Jolla, Adaia e Newkia: as empresas que nasceram com o fim da Nokia

Muito em breve a divisão de celulares da Nokia será incorporada à Microsoft, encerrando uma história de décadas. As atividades da Nokia, porém, vão muito mais longe do que décadas. A empresa orgulho dos finlandeses está prestes a completar 150 anos e embora os celulares com a sua marca estejam com os dias contados, alguns herdeiros já se movimentam para dar continuidade a esse legado.

O fim da Nokia fabricante de celulares foi conturbado. Muitos atribuem esse desfecho, o início do fim, à chegada de Stephen Elop, ex-Microsoft, ao cargo de CEO da Nokia, o primeiro da história não nascido na Finlândia. Em 2011, um memorando comparando a empresa a uma plataforma de petróleo em chamas marcou o começo de uma série de reformulações que acabou com os sistemas operacionais da casa — primeiro o Symbian, depois o MeeGo — e culminou na adoção irrestrita do Windows Phone, da Microsoft, nos smartphones topo de linha.

Foi uma guinada que ainda não se justificou. Algo precisava ser feito, sim, e dentro das possibilidades ter adotado um sistema novo e sem players fortes pode ter sido uma boa. Mas poderia ter sido diferente? A Nokia conseguiria se reinventar apostando no MeeGo? Usando Android? A essa altura, só podemos imaginar esses cenários paralelos.

O abraço na Microsoft desagradou um punhado de gente, dentro e fora da Nokia. Vários funcionários foram demitidos, alguns se demitiram. Uns poucos se juntaram para dar continuidade às ideias da era pré-Elop. Dessa desbamdada surgiram três empresas que esperam conseguir, em um mercado hostil com novatos, despontar como alternativas não só à própria Nokia, mas às outras empresas estabelecidas, como Apple e Samsung. Elas querem ser a Nokia que todo finlandês, que todo mundo que usou e curtiu um N9, gostaria de ter visto.

Jolla: o sucessor espiritual da velha Nokia

Nessa semana a Jolla, primeira das empresas criadas por ex-funcionários da Nokia, no final de 2011, começou a distribuir seu primeiro smartphone para os finlandeses que fizeram a pré-compra. O aparelho roda o Sailfish OS, uma espécie de sucessor espiritual do MeeGo, com interface totalmente baseada em gestos e compatibilidade com apps do Android.

Jolla - A new beginning (Official)

O Jolla não tem especificações que saltam à vista. Vem com um Snapdragon 400 (processador Krait 200 dual core rodando a 1,4 GHz, mais GPU Adreno 305), 1 GB de RAM, 16 GB de espaço interno, tela de 4,5 polegadas com resolução qHD (960×540 pixels) e câmeras frontal e traseira, com 2 e 8 mega pixels, respectivamente. No universo Android, seria no máximo um mid-range, algo para bater de frente com o Moto G, da Motorola.

Especificações não contam toda a história. A centralização da produção de hardware e software é um diferencial e, na prática, pode ser que tais números se traduzam em uma experiência suave, livre de engasgos ou lentidão. Pesa contra o status “beta” do Sailfish OS, e por € 399, algo em torno de R$ 1.260, o Jolla não é exatamente barato. Mas vamos dar um desconto: o MeeGo era um sistema bem acertado e vê-lo voltar à ativa com melhorias é, no mínimo, empolgante.

Alguém segurando um Jolla.
Foto: Jolla/Reprodução.

Empolgante, mas passível de dúvidas. O Jolla não tem botões físicos, toda a interação se dá por gestos. Embora eles não sejam coisa de outro mundo, são vários — vide as imagens abaixo. Existe uma curva de aprendizado em um dispositivo que as pessoas tomam como certo o manuseio — ou alguém aí lê o manual do celular antes de começar a usá-lo? Ser diferente é legal, mas é também um entrave para consumidores menos conscientes do que é a Jolla e o que ela representa.

Quebrada essa barreira inicial, imagino que o usuário se sinta em casa com o sistema de gestos e a bela interface do Sailfish OS. Claro, só testes empíricos podem dar essa exata noção, mas os vídeos demonstrativos apresentam um sistema rápido e esperto, com uma multitarefa que se confunde com widgets e um padrão visual de muito bom gosto. No papel, é um sistema correto, coeso.

