nenhum valor em termos de trazer mais felicidade e bem estar (embora a propaganda te convença do contrário).

  2. Muito interessante o texto e bizarro ao mesmo tempo. Quando mais passa o tempo, uma certeza em mim vai se confirmando cada vez mais: dinheiro é a maior doença da nossa sociedade. É impressionante o que as pessoas fazem por status e dinheiro.

    Sinceramente, vou morrer sem compreender essa obsessão por dinheiro que existe. E não estou falando de quem quer melhorar de vida, mudar a condição atual. Falo que quem já tem dinheiro e quer, cada vez mais, mais e mais dinheiro e não mede esforços para conseguir.

    P.S: não conhecia o termo “Lifestyle creep” citado pelo Ghedin. Sempre chamei isso, vulgarmente, de “você gasta o quanto ganha”. Achei interessante. Será que existe literatura sobre esse tema?
    P.S²: o que achei mais estranho é a normalização desse tipo de vida citado pela autora. O que será que prende essas pessoas a esse tipo de ambiente? Status? Dinheiro? Falta de capacidade de se mover? É uma coisa muito doida mesmo!!!

    1. acho que o status prende mais que qualquer coisa, uma vez ouvindo o ótimo podcast “boa noite internet” do cris dias, ele comenta no episódio “você não é o seu crachá” que na época que ele trabalhou no facebook, muita gente o chama de “cris do facebook” e isso acabou virando parte da personalidade dele, e quando ele saiu, foi muito difícil “perder” esse status.

      e trabalhar na sua área de formação já é difícil, então essa galera deve agarrar com unhas e dentes o trabalho, fazendo daquilo parte de sua personalidade, ficando refém do crachá, e estão dispostas a tudo para não perder, mesmo que seja a “vida”

  3. É um belo texto. Já trabalhei em duas das maiores agências do país e vivi coisas parecidas. Uma vez trabalhei 40h direto dormindo duas horas apenas no lançamento de um carro popular de uma marca grande. Deixei o mercado há 15 anos e não me arrependo, não sei se estaria vivo ainda se tivesse continuado.

  4. Dureza! Mas se depois de tudo isso a pessoa continua neste ramo é porque gosta, porque ao contrário do que o texto sugere, eles não são escravos, escravo não tem opção, nem salário, nem salário ruim e nem prestação. É uma comparação muito infeliz de quem vive com luxo e conforto.

    1. Em partes. É possível que a pessoa entre na área só pelo dinheiro, nisso ela vira escrava pois precisa atender a um padrão social e com isso “ter imagem” pois ai pagam bem a pessoa.

      1. Não é nem (só) para manter uma imagem, é por um fenômeno chamado “lifestyle creep”, em que você vai adaptando seu estilo de vida (e seus gastos) ao tanto que ganha.

        É como se fosse um tipo de “inflação do estilo de vida”. A definição da Wikipédia inglesa, curtinha, é bem boa:

        É um fenômeno que ocorre quando, à medida que mais recursos são destinados ao padrão de vida, antigos luxos se tornam necessidades percebidas.

        1. eu estou passando por isso agora, salário aumenta e os gastos aumentam também, é dose! a minha desculpa no momento é que estou comprando coisas pra minha casa…mas e depois? rs

          há uns anos eu ganhava 1.200 e fui pra um emprego ganhar 1.600 e pensei: consigo viver com 1.200, esses 400 de diferença vou guardar…pois é, não guardei, kk

          1. Eu e minha esposa chamamos de degrauzinho.
            É um degrau que você subiu e agora tem que se manter.

        2. Talvez seja minha impressão apenas. Mas dos anos que prestei serviços para agências em grandes capitais (principalmente São Paulo) a sensação é que uma parcela das pessoas ali, tenta de fato viver o estilo “Faria Lima”, seguindo as tendências e claro com iPhone em mãos. O custo pode sim aumentar com o salário e é natural às vezes, mas querer viver como o dono da empresa ou se submeter a certas situações apenas pelo título de trabalhar em X empresa não é nem um pouco justo com quem de fato está em um ambiente análogo a escravidão.

      2. Não! Não vira escrava!! Essa analogia não é adequada!
        As pessoas banalizam a escravidão como se fosse um trabalho mal pago, e não é isso. Cada vez que usam essa expressão o sacrifício dos negros é diminuído e diluído.

