Como você lida com o “lifestyle creep”, ou a inflação do custo de vida?

Antes de qualquer coisa, já faço a ressalva de que esse “dilema” talvez seja a exceção da exceção em um momento de estagnação econômica e demissões em massa e tudo mais.

Ressalva feita, “lifestyle creep”, ou “inflação do estilo de vida”, segundo a Wikipédia “é um fenômeno que ocorre quando, à medida que mais recursos são gastos para o padrão de vida, os antigos luxos se tornam necessidades percebidas”.

Em outras palavras, é o aumento no custo de vida que, em geral, acompanha incrementos de renda. Se hoje você vive com uma renda de X e amanhã passa, por qualquer motivo (promoção, troca de emprego, herança) a ganhar 2*X, a tendência é que a renda extra seja aos poucos consumida — o que antes era visto como luxo, acaba virando gasto recorrente.

E quando digo “luxo”, não estou me referindo a jantares semanais em restaurantes com estrela Michelin, mas a coisas mundanas, como… sei lá, colocar na lista do mercado um iogurte mais gostoso, um plano de saúde etc.

A quem já passou por isso, como foi? Conseguiu segurar os aumentos e continuou gastando que gastava antes? Chutou o balde e entrou no cheque especial junto ao aumento de renda? Conta para nós — é um assunto que muito me fascina.

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33 comentários

  1. Nos últimos anos tive umas mudanças bruscas de vida e de remuneração. Era estagiário e morava com os pais, depois fui efetivado, promovido e me casei. Durante esse tempo pós efetivação eu comprei um carro e juntei uma grana pra poder casar, mobiliar a casa, lua de mel e etc. Então se pegar os últimos anos, eu não tenho um parâmetro muito bem definido para comparar.

    Hoje eu preciso me policiar bem na troca de eletrônicos e num novo hobby que é o de comprar uns tênis mais caros quando sobra uma graninha. Outra coisa que faço (e que meus pais não faziam) é sempre comprar o melhor possível no supermercado, acredito inclusive que nossas compras mensais para 2 pessoas devem ser um gasto similar à compra para 4 pessoas em minha antiga casa. Mas de modo geral o meu estilo de vida não mudou muito. Sempre cozinhamos nossa comida, saímos para comer ou pedimos delivery em média 1x na semana, não assinamos muita coisa, mas consigo viver num nível de conforto que sempre quis.

    Eu tenho muito medo de ficar refém de um estilo de vida mais caro. Para tentar evitar isso eu busco conscientemente guardar ao menos metade de cada aumento de renda. Portanto se houve um aumento de X, eu conscientemente busco guardar no mínimo 0.5X a mais mensalmente, podendo ser até mais, se eu não vejo uma necessidade em repassar uma parte disso para meus gastos.

    Também gosto muito desse assunto! Me deu até uma vontade de revisitar minhas finanças, só pra ver se eu ainda consigo dar mais uma ajustada e tentar antecipar o sonho da moradia própria.

  2. Isso depende muito da sua origem, de quanto foi esse incremento na sua renda e do seu autocontrole. Hoje eu posso comprar muitos itens alimentícios que não preciso, mas que eu gosto. Meu supermercado é muito mais alto do que era 5/6 anos atrás, pois costumo pegar os itens de uma marca melhor ou mais conhecida.

    Ao comprar roupas, calçados, e qualquer coisa no geral, é raro ir pelo mais barato, busco sempre algo que tenha qualidade primeiramente, mesmo que precise parcelar para ter aquele item.

    Hoje eu ando pouquíssimo de ônibus, pois consigo pagar Uber para a grande maioria dos meus deslocamentos. Antigamente ônibus era 100% do meu uso de transportes.

    Também assino e compro serviços/apps que vão facilitar meu dia a dia ou o meu trabalho. Adobe, Evernote, Google Workspace, MindMeister, TextBlaze, Office, e muitos outros.

    Não considero isso luxo. Vejo como conforto e facilitadores. E tudo isso era impossível de fazer alguns anos atrás. Ter dinheiro é bom, poder comprar coisas é bom. O mais importante é que você consiga ter experiências boas no seu dia a dia, e não só quando tirar férias. Não adianta ter muito dinheiro guardado pensando só no futuro e não aproveitar o hoje, tendo em vista que o futuro pode nem chegar.