Se o Sailfish OS inspira um misto de empolgação e desconfiança, a ideia das capinhas multifuncionais é genial por consenso. A Jolla chama o conceito de “A Outra Metade”. Essas capas podem incorporar funções físicas ao smartphone graças ao padrão I²C, da NXP:

What is the I2C Bus? An Introduction from NXP

Não se sabe muito bem até onde a flexibilidade d’A Outra Metade vai, mas ideias malucas não faltam, algumas delas renderizadas pelo designer Caprico nesta imagem:

Conceitos d'A Outra Metade do Jolla.
Imagem: Caprico.

Um teclado físico, uma câmera melhor, mais bateria, NFC… A simplicidade do padrão I²C faz com que o smartphone incorpore a “metade” anexada automaticamente, de forma quase orgânica. Quando uma é acoplada, o Sailfish a identifica sozinho, muda a interface e se adapta para fazer uso da função que a capa em questão traz. É uma versão simplista do conceito Phoneblok, mas o importante é que é uma funcional.

Não há expectativa de quando o Jolla cruzará as fronteiras finlandesas e chegará a outros países. Quem financiou a campanha de crowdfunding da empresa receberá um por agora. A venda direta no varejo ou via operadoras, por ora é algo incerto — mas apostar na China, onde a empresa tem escritórios e um centro de P&D, é uma boa.

Adaia: smartphones duros na queda para aventureiros

Imagem conceitual do Blackcomb.
Foto: Adaia/Reprodução.

Se o Jolla se esforça para dar continuidade ao software característico da velha Nokia, a Adaia, fundada em maio também por ex-funcionários da empresa e liderada por Heikki Sarajarvi, busca manter viva a alardeada durabilidade dos seus celulares, ainda que por um motivo bem mundano: Sarajarvi destruiu três smartphones em uma viagem de barco de três meses em 2011. “Não posso ser o único que destrói esses smartphones fazendo coisas absolutamente normais”, disse para si mesmo.

A Adaia quer ser sinônimo de smartphones aventureiros. No pouco que já divulgou, não se interessou muito em falar sobre especificações e software, mas em ressaltar como seus aparelhos serão duráveis. Além de “casca grossa”, eles terão conectividade via antenas e satélite, para manter o usuário conectado mesmo nos lugares mais remotos do planeta.

Espera-se que o primeiro modelo, por ora um protótipo chamado Blackcomb, seja lançado em algum ponto de 2014. A Adaia, que conta com 16 funcionários, firmou parcerias para torná-lo realidade: para o design, que lembra uma planta topográfica (imagem acima), fechou com o DesignworksUSA, grupo pertencente à BMW; para os componentes internos, com a Elektrobit.

O Blackcomb não será barato, como todo equipamento feito para resistir a condições adversas, e deverá ser um produto de nicho. Talvez você nunca mais ouça falar da Adaia, e está tudo bem — nem todo mundo tem uma veia aventureira tão pulsante.

Newkia = Nokia + Android

“O acordo reflete a falha completa da estratégia com Windows que Stephen Elop escolheu quando foi indicado a CEO da Nokia dois anos atrás. (…) A Nokia, que há apenas três anos era líder mundial de telefones móveis, é hoje uma marca pequena e insignificante.”

Com essas palavras em mente, Thomas Zilliacus, que tem no currículo 15 anos de trabalhos prestados à Nokia e mais três como consultor, fundou a Newkia em Cingapura no mesmo dia em que foi anunciada a venda da Nokia à Microsoft por US$ 7,2 bilhões. Acusando a Nokia de arrogância e estagnação, Zilliacus quer, com a Newkia, fazerdo jeito que ele acha certo: casar o hardware de ponta da Nokia com o sistema mais popular do mundo, o Android.

Essa dobradinha, o sonho de muita gente, ainda tem uma longa jornada até se concretizar em um aparelho comercial, embora, nas palavras do fundador, esteja “andando rapidamente rumo à distribuição [do primeiro aparelho]”. Nessa semana a Newkia ganhou um CEO, Urpo Karjalainen. Em seu currículo, 20 anos de Nokia e o cargo de chefe de operações de negócio de alguns mercados emergentes da BlackBerry até março deste ano.

Apoio à Newkia parece não faltar. Zilliacus recebeu mais de 50 emails de funcionários da Nokia quando anunciou sua nova empreitada, vários com currículos anexados pedindo uma vaga em sua empresa.

Sabe aqueles universos paralelos que a gente imagina vez ou outra? Algo como iPhone rodando Android, ou notebooks da HP/Dell com o OS X? A Newkia tornará um deles realidade. Se um Nokia com Android será sucesso ou não, não dá para prever, mas curioso pelo menos isso será.

