O próximo Internet Explorer do Windows Phone terá gostinho de maçã

Paul Thurrott, sobre as novidades do IE no Windows Phone 8.1 Update:

O que eles mudaram? Primeiro e mais importante, aceitaram a realidade: páginas web modernas são projetadas e construídas para o iOS (Safari) e Android (Chrome), e não para os padrões abertos aos quais o IE recorre.

O mesmo Internet Explorer que ditava o rumo da web há dez anos, hoje faz gambiarras para exibir corretamente páginas que usam soluções proprietários de Apple e Google. E não só: o IE do Windows Phone 8.1 passará a se identificar aos sites como se fosse o Safari.

O blog oficial do IE traz informações mais técnicas e vários exemplos de “antes e depois”.

O mundo dá voltas.

Quais dos 27 apps gratuitos para Android oferecidos pela Amazon valem a pena?

Mais uma vez a Amazon negociou com desenvolvedores e conseguiu tornar um punhado de apps para Android gratuito por dois dias. No total, segundo a empresa, o valor somado deles passa dos R$ 230, mas o que importa saber é quais são boas pedidas.

Tem muita coisa esquisita e ruim. Como é de graça, de repente até vale experimentar — numa dessas por trás de uma carinha feia está um app útil. Dos que valem o download sem pensar muito, tem o Instapaper, que salva artigos da web para serem lidos posteriormente, e o dicionário inglês da Oxford, cujo preço normal é de R$ 77 (!). O PDF Max, apesar de comentários mistos no Google Play, também não é dos mais baratos, normalmente custa R$ 17, mesmo caso do veterano Docs To Go (preço regular de R$ 23). E tem o jogo de corrida do Sonic; pelo menos na versão para consoles ele é bem bacana.

Aqui você confere todos os apps. Para baixá-los é preciso instalar o app da Appstore no seu smartphone; o passo a passo se encontra aqui. E se você conhece alguma pérola que deixei passar, comente aí embaixo.

Com Facebook, Wikipédia e serviços úteis disponíveis gratuitamente, app da Internet.org é lançado na Zâmbia

A iniciativa de Mark Zuckerberg para democratizar a Internet começa a ganhar contornos concretos com o lançamento do app da Internet.org. Disponível para Android e em versão web, ele garante acesso gratuito ao Facebook, Wikipédia, pesquisa do Google e outros serviços úteis.

Inicialmente, o app foi disponibilizado na Zâmbia em parceria com a operadora local Airtel. O funcionamento é similar ao do Facebook Zero, que desde 2010 oferece uma versão limitada da rede social sem qualquer ônus financeiro: o usuário pode acessar todos os serviços listados no app gratuitamente e, caso queira extrapolar esse cercado e ir em busca de conteúdo não contemplado pelo Internet.org, passa a pagar pelo tráfego de dados.

A seleção de serviços é bem bacana e não fica restrita ao Facebook e superficialidades do tipo. Além da Wikipédia, que é um adianto, e do Google, tem previsão do tempo, busca por vagas de emprego, informações sobre HIV, direitos das mulheres, legislação da Zâmbia e um canal do Unicef com dicas de higiene e saúde.

Existe uma queda de braço entre ativistas da Internet livre e o Facebook. Os primeiros acusam a iniciativa de ser uma forma do Facebook controlar ainda mais a Internet; Zuckerberg e seus parceiros ressaltam o aspecto beneficente da iniciativa. De qualquer forma, uma coisa é certa: o Facebook é tão grande que precisa trazer mais pessoas à Internet para continuar crescendo. É o tipo de problema que só um serviço com 1,32 bilhão de usuários tem.

Rumo à expansão internacional, Xiaomi precisa rebater críticas sobre privacidade e plágio

Apresentação do Mi 4 teve 'one more thing'.
Jobs se revira no túmulo. Foto: sascha_p/Twitter.

A Xiaomi vai bem na sua terra natal, mas quer mais — quer o mundo. A expansão internacional, capitaneada pelo ex-Google Hugo Barra, é de conhecimento geral e deverá passar pelo Brasil. Antes disso, porém, a fabricante chinesa precisará rever algumas práticas e ganhar a confiança do consumidor ocidental.

