Os melhores apps para Android, iOS e Windows Phone (fevereiro/2014)

A tradição continua: todo fim de mês é publicada, no Manual do Usuário, uma lista com os melhores apps lançados no intervalo para Android, iPhone e Windows Phone.

Esse intervalo mensal foi escolhido para dar margem à escolha dos melhores de fato, afinal sai muito app toda semana, mas nem todos são bons, são os melhores. Em vez de posts semanais magrinhos ou com apps meia boca, sai só um por mês, com apps realmente bacanas, só a nata do desenvolvimento em plataformas móveis.

Reiterando as regrinhas apresentadas mês passado, a lista abaixo está em ordem alfabética, com os três sistemas misturados. Quando um app é multiplataforma, todos os links são exibidos. Aproveite e, caso note uma omissão, mande-a nos comentários.


AllCast

Ícone do AllCast.Para Android.
O que é? App que permite fazer streaming de conteúdo local para uma TV.
Preço? R$
DOWNLOAD

Agora com o Chromecast SDK, o AllCast, que chamou a atenção quando o Chromecast foi lançado para logo em seguida perder o suporte a ele, voltou a funcionar com o pequeno dongle HDMI do Google.

Na prática, o AllCast transmite para a TV conteúdo a partir de outros dispositivos, como Roku, Apple TV, Xbox 360/One e até diretamente para algumas Smart TVs. É uma comodidade extra, e funciona bem. A nova versão ganhou uma reformulação visual, melhorias no suporte a formatos menos mainstream, como MKV, e outras correções menores.

Screenshots do AllCast.


Automated Device

Ícone do Automated Device.Para Android.
O que é? Criação de regras para automatizar funções do smartphone.
Preço? Gratuito
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A interface não é só feia, é confusa. As telas não têm uma ordem muito específica, às vezes é preciso voltar para avançar (?). Telas de confirmação? Não existem. É meio complicado, mas depois que se pega o jeito a coisa flui e o Automated Device mostra o seu poder.

Com esse app é possível definir regras, gatilhos e ações para o seu smartphone. Digamos que você queira desativar a conexão de dados quando der 23h59 ou com o Wi-Fi ativado. É possível definir essa regra e o smartphone se comportará como o esperado. As possibilidades são infinitas.

O Automated Device lembra bastante o Tasker, porém é gratuito. O app é novo e está sendo ativamente desenvolvido — e quem se interessar mais por informações de bastidores pode dar um pulo neste tópico do XDA.

Screenshots do Automated Device.


Basecamp

Ícone do Basecamp.Para Android e iPhone.
O que é? App oficial do Basecamp, sistema de gerenciamento de projetos.
Preço? Gratuito
DOWNLOAD Android, iPhone

Usado e adorado por muita gente, o Basecamp, que já existia no iPhone, finalmente ganhou um app oficial no Android.

O que dá para fazer na versão web, é possível também no app móvel — que inclusive tem layout adaptável a tablets. Delegar tarefas, ver as novidades do projeto, criar e alterar listas de tarefas, conversar com os outros membros… está tudo lá, na palma da mão.

A 37Signals passou recentemente por uma grande mudança, que afetou até o nome da empresa, agora Basecamp. É um serviço antigo, tradicional e confiável.


Bing Receitas e Bebidas

Ícone do Bing Receitas e Bebidas.Para Windows Phone.
O que é? Receitas de comida, coquetéis e avaliações de vinhos.
Preço? Gratuito
DOWNLOAD

Mais um app que faz o caminho do Windows para o Windows Phone, o Bing Receita e Bebidas é um compêndio de… bem, de receitas e bebidas. Além de dar o passo-a-passo para fazer seus quitutes, ele também conta com uma seção de coquetéis e outra com avaliações de vinhos. Ainda dá para fazer a lista de compras no próprio app e salvar os itens que mais lhe interessam.

Como os demais apps Bing, esse também é bem feito e muito ágil. Para aspirantes a mestre-cuca, uma boa pedida!

Screenshots do Bing Receitas e Bebidas.


Bing Viagem

Ícone do Bing Viagem.Para Windows Phone.
O que é? Destinos para viagens, agendamento de viagens e estadias em hotéis.
Preço? Gratuito
DOWNLOAD

A receita (rá!) é a mesma do app de cima, mas adaptada ao contexto turístico. O Bing Viagem fornece informações abundantes, com fotos e destinos interessantes para quem quer viajar por esse mundão.

Além de ajudá-lo a escolher um lugar legal para passar as férias, o app ainda oferece comparação de preços de passagens aéreas e diárias de hotéis. Essas facilidades usam serviços de terceiros. No caso dos voos, até o status dele é exibido. Se rolar um atraso ou a aterrissagem for antecipada, você saberá.

Screenshots do Bing Viagem.


Catchr

Ícone do Catchr.Para iPhone.
O que é? Monitor de atividades no smartphone.
Preço? US$ 1,99
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Está desconfiado de que andam mexendo no seu iPhone quando você não está por perto? O Catchr tira a prova. Ao ser ativado, o app passa a monitorar todas as atividades desempenhadas no aparelho — quais apps foram abertos e fechados, com data e horário, e por onde ele andou, via GPS. Bom para quem tem um cônjuge ciumento e acredita que privacidade é um direito sagrado do qual não se pode abrir mão.

Há problemas com dois apps, Mail e o de telefone, devido a restrições da Apple sobre o que apps do iOS podem fazer. Tenha em mente, também, que quando ativo há um consumo acima da média da bateria, já que o GPS fica ativo o tempo todo.

Screenshots do Catchr.


Google Now Launcher

Ícone do Google Now Launcher.Para Android.
O que é? Launcher do Nexus 5.
Preço? Gratuito
DOWNLOAD

O launcher do Nexus 5 finalmente foi disponibilizado para outros dispositivos Android, mas apenas os da linha Nexus e Google Play Edition.

Gratuito, ele traz algumas mudanças estéticas, como ícones maiores, nova tela de configuração das home screens e novos planos de fundo. Outra novidade bem-vinda é o Google Now a um arrastar de dedo da esquerda para a direita, ou acessível via comando de voz — apenas com o smartphone desbloqueado e com o Google Now em inglês.

Screenshots do Google Now Launcher.


Hello SMS

Ícone do hello sms.Para Android.
O que é? App minimalista para envio de mensagens SMS.
Preço? Gratuito
DOWNLOAD

No Android 4.4, o Google deixou de lado o app dedicado para mensagens SMS e as integrou ao Hangouts. Se você quer um app exclusivo para lidar com mensagens de texto, ou está em uma versão antiga do Android e quer algo melhor que o padrão, o Hello SMS é uma boa pedida.

O app é bastante minimalista, mas conta com alguns truques interessantes. Ele puxa fotos da lista de contatos, o que facilita identificá-los em meio às conversas. Também permite mandar fotos, via MMS, direto do app. Nas configurações, dá para personalizar os sons e notificações do app. E é basicamente isso.

Screenshots do Hello SMS.


Magnify

Ícone do Magnify.Para Windows Phone.
O que é? Leitor de RSS com foco no visual.
Preço? Gratuito
DOWNLOAD

O Magnify, que até a última versão se chamava FlipMag, ainda está em beta, mas tem grandes ambições. Na sua descrição, se diz “o leitor de RSS mais bonito do Windows Phone”. Ele tem um visual que lembra os blocos dinâmicos do Windows Phone, apenas mais coloridos e chamativos. Há um bom uso de imagens extraídas dos posts e a tela de leitura é agradável.

A divisão do app é bonita e as transições, embora um pouco truncadas, têm potencial. Só é estranho o uso de paginação para a leitura dos artigos; em textos longos, pode ser cansativo.

Screenshots do Magnify.


Muzei Live Wallpaper

Ícone do Muzei Live Wallpaper.Para Android.
O que é? Planos de fundo artísticos trocados automaicamente.
Preço? Gratuito
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Cansado da mesmice visual no seu Android? O Muzei (russo para “museu”) traz pinturas célebres para o aparelho e as troca automaticamente. A fim de não prejudicar a legibilidade dos ícones e inscrições das telas iniciais, o app joga um “blur” nas pinturas — mas, caso queira apreciar a obra, basta dar dois toques em uma área vazia da tela inicial e o efeito vai embora.

Quem se achar o artistão e preferir ver suas próprias fotos trocadas periodicamente pelo app, tem essa opção também. O Muzei tem uma API aberta, o que significa que conjuntos de wallpapers podem ser criados e distribuídos por terceiros. É um app bonito e muito bem feito.

Muzei Live Wallpaper Promotional Video


Pacemaker

Ícone do Pacemaker.Para iPad.
O que é? Mesa de DJ fácil de usar e integrada ao Spotify.
Preço? Gratuito.
DOWNLOAD

Sempre quis atacar de DJ, mas nunca levou jeito para a coisa? Os criadores do Pacemaker, exclusivo para iPad, garantem que qualquer um pode mandar bem na discotecagem com esse app. A proposta deles é que o Pacemaker seja para aspirantes a DJs o que o Paper, da FiftyThree é para desenhistas em formação: uma ferramenta agradável e acessível.

Além de facilitar o uso com uma interface pra lá de elegante, o Pacemaker resolve o problema do acervo de músicas integrando-se ao Spotify. O serviço, que ainda não estreou no Brasil, oferece mais de 20 milhões de músicas e tem um plano gratuito, suportado por anúncios.

Mix Everything on Pacemaker for iPad with iTunes and Spotify


Paper

Ícone do Paper.Para iPhone.
O que é? Nova forma de visualizar conteúdo do Facebook.
Preço? Gratuito.
DOWNLOAD

Criado por uma equipe reduzida do Facebook, o Paper (não confunda com o da FiftyThree!) é uma nova forma de acessar o conteúdo do Facebook, além de outros materiais selecionados por curadores humanos e algoritmos.

O app foi muito elogiado (inclusive por mim) devido à sua qualidade. As animações e transições de tela são suaves, a navegação por gestos é intuitiva e há pouco a reclamar dele.

O Paper só está disponível na App Store norte-americana, então se a sua conta for brasileira, o link não funcionará.

Bônus: na Loja do Windows Phone apareceu o Booklet, uma cópia fidedigna, porém sem a estabilidade e polidez do Paper.


Pin.it

Ícone do Pin.it.Para Windows Phone.
O que é? Cliente não-oficial do Pinterest.
Preço? Gratuito.
DOWNLOAD

Mais um app não-oficial, e mais um bom. O Pin.it conversa com o Pinterest, a rede social que permite criar boards e pendurar fotos de produtos, inspirações e tudo mais que você quiser. Ele usa a API oficial do Pinterest, o que deve garantir uma comunicação suave com o serviço. Seu criador garante: qualquer coisa feita no site pode ser feita no app também.