O que sobrou para a Nokia?

O que sobrou da Nokia.
Foto: Rodrigo Ghedin.

A divisão de dispositivos da Nokia vendida à Microsoft era parte da empresa. A mais popular junto às pessoas comuns, mas apenas parte. Com a sua venda, o que sobrou da Nokia foi dividido em três áreas:

  • Equipamentos de rede (Nokia Solutions and Networks).
  • Serviços de geolocalização (HERE Maps).
  • e “Tecnologias Avançadas”.

Em julho desse ano a Nokia comprou a parte da Siemens no acordo que tinha com a empresa desde 2006 na primeira dessas três áreas. Essa divisão, lucrativa, torna a Nokia a quarta maior empresa fornecedora de equipamentos de telecomunicações do mundo, atrás de Ericsson, Huawei e Alcatel-Lucent.

Os serviços de geolocalização, consolidados sob a marca HERE, são outra força — embora longe de ser tão rentável quanto a NSN. A Nokia entrou pra valer nesse mercado em 2007, quando comprou a Navteq. Hoje, além de servir seus próprios aparelhos, ela licencia a tecnologia para outras fabricantes, de smartphones (Jolla e Windows Phone usam mapas HERE) a carros.

Por fim, em “Tecnologias Avançadas” ficam abrigadas as propriedades intelectuais da Nokia, incluindo as mais de 10 mil patentes que a empresa possui.

A nova Nokia não é tão empolgante quanto a que nos deu o N95, N9, Lumia 800 e o lendário 1100, o celular mais vendido do mundo. É uma empresa enxuta, que foca em fazer menos coisas, e só as mais lucrativas ou com potencial para fazer dinheiro. É meio triste se pensarmos no legado que fica pelo caminho, engolido pela Microsoft, mas é bom saber que ex-funcionários darão continuidade a ele, com novas empresas, sistemas e propostas.

As origens e implicações da selfie, a palavra do ano segundo o dicionário Oxford

A palavra do ano, segundo o dicionário Oxford, maior da língua inglesa, é selfie. O sistema da publicação que analisa 150 milhões de palavras mensalmente a fim de mensurar as mais usadas constatou um crescimento de 17000% no uso do termo em 2013.

Embora nova, a prática a que se refere a palavra selfie é das mais antigas. A exemplo de crowdfunding, o equivalente virtual à velha vaquinha; de add, sinônimo de fazer amizades em redes sociais; e de crowdsourcing, a boa e velha colaboração espontânea não lucrativa, selfie é a versão moderna do autorretrato, com leves alterações propiciadas ou impostas pelo meio digital.

A definição de selfie no Oxford, por ora disponível apenas na versão online do dicionário, diz o seguinte:

Uma fotografia que a pessoa tira dela mesma, tipicamente com um smartphone ou webcam, carregada em um site de mídia social.

Não se sabe exatamente quando o termo surgiu. O Oxford atribui a criação a uma discussão em um fórum australiano no ano de 2002, mas se extrairmos o “carregada em um site de mídia social”, suas origens remontam o século XIX, quando câmeras rudimentares e cuja portabilidade seria justificadamente questionada hoje começaram a aparecer, permitindo que os jovens descolados de então tirassem fotos do espelho. Era o caso da Grã-duquesa Anastasia Nikolaevna que, na ausência de Internet, mandava seus selfies aos amigos por carta mesmo.

A Grã-duquesa Anastasia Nikolaevna fazendo um selfie em 1914.
Foto: Anastasia Nikolaevna/Arquivo pessoal (1914).

O selfie na era moderna

Na acepção moderna do termo, depois daquela aparição na Austrália o selfie teve alguns lampejos de popularidade aqui e ali, nem sempre de forma muito digna. No Urban Dictionary, o maior dicionário colaborativo de gírias e neologismos, a primeira entrada, grafada como “selfy”, data de 2005 e inclui um “por mulheres adolescentes” na descrição.

Por volta da mesma época, selfies foram associados ao MySpace em um momento em que o site começava sua transição de rede social mais popular do mundo a motivo de vergonha. No Flickr, o destino de fotógrafos digitais antes do Facebook e Instagram se estabelecerem, selfies eram motivo de chacota por parte dos fotógrafos profissionais. Em sites de imagens engraçadas as brincadeiras com selfies de espelho, geralmente em situações exageradas (tablets e notebooks tirando fotos) e misturada a outros atos questionáveis, como duck face, também eram e ainda são bem populares.