Ontem, Barra publicou em seu perfil no Google+ um FAQ sobre privacidade em resposta a denúncias de que o smartphone Redmi Note enviaria secretamente dados do usuário a servidores na China. Segundo o executivo, o que o MIUI (variação do Android usada pela Xiaomi) faz é sincronizar dados pessoais com a nuvem e outros dispositivos, nos mesmos moldes de ofertas concorrentes como Dropbox, Google+ e iCloud. O recurso pode ser desativado e o compromisso da Xiaomi, ainda de acordo com Barra, é com a transparência:

(…) Não enviamos informações e dados pessoais sem a permissão dos usuários. Em uma economia globalizada, fabricantes chinesas de dispositivos vendem bem no mercado internacional, e muitas marcas de fora são igualmente bem sucedidas na China — qualquer atividade ilegal seria bastante destrutiva para os esforços de expansão global da empresa.

Não é de hoje que a China é um pólo de tecnologia. A diferença é que agora as empresas do país estão avançando para outras partes do globo. As restrições que a Internet sofre por lá, somadas a suspeitas de colaboração das empresas de tecnologia com o Partido Comunista, são motivos de preocupação deste lado do mundo.

Por exemplo, a Huawei. Fornecedora de boa parte da infraestrutura que move a Internet no mundo, em 2012 ela foi acusada pelo governo dos EUA de infiltrar software espião nos equipamentos comercializados por no país — e, ironia das ironias, no fim era a Huawei quem estava sendo monitorada pela NSA.

Outra frente onde que a Xiaomi terá trabalho será para se livrar das críticas às “inspirações” que toma, notadamente da Apple. Há três, quatro anos, a sul coreana Samsung passou pela mesma situação e acabou tendo que resolver a briga em disputas judiciais nas cortes de vários países. Terá a Xiaomi o mesmo destino?

Mera coincidência?
Montagem: Cult of Mac.

Já encontraram o ícone do Aperture (!), software da Apple, no material de divulgação do Mi 3, outro smartphone da Xiaomi. Na mesma página de divulgação do produto, fotos protegidas por direitos autorais podem ser vistas nas screenshots da galeria — e aqui, além de se apropriar do trabalho alheio a empresa ainda engana os consumidores colocando como exemplos de fotos feitas com o smartphone imagens que, na real, foram capturadas por câmeras profissionais. No Cult of Android, Killian Bell encontrou um punhado de similaridades com produtos, práticas e materiais de marketing da Apple. Nem o “one more thing”, marca registrada do falecido CEO da Apple, Steve Jobs, escapou.

Hugo Barra rebate as críticas enfaticamente: “Se você tem dois designers com habilidades similares, faz sentido que eles cheguem às mesmas conclusões. Não importa se alguém mais chegou à mesma conclusão. Não estamos copiando os produtos da Apple. Ponto final.” Mas é difícil encerrar a discussão com fatos tão escandalosos, bem como acreditar que eles são frutos de mera coincidência.

A Xiaomi fabrica smartphones, tablets e alguns outros eletrônicos que, dizem, são de ótima qualidade e custam pouco. Na China, ela ultrapassou Samsung e Apple em vendas no primeiro semestre desse ano e quando chegar a outros mercados deverá fazer barulho. Resta saber se esse barulho será apenas das caixas registradoras e dos clientes satisfeitos, ou se o martelo dos juízes também se fará ouvir.

A redescoberta dos celulares com câmeras frontais — ou para “fazer selfies”

Foto do tweet mais popular da história.
Foto: TheEllenShow/Twitter.

Correm rumores de que a Microsoft está preparando um Lumia com “câmera para selfies”. Ele traria uma câmera frontal de 5 mega pixels, resolução bem maior do que a média de 2 mega pixels vista na maioria dos smartphones topo de linha.

