Esta matéria foi produzida pela Agência Pública, a primeira agência de jornalismo investigativo sem fins lucrativos do Brasil.
A imagem de Sophie Zhang aparece na tela do computador para uma chamada via Zoom. Jovem, de óculos de aros grossos e fones de ouvido que parecem aqueles que gamers usam para uma experiência mais imersiva, sua fala é entrecortada por uma gagueira que poderia ser atribuída à timidez ou nervosismo. Mesmo assim, essa americana de 30 anos fala de maneira resoluta. Em setembro de 2020, Zhang tornou-se, sem querer, uma denunciante, quando decidiu compartilhar um longo relatório com seus colegas do Facebook em uma rede interna, alertando para os problemas que a empresa fingia não ver.
“Eu sei que tenho sangue nas minhas mãos agora”, escreveu no memorando, cujo objetivo era encorajar os colegas a mudarem a empresa de dentro. “Encontrem outros colegas que compartilham das suas convicções e trabalhem juntos. O Facebook é muito grande para qualquer pessoa sozinha consertá-lo”, escreveu.
Sophie acabava de ser demitida por “baixa performance”, e negou um acordo de US$ 64 mil que a obrigaria a permanecer calada. A postagem foi feita no seu último dia de trabalho, e logo foi removida pelo Facebook.
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