  3. Não sei se tenho muito a contribuir com o tema, mas sinto que existe um abismo enorme entre pessoas que precisam pagar aluguel e as que não precisam. Se eu não tivesse que pagar 1k de aluguel todo mês, sinto que poderia ter uma vida bem mais confortável. Hoje o que dificulta é a moradia mesmo. E com juros “no talo”, financiamento para imóvel é algo que ta bem longe da minha realidade. Sendo assim, vamos sobrevivendo.

    1. Penso a mesma coisa.
      Pagar aluguel consome boa parte da nossa renda hoje e o sonho de financiar um apartamento + pagando aluguel é impossível. Enquanto isso, seguimos trabalhando cada vez mais, com a impressão do que ganhamos nunca é suficiente.

  4. Meu custo de vida subiu muito nos últimos 2 anos.

    Além da inflação de alimentos e itens básicos na pandemia, encontrei um câncer de mama na minha esposa (saliento isso pq nós homens temos poucas coisas a fazer por nossas companheiras numa doença complexa, mas ajudar com diagnóstico precoce certamente é uma q tá a nosso alcance).

    O ponto do câncer na prática é que ele aumentou gastos normais do mês, como usar muito mais corridas de app para ir a hospital, e trouxe gastos novos que se tornaram recorrentes, como a terapia q comecei a fazer dado o impacto do diagnóstico.

    Sou fotógrafo de eventos sociais, o que foi afetado na pandemia, então desde 2020 estava começando a trabalhar com fotografia mas em varejo, complementando a renda num caminho que ainda conversa muito com a minha área de atuação, então mesmo que isso tenha trazido tarefas e projetos a mais no cotidiano, ainda fica simplificado. Basicamente isso que resolveu para manter as contas no azul.

    Mas tem uma “otimização” que procuro fazer com custos fixos e economias – quase todas as compras recorrentes online são feitas em cartão de crédito sem anuidade e em quantas parcelas forem possíveis sem acréscimo; no mesmo cartão, todo dia tem uma fração do movimento da conta que vai pra uma poupança automática.

    Faço totalmente o contrário do que o Gustavo Cerbasi aconselhava, de evitar comprometer o orçamento do mês em comprar itens essenciais em grandes quantidades por medo da inflação:

    Eu aproveito tanto quanto posso economias de pacotes de arroz no mercado a ter em casa estoque de materiais de trabalho sempre que aparecem ofertas. Não me preocupo em me atirar em todas elas, mas se tenho uma reserva e vejo alguma coisa importante de ter no médio prazo a um bom preço, já garanto.

  5. Nunca consegui ganhar bem e dou sorte de morar com familiar, o que praticamente dá alguma segurança. Minhas obrigações básicas consigo de certa forma suprir, mas noto que na verdade não é nem que tenho “inflação de estilo de vida”, mas sim que as vezes não percebo o senso de gastos.

    Tipo, já até tentei usar planilhas para ter melhor controle, mas sempre saia um pouco do controle mais porque como não sou um cara precavido, as vezes trabalhava e conseguia ganhar o mês, mas torrava em alguma besteira.

    Tenho mitigado isso bastante e evitado gastar mais do que ganho, tentando poupar quando possível. Até porque já tenho ao menos um planejamento anual – duas vezes ao ano preciso viajar, então até uma data preciso ter a verba da viagem. Geralmente começo a poupar mais um ou dois meses antes da viagem em si. E faço de tudo para que a verba dê para a viagem e se possível sobre para uma emergência.

  6. Cara, isso é muito real. Eu agora tenho uma reserva de dinheiro maior do que eu já tive em toda a minha vida, e um salário razoável pra minha realidade. Meus gastos deram uma boa aumentada desde que passei a ter mais liberdade financeira, principalmente porque comecei a pagar algumas mensalidades (até então puro luxo) e comprar coisas tipo roupa nova de qualidade, que tava precisando mesmo. Fiquei alguns bons anos gastando o mínimo possível pra viver. Hoje não preciso mais apertar tanto o cinto, mas percebo que também fiquei um pouco menos cuidadosa com alguns gastos porque não sofro tanto pra bancá-los rs

  7. Eu sempre fui endividado – como familia, porque eu nunca morei sozinho – então a gente sempre ganhou menos do que o necessário pra nos manter. Hoje tendo eu e minha mãe com emprego, a coisa está na fase de “austeridade caseira” para fechar as brechas do cheque especial de dois bancos (juntos, R$700 por mês de juros, eu compro um Macbook no Brasil com essa prestação).