Foi no início dessa década, coincidindo com a massificação e aperfeiçoamento das câmeras frontais de smartphones, que o selfie fez sua passagem definitiva para o mainstream. Em um prenúncio da recente honraria obtida junto ao dicionário Oxford, no final de 2012 a revista Time incluiu selfie entre as dez palavras mais badaladas do ano. Ao longo de 2013 a explosão do termo pode ser sentida no dia a dia e, agora, visualizada no Google Trends:

O termo selfie no Google Trends.

Ajudado por apps como o Instagram, que já recebeu mais de 60 milhões de fotos com a tag #selfie desde que foi lançado, e o Snapchat, que pela privacidade que oferece acaba incentivando fotos mais pessoais, nota-se aí um filão que, inclusive, já vem sendo explorado de forma mais incisiva.

Da nova leva de apps focados em selfies, o Shots of Me é o que mais chama a atenção. Não pela sua qualidade ou base de usuários, mas por um dos investidores, o cantor Justin Bieber — ele próprio um grande criador de selfies.

Existem outros, como o Selfie, mas apesar de toda a empolgação com as fotos de si mesmos eu questiono, sem muito embasamento, até que ponto um app específico para fotos do seu rosto tem chances de vingar. Não existe um “Landscape” para fotos de paisagem, ou um “Instafood” para fotos de comida — ok, até tem, mas a finalidade é outra. Porém, se tem uma coisa que aprendemos nessa indústria vital é que não dá para duvidar de nada. Se um app que envia frases com até 140 caracteres vingou, por que não um repleto de fotos com o rosto das pessoas não vingaria?

Muito selfie faz mal, mas em doses modestas pode ser útil

Papa Francisco adere ao selfie.
O Papa Francisco também aderiu.

Embora qualquer pessoa de qualquer idade possa tirar uma foto de si mesma e subir para o Facebook, percebe-se uma ocorrência maior de selfies entre adolescentes e jovens adultos do sexo feminino. Não é difícil entender o apelo que essa forma de expressão tem: é o controle absoluto da situação, de como a pessoa sairá na foto, que leva a essa enxurrada de selfies. Fiquei mal nessa? Tiro outra. E outra. E outra, até acertar.

O que a princípio parece algo inocente e sem maiores consequências, no fim e em doses extremas revela-se mais um sintoma de uma sociedade que se alimenta do frágil reconhecimento em plataformas digitais e pode acabar em problemas mais sérios.

Alguns estudos dizem que, em grandes quantidades, a publicação reiterada de selfies pode gerar dependência, uma espécie de síndrome de Narciso moderna, e derrubar a autoestima. A recompensa rápida que likes e comentários elogiando as fotos proporciona forma um círculo vicioso que pode acabar em um vício patológico. E quando se atinge esse estado, as fotos ficam cada vez mais apelativas. É o que sugere este estudo de 2008, bem antes do selfie se popularizar.

Mulher fazendo um selfie.
Foto: Thomas/Flickr.

Além de fazer mal a quem publica, selfies em excesso também afetam quem está à sua volta. Neste outro estudo, desse ano, os resultados sugerem que fotos em excesso geram saturação em círculos que não o familiar e de amigos próximos — e em redes sociais eles vão muito além desses dois. O Dr. David Houghton, que liderou o estudo, explica melhor:

“Nossa pesquisa descobriu que aqueles que publicam fotos frequentemente no Facebook correm o risco de danificar relacionamentos na vida real. Isso ocorre porque as pessoas, com exceção de amigos próximos e parentes, parecem não se relacionar muito bem com aqueles que publicar fotos ininterruptamente deles mesmos.

Vale lembrar que a informação que publicamos para nossos ‘amigos’ no Facebook é vista, na realidade, por várias diferentes categorias de pessoas: colegas, amigos, família, gente do trabalho, conhecidos; e que cada grupo aparentemente tem uma visão diferente da informação compartilhada.”

Há espaço para críticas quanto às consequências do selfie em excesso, inclusive algumas bem rasas, beirando o preconceito, como esta da Carta Capital. Mas tal qual toda rede social, o fenômeno dos selfies é mais uma mudança de comportamento desencadeada pela Internet que ainda precisa ser melhor estudada e compreendida. Especialmente porque, apesar do receio, existem também fortes indícios de que há algo de positivo nisso aí. A psicóloga especializada em mídia Pamela Rutledge lista alguns deles neste artigo.

