Existem três premissas para essa minha impressão:
01) O Twitter surgiu (por acidente) quando não existia um monte de rede social, e teve a oportunidade de concentrar usuários e conteúdos antes de rede social virar carne de vaca.
02) Jornalismo é uma peça central do Twitter, e jornalistas estão acostumados com a ideia de que o Twitter é a forma mais eficiente de divulgar seu trabalho.
03) O Twitter depende dessa atividade jornalística no agregado, mas sabe que individualmente os jornalistas dependem mais do Twitter do que o contrário.
Minha impressão é a seguinte: não importa o quanto o novo Twitter antagonize jornalistas e veículos. Banir autores de matérias críticas ao Musk, tirar a verificação do NYT, classificar a NPR como “US state-afiliated media”, responder e-mail com emoji de cocô, etc. Eles seguirão usando a plataforma porque eles acreditam que essa é a única forma viável de amplificar seus conteúdos em larga escala.
E o pior é que eles estão certos. Eles passaram os últimos 15 anos construindo suas listas de 10k, 50k, 200k, 1M de seguidores. O Twitter surgiu cedo o suficiente para centralizar diferentes públicos, tribos, gostos e assuntos, e isso nunca mais deve acontecer de novo.
E para piorar, cada novo candidato a substituto do Twitter (Mastodon, T2, Bluesky, Post, etc, etc…) contribui pro problema da pulverização desse público que hoje tá centralizado no Twitter.
Mas que dá uma agonia danada ver o povo apanhando, criticando, mas continuando a criar valor pro Twitter, isso dá.
Uma opinião pouco popular:
Se o Twitter acabar, acaba junto o espaço que o Twitter ocupa(va).
Porque esse espaço que o Twitter ocupa(va) não é grande; aliás, se tirarmos os jornalistas e as organizações de mídia, é bem pequeno e muito nichado. Não é um espaço *em si* que seja grande o suficiente para ser ocupado por outra rede vinda de Meta, Google ou TikTok; no máximo, é a instância Mastodon do Medium, ou o Substack Notes.
considerando as ponderações do Marcus e estas, eu acho que o tal substack notes pode sim ocupar uma parcela significativa do twitter (e isso é péssimo porque a gente sabe como a substack é uma empresa ainda pior que a meta com relação a privacidade de dados de usuários)
estão lá os fatores principais: muitos jornalistas e outros personagens afins; uma cultura de texto numa era pós-redes sociais; uma atmosfera que está acostumada com conversas entre desconhecidos
se a substack for espera ela ainda compra o twitter quando o elon terminar de destruir a marca
Essa semana, depois de 13 anos de Twitter, apaguei minha conta. Perdeu relevância na minha.
Na minha cabeça, só o Instagram/Meta teria como rivalizar (já rivaliza) com o Twitter. Os famosos todos já estão lá, a galera viciada em rede social já está lá, as grandes empresas/marcas já estão lá. Acho que a única parcela que não vejo muito é a classe política, mas nada que uma migração em massa não resolva. Se a meta botar a cabeça pra funcionar, abandonar o Facebook e focar no Insta, talvez, só talvez, o Twitter encontre o seu substituto. No mais, não vejo ninguém substituindo o Twitter.
“Se a meta botar a cabeça pra funcionar, abandonar o Facebook e focar no Insta, talvez, só talvez, o Twitter encontre o seu substituto.”
Vira essa boca pra lá, credo 😅😅😅😨
Eu acho muito maluco como o Facebook, com toda essa prática em copiar as funcionalidades dos apps concorrentes, nunca conseguiu emplacar um produto pra concorrer com o Twitter. De tudo que o Facebook oferece, não tem nenhuma plataforma que dê pra entrar e procurar/encontrar com facilidade algo que esteja acontecendo exatamente agora.
(Talvez parte disso seja uma conclusão de tirando situações tipo Copa do Mundo e Oscar, tem menos dinheiro nesse marcado no que nos mercados que eles copiaram e em que eles operam. Mas ainda assim, acho doido.)
Fora alguns eventos específicos (como a citada Copa do Mundo), o Twitter é pouco relevante para a maioria das pessoas.
A Meta tentou posicionar o Facebook como alternativa ali por 2012, quando lançou o botão de “Seguir” dentro do Facebook.
Mas até quando o Musk vai aguentar brincar de twitter com a rede operando no vermelho?
Já vi essa análise antes com Kodak, PalmOS, Netscape, Internet Explorer… tudo, em tecnologia, pode ir da supremacia ao ocaso…
E, Mastodon, não pretende see substituto de Twitter… a premissa é totalmente diferente… descentralizado e federado contra centralização…
Mas, quem viver verá!