    Mas o VR foi uma coisa que mudou bastante o “estilo” das compras. Antes eram muito mais mundanas e agora tem muito mais coisa com “selo premium”, principalmente chocolate (ironia do destino, estou com colesterol alto, então não vai mais ter isso a partir de maio/23).

    Mas tem uma questão prática sobre tudo isso: quem nunca teve acesso direito às coisas materiais GASTA. Eu ainda gasto todo o meu dinheiro, por exemplo, porque eu comprei um fone de ouvido bom, um telefone bom, um smartwatch pra minha mãe, um Switch Oled pro meu irmão, deu presente pro meu pai e irmã, etc). Porque? Porque são coisas que eu NUNCA tinha tido como fazer na minha vida. Meu FGTS foi pra comprar uma mesa nova e um armário aéreo. Meu 13 salário foi pra comprar um ar condicionado. Essas coisas mundanas pra quem comenta aqui (a maioria pelo menos) são completamente outliers pra quem cresceu sem acesso.

    Só falta um notebook novo agora =D

  8. eu não sei se vai ajudar se precisar diminuir o estilo no futuro, mas o q tem segurado bem é não aumentar gastos no q come a maior parte do salário se já está bom = moradia e carro.
    Eu sei que muita gente que ganha a mesma coisa q eu + marido tem carros melhores e mora em lugares mais novos e maiores. Mas a gente continua tendo o mesmo nível de moradia (aumentamos um pouco na pandemia pra ter mais um quarto, mas ainda é uma % baixa das nossas rendas) e não trocamos de carro o tempo todo, até andamos bastante a pé ainda, não sendo completamente dependente, etc, o carro tem mais de 20 anos tbm hehe (aí ajuda q meu marido gosta de cuidar e tem paciencia c coisas de manutenção).
    Eu acabo aumentando luxinhos, mas eu acho q comprar iogurte bom ou fazer academia impacta bem menos do q ter q pagar IPVA ou aluguel.
    Outra coisa é coisas de casa a gente espera quebrar, nenhuma TV é smart por exemplo. Quebrou a gente conserta. Não preciso de smart tv se tem roku. Eu uso apple q sai caro mas eu vou usando até o aparelho morrer. Essas coisas…

    1. Pq, agora pensando, é bom ter um conforto, mas até que ponto é só desperdício pq tem algo q ainda serviria sem quase nenhum impacto, mas tem q ter um novo? Ou será q é mais status ou seguir o pensamento vigente sem pensar do q algo q precisa mesmo?

      1. Hahaha, essa é a raiz do dilema!

        Eu às vezes me surpreendo quando troco algo muito velho, ou que mudou muito desde a última vez que fui às compras, mas é exceção, acho. O seu caso, do carro de 20 anos, será um choque quando trocarem por algo mais moderno. Carros novos são bem malucos, nada a ver com o que era comercializado no início dos anos 2000. Mas… né, até nisso esbarramos no dilema: será mais conveniente e confortável? Talvez, mas no fim vai fazer a mesma coisa que o velhinho, que é te levarem do ponto A ao B.

        1. O ponto é que carros tem vida útil de certa forma. Só que depois que tentaram misturar os incentivos obrigatórios de segurança com mimos para encarecer os automóveis, parece que o mercado meio que enlouqueceu.

          Um carro antigo pode ser confiável se bem cuidado e dirigindo com cautela. Porém e óbvio, veículos modernos tem engenharia (teoricamente) voltada para a segurança dos ocupantes. Há bastante variável aí, mas se tira-las e lidar com o “só usamos os automóveis para ir de A a B”, sempre será mais inteligente comprar um carro usado bem cuidado e fazer de tudo para não ser alvo da violência no trânsito.

        2. Carro muito antigo pode virar um problema para fazer manutenção, fazer seguro e tem a nossa própria segurança, carros mais novos tem itens importantes como cinto de 3 pontos, freios ABS e airbag. Pode ter menos peças no mercado para fazer a manutenção e comprar peças em desmanche me deixa com a pulga atrás da orelha se eu não estou alimentando as quadrilhas que roubam carros para vender as peças.
          Cabe a cada um avaliar o carro que possui, eu creio que um carro com a manutenção em dia, com bons itens de segurança com cerca de 10 anos de uso é ok para manter.