No Brasil, fabricantes locais ou que lutam pelo consumidor menos endinheirado pegam carona na popularidade do termo “selfie” para levar a segunda câmera a modelos de entrada. O S440 (que nome!) da Positivo e o recém-anunciado Pop C3 da Alcatel Onetouch entregam o recurso por R$ 470 e R$ 349, respectivamente, sem revelar quaisquer especificações da câmera frontal.

Essa movimentação da indústria marca a redescoberta da câmera frontal, perdida por diversas fabricantes no caminho rumo a smartphones mais acessíveis ao bolso do consumidor. Afinal, uma câmera extra não é tão essencial e na hora de cortar custos ela acaba sendo uma das primeiras vítimas.

Só que desde que “selfie” foi eleita a palavra do ano por um dicionário, tornou-se o tweet mais popular da história, termo popular na mídia e lugar comum em qualquer ambiente onde duas ou mais pessoas se reúnem e pelo menos uma delas está com um celular no bolso, a demanda pela câmera para fazer selfies aumentou. É o que o povo quer, certo? É hora, então, de responder a esse anseio e levá-la a produtos mais em conta.

Antigamente câmeras frontais eram bons espelhos para ver se tinha sobrado aquela alface entre os dentes depois do almoço, ou se o nariz estava sujo. Hoje, apps como Instagram e Snapchat e serviços de vídeo chamada a la Skype são justificativas melhores ao custo de se colocar uma outra câmera em cima da tela. O que quero dizer é que apesar da sensação de frescor e de hoje os motivos para se ter uma serem melhores, câmeras selfies, ou frontais não são exatamente novidade. A primeira data de 2003.

A camada superior dos smartphones, com aparelhos que trazem o que há de melhor na indústria, já demonstra sinais de comoditização. São sintomas disso a presença de tantos recursos duvidosos e mimos externos na safra desse ano: contadores de batimentos cardíacos pouco confiáveis, mega resoluções de tela que não fazem tanta diferença aos olhos, acessórios muito legais que agora vêm na caixa, como parte do pacote. Eles já têm tudo o que se espera, hoje, de um smartphone — inclusive a câmera frontal, que nunca os abandonou e lá em 2007, com o saudoso N82, eu já usava para aquelas situações nojentas descritas ali em que um espelho era útil.

Nas camadas inferiores, porém, ainda há espaço para evoluções mais significativas. A primeira e mais óbvia é continuar empurrado os preços para baixo. Hoje não é difícil encontrar smartphones usáveis por cerca de R$ 350 e a tendência é que esses fiquem cada vez melhores. O segundo passo, já sentido em menor grau, é levar recursos de segmentos superiores a aparelhos mais simples. Exemplo recente: a tela de alta definição do Moto G. Ainda hoje a maioria dos smartphones intermediários vêm com telas WVGA ou qHD, mas não deve demorar para a HD se tornar padrão. A câmera frontal em smartphones básicos, de entrada, deve seguir o mesmo curso.

[Review] Xperia Z2, mais do mesmo só que melhor

Demorou apenas seis meses para a Sony atualizar seu smartphone topo de linha. As mudanças não são tão expressivas à primeira vista e, vendo o Xperia Z2 de relance corre-se o risco de confundi-lo com seu antecessor, o Xperia Z1. Tamanha semelhança tira o brilho do grande aparelho da empresa para 2014? É o que veremos nesta análise. Continue lendo “[Review] Xperia Z2, mais do mesmo só que melhor”

Windows Phone 8.1 Update é oficial: veja o que há de novo

Telas da próxima atualização do Windows Phone.

O Windows Phone 8.1 já apareceu no seu smartphone? Então sente-se que lá vem mais novidades: a Microsoft oficializou o Windows Phone 8.1 Update, uma atualização menor mas, ainda assim, cheia de novidades.

A principal é a expansão da Cortana. Em beta, ela aprendeu a falar chinês e pegou o sotaque britânico, além de ganhar status alpha no Canadá, Índia e Austrália. Nos EUA, ganhará novos truques como uso de mais termos em linguagem natural, botão soneca para lembretes e modo hands-free quando o smartphone estiver pareado via Bluetooth com um carro.