Embora capaz, o design não é tão inspirado. A visualização é em uma coluna, o que faz sentido na tela apertada do smartphone, e as configurações são bem robustas — pode-se trocar as cores da interface e acrescentar um bloco dinâmico personalizado na tela inicial do sistema. O app permite não só apreciar, mas também publicar conteúdo a partir de imagens e fotos salvas no aparelho.

Screenshots do Pin.it.


Poki

Ícone do Poki.Para Windows Phone.
O que é? Cliente não-oficial do Pocket.
Preço? R$ 3,99
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Na falta de um app oficial do Pocket, aquele serviço de “read later”, o jeito é apelar para alternativas. O Poki impressiona: é bonito, tem uma identidade visual toda própria e, ainda assim, condizente com o Windows Phone. É exemplar.

No Poki, é possível alterar bastante a tipografia, escolher até três padrões de cores e ouvir notícias — mas se restrinja a textos no idioma do aparelho; colocar a moça que fala português para ler textos em inglês é desastroso.

A versão de testes permite baixar até 50 entradas do Pocket.

Screenshots do Poki.


Stackables

Ícone do Stackables.Para iPhone.
O que é? Edição de fotos via aplicação de camadas.
Preço? US$ 0,99
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Do mesmo criador do ProCam, o Stackables é mais um app de edição de fotos com um punhado de filtros e recursos avançados. O diferencial dele é na forma com que esses filtros são aplicados. Em vez de selecionar um por um, individualmente, aqui o conceito de camadas se faz presente, quase como no Photoshop.

Não há limite de camadas, e dada a quantidade de recursos — 150 efeitos, 20 ferramentas de ajustes e 23 fórmulas pré-definidas –, dá para variar e inventar bastante coisa.

Bônus: só hoje (28 de fevereiro) o Stackables está saindo de graça na App Store!

Screenshots do Stackables.


SwiftKey Note

Ícone do SwiftKey Note.Para iPhone e iPad.
O que é? App de notas com suporte ao SwiftKey.
Preço? Gratuito.
DOWNLOAD

Não, a Apple não mudou a política que restringe teclados de terceiros no iOS. Para contornar essa limitação, o pessoal do SwiftKey, muito popular no Android, criou um app de notas e integrou, logo acima do teclado padrão do sistema, a previsão de palavras que lhe é tão característica.

O app é tão simples quanto eficiente. Ele aprende com o que o usuário digita, oferecendo palavras mais usadas e tentando adivinhar as próximas — para que se digite mais com menos toques. O Note ainda se conecta ao Evernote, importante seus hábitos de digitação de lá e permitindo a sincronização das notas redigidas no iPhone ou iPad.


Type Machine

Ícone do Type Machine.Para Android.
O que é? Grava automaticamente tudo o que é digitado no smartphone/tablet.
Preço? ~R$ 4,80
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Uma das coisas mais frustrantes é perder o texto recém-digitado. Seja um comentário, um post ou alguma bobagem, reescrever é sempre chato. O Type Machine garante que isso não aconteça. Como? Copiando tudo o que você digita.

Parece meio assustador (e é), mas o app toma medidas para evitar o pior. Dá para estabelecer uma senha de acesso a ele, um prazo para que os textos copiados expirem e, importante, ele não tem permissão para acessar a Internet — a única permissão que ele tem é a de iniciar junto com o sistema.

Os textos são copiados em tempo real e organizar por app. Dá para vê-los em uma linha do tempo e, claro, copiar qualquer coisa dali.

Screenshots do Type Machine.


Waterlogue

Ícone do Waterlogue.Para iPhone e iPad.
O que é? Conversão de fotos em pinturas.
Preço? US$ 2,99
DOWNLOAD

Não é mais necessário lidar com pincéis e tintas, ou mesmo ter habilidade artística para fazer suas próprias aquarelas. Com o Waterlogue, basta tirar uma foto e fazer os ajustes para transformá-la em uma bela pintura.

Criação de dois desenvolvedores, o app oferece alguns modos de pintura e uma interface simples e direta.

Screenshots do Waterlogue.


Zippy

Ícone do Zippy.Para iPhone.
O que é? Lista de tarefas com estatísticas.
Preço? US$ 1,99
DOWNLOAD

Mais um app de listas de tarefas… mas com um diferencial interessante: insights. O Zippy monitora e traduz, em gráficos, as suas atividades. Esses gráficos podem ser úteis para mostrar onde falta ânimo e/ou eficiência, em quais áreas você termina as pendências mais rapidamente e outras constatações.

Além de útil, o Zippy tem um visual característico e agradável. Faltam recursos comuns em apps do tipo, como compartilhamento de listas, mas o lance das estatísticas por si só já vale a pena.

Bônus: até 4 de março, o Zippy está com 50% de desconto — sai por US$ 0,99.

Screenshots do Zippy.


Quer mais apps? Leia a seleção dos melhores apps de janeiro e as dos melhores apps de 2013 para iPhone, Android e Windows Phone.

[Review] Xperia Z1, o smartphone à prova d’água e com algumas peculiaridades

Com tantos smartphones topo de linha rodando Android, cada fabricante busca diferenciais para o seu. É assim desde os primórdios. No Xperia Z1 a mão da Sony se nota em duas áreas: acabamento do hardware e serviços extras.

Lançado em setembro de 2013, o Xperia Z1 é muito bonito. Ele converge algumas tecnologias e serviços de outros setores da Sony, um esforço conjunto que casa com a nova política de foco em mobilidade, fotografia e jogos divulgada recentemente pela empresa. Adianto que, na prática, esse smartphone me agradou mais do que eu, com meu preconceito com modificações no Android, esperava. Há deficiências, sim, mas há mais coisas para se gostar do que as que incomodam.

Com acabamento premium, serviços da Sony e uma câmera promissora de 20,7 mega pixels, o Xperia Z1 tem o suficiente para se destacar? É o que veremos em mais um review no Manual do Usuário. Continue lendo “[Review] Xperia Z1, o smartphone à prova d’água e com algumas peculiaridades”

O Nokia X não é para você, mas é importante para Nokia e Microsoft

Em 2010, antes da parceria entre Nokia e Microsoft ser anunciada, muita gente sonhava com um smartphone da empresa finlandesa rodando Android. Na época Anssi Vanjoki, então executivo da Nokia, declarou que recorrer ao Android equivalia a “fazer xixi nas calças para se esquentar no inverno”, ou seja, era uma solução paliativa, sem futuro.

A frase de Vanjoki (que se demitiu logo depois de proferi-la) foi muito recitada ontem por ocasião do anúncio do Nokia X, nova família de smartphones que rodam Android. À primeira vista, parece que morderam a língua. Não é bem assim. O Nokia X usa mesmo Android, mas não disputa espaço com outros smartphones com o sistema do Google. Ele sequer tem a ver com o Google. Complicou? Calma que eu explico. Continue lendo “O Nokia X não é para você, mas é importante para Nokia e Microsoft”

O WhatsApp é do Facebook: por que, o que muda e para onde correr (se quiser) com essa venda

Entre morangos cobertos com chocolate no último Dia dos Namorados, a venda do WhatsApp para o Facebook foi consolidada. Jan Koum, co-fundador e CEO do WhatsApp, não poderia ter aparecido na casa de Mark Zuckerberg em hora mais inoportuna, mas para quem estava disposto a gastar uma bolada com a aquisição da startup, o que é um Dia dos Namorados, certo Zuckerberg? Priscila Chang não deve ter ficado chateada em dividir seus morangos com o novo colega de trabalho do marido.

Essa é apenas uma das histórias surreais que envolvem o WhatsApp, app de troca de mensagens comprado ontem pelo Facebook por astronômicos US$ 19 bilhões — US$ 4 bi em dinheiro, US$ 12 bi em ações e US$ 3 bi, ainda pendentes, em ações restritas a serem distribuídas aos 55 funcionários do WhatsApp nos próximos quatro anos. Isso é quase 10% do valor de mercado do Facebook.

O WhatsApp nunca teve muita divulgação formal e seus fundadores sempre foram discretos, recusando aparições na mídia. Nem uma assessoria de imprensa eles tinham. De acordo com Brian X. Chen, do New York Times, Koum e o outro co-fundador, Brian Acton, dois ex-executivos do Yahoo, encaravam sua startup como a antítese do Vale do Silício. E essa imagem ia muito além do trato com a imprensa.

Em um universo recheado de apps gratuitos, a maioria bancada por anúncios, o WhatsApp despontou como um caso raro de app pago e sustentável. A estrutura é enxuta, os funcionários, poucos e comprometidos. O modelo de negócios dele se baseia em assinaturas anuais de US$ 1, com o primeiro ano (e, em vários casos, até mais) grátis. Parece funcionar bem.

O WhatsApp não é apenas diferente, ele é agressivamente contrário ao modelo predominante baseado em anúncios. Uma das “aparições públicas” mais emblemáticas da empresa se deu neste post do blog oficial, de junho de 2012, em que Koum explica por que o app não veicula anúncios.

“Lembre-se: quando anúncios estão envolvidos você, o usuário é o produto.”

Sem anúncios, sem jogos, sem truques.
Foto: Sequoia Capital.

Em sua mesa, Koum mantém um post-it escrito por Acton (foto ao lado) onde se lê “Sem anúncios, sem jogos, sem truques”. Até agora, eles têm seguido religiosamente esses mandamentos.

A ideia é que, mesmo com o negócio fechado com o Facebook, esse discurso não mude. Veremos essas implicações com mais detalhes a seguir, mas antes, tem a pergunta que não quer calar.

Por que o Facebook pagou tanto pelo WhatsApp?

O WhatsApp era independente, livre de anúncios e super popular, especialmente nos mercados em desenvolvimento. No ano passado, Charles Golvin, da Forrester, disse ao BuzzFeed que “em locais como Brasil, México, Espanha… 25% do tempo que as pessoas gastam nos smartphones, são gastos no WhatsApp. O número varia em cada desses países, mas é dessa magnitude”. Isso é muita coisa.

De lá para cá o ritmo de crescimento do WhatsApp não diminuiu. Continua acelerando, ganhando um milhão de novos usuários por dia. Dependendo dos seus critérios, ele se configura como a rede social que cresceu mais rapidamente na história, superando com folga Twitter, Instagram e o próprio Facebook. Com 450 milhões de usuários, 70% deles ativos diariamente, a curva de crescimento comparada às de outras redes populares impressiona:

Gráfico compara o crescimento do WhatsApp ao de outras redes sociais.
Gráfico: Facebook.