  9. A maneira de lidar é a mesma de boa parte dos problemas que trazem sofrimento: não se identificando com ele

    Essa inflação só ocorre pq a pessoa começa a ganhar mais e acha que “merece” o melhor ou um agrado. É uma armadilha!

    Também acontece pq todo mundo repete aquela maldita frase “se ganha mais não tem como não gastar mais” ou “quanto mais se ganha mais se gasta”

    Mas sei lá, não deve ser de todo o ruim pois no fim essa dinâmica em larga escala (junto com a taxa de juros) que permitem os ciclos de mercado provavelmente.

    1. Mas qual o sentido de esforçar-se para ganhar um pouco mais (um pouco mais; não estou dizendo “enriquecer”, virar milionário) se a ideia é continuar com os mesmos gastos e estilo de vida de antes? 🤔

      1. Chegar mais próximo, ou atingir, independência financeira. Mesmo que não mude no dia-a-dia, ter mais dinheiro guardado dá mais autonomia em geral.

        E, nem sempre envolve muito mais esforço, tipo promoção “regular” de cargo sem mudança de função.

        1. Isso é importante, de fato, mas acho que algumas indulgências com pequenos luxos vez ou outra são essenciais, ou corremos o risco de, daqui a pouco, começar a cortar o cafezinho (gourmet) na busca do primeiro milhão 😄

          1. Não sei se vejo pouco esse canais de finanças, mas algo que sinto falta nessas infinitas dicas de finanças e aprendi no trabalho, é que precisa focar em grandes gastos e tentar deixar a parte psicológica.

            Gastar no café gourmet, que seja 3x ou 4x mais caro que o Pilão, dá uma percepção de desperdício enorme….mas nem sempre é relevante. O reajuste do seu aluguel em São Paulo, é certamente muito mais relevante financeiramente. É um problema mais difícil de lidar, mas faz sentido tentar isso antes de cortar o café.

            Tipo aquela coisa de político abrir mão de salário, enquanto perde bilhões por não recolher impostos ou algo assim. Ou, nosso querido ex-presidente, comendo sem toalha: não faz sentido nenhum prático, mas dá certo com o público.

            Em teoria, tabulando gastos você mitiga isso, mas eu sinto essa diferença de percepção: dá mais culpa gastar em coisas que tem uma alternativa bem mais barata, mesmo que o bruto não importe para seu orçamento.

            E, dada a popularidade dessas demagogias de políticos e empresas para mostrar autoridade, certeza que não estou sozinho nessa.

      2. Esse é o ponto, não precisa trabalhar/esforçar mais para gastar mais. As vezes estar satisfeito com oq tem para hoje é o mais sustentável.

        Pq? Bem existe um limiar de renda que qdo alcançado qlqr incremento tem menor impacto no nível de satisfação. Não lembro de cabeça a pesquisa mas parecia ser algo como 50k

        1. Sim, é o que o Gabriel Arruda comentou ali embaixo. Só que, quando você ganha pouco, como saber se o que você consome é satisfatório?

          Fiz uma piada com cafezinho em outro comentário, mas é um exemplo bobo bom: cresci bebendo o café comum, daqueles dos mais baratos do mercado, até que um dia quis experimentar um melhor. E é, mesmo, melhor — mais saboroso, mais gostoso —, porém mais caro, só que não muito. Nessa lógica hiper-racional, o melhor seria eu economizar os R$ 10 mensais de diferença entre os cafés, afinal estava satisfeito com o antigo/mais barato. Mas será que vale a pena economizar R$ 10 por mês em café, num contexto em que esse dinheiro não faz falta em absoluto?

          E, orra, R$ 50 mil por mês!? De fato, acima disso é luxo 😄 Você deve estar se referindo ao famoso estudo do Daniel Kahneman e Angus Deaton que determinou o teto da relação mais dinheiro = mais felicidade em US$ 75 mil (por ano, renda per capita). Provavelmente isso não se aplica ao Brasil e já deve estar defasado mesmo nos EUA (o estudo é de 2010).