A tela inicial ganhará suporte nativo a pastas, e parece um negócio bem melhor que a implementação via Pasta de Aplicativos, app exclusivo da Nokia para a mesma finalidade. O mais legal é que elas não anulam a dinamicidade dos blocos, ou seja, ainda dá para ver notificações nos blocos dinâmicos que estiverem guardados em uma pasta. Falando em blocos dinâmicos, o da Loja agora será um.

O Xbox Music, duramente criticado no WP 8.1, está recebendo tratamento especial e deve melhorar significativamente: terá bloco dinâmico, sincronia em segundo plano, novos gestos e melhorias gerais no desempenho. Antes mesmo dessa atualização, o app deverá ganhar alguns aperfeiçoamentos via atualização direta na Loja.

Para fabricantes, a Microsoft acrescentará suporte a capas físicas para permitir interfaces personalizadas, como as do One M8, da HTC, e G3, da LG. Novas resoluções também passam a ter suporte: qHD (960×540) e 1280×800 — essa última, somada à adição de suporte ao protocolo NTP, é um forte indício de que o Windows Phone logo surgirá em tablets pequenos, de 7 polegadas.

O sistema também passará a enviar notificações via Bluetooth, uma etapa necessária para conversar com gadgets vestíveis, e dará suporte a VPNs em conexões públicas. O padrão QuickCharge 2.0 da Qualcomm, que acelera a recarga da bateria, também será habilitado — alguns aparelhos como os Lumia 930 e 1520 suportam a tecnologia e se beneficiarão dela.

Existem outras alterações menores, várias direcionadas ao público corporativo, todas contempladas no blog oficial do sistema e nesta lista de Paul Thurrott. Para quem está naquele programa de desenvolvedores (saiba como entrar), o Windows Phone 8.1 Update chega semana que vem. Para os demais, a versão final estará disponível “nos próximos meses”.

Spam eleitoral via WhatsApp.

Lauro Jardim, na Veja:

Nada como um ano eleitoral para aguçar a criatividade das pessoas. Se o eleitor já era importunado com mensagens eleitorais no celular, agora as empresas miram o WhatsApp para oferecer planos mirabolantes aos candidatos. A última oferta irrecusável foi enviada por e-mail aos gabinetes da Câmara dos Deputados.

A empresa que presta o (des?)serviço tem sede em Belém e cobra de sete a onze centavos por mensagem, dependendo do volume contratado — de 500 mil até 10 milhões. A oferta chegou por e-mail aos gabinetes da Câmara dos Deputados com a garantia de listas de números atualizados em todos os estados. O objetivo é servir de reforço para as campanhas eleitorais.

Dada a popularidade do WhatsApp não é de se espantar que ferramentas do tipo existam. Na verdade demorou para elas aparecerem. Elas provavelmente burlam os termos de uso do serviço; o WhatsApp até oferece um mecanismo de broadcasting, mas ele é limitado a 50 destinatários (no smartphone, pelo menos). Pela rápida pesquisa que fiz aqui, os spammers usam um software chamado WhatsApp Panel, WhatsApp Bot ou WPanel e confiam em proxies para atingir o objetivo.

Pensando pelo lado positivo, de repente esse spam via WhatsApp pode ser uma boa para escolher em quem não votar.

Atualização (20h30): É assim que o spam de um candidato ao governo do Rio de Janeiro chega ao WhatsApp dos eleitores:

https://twitter.com/vinnysacramento/status/494241313559433217

Como o Facebook, OkCupid também fez experimentos nos usuários — mas quase ninguém se importa

Christian Rudder no OkTrends, o blog de dados e estatísticas do OkCupid, após um hiato de mais de três anos:

Notamos recentemente que as pessoas não gostaram quando o Facebook “experimentou” com seu feed de notícias. Até o FTC [o CADE dos EUA] se envolveu. Mas adivinhe só, pessoal: se você usa a Internet, você está sujeito a centenas de experimentos a qualquer hora, em todos os sites. É assim que os sites funcionam.

Aqui estão alguns dos experimentos mais interessantes que o OkCupid já conduziu.