Parece loucura, mas vendo esses números fica claro que o WhatsApp representava uma ameaça ao domínio do Facebook. E o Facebook, como o histórico recente mostra, não dá margem a ameaças. O Instagram, a rede social de fotos preferida de quem tem e fotografa com um smartphone, foi comprada em 2012 por US$ 1 bilhão. O Snapchat também foi alvo dos cofres de Zuckerberg, mas resistiu à oferta US$ 3 bilhões.

Mesmo tendo um app similar (e bom!), o Facebook Messenger, o WhatsApp parte de premissas diferentes das do Facebook e, mais importante, já caiu no gosto do povo. O Facebook Messenger também permite a troca de mensagens diretas a partir da lista de contatos do celular, mas é mais comumente usado para se comunicar com contatos do Facebook, a rede onde estão seus amigos. E seus parentes. E gente que você não vê há décadas e/ou adicionou por mera formalidade. No WhatsApp, na sua lista de contatos do celular, estão pessoas mais próximas, com quem se conversa de fato. Pesa a favor também a disponibilidade: ele funciona em um punhado de plataformas, até no Symbian.

A aquisição também reforça a ideia de apps distintos que o Facebook começou a colocar em prática nesse ano com o Paper. Facebook Messenger, Instagram, Paper e WhatsApp formam um quarteto e tanto. Fragmentar o uso do smartphone em diversos apps não parece ser problema para o Facebook, desde que esses apps sejam do Facebook.

E para quem achou US$ 19 bilhões muita coisa, é interessante contrapor esse valor ao que o SMS, aquele sistema arcaico de troca de mensagens das operadoras, fatura. Em 2013 o SMS teve faturamento recorde de US$ 120 bilhões no mundo inteiro. As previsões mais negativas, como a da Informa, dizem que até 2018 haverá uma queda nesse número, mas mesmo ela se concretizando, o faturamento será de US$ 96,7 bilhões. Em vários locais, para muita gente, o WhatsApp substituiu o SMS. Não é preciso refletir muito para ver o potencial que o WhatsApp tem.

Corram para as colinas? Muita calma

Conversa via WhatsApp.
Mais um.

Não demorou muito para surgirem artigos, tuítes e recomendações para que todos pulemos do barco e procuremos alternativas ao WhatsApp. Elas existem, aos montes — o segmento é um dos mais ativos atualmente, com vários players disputando a atenção dos usuários e seus amigos, ainda que nenhum deles supere o WhatsApp em números brutos.

Mas… calma. Não colocaria a minha mão no fogo pelo futuro do WhatsApp, não diria, agora ou em qualquer outro momento, que nada mudará. Ninguém sabe. Por ora, porém, o tom das declarações oficiais tanto do WhatsApp, quanto do Facebook, é ameno. Eles sabem que não existem muitos fãs que confiam cegamente no Facebook, que a maioria de nós temos um pé atrás com as políticas agressivas de (falta de) privacidade da rede.

No blog oficial do WhatsApp, Koum garantiu:

“Eis o que muda para vocês, nossos usuários: nada.

O WhatsApp continuará autônomo e operando independentemente. Você pode continuar a usufruir do serviço por uma pequena taxa. Você pode continuar usando o WhatsApp não importa em que lugar do mundo esteja, ou qual smartphone estiver usando. E você pode contar com absolutamente nenhum anúncio interrompendo suas conversas. Não haveria uma parceria entre nossas empresas se tivéssemos que comprometer os princípios basilares que sempre definiram a nossa empresa, nossa visão e nosso produto.”

No Facebook, Zuckerberg reforçou a mensagem:

“O WhatsApp continuará a operar independentemente dentro do Facebook. O roadmap do produto permanecerá inalterado e a equipe continuará em Mountain View. Ao longo dos próximos anos, trabalharemos duro para ajudar o WhatsApp a crescer e conectar o mundo inteiro.”

O que pode acontecer depois que a euforia passar e os (supostos) planos maquiavélicos de Zuckerberg forem postos em prática? Nada muito drástico, imagino. Diferentemente do Instagram, que passará a exibir anúncios, o WhatsApp já tem um modelo de negócios que funciona.

Talvez, e lembre-se que estamos no terreno das suposições, aconteça alguma integração discreta e indireta entre as plataformas, como a que ocorreu com o Instagram. O WhatsApp tem um “asset” importante: 450 milhões de números de celular. O Facebook, e não é de hoje, sempre pede esse número aos seus usuários, para facilitar o resgate da conta caso ela seja comprometida e também para somar esses dado ao extenso banco que tem de cada um de nós, usuários.

Não acredito em uma intervenção mais drástica. O público é sensível a mudanças, ainda que muito dessa sensibilidade se reduza a gritaria nas redes sociais — lembra da revolta do Instagram? Não se culpe se não lembrar, ela se foi com a mesma rapidez com que veio e contabilizou poucas baixas. Ainda assim, é melhor não arriscar. E ainda tem Koum, co-fundador e CEO do WhatsApp, que agora é parte conselho do Facebook. Ele seria uma voz forte contrária a mudanças que forem contra a filosofia do app que criou.

Não interessa, não quero saber mais de WhatsApp

Ok, então. E, novamente, não tem culpo: para além do Facebook, o WhatsApp nunca foi um modelo de segurança e privacidade. Protocolos de segurança fracos (ou até inexistentes) são comuns em sua história, ainda que não haja registros de grandes vazamentos.

Existem vários serviços similares por aí, e você deve conhecer alguns mais famosos, como WeChat, Viber, Line e ChatOn. Tem os das antigas também, como BBM e Skype, e o negócio entre Facebook e WhatsApp apenas reforça o quanto BlackBerry e Microsoft se acomodaram nesses últimos anos. Mas, falando de futuro, que tal dar um passo adiante? Já que é para mudar, que mudemos para algo superior.

Existem dois apps que focam em privacidade e têm, nesse apelo, seu diferencial.

Hemlis, o app de mensagens focado em privacidade.
Foto: Hemlis/Reprodução.

O primeiro é o  Hemlis, que significa “segredo” em sueco. Ele tem entre seus co-fundadores Peter Sunde, um dos caras por trás do The Pirate Bay, maior site de compartilhamento de arquivos piratas do mundo.

O Hemlis apareceu durante as revelações do escândalo de espionagem da NSA como uma resposta à falta de privacidade na Internet. Bancado por uma campanha de crowdfunding, a promessa é de um app, com versões para iPhone e Android, que permita a comunicação nos moldes do WhatsApp, mas criptografada. Até agora, mais de sete meses desde o seu anúncio, ele segue como uma promessa.

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Telegram, app de mensagens russo.
Imagens: Telegram/Reprodução.
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O outro, a que fui apresentado ontem (valeu, Rafa!), é o Telegram. O app foi lançado em agosto de 2013 pela Digital Fortress, empresa de Pavel Durov, chamado pela Reuters de “Zuckerberg russo”. Explico: é dele a rede social Vkontakte, a maior da Rússia.

O Telegram, também disponível para iPhone e Android, tem algumas premissas interessantes e faz da privacidade a sua bandeira. A comunicação é criptografada e Durov confia tanto no seu taco que, no começo do mês, ofereceu US$ 200 mil em Bitcoins para quem quebrasse a segurança do serviço.

Mais que isso, o Telegram possui API e protocolo abertos. Os clientes oficiais são de código aberto e, em 2014, Durov prometeu abrir o código que roda no servidor também. Não dá para classificar o Telegram como software livre porque algumas partes do código que permite ao serviço funcionar na nuvem são proprietárias. Aliás, além da comunicação com o intermédio da nuvem, que possibilita acompanhar as conversas em múltiplos dispositivos, o Telegram também possui um modo secreto, em que a comunicação é de ponta a ponta, sem intermediários.

O Telegram parece (não o testei a fundo ainda) uma oferta muito polida e bem desenhada para a troca de mensagens de texto. Pode substituir o WhatsApp? Poderia, mas como migrar essa base de um serviço para o outro? Um app de mensagens, assim como uma rede social não é nada sem pessoas e, no momento, sou o único da minha lista de contatos com o Telegram instalado.

No mundo dos negócios, um tanto de sorte, uma pitada de timing e pequenas doses de outras características que não podem ser compradas ou achadas por aí pesam bastante. O WhatsApp e os US$ 19 bilhões que conseguiu na maior venda de uma startup já registrada estão aí para provar isso.

Meu primeiro smartphone: dicas para aproveitar (e não se irritar) com o seu

Se você ainda não carrega um smartphone no bolso, é questão de tempo até se ver nessa situação. Com o aumento nas vendas impulsionado pelo barateamento da tecnologia e a substituição gradativa dos aparelhos mais simples, os dumbphones, trilhamos o caminho do smartphone onipresente. Neste post, trago tudo o que você sempre quis saber sobre smartphones mas nunca teve coragem de perguntar.

A IDC constatou um crescimento de 122% nas vendas de smartphones em 2013 no Brasil, o que o levou a superar os modelos simples em volume pela primeira vez na história — 52% contra 48%. Embora a estimativa para 2014 aponte para uma redução no ritmo, o segmento deverá crescer. A Abinee prevê um aumento de 61% na base instalada no país. No mundo, o Gartner diz que 55% de todos os celulares vendidos em 2013 foram smartphones.

Tem muita gente se aventurando com um smartphone pela primeira vez. É um universo novo, cheio de possibilidades — e dúvidas. Algumas, para o leitor regular do Manual do Usuário, podem parecer triviais. Para a maioria, porém, não são.

Este texto tem o objetivo de ser um guia de iniciação para os marinheiros de primeira viagem, um punhado de dicas compilado após consultas com pessoas que ainda não têm ou que acabaram de comprar um smartphone.

Se conhece alguém na situação, poderá poupar muito tempo, seu e dele, simplesmente encaminhando este artigo. Fiz um grande esforço para contemplar todas as dúvidas que comumente surgem no primeiro contato com um smartphone. Se ainda assim você sentir falta de alguma informação, por favor use os comentários.

O que é um smartphone?

Antes de entrarmos nas especifidades da questão, é bom esclarecer desde já o que é um smartphone.

Não existe um conjunto de diretrizes, ou características que, cumpridas, classificam um dispositivo como smartphone. Ele é, no geral, um celular com poderes que vão além de fazer ligações e trocar mensagens de texto.

As características mais distintas de um smartphone são seu alto poder de convergência e o sistema operacional que o move somado aos apps que ele pode receber.