  10. Há uns anos tive um aumento salarial considerável e de maneira inconsciente mesmo não tive um aumento significativo do custo de vida. Até por não ter filhos ou outros dependentes, continuei mais ou menos com o padrão de sempre. Porém, recentemente resolvi fazer a tal “transição de carreira” e hoje com 30 anos sou estagiário de uma boa empresa multinacional e ganho menos da metade do que ganhava antes, tendo contas de casa para pagar, financiamento, gastos com carro, alimentação. Foi aí que percebi que pequenas coisas do meu cotidiano eram “pequenos luxos”. Não é nada demais mas, perceber que preciso pensar duas vezes antes de sair pra beber com os amigos ou então consumir algum entretenimento tipo livros, cinemas e shows, me deixa preocupado em como vou lidar com isso por pelo menos um ano. Faz pouco mais de dois meses que estou nesse processo e já estou planejando uma revisão criteriosa de gastos para o próximo mês, porque nesse já vou precisar a recorrer a reserva de emergência.

  11. De todos os conselhos de influencers de finanças, eu acho que o tal do “viver um degrau abaixo do que você poderia” é um dos mais válidos.

    Há uns 5 anos, me separei e me vi precisando pagar aluguel, plano de saúde e mais um monte de despesas que não pagava antes. Segurei as pontas como pude, retirando da reserva de emergência.

    Hoje, meia década depois, embora eu ganhe uns 70% a mais do que ganhava antes, sigo no mesmo apartamento, com o acréscimo de alguns pequenos luxos. Isso me permitiu recompor minha reserva de emergência e finalmente voltar a juntar dinheiro. Não é nada expressivo, mas no longo prazo irá render frutos.

    Na prática, funciona mais ou menos assim: eu pago muitos streamings, mas evito ao máximo pedir delivery. Invisto em equipamentos de qualidade (teclado sem fio, essas coisas), mas economizo caminhando na praia em vez de pagar academia, e assim por diante.

    É um exercício constante. Agora em 2023, por exemplo, voltei a fazer o controle dos gastos em planilha porque vi que estava passando do ponto em alguns gastos não essenciais, e venho fazendo ajustes desde então.

  12. Isso me lembra a discussão de minimalismo: um problema bem estadunidense, derivado da cultura de consumismo e ostentação.

    Nessa reportagem do New York Times, sobre a Finlândia, a parte de estar simplesmente satisfeito e agradecido pelo que tem, parece ser um ponto importante para a “alegria” dos nórdicos.

    Especialmente no começo da minha carreira, os aumentos eram bons para adicionar algo a mais para qualidade de vida, mas eu sempre tive muito receio de adicionar dívidas ou gastos recorrentes. Há uns anos estou em um plateau, tenho uns gastos pontuais maiores, mas totalmente dispensável se necessário.

    Uma teoria interessante, que conversa com essa discussão, é a dos ganhos descrentes: à medida que se aumenta o preço, o acréscimo de benefício vai diminuindo.

    Sempre tento pensar nisso, mas na lógica consumista, é meio reverso: as pessoas querem o máximo que elas podem pagar, mesmo que não haja muitos motivos. A fixação por carros melhores, casas maiores, roupas de marca, etc….

    1. Interessante esse ponto de vista de felicidade na Finlândia, pra mim faz todo o sentido.

      O que talvez funcione, pelo menos comigo funciona, é pensar em quais eram seus sonhos de padrão de vida há x anos. Há 10 anos minha expectativa era muito muito baixa e olho pro que tenho hoje, que pra muita gente é “nada”, e fico grata demais.

      Os ganhos descrentes é algo a se pensar principalmente em momentos de troca. Tem algo e ainda funciona, realmente vale trocar por algo melhor? Decoração e “conforto” é um negócio que pega demais, Clube da Luta mostrou isso como um clichê e não foi a toa. Vejo minha mãe trocando, sofá, TV e a sala toda a cada 2 anos, mesmo sem poder, e me dá agonia.

    2. Acho que o debate corre o risco de virar o estadunidense em algum momento, porque lá (e aqui, em certos círculos) parece que a promessa de prosperidade só se realiza quando é infinita.