Neste post, Rudder revela três mudanças na interface que o OkCupid fez para entender como as conversas e relacionamentos se formam. Em um, removeu as fotos dos usuários; sem esse feedback visual o site notou que as conversas entre estranhos aumentaram. Em outro, diminuiu de dois (um para beleza outro para personalidade) o sistema de notas para os usuários; somos, afinal, seres bem visuais e quase ninguém lê aquele perfil enorme (e se lê, dá pouca importância comparado à foto de perfil).

O último foi uma tentativa de ver até que ponto o sistema de compatibilidade, que atribui uma porcentagem de simpatia aos outros usuários, funciona. O OkCupid mentiu aos usuários dizendo que usuários com 30% de compatibilidade tinham 90%. A pesquisa notou, porém, que o maior índice de engajamento se deu entre pares que tinham de fato e foram informados terem 90% de compatibilidade — ou seja, de alguma forma o algoritmo funciona.

A reação da Internet à revelação do OkCupid foi mais amena do que a daquele experimento do Facebook. Não que tenha sido unânime; alguns sites, como o Gigaom, criticaram duramente a postura de Rudder. Só que no geral pouca gente se manifestou indignada, e na tentativa de entender o porquê algumas teorias surgiram.

O tom da revelação foi mais ameno. Em vez de um paper acadêmico, um post bem humorado em um blog. (Referir-se aos resultados como “contágio de humor” também não ajudou o Facebook.) O OkTrends historicamente usa (ou usava) dados gerados pelos usuários do OkCupid para tirar conclusões. Foi para isso que ele nasceu e o motivo pelo qual é adorado.

A motivação para os testes também pesa. O OkCupid fez vários testes A/B, ou seja, mudanças sutis na interface para ver como os usuários reagiriam. Rudder diz, no post, que queria averiguar algumas suspeitas que seu pessoal tinha do serviço, em especial (no terceiro e mais polêmico teste) se o algoritmo de compatibilidade faz diferença por si só ou se as pessoas conversam com outras compatíveis apenas porque o site diz isso.

O experimento do Facebook foi mais agressivo. O site deliberadamente alterou o feed de notícias para deixar o usuário triste. Uns até classificam isso como teste A/B, mas ele extrapolou a funcionalidade do site e correu o risco de gerar consequências perigosas na vida dos usuários. A intenção era danosa não como possibilidade ou desvio, mas como etapa para observar os resultados.

Outro aspecto relevante é o papel que OkCupid e Facebook têm na sociedade. Enquanto a rede social é praticamente obrigatória em vários círculos, o OkCupid é marginal.

A repercussão desse e de outros testes tornados públicos recentemente tem servido também para observar a recepção deles pelo público em geral. Ontem, depois que publiquei o post sobre o Fingerprint Canvas, algumas reações no Twitter me surpreenderam.

Parece que estamos ficando mais condescendentes com esse tipo de experimentação, em sermos objetos de pesquisas sem anuência prévia, independentemente do quão nefastas essas sejam.

Privacidade é a nova norma no Facebook

Na Slate, Will Oremus repara na guinada pela qual o Facebook passa. De defensor da abertura e do fim dos segredos, agora o site abraça e estimula a privacidade.

Em resposta a um investidor, quarta-feira passada, que questionou se o Facebook estaria passando por tal mudança, Mark Zuckerberg disse:

Uma das coisas em que mais focamos é criar espaços privados para as pessoas compartilharem coisas e terem interações que não poderiam ter em outros lugares.

Embora seja creditado como um dos fatores do seu sucesso, o histórico da rede social nunca foi abalizado pela privacidade — lembra do papo de que o público é a nova regra, de 2010? Só que estamos em 2014 e a julgar pelas últimas investidas do Facebook, parece que a abordagem lá dentro mudou. Recapitulando:

A declaração e essas ações demonstram, de fato, uma mudança de posicionamento. Além de estar na moda graças a apps como WhatsApp, Whisper e Snapchat (que, mais de uma vez, o Facebook tentou copiar), essa visão renovada sobre o que até pouco tempo era visto como vilão pode ser explicada por uma epifania que deve ter ocorrido lá: de repente Mark descobriu que não precisa de informações públicas para minerar dados, basta apenas que elas sejam geradas em suas plataformas. (Coisa que, aliás, o Google sabe desde 2004 com o Gmail.)