Um smartphone consegue, diferentemente de um celular simples, acessar a Internet, fazer fotos, localizar a sua posição via GPS, tocar música e vídeo, entre outras coisas. Ele é uma máquina de convergência. Um celular simples, principalmente modelos contemporâneos, até consegue fazer uma ou outra, mas de modo mais restrito.

Todo celular, até aqueles mais simples de pouco menos de R$ 100, executa um sistema operacional. A diferença está nas capacidades dos que operam em smartphones. Eles geralmente desempenham mais funções e são abertos a apps de terceiros, que por sua vez estendem ainda mais o que esses aparelhos podem fazer.

Durante a fase de transição para os smartphones modernos, entre 2007 e 2009, havia certa confusão com featurephones, aparelhos que pareciam smartphones, mas não recebiam apps. Eles eram de uma categoria diferente? Até hoje alguns modelos desafiam essa organização, como o Asha 501, da Nokia. Esse modelo tem um punhado de características avançadas e até roda apps de terceiros, mas tudo de forma bem limitada. É um smartphone? Há quem diga que não, mas para mim não falta nenhum requisito para classificá-lo como tal, ainda que seja um smartphone mais ou menos — digno pelo que custa, mas como custa pouco…

Qual o melhor smartphone para mim?

iPhone 5, Lumia 920 e Xperia Z1.

Foto: Rodrigo Ghedin.

Este artigo é um belo guia semi-atemporal para escolher o melhor smartphone para você. Resumindo aqui, porém, a minha dica é: não economize.

Não quero dizer, com isso, que você deve entrar na primeira loja e levar qualquer smartphone pelo preço que for oferecido. Não é isso. O ponto é que, como em vários outros segmentos, no dos celulares inteligentes você também recebe pelo que paga. E, aqui, essa máxima é levada quase sempre ao pé da letra.

Algumas fabricantes lançam modelos simples com o apelo do “seu primeiro smartphone”. Não caia nessa. Aparelhos na faixa dos R$ 500 ou menos têm diversas deficiências que usuários experientes conseguem contornar com mais facilidade, mas que em mãos inexperientes podem ser bastante prejudiciais. Além de irritarem qualquer um, novato ou não.

Se puder pagar por um iPhone 5s, para que pegar um iPhone 4, hoje severamente limitado pelo iOS 7? Não faz sentido, salvo pela questão econômica. Entre esses dois extremos, dá para procurar por promoções e aparelhos com custo-benefício melhor que o iPhone 5s (e eu recomendo fortemente que você faça isso!).

Use o preço como um dos parâmetros na hora de escolher seu aparelho. Como em tudo na vida, os extremos quase sempre não são tão vantajosos e é preciso garimpar um pouco; se tiver a quem recorrer, pedir indicações para alguém mais entendido é outra boa tática a fim de fazer uma boa escolha.

Preparativos com a operadora e o mito da “Internet de graça”

Redes móveis no Android do Xperia Z1.
Foto: Rodrigo Ghedin.

Está com seu smartphone aí? Legal! Com ele vem também uma despesa extra no orçamento: o gasto com dados junto à operadora.

Sim, dá para viver apenas com Wi-Fi. Na maioria dos casos o acesso via Wi-Fi é gratuito, especialmente em estabelecimentos comerciais e, por isso, preferível a quem quer economizar — dinheiro e também bateria, já que essa forma de acesso consome menos energia que o 3G/4G. Tenha em mente, porém, que para desfrutar da conexão Wi-Fi na sua casa é preciso ter uma conexão doméstica paga (ADSL ou cabo) com um ponto de acesso sem fio. Hoje, a maioria das operadoras oferece o ponto de acesso gratuitamente.

O que tento desmitificar no parágrafo acima é a ideia de que o Wi-Fi se materializa do nada e fornece Internet grátis para qualquer um, em qualquer lugar. Não é bem assim.

Outro problema, mais grave até, é que o alcance do Wi-Fi é limitado fisicamente, e a disponibilidade, nem sempre farta. Por essas e outras, a abordagem “apenas Wi-Fi” limita um pouco o aspecto móvel do smartphone. E convenhamos: poder se comunicar e acessar a Internet de qualquer lugar é um dos pontos altos desse tipo de dispositivo, logo vale a pena investir um pouco em um plano de dados.

Se você fica muito tempo em trânsito e precisa estar conectado, vale a pena pegar um plano pós-pago. Além de velocidades mais rápidas, a franquia é maior, o que significa que você pode fazer mais coisas online sem ter a velocidade reduzida — quando a franquia estoura, geralmente as operadoras limitam a velocidade de acesso, deixando-a mais lenta que uma conexão discada.

É preciso analisar a sua rotina e quanto você tem disponível para gastar mensalmente com conexão. Converse com a sua operadora, veja se eles têm algum plano adequado às suas necessidades. Os preços têm caído e, em último caso, menos de R$ 1 por dia é o mínimo para bancar o acesso à Internet de um smartphone em um plano pré-pago — eles quebram o galho, mas oferecem franquias insuficientes até mesmo para um usuário leve-médio.

E o chip?

Os diferentes tamanhos de SIM cards.
Nano, Micro e SIM Card. Foto: photo4howi/Flickr.

Ainda se encontram smartphones com slot para SIM cards convencionais, os famosos “chips” das operadoras. A maioria, porém, já adota um padrão mais avançado — e menor –, o micro SIM. No mercado brasileiro, Moto X e os últimos iPhones (5 para cima) já deram o passo adiante e funcionam com o minúsculo nano SIM.

Se você já tem um SIM card convencional e adquiriu um smartphone com entrada para micro SIM, existem duas saídas. A primeira é cortá-lo, com uma tesoura mesmo ou usando um cortador especial para isso — que é mais seguro. A outra é comprar um Micro SIM junto à operadora e solicitar a migração do número. Um Micro SIM custa cerca de R$ 10; já um nano SIM pode custar mais caro, até R$ 40.

Como configurar o meu smartphone?

Um celular simples é fácil de configurar. Você espeta o SIM card (se tiver dificuldade nessa etapa, consulte o guia rápido que vem na caixa), liga ele, e pronto. Sem segredo.

Com um smartphone a história é diferente. Ele pede uma configuração mais detalhada, que depende de acesso à Internet. Até dá para pular essa etapa em alguns sistemas, mas acredite: fazendo isso, você terá apenas um celular simples com tela grande na mão, já que o acesso à loja de apps e outros recursos está vinculado a essa identificação.

Dependendo do sistema operacional escolhido, é preciso ter um tipo de conta, ou email. Android? Faça um email do Google, um Gmail. iPhone? Então você precisa ter uma conta no iCloud. Windows Phone? Vamos de Hotmail, ou Outlook.com. Não se preocupe se você não tiver uma dessas contas ainda, ou se tiver um email no Hotmail e estiver configurando um Android. Dá para criar novas contas no ato da configuração do smartphone.

Independentemente do caso, lembre-se sempre do seu email e senha. Eles são vitais para conseguir baixar/comprar apps, recuperar o smartphone em caso de travamento ou mesmo perda/roubo e outras situações delicadas. Sua senha é a porta de acesso para sua vida no smartphone — e em muitos casos ela vale mais que o próprio aparelho, então, atenção!

Configuração feita, o smartphone será povoado com dados obtidos a partir do email usado. O app de email puxará suas mensagens, a lista de contatos ganhará carinhas salvas anteriormente nessa conta, seus compromissos aparecerão na agenda. Se for um email secundário, um Hotmail que é pouco usado reativado apenas para configurar seu Windows Phone novo, não se preocupe. Todos os sistemas modernos permitem acrescentar contas extras, inclusive de empresas concorrentes. O que significa que, no nosso caso hipotético, você conseguiria trazer seus emails, contatos e compromissos do Gmail para o Windows Phone. Basta ir às configurações do sistema e procurar a área de contas.

Apps

Painel de apps na Apple Store de San Francisco.
Foto: Steve Rhodes/Flickr.

Do jeito que sai da caixa, o smartphone já é um ótimo computador que cabe no bolso. Mas ele pode ser muito mais, e boa parte desse potencial vem dos apps.

Um app (lê-se “épi”), abreviação de aplicativo em inglês, nada mais é que um programa. Eles são distribuídos em lojas controladas pelas empresas que fazem os sistemas — a exceção é o Android, que permite a instalação de apps “por fora” (sideloading) e a instalação de lojas de terceiros.

A instalação é bem simples, basta encontrar o app desejado e clicar no botão “Instalar”. Eventualmente a senha da conta atrelada ao smartphone é pedida — daí a importância de lembrar-se da sua!

Existem apps gratuitos e pagos, a cobrança fica a critério de quem desenvolve o app. Alguns sistemas permitem colocar créditos, como se fosse um celular pré-pago, mas garantido mesmo, em todos, é o cartão de crédito internacional. Como a cobrança em quase todos os casos é feita fora do país, é a forma de pagamento mais comumente aceita.

A manutenção desses apps é tão tranquila quanto a instalação, basta entrar no app da loja e, caso exista algum com atualização pendente, executá-la. Já é possível deixar essas atualizações no automático, o que é preferível. Atualizações costumam trazer correções de problemas, aperfeiçoamentos e até novas funções.

Cuidado com as compras in-app

Todos os principais sistemas oferecem uma modalidade de compra chamada “in-app”, ou seja, de dentro do app. É muito comum em jogos, mas também está presente em diversos apps, e pode ser uma armadilha perigosa.

Nessa modalidade, o app/jogo permite comprar elementos a partir de si próprio, de dentro do app/jogo. É uma prática que se alastra com força nos jogos móveis: embora gratuito, para liberar fases, personagens ou “dinheirinho virtual” é preciso desembolsar dinheirinho de verdade. Dependendo do jogo e do seu vício, a brincadeira pode sair cara.

Há casos em que esse mecanismo é usado de forma honesta, mas o mais comum são desenvolvedores que abusam, como ilustra a EA com Dungeon Keeper. Muita atenção, principalmente se você tiver filhos ou crianças pequenas que se apossam do seu smartphone para jogar. Histórias de crianças que gastaram fortunas comprando itens e roupinhas virtuais são mais comuns do que se imagina.

A surpresa (ruim): bateria

Conversei com algumas pessoas que nunca tiveram ou acabaram de comprar o primeiro smartphone (obrigado a todos!). A reclamação mais constante, de longe, foi sobre a autonomia da bateria.

É um grande choque mesmo. Sair de um aparelho que aguenta ficar dias, mais de uma semana longe da tomada, para um sedento por energia e que male má aguenta um dia sem ser recarregado exige mudanças drásticas na rotina.