Casey Newton defendeu esse argumento seguindo uma linha similar. Você viu?
O Twitter é uma rede menor que as da Meta e o YouTube em todas as métricas, mas que tem o apreço de jornalistas e outros coitados viciados em notícias, além de uns poderosos. Por isso, tem essa dimensão que não se explica por números brutos.
No mais, é uma mistura de vaidade (pelos números) com hábito e com a parte boa (cada vez mais estrangulada), e só uma pequena porção de utilidade prática. Se tivesse que apostar, apostaria contra você e o Casey: do jeito que está e com Musk no comando, o Twitter não dura até o fim do ano.
“For the moment, though, Musk has learned the same lesson Jack Dorsey did: Twitter is extremely hard to kill.” Putz, queria ter pensado nessa frase!
Eu estava mais convencido da derrocada do Twitter antes de ter cada vez mais contato com discussões de pessoas que relatam que pra elas, tá tudo igual (vide a interessante discussão “O que mudou no Twitter desde a compra pelo Elon Musk?”, levantada pelo Alberth em https://rghedin.wpcomstaging.com/orbita-post/o-que-mudou-no-twitter-desde-a-compra-pelo-elon-musk/).
A gente aqui sabe do aumento de casos de abuso, do ambiente maluco de trabalho, decisões contraditórias, etc. Mas pra verdadeira massa que tá lá pra trocar GIF animado da Tulla Luana, repercutir o gol da rodada e jogar tomate no vilão do dia no BBB (ou os equivalentes em outros países), me parece que o fator-Musk nem entra na conta.
Claro que o apodrecimento técnico do site por falta de braço é outro problema. Os bugs de usabilidade e downtimes devem ficar mais frequentes mesmo. Mas em comparação com uns 2 meses atrás, estou menos convencido de que o Twitter vá desaparecer. Estou me dando conta de que pessoas como nós, que deixaram o site de lado definitivamente, são a exceção da exceção. Se até mesmo quem é diretamente atacado não consegue sair de lá, que dirá uma migração com base em consciência coletiva.
“Mas pra verdadeira massa que tá lá pra trocar GIF animado da Tulla Luana, repercutir o gol da rodada e jogar tomate no vilão do dia no BBB (ou os equivalentes em outros países), me parece que o fator-Musk nem entra na conta.”
queria taaaanto que não fosse assim, ou sei lá, que alguma merda gigante acontecesse de uma vez na parte técnica que tornasse impossível acessar a plataforma…
me sinto aquela merda de sapo na panela fervendo porque simplesmente não existe alternativa ao twitter
Vamos seguir uma lógica aqui.
Quando o Orkut – que foi uma das primeiras redes sociais com tração plena no Brasil – fechou as portas, o que mais houve foi uma expectativa de se aproveitar do último momento com a expectativa do Google em manter a rede. Muitos outros migraram para N outras redes sociais – incluso Facebook que começara a crescer.
Vale à mesma lógica de quando “cai o Whatsapp” – se algo ocorrer, sempre haverá a esperança de o sistema continuar no futuro. E se não ocorrer, de qualquer forma se migra.
O que ocorre é que Twitter virou um “padrão”. Como bem dito, virou o espaço dos jornalistas (até por causa da dinâmica “tempo real”) e da galerinha dos memes que quer viralizar na hora. O Twitter tem essa de ser “a hashtag do momento”, por isso que se usa ainda como tal. Pessoal não tá nem aí com o dono do site, diga-se. É a mesma lógica a um leigo andar de carro e querer pesquisar se o posto de gasolina lava dinheiro de traficante. Não dá para saber na hora, mas você precisa usar o posto pois precisa abastecer o carro, a moral é a de menos.
Voltando ao Twitter, a dinâmica do “tempo real” permite saber se o trânsito na cidade está bom (ou está em guerra), se o transporte público (não) funciona ou se a celebridade do gif ainda está viva ou até virou o morto da semana.
No Twitter, inclusive nos tempos pandêmicos, foi onde boa parte da discussão fluiu ou iniciou. Onde se expôs (E com isso viralizou à outras redes). Mas claro, é uma das dinâmicas, e até o André Janones demonstrou isso (a atuação dele é em Whatsapp, Telegram e Facebook salvo engano).
De alguma forma o Twitter é uma comunidade caótica que ainda funciona. Mas graças a tudo isso veio perdendo sua dinâmica e relevância. No entanto a ideia de “tempo real” dela ainda persiste, e não a toa a expectiva de muitos com a rede do
passarinhocão womarelo. E a expectativa de alguma rede que emule esta dinâmica de “tempo real” e “hashtags”.