Computadores do Planalto foram usados para editar páginas da Wikipédia

Alexandre Aragão e Alexandre Orrico, na Folha:

Onze computadores do governo federal foram usados para alterar páginas da Wikipédia, enciclopédia on-line cujos textos podem ser editados livremente, como as do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha (PT), do Movimento Passe Livre e do ex-governador José Serra (PSDB-SP).

Levantamento da Folha com os endereços de IP registrados em nome do Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados) e da Presidência da República mostra que artigos sofreram mudanças tanto para a inclusão de elogios e a retirada de críticas como para o inverso.

As edições, feitas entre 2008 e 2014, acabaram desfeitas por outros usuários, por infringirem regras de uso.

O fato de ser aberta a contribuições não é sinônimo de bagunça. Os editores e outros usuários corrigem os erros — embora nem sempre a definição de “erro” seja uma questão tão simples, binária.

Além do monitoramento de quem faz a Wikipédia, outros mecanismos podem ser usados. A tecnologia cria problemas, a tecnologia os resolve.

Nos Estados Unidos um script para Twitter causou alvoroço no início do mês. O @congressedits manda tweets automaticamente sempre que algum artigo da Wikipédia é editado por computadores do Congresso. Medida bem legal e que poderia (deveria) ser copiada aqui. Afinal, copiamos tanta coisa desnecessária (Hey? Sério?); custa nada copiar um negócio útil e que fará diferença no cenário político.

Indetectável e impossível de bloquear, Fingerprint Canvas expõe o paradoxo privacidade vs. comodidade dos navegadores modernos

Uma nova técnica de identificação e criação de perfis online chamada Fingerprint Canvas foi descoberta por pesquisadores americanos e belgas. Ela foi desenvolvida pelo AddThis, um serviço que facilita a implantação de botões de redes sociais em sites, e detectada em 5% dos 100 mil sites mais populares segundo o ranking do Alexa (lista completa).

Esquema da técnica.A técnica consiste em desenhar uma frase oculta que contém todas as letras do alfabeto usando a tag <canvas> dos navegadores modernos. Como a “letra” varia de acordo com vários critérios (sistema, navegador, fontes instaladas e outros), cada máquina gera um desenho único (daí o nome, “impressão digital”). Ao cruzar esse dado com outros passa a ser possível identificar um usuário e, com base nisso tudo, formular os perfis de consumo de que empresas de publicidade tanto gostam. Não só: combinando a técnica com outras, é possível criar “evercookies”, mais resilientes e difíceis de detectar que os cookies tradicionais.

Segundo Rich Harris, CEO do AddThis, o desenvolvimento do Fingerprint Canvas é uma tentativa de substituir o cookie, o pequeno arquivo gerado por sites para guardar informações personalizadas do usuário e que, tão frequentemente quanto, ajuda empresas de publicidade a identificarem melhor os gostos do público a fim de direcionar melhor seus anúncios. Ele alega que os testes da nova técnica alcançaram apenas 13 milhões de sites, que os resultados não são utilizados para fins duvidosos àqueles que optarem por isso (ou seja, é opt-out) e que considera encerrar os esforços em breve porque o identificador não é único o bastante.

Embora a Fingerprint Canvas tenha se revelado um parâmetro falho para o fim a que se destina, o que mais assusta nessa técnica é a persistência e sua indetectabilidade. Como ela se aproveita de um recurso intrínseco aos navegadores modernos, a tag <canvas> do HTML, é difícil barrá-la. Seria o equivalente a impedir o seu navegador de exibir palavras em negrito para conter uma possível brecha de segurança.