Existem smartphones com baterias de grande capacidade, mas esses são exceções. O melhor a se fazer é aceitar a derrota e se acostumar a recarregar a bateria do smartphone uma vez por dia, de preferência à noite, enquanto você dorme.

Tem problema deixar o celular na tomada mesmo depois que a carga estiver completa? Não, o fornecimento de energia é cortado ao chegar a 100%. Tem problema recarregá-lo quando a bateria estiver pela metade? Não, as baterias atuais não têm efeito memória. Preciso dar aquela carga de 24 horas que o vendedor me orientou a fazer antes de começar a usar o smartphone? Por favor, não.

Muitos desses mitos sobre baterias são herança da época em que elas eram feitas com outra tecnologia, a de níquel-cádmio. Hoje, arrisco dizer que ela não está presente em nenhum celular moderno, nem mesmo os modelos mais simples e baratos. Todos usam baterias de íons de lítio, que não sofrem de efeito memória e são bem mais flexíveis quanto a padrões de recarga.

Se quiser mais informações sobre como otimizar a vida útil da bateria do seu smartphone, leia este post do Gizmodo.

As (chatíssimas) notificações

É fácil configurar as notificações no iOS.
Central de Notificações.

A instalação de diversos apps traz um efeito colateral que, para muitos, pode ser problema: as notificações.

A intenção, avisá-lo sobre novidades que estão rolando dentro do seu smartphone, é nobre, mas na prática o excesso de notificações, especialmente as menos urgentes, pode levá-lo à loucura. Afinal, qual a necessidade de saber que alguém retuitou um tuíte em que você foi mencionado, ou que deixaram um novo comentário na foto do seu primo em que você foi marcado no Facebook? Sim, você acertou: nenhuma.

Se estiver com um iPhone, domar as notificações é mais fácil. Nos Ajustes, entre em Central de Notificações. Essa área concentra tudo relacionado a notificações, de todos os apps. Dá para fazer um ajuste fino do que, onde e quando aparecerá no aparelho.

No Android e no Windows Phone, a tarefa é mais ingrata. Carentes de uma central similar à do iOS, o jeito é recorrer às configurações individualmente, dentro de cada app. Todos que emitem notificações têm opções para desativá-las. Dá mais trabalho, mas o resultado é igualmente tranquilizador.

O que deixar? Depende muito do seu perfil de uso. No meu caso, limito as notificações a apps que demandam, em tese, respostas imediatas, o que significa que basicamente apenas apps de bate-papo e mensagens, como SMS, WhatsApp e WUT têm esse privilégio.

Fique especialmente alerta com jogos: a maioria se utiliza desse recurso para lembrá-lo de jogá-lo (!) ou anunciar ofertas de compras in-app. Acredite: é bem frustrante pegar o smartphone após ouvir o barulhinho de notificação e ser apenas o Temple Run chamando-o para completar o desafio do dia.

Preciso mesmo de capinha e película?

Não precisa de película para manter a tela intacta.
Nexus 4, um ano de idade, sem película. Foto: Rodrigo Ghedin.

Grandes são as chances de você ter adquirido um smartphone que tenha a tela com Gorilla Glass — ou Dragon Tail. Ambas as tecnologias são revestimentos para o vidro que reforçam ele contra riscos e quedas leves.

Um erro muito comum é acreditar que a presença do Gorilla Glass torna o vidro indestrutível. Não. Às vezes, por uma queda boba, de alguns centímetros, ele pode estilhaçar. Embora sejam mais resistentes que o vidro nu, o que esses revestimentos fazem, principalmente, é proteger a tela contra riscos.

É por isso que, pessoalmente, desaconselho a aplicação de películas na tela. Elas reduzem a sensibilidade do toque, algumas até alteram a visibilidade graças a acabamentos foscos e, no fim das contas, funcionam como uma proteção em cima de outra proteção, o que, se você parar para pensar, não faz muito sentido.

Alguns justificam a utilização da película para evitar marcas de dedos, aquelas digitais feias. Mesmo com a camada oleofóbica que muitos smartphones apresentam atualmente, elas são de fato inevitáveis: ao fim do dia grandes são as chances da tela estar uma nojeira. Mas há uma solução menos invasiva: basta passar um pano específico, de microfibra, para ver essas marcas sumirem. Funciona tão bem que parece mágica.

Nunca usei película nos meus smartphones e eles não apresentam marcas permanentes — sou cuidadoso, é bom notar. Meu Nexus 4 (Gorilla Glass 2), esse da foto acima, foi usado ininterruptamente por cerca de um ano e continua como novo, com a tela intacta.

E a capinha? É outro acessório que eu também não uso, mas que… vá lá, para os mais desastrados pode ser uma boa. Ela costuma destruir o equilíbrio, a ergonomia e o design do aparelho, mas… ok, eu entendo.

Milhares de capinhas para iPhone.
Foto: Julien GONG Min/Flickr.

Mesmo sem partes móveis, o smartphone é um dispositivo sensível, miniaturizado e com uma face inteira de vidro. Dificilmente ele sai inteiro de quedas. As capas amortecem esses acidentes e ajudam a manter a integridade do aparelho. Algumas vão além e fornecem recursos extras, como maior autonomia para a bateria, ou mais espaço interno para salvar fotos e outros arquivos.

É uma defesa válida, só não confie cegamente nela. Casos de smartphones com capa que saem danificados após uma queda mais grave são fáceis de se encontrar. O ideal, mesmo, é tomar cuidado e evitar derrubá-lo por aí.

As vantagens de se ter um smartphone

Ter um smartphone implica em mais gastos, mais preocupação e o risco iminente de perdê-lo — e, com o aparelho, fotos e informações importantes. Racionalmente, talvez, não seja algo indispensável. Muita gente ainda vive, e bem, com dumbphones. Se for o seu caso, não se recrimine!

Para todas essas desvantagens, porém, o smartphone devolve a peteca com um punhado de benefícios que vão além da diversão. É, com o perdão do clichê, um computador de bolso. Com ele nos comunicamos de diversas formas, recebemos informações, nos localizamos e, já hoje, fazemos coisas bem futuristas como ter assistentes pessoais proativos e realizar pagamentos.

Familiares, amigos e conhecidos já me relataram o quanto se surpreenderam com a compra de um smartphone. Os menos ligados em tecnologia demoram a embarcar nessa por não ver uma utilidade específica para o aparelho em seu dia a dia. Mas elas aparecem. O smartphone é mais ágil que um computador e está sempre à mão; no mínimo, você acaba fazendo coisas nele que, antes, ficavam restritas ao computador, como ver o email, interagir em redes sociais e jogar. Disso para coisas maiores e mais úteis, é um pulo.

Ainda temos um longo caminho para consolidar o smartphone na sociedade e corrigir desvios comportamentais — aliás, mais uma dica: não seja o chato que vai no bar e fica bitolado no smartphone! Ele parece ter as características certas, e ter surgido no momento propício para abraçar nossas necessidades e servir de vetor para mini-revoluções. Quando alguém imaginaria, por exemplo, a utilização de um batalhão de smartphones para ajudar na previsão do tempo?

A adaptação ao smartphone costuma ser tranquila para quem vem de um celular mais simples, mas com essas dicas o processo tende a ser ainda menos doloroso. Reiterando, se ficou alguma dúvida, pergunte nos comentários. E divirta-se com seu novo smartphone!

Desenho do topo: autor desconhecido.

É errado comparar Windows com iOS? Não quando eles disputam o mesmo consumidor

Benefict Evans fez um curioso exercício: comparou, em um gráfico, as vendas de Macs e dispositivos iOS (iPhone e iPad) com as de PCs e smartphones rodando Windows e Windows Phone, respectivamente. Resultado? As linhas e a barra ficaram bem próximas em dezembro último:

Vendas de PCs comparadas às de dispositivos iOS e Macs.
Gráfico: Benedict Evans.

A Quartz decretou: “É oficial: a Apple vende mais computadores do que todos os PCs Windows combinados”. Polêmica. Tem gente es estapeando em discussões online, defendendo seu ponto, seja pró-Apple ou contra ela.

Para mim esses números dizem mais sobre a Microsoft do que a Apple. Mais sobre PCs e dispositivos Pós-PC do que empresas específicas. Acredito que Evans tenha achado conveniente pegar dados de uma empresa que vende muitos dispositivos Pós-PC do que vasculhar e consolidar vários números esparsos de quem fabrica e comercializa gadgets que rodam Android — afinal, o sistema do Google vende mais que iPhones e iPads, e por uma grande margem.

A principal mensagem que se extrai da comparação é como a Microsoft está enrascada. O Windows não vende mais como antes, as reservas que analistas faziam do Windows 8 se foram, tem muita gente falando abertamente em “fracasso” e, para piorar, o Windows Phone ainda não decolou em market share — e lá se vão quase quatro anos tentando. É de se preocupar. É isso que o gráfico aponta.

É errado comparar smartphones e tablets com computadores completos? Para fins mercadológicos, não. A manchete da Quartz é meio sensacionalista, mas pense bem: tanto Apple quando as OEM que usam Windows disputam o mesmo consumidor. Pessoas que, em sua maioria, querem um dispositivo para navegar em sites, ver as fotos das férias, acessar o Facebook.

Coisas triviais, mas não só. O poder computacional da safra atual de smartphones e tablets está longe do de um PC capaz, mas é suficiente para fazer muito. Quer editar vídeo, áudio? Tranquilo. Jogos elaborados, com gráficos bonitos e dinâmicas inteligentes? Sem problema. Até aplicações comerciais, antes um terreno onde o Windows reinava, já se renderam à agilidade das telas sensíveis a toques.

Para uma parcela restrita de usuários, gente que trabalha com audiovisual, gamers hardcore e ambientes corporativos com um grande legado, usar Android ou iOS é, no mínimo, inadequado. O ponto é que, relativamente falando, esse público é pequeno. Para a maioria o GarageBand e o iMovie dão conta, o Flappy Bird é diversão na medida certa, nenhum aplicativo específico ou exclusivo do Windows é essencial.

É esse grosso da base de usuários que, nos EUA, já usa mais o smartphone do que PCs convencionais em seu tempo livre. É ele que aponta a computação pessoal para os dispositivos móveis, para a Era Pós-PC.

Este outro gráfico de Evans mostra as vendas de PCs Windows plotadas sobre as de dispositivos com Android e iOS entre junho de 2007 e junho de 2013:

Gráfico comparando as vendas de PCs com as de dispositivos móveis com Android e iOS.
Gráfico: Benedict Evans.