        1. O nome disse é racismo estrutural. A normalização e banalização do termo tem mesmo a ideia de enfraquecer o que realmente foi o momento do tráfico de pessoas pretas escravizadas no mundo. O irmão mais novo disso é o nazismo/holocausto.

      3. Costumo dizer que essa relação de trabalho disfuncional, normalizada por muitos, torna a pessoa refém.
        Uma vez capturado, pode até sair, mas não sem consequências importantes.

      4. Essas agencias pegam muita gente nova que está no gás, acabou de sair da faculdade, que vai lidar diretamente com marcas grandes e conhecidas, é uma oferta tentadora. Não se iludam com ótimos pagamentos, isso é para diretos e para os Sobrenomes que dão marca a agencia, é uma maquina de apresentar egos e moer iludidos.

        O mesmo efeito se aplica para varias startups, eu já cai nesse conto, entrei com toda a animação, projeto novo, trabalhei 12 horas por dia, até a primeira cagada da diretoria e começa os cortes, ambiente toxico de culpa e segue.

    2. Concordo em partes, porque nem sempre é possível fazer uma troca, a depender da situação da pessoa. Claro que não é igual escravidão, mas você pode ficar preso por motivos menos literais.

      Trocar de carreira costuma ser um processo custoso, tanto financeiramente como de tempo, pode ser meio impossível se você tem responsabilidades e dependentes. Trabalhando esse tanto, mais complicado ainda.

      Até onde eu sei, a maioria do pessoal de publicidade não ganha bem igual pessoal de mercado financeiro e consultorias executivas por exemplo, que trabalham no ritmo alucinante. Esses outros, acho que é mais normal a pessoa ter mais independência financeira e sair dessa rotina.

      1. O ponto, para mim, é que se não é escravidão não use o termo, simples assim. E alguém que trabalhou em publicidade usar esta palavra diz mais sobre ela do que sobre o trabalho.
        E não, a pessoa não está presa, ela pode sair a hora que quiser. Ela pode se sentir presa mas isso não é fato é percepção.
        Escravidão é algo literal, o indivíduo está preso literalmente, qualquer coisa diferente disso não é escravidão. Até a imprensa usa o termo “análogo à escravidão” porque não é escravidão. Sacou?
        Tenho um problema sério com o uso inadequado do termo, nada mais.

    3. eu concordo com a necessidade de evitar a banalização da palavra “escravidão”

      por outro lado, isto também não significa que esse nível absurdo e inaceitável de precarização do trabalho deva ser normalizado — é tudo o que esses patrões de merda querem

      1. Eu nunca disse que era aceitável, mas não tenho muita solidariedade com quem tem empregada em casa e Renegade na garagem e reclama de condições de trabalho. Alguém assim com certeza tem mais opções que aqueles foram resgatados das vinícolas. Estes tem minha solidariedade.

  5. Não sabia que os cases fantasmas eram feitos nesse “regime”, sei que concorrências são assim e acho um absurdo sem tamanho.

    Várias empresas gastando grana, tempo e saúde mental das pessoas pra só uma levar o cliente, e provavelmente a de menor preço (que ainda vão pedir para copiar a ideia mais legal). Nessa situação, a agência coloca um valor abaixo do mercado, esperando prosperar na renovação.

    E segue o ciclo, a grande marca muda de agência ou produtora sempre que o preço sobe e faz uma nova concorrência.

    Acho que onde fica mais claro esse tipo exploração é no ramo de eventos, trabalho análogo a escravidão é oceano. O que vimos no Lolla é o padrão do mercado que sempre quer pagar menos.

    1. bom ponto lembrar do Lolla, dado que é uma empresa de eventos e propaganda que gera o evento, não?

      1. Olha, sim.
        Além do trabalho propriamente escravo, da montagem do evento, tem o super precarizado com “status”, citado acima: pessoal “bonito” de estande de marca, ganhando R$100 pra ficar em pé o dia todo no sol, muitas vezes sem comida, água ou qualquer tipo de pausa.
        Sempre alguém paga pelo preço ser mais baixo, sempre é o elo mais fraco. Se for investigar acha muito mais.