No BoingBoing, Glenn Fleishman explica que essa e outras técnicas só são possíveis pela evolução dos navegadores. Se antes eles serviam como janelas burras que exibiam conteúdo limitado e totalmente processado no lado servidor, nos últimos anos com coisas como HTML5, Ajax e armazenamento local (IndexedDB, por exemplo), o navegador ganhou super poderes e passou a ter mais autonomia ao lidar com páginas web. E como dizia o tio Ben…

Mais sofisticação traz consigo um previsível preço relacionado à privacidade sobre a qual esse último paper [do Fingerprint Canvas] revela mais coisas. Quanto maior o poder e a flexibilidade de uma alternativa para que dados sejam armazenados ou criados no navegador, maior a probabilidade de que ela seja usada para isolar e identificar um navegador, se não um indivíduo. Quem desenvolve navegadores normalmente permanece neutro ou minimiza os impactos em privacidade de novos recursos que têm o potencial de empurrar informações aos navegadores ou identificá-los unicamente. Mesmo em casos onde não são, a tecnologia pode ser tão poderosa que pode ser subvertida para o rastreamento.

Para o pesquisador de segurança e privacidade Ashkan Soltani, trata-se uma corrida armamentista cujo ganhador são os anunciantes e o culpado por ela, a economia da Internet. “Existe um grande incentivo para ter certeza de que você está identificando (com cookies ou impressão digital) cada usuário individualmente a fim de se ter uma contagem precisa (e, consequentemente, um montante exato de dólares).”

Na ProPublica, que divulgou o paper que expõe a Fingerprint Canvas, Julia Angwin traz um pequeno roteiro ensinando como navegar anonimamente. As dicas denotam, em ressalvas como “pode ser lento” e “quebra vários sites”, como os avanços dos mecanismos de rastreamento estão intimamente ligados à tecnologia dos navegadores. Manter-se anônimo na web, hoje, é sinônimo de ter uma experiência de segunda classe. Troca-se, afinal, a privacidade pela comodidade.

Essencial Tech da Super Interessante

Estava passando o tempo em uma livraria no aeroporto de Cumbica, na última quarta-feira, quando encontrei esta revista:

Especial da Super Interessante.
Foto: Rodrigo Ghedin.

Por que você a esta vendo aqui? Porque a convite do Pedro (obrigado!), colaborei neste especial da Super Interessante.

Expediente da revista.
Olha eu ali! Foto: Rodrigo Ghedin.

Fiquei bem contente — por ter colaborado e pelo resultado. Sou suspeito a falar, mas curti muito o material. Com dicas, recomendações diretas e dados interessantes, a revista trata de jogos, imagem, smartphones, apps etc, e termina com alguns exercícios de futurologia, mas aquela futurologia do bem, que analisa sinais contemporâneos para antecipar o que provavelmente será lugar comum amanhã.

Custa R$ 14 e já deve estar nas melhores bancas do país. Quem preferir a versão digital, tem no iba pelo mesmo preço.

Primeiras impressões do Lumia 630

Mais um dia, mais um smartphone desembarca aqui. Desta vez foi o Lumia 630, da Microsoft, o palco para a estreia no Windows Phone de dois recursos de muito apelo no segmento de entrada: suporte a dois SIM cards e TV digital.

Atualização: O review completo do Lumia 630 já está no ar.

Lumia 630.
Foto: Rodrigo Ghedin.

Gostei: o tamanho é bem legal. Se encaixa bem na mão, no bolso e a espessura, embora não seja das mais finas, também fica dentro dos limites confortáveis para o manuseio. Ele tem um design bem simples, ainda mais do que a média dos Lumias — nada de botão dedicado a fotos, ou os táteis do sistema, que agora são virtuais. Ajuda na composição de um visual mais clean. Já vem com Windows Phone 8.1 instalado.

Não gostei: a unidade que recebi está bem gasta, com a tampa de trás suja (e ainda por cima é branca) e umas marcas na tela deixadas pelo adesivo de fábrica que a cobre. A primeira impressão da tela é ruim: além da resolução que não empolga, o brilho no médio está mais para baixo (e não há sensor de luminosidade) e a sensação do toque é ruim. Lembra muito aqueles smartphones abaixo de R$ 500 que testei ano passado.