Computadores sumirão? Claro que não. Mas eles serão menos populares. Converse com várias pessoas com menos de 20 anos e você provavelmente encontrará algumas que não têm computador, mas que têm um smartphone. Esse cenário deverá ser cada vez mais comum futuramente.

A Era Pós-PC é sobre uma troca de papéis: de coadjuvante, o smartphone passa a ser protagonista. Ele troca de lugar com o PC que, ainda por aí, mas com as vendas estagnadas e margens de lucro baixíssimas, encontra refúgio em ambientes onde ele é imprescindível.

Foto do topo: WriterGal39/Flickr.

Lumia Black e Update 3: o que muda no Windows Phone 8

No começo da semana recebi a atualização Black no meu Lumia 920. Trata-se de uma atualização do Windows Phone 8 exclusiva para smartphones da Nokia. O que mudou no sistema?

A atualização Black é, como a anterior (Amber), a versão temperada que a Nokia disponibiliza para a linha Lumia de uma atualização oficial da Microsoft — neste caso, do Update 3.

Essa política, possível graças à parceria privilegiada entre as duas empresas antes mesmo da aquisição da Nokia pela Microsoft, dá aos Lumias algumas vantagens exclusivas de que os Windows Phones de outras fabricantes, cada vez mais raros, carecem. Nada que abale o universo, mas são mimos legais, recursos curiosos e alguns até bem úteis.

As principais novidades do Windows Phone 8 Update 3

A terceira atualização menor do Windows Phone 8 traz algumas mudanças de bastidores que não afetam aparelhos já lançados. O suporte ao SoC Snapdragon 800 e à resolução Full HD, com direito a uma terceira coluna de blocos na tela inicial, são aproveitados pelo Lumia 1520 e outros que virão.

Para Lumias já disponíveis, talvez a única mudança em hardware seja a habilitação do Bluetooth 4.0 LE em toda a linha. Do Lumia 520 ao 925, todos possuem essa versão da tecnologia embutida; só faltava o software para interpretá-la e colocá-la em funcionamento. Agora não falta mais.

O mais curioso é que o Bluetooth Low Energy, incorporado oficialmente à especificação 4.0 do Bluetooth, foi proposto pela Nokia em 2006 com o nome Wibree. Trata-se de uma variante de baixo consumo para atividades menos intensivas, como sincronia com pulseiras de malhação do tipo Fitbit, Jawbone Up e Nike Fuelband, relógios inteligentes e outras.

[insert]Rotação da tela, fechamento forçado de apps e memória interna gasta.[/insert]

No software, Windows Phone 8 fica mais esperto com o Update 3. Ações básicas, como o travamento da orientação da tela e uma forma simples de forçar o fechamento de apps, são contempladas na atualização. Outras ainda mais, como a ativação do smartphone via Wi-Fi, independentemente do uso de um SIM card de operadora, também chegam com essa versão.

Entre as novidades mais elaboradas, a atribuição de toques personalizados para o recebimento de mensagens via SMS, o compartilhamento facilitado da conexão móvel com computadores rodando Windows 8.1 via Bluetooth e uma visão geral do espaço gasto da memória interna do aparelho, com divisão por categorias e tudo mais.

Por fim, o Modo carro, que entra em ação automaticamente quando o smartphone parea com um dispositivo Bluetooth e muda algumas configurações visando dar maior segurança ao volante. Coisas do tipo ignorar chamadas e/ou respondê-las com uma mensagem SMS padrão, por exemplo.

Como dito, é uma atualização pequena (veja um resumo das novidades aqui), a terceira e provavelmente última do Windows Phone 8. Isso porque a próxima, prevista para ser anunciada na BUILD 2014, no começo de abril, deverá ser uma das grandes — Windows Phone 8.1? 8.5? 9? Provavelmente uma dessas. E tal qual toda atualização grande, deverá trazer mais novidades que esses recentes Updates.

O que a atualização Black traz de novo?

A camada extra de recursos da Nokia batizada de Black traz algumas poucas novidades (uma só, na realidade) e habilita o smartphone a novos apps exclusivos disponíveis na Loja de Apps.

O Glance, que exibe o relógio na tela quando essa se encontra bloqueada, ganhou aprimoramentos. É a única parte nativa do sistema afetada pela Black. Agora, além da hora são mostrados notificações pendentes, e no modo noturno dá para escolher três cores além do branco: azul, verde ou vermelho.

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Nokia Glance 2.0 em ação.
Foto: Rodrigo Ghedin
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Os apps que exigem essa atualização para funcionarem são os seguintes:

  • Nokia Camera: o poderoso app de fotos padrão do Lumia 1020 chega ao restante da linha. Ele condensa três modos de disparo (foto, vídeo e sequência inteligente) em uma interface bem resolvida e muito divertida de mexer. A captura de fotos RAW é exclusiva dos Lumias 1020 e 1520.
  • Nokia Storyteller: aproveitando-se dos meta dados das fotos, a Nokia criou essa maneira alternativa de visualizá-las no smartphone. Dá para ver em um mapa onde as fotos foram feitas e agrupá-las de acordo com outros critérios, como datas.
  • Nokia Beamer: um sistema de compartilhamento da tela bem interessante que usa navegadores web compatíveis com HTML5 para exibir o que o usuário está vendo. Pode ser via link ou usando um QR Code. Funciona legal, deve ser útil para exibir apresentações sem a ajuda de um projetor, mas ainda acho o Photo Beamer, que usa a mesma tecnologia para mostrar fotos armazenadas no smartphone, mais aplicável no dia a dia.

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Nokia Beamer: a tela do Windows Phone vai para a TV.
Foto: Rodrigo Ghedin.
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Como faço para receber a atualização Black?

A Nokia mantém uma página com os status de todos os aparelhos, segmentada por país e operadora. Verifique nela se o seu já foi liberado.

O melhor, pois, é esperar. A liberação é gradual e depende da aprovação das operadoras — aparelhos desvinculados, como é o caso do meu, costumam receber atualizações antes. Você pode verificar manualmente indo em Configurações, depois em Atualização do telefone também. Comigo ela apareceu após fazer isso. Existem métodos para forçar a atualização; não os recomendo. São complicados, exigem perícia e podem dar problema.

As atualizações do Windows Phone 8 foram todas tímidas, mas no geral supriram lacunas importantes do sistema. Elas poderiam sair com mais velocidade, ou trazerem novidades maiores, mas de qualquer forma é melhor que o abandono completo.

A Microsoft ainda tem muito a fazer para colocar o Windows Phone em pé de igualdade com Android e iOS. O Update 3/Black ajuda nessa direção, mas deixa muita coisa para a próxima grande atualização. O jeito é esperá-la.

Por que o SkyDrive mudará de nome, para OneDrive, e outros casos similares

OneDrive, novo nome/marca do SkyDrive.
Imagem: Microsoft/Reprodução.

Quem usa o SkyDrive para guardar, acessar e sincronizar arquivos na nuvem terá um trabalho extra em breve. O nome do serviço da Microsoft mudará para OneDrive. Não é o primeiro caso do tipo. Por que essas coisas acontecem?

O SkyDrive é antigo. Ele foi lançado em agosto de 2007 como parte da família de softwares e serviços web Windows Live e, no começo, era apenas um disco virtual: não havia sincronia, nem clientes desktop ou para dispositivos móveis. Você mandava um arquivo e podia baixá-lo ou compartilhar o link com outras pessoas.

A evolução do SkyDrive, aliás, é uma das muitas histórias de conflitos, redundâncias e confusões nas linhas de produtos da Microsoft. A certa altura, ele conviveu com outros dois aplicativos com funções similares e, em alguns casos, replicadas.

Tínhamos o Windows Live Sync (antes, FolderShare) para sincronizar arquivos entre PCs (sem hospedagem online, na nuvem), mais o Live Mesh, que prometia ser uma camada de comunicação e armazenamento de dados na nuvem para aplicativos Windows. Quase um avô do Dropbox e iCloud que fracassou e que, quase como efeito colateral, também servia para guardar e sincronizar arquivos via Internet.

Com o tempo baixou o bom senso em alguém na Microsoft e todos esses deixaram de existir, sobrando apenas o SkyDrive (que perdeu o “Windows Live” do nome) como a solução tudo-em-um para arquivos e dados do usuário na nuvem. Mas demorou, viu!

A Microsoft foi obrigada a alterar o nome do SkyDrive depois de perder a briga pela marca “Sky” na justiça inglesa para a British Sky Broadcasting Group, que a detém. Como não chegaram a um acordo, a única saída para evitar multas milionárias e outras consequências pesadas foi acionar o pessoal do marketing e bolar um novo nome.

OneDrive soa legal, então espero que ele não leve a Microsoft a outra disputa judicial similar. Afinal, como reparou Brian Barret, do Gizmodo, existe um punhado de empresas e instituições que usam “One” em suas identidades.

Reincidência

Lançar um produto global é uma tarefa árdua. É preciso se garantir, verificar em cada país se o nome a ser adotado já está registrado e prever traduções… indesejadas. Parece bobagem, mas imagine se tivéssemos por aqui um “Windows Frango”? Foi o que aconteceu com o Vista na Lituânia.

Os casos envolvendo disputas judiciais são menos engraçados. A Microsoft não tem feito muito bem o dever de casa; a situação tensa envolvendo o Sky/OneDrive é a segunda de grandes proporções nos últimos anos.

Quando despontou no Zune HD, a linguagem visual Metro caiu rapidamente nas graças do público. “Metro” virou um nome fácil na boca de quem acompanha notícias de tecnologia, uma palavrinha mágica que remetia a telas bem desenhadas, com tipografia elegante, muito espaço para respirar. Bom gosto de modo geral.

Se o público gosta, vamos dar mais disso a ele, certo? Pode ter certeza que esse era o desejo da Microsoft. Mas não rolou. “Metro” calhou de já ser uma marca registrada por uma rede de supermercados alemã, a Metro AG. A Microsoft não só parou de usar o nome em seu material de divulgação como orientou desenvolvedores a evitarem seu uso em apps para não terem (desenvolvedores e ela própria) dor de cabeça.

Outras empresas também já tiveram que trocar nomes de produtos

Para não soar injusto, esse tipo de descuido não é exclusividade da Microsoft. O Firefox surgiu com o nome Phoenix. Aí aconteceu que… sim, você adivinhou: ele já estava registrado pela Phoenix Technologies, uma empresa que fabrica(va?) BIOS para computadores.

A grande surpresa, pois, foi descobrir que o novo nome adotado então, Firebird, também não estava disponível — ele já era usado por um banco de dados open source. Felizmente a adoção do nome Firefox, que até onde se sabe nunca foi reclamado, veio antes do lançamento da versão 1.0. Pouca gente conhece essa história e a Mozilla deve agradecer até hoje o fato desses problemas terminológicos terem surgido tão cedo.