      O debate que proponho, porém, pode ser delimitado mesmo a pessoas com perfis como o nosso, que batem num teto, chegam a um platô (adoro que essa palavra foi aportuguesada também, a exemplo de “leiaute” :)

      Talvez seja algo mais perceptível em início de carreira, quando a gente conta moedas para tudo.

  13. Reserva de emergência está indo embora aqui e estou cogitando pegar um empréstimo pra segurar a onda até a tempestade passar. Espero nesse meio tempo melhorar meus gastos, mas estou há alguns meses overbudget. Como analisar os gastos em momentos assim?

    (tks @ghedin!)

    1. não faço ideia de como anda suas finanças e com o que trabalha, mas se fosse comigo eu faria o seguinte:

      -listar de cabeça os gastos essenciais, se esqueceu de algum, talvez não seja…essencial;
      -analisar as compras que estão no automático no cartão de crédito e ir cancelando o que não usa ao máximo (e se tiver mais de um cartão, cancelar);
      -se pedir empréstimo, ser realista do quanto precisa, digamos que não tem mais reserva de emergência e sua perspectiva/empregabilidade seja daqui 3 meses e seus gastos essenciais sejam de 2k/mês, pegue 6k de empréstimo, não mais.

      ah, alguém que fala muito melhor que eu é o eduardo amuri, gosto muito dele, ele tem site /podcast / instagram, recomendo tudo, as dicas são bem pés no chão

  14. como falei no outro tópico, o primeiro aumento de 400 reais eu senti pouco a melhora no dia a dia, pois eu ganhava pouco na época, então digo que a vida só ficou menos difícil.

    mas a do ano passado foi um valor considerável, e comprei uns cursos que tenho que fazer mas ainda não o fiz por causa de tempo (ainda bem que o cursos não tem validade), comecei a praticar jiu-jitsu, assinei umas coisas que até comentei por aqui (ente, youtube premium, serviço de e-mail, domínio), e se não fosse pelo aumento, eu com certeza não teria assinado, pois apesar de serem valores pequenos, as contas ficariam apertadas ao fim do mês.

    ao ir pro trabalho não preciso mais acordar tão cedo, pois não faço o trajeto de 1,5km andando, pois espero pelo transporte alternativo, me dou uns luxos com mais frequência (comprei um smartwatch “carinho”…), como meu vale é todo no alimentação, vira e mexe acabo almoçando na rua e não procuro o lugar mais barato pra comer, ainda mais onde trabalho, que um almoço “decente” é cerca de R$: 40,00.

    mas o que tem mais pesado no meu aumento de custo de vida é que estou em preparação pra mudança, final do ano sairei da casa dos pais, então eu e minha noiva estamos comprando tudo do zero, e além de pagar evolução de obra, todo mês compramos algo pro apartamento e vai ficar assim até mesmo depois de entrarmos, pois geladeira por exemplo, está um absurdo de caro e é algo que precisamos comprar, ainda bem que tirando a linha branca já compramos quase tudo, mas creio que depois que essas compras terminarem e as parcelas forem pagas, meu custo de vida vai dimunuir e eu consiga viver com bem menos do que ganho hoje, e consiga guardar um valor legal, bem pelo menos é a expectativa.

  15. 500 extras do aumento por mês, sempre separado… depois de mais de 3 anos (e mais umas injetadas pontuais/eventuais) estou indo conhecer Roma e alguns outros pontos, semana que vem!
    Chegou!!!! \o/ \o/ \o/

  16. Sou servidor público e em 2022 eu fui “promovido” a um cargo de chefia e com isso passei a ganhar 25% a mais. conversei com minha esposa e combinados de jogar essa renda extra direto na poupança. Foi a nossa salvação, exatos um ano depois, por problema de doença na família / crises de ansiedade tomei a decisão de abdicar da chefia. Foi a melhor coisa que eu fiz, como não tinha comprometido essa renda pude tomar essa decisão sem maiores impactos.

    1. Acho que é importante ter isso em mente, não se tornar refém do dinheiro/emprego, ter uma reserva de emergência, etc. Nunca se sabe se você vai ser o próximo demitido, ou se ver numa situação insuportável no trabalho.

      1. fora que é importante saber que o próximo emprego vc pode não ganhar tão bem quanto o atual, pq a queda de renda pode ser difícil

        e a reserva de emergência dá uma boa segurança pra vc poder chutar o balde quando achar necessário