Benedict Evans:
A fotografia virou uma forma universal de conversação, em vez da cristalização de um momento especial ou uma parte do conteúdo editorial profissional.
Antes de chegar a essa conclusão ele apresenta alguns números gigantescos sobre a fotografia digital — ele estima que em 2014 compartilharemos mais de um trilhão de fotos. Fotografamos mais do que podemos (e queremos); isso muda a função da fotografia. O registro visual vira palavra, como conclui Evans.
Esse novo paradigma não exclui o antigo, claro. A convivência entre os dois é perfeitamente possível, só que traz novos problemas a serem resolvidos. Sem dificuldade, dá para pensar em dois: a qualidade das imagens e a organização.
Sistemas que se propõem a colocar ordem de forma automatizada às toneladas de fotos que tiramos, como o Carousel, ThisLife ou Google+ devem ganhar mais atenção na medida em que as pessoas passarem a se dar conta da fragilidade desse material digital. Em paralelo, temos ainda as revelações, que resistem e têm aquela aura de materialidade que fascina mesmo quem nasceu digital.
Na hora de transformar bits em celulose, o outro problema surge: a qualidade. É situação recorrente, em eventos importantes e no dia a dia, vermos smartphones onde antes apareciam câmeras. A convergência e o preço explicam, mas não resolvem a qualidade média dessas imagens. Mesmo smartphones intermediários de qualidade ainda derrapam nesse setor e trazem câmeras que mesmo perto de modelos dedicados de entrada passam vergonha. Se a captação é ruim, não há milagre de pós-produção que melhore o resultado — e raramente existe qualquer tipo de pós-produção.
Talvez a utilização de novas câmeras smart possam melhorar a qualidade das imagens e o seu uso em redes sociais.
Para a organização, antes dos serviços comentados utilizava um HD externo separando em pastas por ano, mês e evento. Hoje utilizo o Google+, para as fotos tiradas no meu aparelho.
Não vejo mais as pessoas tão preocupadas em ver as fotos após as terem tirado. Todos ficam desesperados em tirar várias fotos, coloca-las em redes sociais, mas sem se preocupar em mostrá-las para amigos e parentes depois como fazíamos com álbuns.
O problema das câmeras smart é que, mesmo convergentes, elas perdem nesse ponto para smartphones. O caminho mais provável é o dos celulares com câmera melhorarem — mas até chegarmos (e se chegarmos) a esse patamar, serão alguns anos de fotos imprestáveis para impressão e não muito agradáveis de serem vistas mesmo na tela do computador/TV.
A preocupação em ver fotos ainda existe, mas ela também é mais acelerada. Tire pelas festas: todo mundo tira foto e nos dias seguintes fica aquela ansiedade para ver as famosas FOTOS DA FESTA. Elas são compartilhadas em redes sociais e apps como WhatsApp (e aí já se depreciam pela compressão feita antes do envio), ganham umas curtidas e a vida segue. Apenas momentos realmente especiais ainda guardam a “aura” que a fotografia tinha antigamente — casamentos, viagens, eventos etc.
Esse tópico me lembrou disso: http://tecnoblog.net/146997/fotos-podem-acabar-com-memoria/
Eu tenho posto isso em prática já há algum tempo. Não fico sacando meu smartphone (Lumia 720) pra tirar foto de qualquer coisa. Às vezes, em alguns passeios, acabo tirando foto alguma. Só curto o momento.
De fato, a organização das fotos, pelo seu número, tornou-se um motivo de estresse. Ou a pessoa se organiza ou chuta o balde de vez, dando de ombros e se poupando (até porque, como foi exposto, boa parte delas é de qualidade duvidosa, mas aí é uma questão subjetiva também, da importância dos momentos registrados. Complicado)..
Sobre a organização de fotos, o que tem funcionado bem para mim há um bom tempo é manter todas elas no Dropbox, separadas apenas em pastas por ano e dentro de cada ano uma pasta por mês. Procuro sempre importar as fotos pelo próprio Dropbox, porque ele renomeia as fotos com a data e hora exatos, mas quando importo por outro lugar raramente eu renomeio, costumo só colocar na pasta do ano/mês correto.
Meu método de organização é exatamente esse, Eduardo, só que sem o Dropbox. Guardo as fotos no HD do desktop e tenho backup em um HD externo. Há anos analiso (e postergo) um espelho online, mas acho que acabarei replicando essa organização no que escolher — Dropbox, Google+ ou OneDrive, ainda não sei.