Outro caso popular é o do iPhone. Quando Steve Jobs anunciou o smartphone da Apple, a marca “iPhone” era de propriedade da Cisco. O livro Inside Apple conta essa história, que envolve telefonemas de Jobs a Charles Giancarlo, executivo da Cisco, em horários e datas inoportunas, além de interpretações bem abrangentes das leis de proteção de direitos autorais.

No fim das contas Apple e Cisco entraram em um acordo de cooperação mútua em áreas de interesse comum. Mal sabia Jobs que cinco anos depois uma certa empresa brasileira daria o mesmo tipo de trabalho para os advogados da Apple…

Cadê o OneDrive?

O OneDrive ainda não foi lançado. No grosso, ele será parecido com o SkyDrive, mas aproveitando a ocasião, a Microsoft deve fazer algumas mexidas para atrair novos usuários.

Dentre as já sabidas via vazamentos, estão a volta da co-propriedade em pastas compartilhadas e a oferta de espaço gratuito extra para quem convidar amigos e habilitar o backup automático de fotos com os apps móveis.

OneDrive, OneNote, Xbox One, One Microsoft… Uma simples coincidência ou em breve o Outlook.com (que, sim, tem esse “.com” no nome) virará OneMail? Dado o histórico, eu não duvidaria.

[Review] Lumia 1020, que bela câmera você tem

Quando o 808 Pureview foi lançado a Nokia já tinha em seu portfólio aparelhos rodando Windows Phone. Dizem nos bastidores que a primeira câmera de 41 mega pixels em um smartphone saiu com o Symbian, na ocasião já condenado pelo CEO Stephen Elop, porque o projeto era antigo, fora iniciado antes do acordo com a Microsoft e, portanto, otimizado para aquele combalido sistema.

Claro que era questão de tempo, dado o comprometimento da Nokia com a Microsoft, para que a mesma tecnologia migrasse para um Windows Phone. Tivemos um teaser com o Lumia 920, equipado com uma câmera também chamada Pureview, mas com “apenas” 8 mega pixels. O que todos esperavam, mesmo, era o Lumia 1020.

O número de mega pixels impressiona, são 41, mas ele se traduz em fotos realmente boas? Venha comigo e descubra. Continue lendo “[Review] Lumia 1020, que bela câmera você tem”

Para voltar a ter lucro, Sony vende divisão de PCs, remaneja a de TVs e anuncia demissões e cortes

Vaio Fit 11A, um dos últimos Vaio sob as asas da Sony.
Foto: Sony/Reprodução.

Admirada por Steve Jobs e sinônimo de computadores e notebooks de qualidade para muita gente, a linha Vaio1, da Sony, com quase 20 anos de tradição, foi vendida. O anúncio, que já era esperado, foi feito pelo CEO Kaz Hirai durante a apresentação dos resultados financeiros do último trimestre do ano fiscal de 2013.

A divisão de PCs da Sony foi vendida para o Japan Industrial Partners (JIP), um grupo de investimentos japonês. O comunicado à imprensa informa que a conclusão do negócio ocorrerá em março próximo, que a Sony terá 5% de participação na nova empresa e dá outros detalhes da transição.

Segundo o documento, com a transferência da Vaio para o JIP a Sony “deixará de planejar, projetar e desenvolver produtos PC. Fabricação e vendas também serão encerradas depois que a linha [de equipamentos] da primavera de 2014 [incluindo o Fit 11A, da imagem acima] for lançada globalmente”. As garantias dos equipamentos vendidos recentemente serão honradas.

De 250 a 300 funcionários da Sony serão movidos para a nova empresa que nascerá da venda para a JIP. Ela terá sua sede em Nagano, mesmo local onde fica, atualmente, o quartel-general da Vaio. Inicialmente, a nova companhia se dedicará ao mercado japonês, com a possibilidade de expansão, no futuro, para outros países.

Por que a Sony se desfez da linha Vaio?

A Sony resolveu vender a divisão de PCs por uma questão de foco e rentabilidade. No comunicado, a empresa diz que passará a concentrar seus esforços no desenvolvimento de produtos Pós-PC, nominalmente tablets e smartphones, que apresentaram “melhorias significativas na lucratividade”, além das elogiadas câmeras fotográficas e no PlayStation.

Vender computadores, hoje, é uma tarefa quase ingrata. Não foi por capricho que a Dell voltou a ser uma empresa privada, ou que a HP flertou seriamente com a descontinuação da sua divisão de PCs. Além da estagnação na demanda, a lucratividade tem caído nos últimos anos. Estima-se, hoje, que cada notebook vendido gere algo entre 2% e 3% de lucro.

Para piorar, diferentemente de tablets e smartphones, computadores tradicionais caem no que Charles Arthur chama de “armadilha de valor”: é difícil fazer dinheiro com esses equipamentos depois que eles são saem das lojas. Ao longo dos anos as fabricantes têm tentado, sem sucesso, explorar essa via com a oferta de software pré-instalado e serviços — por isso a maioria dos computadores Windows vir atulhada de bloatware. Como qualquer um que já teve que lidar com esses computadores sabe, não é uma estratégia agradável e, do ponto de vista comercial, é uma de resultados pífios.

Demissões e mudanças também na divisão de TVs

Outra marca conhecida da Sony passará por profundas mudanças: a linha de TVs Bravia. Em julho, a operação será separada da empresa principal e transformada em uma subsidiária — totalmente controlada pela Sony. Ao longo do ano a Sony aumentará a proporção de TVs 4K em seu portifólio e, em mercados emergentes, lançará mais modelos adequados às condições locais — medo do que pode sobrar para nós.

O comunicado à imprensa revela ainda que, no ano fiscal de 2013 (que termina em março de 2014), a previsão é de que a Sony tenha prejuízo de US$ 1,1 bilhão. Há cerca de um mês as previsões eram bem mais otimistas: lucro de cerca de US$ 300 milhões.

Além da venda da linha Vaio e da separação da Bravia, outras medidas da Sony para voltar a lucrar incluem corte de custos fixos no valor aproximado de US$ 988 milhões e a demissão de 5000 funcionários — 1500 deles no Japão.

  1. Vaio era, originalmente, um acrônimo para Video Audio Integrated Operation. Em 2008 o significado mudou para Visual Audio Intelligent Organizer.

[Review Rápido] Galaxy S 4 Zoom, câmera e smartphone em um só aparelho

Na busca pela melhor câmera em um smartphone, diversas abordagens, técnicas e soluções criativas são colocadas em prática visando obter os melhores resultados possíveis no apertado espaço que os finíssimos aparelhos atuais trazem. Com o Galaxy S 4 Zoom, a Samsung teve uma sacada pouco usual: ela ignorou essa limitação física, chutou o pau da barraca e em vez de espremer uma câmera em um smartphone, colocou um smartphone no corpo de uma câmera.

Mais um exemplar da aparentemente infinita linha de smartphones Galaxy, o Galaxy S 4 Zoom, dependendo (literalmente) do ponto de vista, parece mais uma câmera do que um celular. Ele é grosso, tem 2,5 cm de espessura com a lente retraída, detalhe que o deixa estranho e desconfortável em inúmeras situações. A perda em ergonomia é compensada por fotos incríveis? É o que veremos neste review rápido. Continue lendo “[Review Rápido] Galaxy S 4 Zoom, câmera e smartphone em um só aparelho”

Quem é Satya Nadella, o novo CEO da Microsoft?

Satya Nadella, o novo CEO da Microsoft.
Foto: Microsoft/Reprodução.

Em agosto do ano passado a Microsoft abriu a temporada de caça a um novo CEO. Steve Ballmer, no posto havia quase 13 anos, sairia do cargo em algum ponto dos 12 meses seguintes. Hoje cedo, bem antes do que todos imaginavam, a Microsoft anunciou seu novo líder: Satya Nadella.

Nadella não é muito conhecido junto ao grande público. Até entre acionistas e outros círculos que acompanham e se preocupam com a Microsoft, seu nome não é (ou não era) facilmente associado à sua pessoa. Quem é, afinal, o novo CEO da Microsoft?

Quem é Satya Nadella?

Nascido na Índia em 1967, casado e pai de três filhos, Nadella é formado em engenharia elétrica e tem mestrado em ciência da computação — alguém da área da tecnologia, e não de vendas, volta a estar à frente da Microsoft.

Fã de poesia e apaixonado por cricket, dizem nos bastidores que ele é um profissional colaborativo, estável e que emana simpatia dos seus comandados, características importantes em ambientes tão competitivo e, consequentemente, estressante como devem ser os corredores da Microsoft, ótimas para reter talentos.

O novo CEO da Microsoft entrou na empresa em 1992 vindo de uma breve passagem pela Sun Microsystems. Nesses mais de 20 anos esteve envolvido em vários projetos lá dentro, a maioria com foco corporativo.

Até ontem Nadella era vice-presidente da divisão de nuvem e empresas da Microsoft. A transição para a nuvem, com produtos como o Windows Azure, ofertas corporativas e a infraestrutura de serviços enormes, como Xbox, Bing e Office, é atribuída a ele. A divisão que lidera não é de ganhar manchetes, mas tem sido uma das mais rentáveis da Microsoft nos últimos anos.

Satya Nadella assume o cargo de CEO da Microsoft em um momento delicado. O Windows tem perdido relevância, puxado pelo declínio nas vendas de computadores tradicionais e a ascensão (em vendas e preferência dos consumidores) de dispositivos móveis. Paralelamente, a empresa luta para ganhar espaço nesses mercados que minam seu produto carro-chefe, segmentos que há cinco anos ainda eram embrionários ou sequer existiam, como nos de smartphones e tablets.

Além de levantar a bola da face voltada ao mercado de consumo, outros desafios do novo CEO, talvez até mais imediatos, são dar continuidade ao grande plano de reestruturação da Microsoft, anunciado por Ballmer em meados do ano passado, e acomodar a Nokia, comprada por US$ 7,2 bilhões em setembro último, na estrutura da empresa.

Não são esperadas mudanças drásticas, pelo menos a princípio, na gestão de Nadella. No e-mail que enviou aos funcionários da Microsoft, ele disse que está ali pelo mesmo motivo que, ele acredita, levou a maioria dos funcionários a entrarem lá: “mudar o mundo através da tecnologia que dê poder às pessoas para que elas façam coisas incríveis”. O e-mail traz alguns insights bons sobre a visão que ele tem da tecnologia e quais caminhos a Microsoft deve seguir a longo prazo.