O que mais: não sei se alguém esqueceu dele ou se não existe mesmo, mas diferente de outros smartphones com suporte a TV digital este Lumia 630 não tem aquela antena externa que vai no plug dos fones de ouvido. Pelo Twitter o Guilherme me avisou que a antena do Lumia 630 está embutida nos fones de ouvido. Vieram na caixa o carregador de parede, a bateria (solta) e os fones, que parecem extremamente básicos. A caixa, aliás, é bem diferente daquelas azuis padrão Nokia. Gostei da mudança, o novo desenho tem um ar mais moderno.

Nova caixa do Lumia 630.
Foto: Rodrigo Ghedin.

O próximo review da fila é o do Xperia Z2 (o da SmartBand, que vem no pacote, saiu semana passada), depois vem o Moto E e, aí sim, Lumia 630. Se tiver alguma dúvida ou quiser sanar uma curiosidade sobre o Lumia 630, use os comentários abaixo.

A dupla dinâmica do Foursquare parte em uma missão de vida ou morte

Na última terça-feira, em São Paulo, notificações do Swarm apareceram com mais frequência na tela do meu smartphone. Muitos contatos moram na cidade e, estando nas redondezas, o app espertamente passou a exibir as atividades deles.

Havia (ainda há) dúvidas sobre o Swarm, o app exclusivo para check-ins do Foursquare. Apesar de promissor e cheio de oportunidades para se encontrar cara a cara com seus amigos (é isso o que importa, certo?), a remoção das medalhas, prefeituras e sistema de pontos foi um banho de água fria nos usuários mais assíduos.

Parece, porém, que para um público maior o racha do app principal foi positivo. No anúncio das futuras novidades do Swarm, o blog oficial informou que “tem sido intenso [o trabalho] para acompanhar o crescimento (o Foursquare não teve tantos usuários por alguns anos)”. Novos stickers e mudanças sutis no funcionamento do app estão nos planos para o futuro próximo, junto com o app oficial para Windows Phone.

O renovado Foursquare.
Imagem: Foursquare.

Quem também está na boca do forno é o renovado Foursquare. Com novo logo, visual reformulado e foco total na descoberta de lugares, o app tentará mais uma vez se livrar do estigma dos check-ins.

Para aqueles que viam o Foursquare apenas como um jogo e ignoravam todo o resto, vale a dica: dê uma olhada no banco de venues e nas dicas deixadas pelos usuários. É um conteúdo rico e mais organizado do que, por exemplo, o do Facebook — reparou como os locais do Instagram ficaram bagunçados recentemente? Migraram o banco de dados do Foursquare para o do Facebook.

O novo app é todo sobre esse eterno “lado B” da antiga experiência do Foursquare. Agora que não precisa mais abrigar toda a mecânica de check-ins e dividir as atenções, ele se dedicará a fornecer informações úteis, relevantes e, em conjunto com o Swarm, atualizadas: em tempo real, baseado no uso desse, o Foursquare poderá indicar quais locais ao redor estão bombando, criando um mapa vivo e vibrante do mundo. É uma combinação de fatores interessante e sem igual na indústria hoje.

É mais fácil alguém estar em busca de um restaurante bacana do que de jogar na cara dos amigos que foi a mais lugares, daí o interesse do Foursquare em promover seu lado Yelp, de transformar o “lado B” em hit. Além do público em potencial ser maior, paga-se bem por boa informação. A Microsoft despejou US$ 15 milhões para botar as mãos nas venues do Foursquare e, recentemente, os maiores usuários/parceiros do Foursquare, que somam menos de 1% do total, passaram a ser cobrados por esse acesso.

Casos de serviços que não estouram para o mainstream e, a despeito disso, continuam operando por tanto tempo não são muito comuns. O Foursquare surgiu no começo de 2009; no universo de apps e startups, cinco anos é uma era. A sorte é que ninguém, incluindo Facebook e Google (que tenta mais uma vez atropelá-lo), ainda conseguiu quebrar o código da geolocalização. A dupla Swarm + app principal renovado é a aposta mais alta já feita pelo Foursquare. Se não for agora, talvez não fosse para ser.