Gates retorna, Ballmer vai para o conselho

Os homens fortes da Microsoft.
John Thompson e os três CEOs que a Microsoft já teve. Foto: Microsoft/Reprodução.

A dança das cadeiras afetou outras pessoas do alto escalão da Microsoft. Como Nadella assume imediatamente a função, Ballmer cai fora — agora ele é membro do Conselho de Diretores.

Bill Gates, até então membro e chairman do Conselho, ganhou um novo título: Conselheiro de Tecnologia. Ele passará mais tempo na Microsoft, nas palavras do comunicado à imprensa, “ajudando Nadella a moldar a tecnologia e o direcionamento de produtos”. A cadeira de presidente do Conselho fica para John Thompson.

Para se aprofundar no assunto:

O Paper é como o Facebook deveria ser: bonito, direto e informativo

Na véspera de completar 10 anos1 o Facebook liberou um novo app para iPhone chamado Paper. Com uma apresentação de cair o queixo e apostando na mistura do conteúdo gerado pelos seus amigos ao de curadorias especializadas, ele talvez seja um pequeno vislumbre do que será a rede social amanhã.

O melhor jornal personalizado do mundo

Paper, o novo app do Facebook.

O app do Facebook para smartphones nunca foi um exemplo de design, nem a personificação de boas práticas de desenvolvimento. Na tentativa de replicar em telas pequenas tudo o que pode ser visto na web, criou-se um espaço caótico — e a presença de anúncios só piora essa sensação.

O Paper consolida o desejo de Mark Zuckerberg de transformar o Facebook no “melhor jornal personalizado do mundo.” O app, por ora exclusivo para iPhone, lembra muito agregadores de artigos como o Flipboard e o Pulse, e consegue, com animações suaves, gestos espertos e eliminando distrações, botar ordem naquele caos. Ele conserva, além do Feed de Notícias, algumas outras áreas da rede, como notificações e perfis, embora não dê tanta ênfase a elas. Eventos, jogos e algumas outras ficam de fora.

O Feed de Notícias, no Paper, é um dos “cadernos”, ou seções que você pode acrescentar à sua lista de interesses. A semelhança a um jornal não parece ser acidental: ao abrir o app pela primeira vez, depois de passar pela bela introdução guiada (uma voz feminina o ensina a usar o app), pode-se escolher entre vários cadernos, ou editorias, para receber conteúdo.

Com exceção do Feed de Notícias, as demais seções são mantidas por editores profissionais contratados pelo Facebook. Elas são bem variadas e não visam prender o usuário dentro do ecossistema do Facebook, uma abordagem meio estranha dado o histórico claustrofóbico da rede. Não que eu esteja reclamando, longe disso. Outro efeito colateral dessa intereferência humana é o aumento da serendipidade, aquelas descobertas gostosas de textos, fotos e outros conteúdos agradáveis em momentos inesperados.

O design brilhante do Paper aponta para um futuro repleto de apps

Ainda é cedo para dizer se a curadoria, somada ao trabalho dos seus amigos e dos algoritmos do Facebook serão suficientes para fazer o usuário médio recorrer ao Paper como nossos pais abriam o jornal impresso à mesa do café da manhã. Mas uma coisa é segura de dizer: temos aqui um exemplo de app bem feito.

Diferentemente dos outros apps do Facebook, o Paper foi concebido no Creative Labs, um novo grupo restrito criado dentro da empresa para dar flexibilidade e dinamismo a novos projetos. O do Paper foi encabeçado por Chris Cox, VP de Produtos do Facebook, e conduzido por Mike Matas, que coleciona trabalhos magníficos em design e teve sua empresa, a Push Pop Press, comprada pela rede social em 2011.

Existem algumas diferenças pontuais entre o Paper e o que se esperaria de algo com a marca Facebook, começando pela ausência daquela azul característico do site. A estética do Paper é mais refinada.

[insert]Paper: um belo app.[/insert]

O app usa fotos em tela cheia, tipografia acertada e animações suaves para apresentar o conteúdo. Fotos grandes são manuseadas inclinado o iPhone para as laterais. Há menos botões e mais gestos, todos bem intuitivos. A navegação é horizontal, a rolagem vertical é reservada para a exibição de conteúdo. Quando se abre uma página web, aliás, ela ocupa a tela inteira, sem molduras. A tela de edição de “histórias” também ganhou atenção especial, é bem mais atraente que a sua contraparte no app principal do Facebook.

No geral, o Paper se parece com o Facebook Home do Android, só que mais refinado e menos ambicioso — ele não tenta mudar o jeito que você usa o smartphone, apenas oferece um outlet extra mais bonito e com boas fontes para quem deseja se manter informado.

Há muito em gestação, o Paper chega no momento em que o Facebook anseia por diversificar sua presença no espaço móvel2. Na última conferência com investidores Zuckerberg disse que em 2014 veremos mais apps dedicados a funções isoladas do Facebook. O novo e redesenhado Messenger foi o primeiro dessa safra, o Paper, o segundo. Se os próximos apps seguirem esse padrão de qualidade e foco, será cada vez mais difícil se livrar das garras do Facebook.

O Paper é gratuito e está disponível para iPhone (no mínimo iOS 7) apenas na App Store dos EUA.

  1. Pois é, 10 anos! Para celebrar, o Facebook criou um vídeo personalizado de um minuto para cada usuário da rede, mostrando as fotos mais curtidas, as primeiras e algumas aleatórias dos últimos anos. Clique aqui para ver o seu. Eu gostei um bocado do meu!
  2. É na palma da mão que o dinheiro se encontra. No último relatório fiscal referente ao quarto trimestre de 2013, o Facebook anunciou que 53% do faturamento veio de dispositivos móveis. O Paper ainda não exibe anúncios, mas deve ser questão de tempo até eles aparecerem no app.

O que muda com a compra da Motorola pela Lenovo

K900, o smartphone topo de linha da Lenovo.
Foto: Lenovo/Reprodução.

Semana passada tivemos a Campus Party, vimos Rudy Huyn ser convocado pelo Tinder para criar o app oficial da rede para o Windows Phone, o início das vendas do Nexus 5 no Brasil (e que caro!), o novo nome do SkyDrive (OneDrive?), o anúncio do Paper (o do Facebook, não o da FiftyThree)… quanta coisa!

Nada disso superou o susto que foi a compra da Motorola Mobility pela Lenovo. Por US$ 2,91 bilhões os chineses levaram-na do Google e deixaram todos surpresos. Havia indícios de que algo do tipo aconteceria, mas justo a Motorola? Ninguém esperava.

O valor é bem menor que os US$ 12,5 bilhões que o Google, ex-dono da Motorola, pagou há menos de três anos. A diferença se deve ao fato de que apenas uma parte foi vendida, a de dispositivos móveis. Antes disso o Google já havia se desfeito da unidade de set-top boxes por US$ 2 bilhões e na negociação com a Lenovo ficou de fora boa parte do valioso portifólio de patentes da Motorola.

O negócio, aliás, espanta quaisquer dúvidas que porventura existissem sobre os motivos da compra da Motorola pelo Google. Eram as patentes mesmo, uma arma de defesa e ataque contra Apple e Microsoft que, no fim das contas, embora ainda hoje importante, acabou subutilizada pela diminuição da tensão na guerra fria das patentes.

Os bons frutos de uma relação estranha

A Motorola enquanto uma empresa Google conseguiu se reinventar e provar um ponto importante. Moto X e Moto G foram aclamados por público e crítica e mostraram à concorrência como se fazem smartphones bons, bonitos e baratos. Ideias simples, como usar uma variante limpa do Android e apostar em otimização em vez de processamento bruto, são pequenos detalhes que mostraram, na prática, que os anseios dos usuários mais entendidos tinham algum fundamento. E, importante, sem perder em cada venda, como acontece com a linha Nexus — ainda que não tenha lucrado ou vendido o bastante para impedir sucessivos trimestres no vermelho.

Por melhores que sejam, porém, os novos smartphones da Motorola-Google se posicionam de maneira estranha no mercado. Com a aquisição da Motorola, o Google passou a concorrer com seus parceiros. Samsung, LG, Sony, HTC, todos que confiam no Android em seus equipamentos viram com desconfiança esse affair, uma estratégia que não combina com o modelo de negócios do Android e colocava o Google em uma disputa acirrada (e arriscada) num segmento onde as margens de lucro caem cada vez mais e pouca gente faz dinheiro de verdade. Como disse o CEO Larry Page no anúncio oficial, “(…) para prosperar [no mercado de smartphones], ajuda dedicar-se totalmente à fabricação de dispositivos móveis”.

A Lenovo leva, com a aquisição, a marca Motorola e derivadas (Moto X, Moto G, Droid), o CEO Dennis Woodside e todo o pessoal da empresa, 2000 ativos intangíveis e um acordo de licenciamento das patentes, que continuam sob o domínio do Google para defender o sistema de ataques da concorrência. A promessa do Presidente da Lenovo na América do Norte é manter o que quer que esteja em desenvolvimento na Motorola.

Como será a Motorola da Lenovo

Vi muita gente preocupada e até transtornada com a venda. Calma! Acho que não é para tanto. O histórico da Lenovo, pelo menos, é animador: em 2005 comprou a divisão de PCs domésticos da IBM por US$ 1,25 bilhão e, hoje, é a maior fabricante de computadores domésticos do mundo. Há duas semanas adquiriu, também da IBM, sua divisão de servidores de entrada por US$ 2,3 bilhões. E ano passado, levou a brasileira CCE por US$ 300 milhões.

Eles não são conhecidos por aqui, mas os smartphones da Lenovo existem e são populares na China, terra natal da companhia e o maior mercado em potencial do mundo. Lá, eles só ficam atrás dos da Samsung em distribuição.

Dependendo da consultoria a Lenovo já figura, sozinha, em terceiro lugar no ranking de smartphones. Agregar os números da Motorola não ajuda muito a se aproximar de Apple e Samsung (~17% e ~30%, respectivamente, contra ~6% da Lenovo-Motorola), mas permite fincar um pé nos EUA e em regiões menos maduras e mais sensíveis a preços, como América Latina e leste europeu, onde aparelhos como o Moto G se saem muito bem.

No fim, todos ganham. A Lenovo reforça a sua oferta de produtos “PC Plus” e ganha presença nos mercados mais fortes do planeta, e o Google volta a fazer as pazes com as fabricantes-parceiras do Android, a focar no desenvolvimento do sistema e apostar em segmentos inexplorados e futuristas, como termostatos inteligentes, robôs corredores e carros que andam sem condutor.

Para se aprofundar no assunto:

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