Se você faz coro aos que criticam a prática de pronto, prepare o teclado: já existe uma movimentação em torno dos braggies, fotos para fazer inveja nos outros. Quanto tempo até surgir uma rede exclusivamente para fotos do tipo?


Para aprofundar a leitura:

Foto de abertura: mpenafiel/Flickr.

Amazon Appstore e o universo de lojas de apps alternativas do Android

App da Amazon Appstore em um Nexus 4.
Foto: Rodrigo Ghedin.

Semana passada uma nova loja de apps desembarcou no Brasil. Presente em mais de 200 países, a Amazon Appstore é compatível com Android e se apresenta como alternativa ao Google Play. Mas… por que ter outra loja de apps instalada no seu celular?

A possibilidade de instalar apps de terceiros é um dos grandes trunfos do Android frente a seus concorrentes diretos, iOS e Windows Phone. Além de outras lojas que não o Google Play, o sistema ainda permite a instalação manual de apps, através de arquivos APK, da mesma forma que se faz no Windows com executáveis (EXE, MSI e alguns outros). São maneiras de se conseguir apps que o Google não aprova, por quaisquer motivos, ou com preços menores ou até mesmo de graça, via promoções.

A Amazon Appstore não é a primeira alternativa. Ela existe há algum tempo lá fora e, embora seja acessível a qualquer usuário de Android, em alguns países tem importância estratégica para a Amazon: abastecer os tablets Kindle Fire com apps. Como eles rodam um Android modificado, sem a experiência Google, o Google Play não é uma opção neles. Quem tem um Kindle Fire precisa recorrer à própria Amazon para baixar novos apps e jogos para seus tablets.

Por que eu instalaria a Amazon Appstore no meu Android?

A Amazon Appstore no Android.

É difícil concorrer com o Google. Além da Play Store vir pré-instalada em boa parte dos Androids vendidos no mundo, ela é a primeira opção para a maioria dos desenvolvedores. É o dilema do ovo e da galinha superado: a loja tem muitos clientes e muitos desenvolvedores publicando lá. Todos ganham, inclusive o Google, que faz a ponte entre essas duas partes, coordenando tudo — e fisgando uma porcentagem de cada transação que rola ali dentro.

Uma parcela de smartphones e tablets Android, porém, vem sem a Play Store. Além dos gadgets da Amazon, outros que não licenciam os serviços e apps do Google também não oferecem tal comodidade a seus usuários. É muito difícil encontrar exemplares do tipo no ocidente; por aqui, quando isso acontece é em dispositivos obscuros e baratos de marcas semi-desconhecidas. No oriente, porém, especialmente na China, onde o Google não tem a mesma presença que aqui e vive se estranhando com o governo autoritário do país, é o cenário mais comum. Lojas alternativas são numerosas e populares por lá.

Para se tornarem atraentes a quem tem acesso ao Google Play, as demais apelam para diferenciais. No caso da Amazon Appstore, há uns interessantes:

  • Um app grátis por dia. Na semana de lançamento tivemos um Angry Birds, Paper Camera e TuneIn Pro.
  • Usar cartão de crédito nacional, coisa que ainda não é possível pelo Google Play no Brasil.
  • Escapar da flutuação do dólar, que pode trazer surpresas desagradáveis no vencimento da fatura do cartão, e do IOF. Como a Amazon tem uma operação comercial completa no Brasil, ela pode cobrar localmente, em Real e livre do imposto sobre operações financeiras que incide em compras no exterior — a modalidade que ocorre nas transações feitas pelo Google Play.
  • Recomendações de apps baseadas no que você costuma baixar/comprar.

Além desses benefícios para quem tem um Android no Brasil, a chegada da Amazon Appstore abre espaço para especulações sobre a vinda dos tablets da empresa para cá. Os e-readers já são vendidos; estariam os Kindle Fire, baratos e bem avaliados lá fora, prestes a estrearem aqui?

As alternativas à alternativa: lojas de apps além da Amazon Appstore

Como dito, a Amazon Appstore não é a primeira loja que se apresenta como alternativa ao Google Play. Outras estão no mercado, lutando pela atenção dos usuários e o amor dos desenvolvedores.

A primeira que usei, aliás, precedeu o Android Market — antigo nome do Google Play. Nos idos de 2010 a AppBrain tinha um recurso matador e único: instalação remota de apps. Usando um computador, dava para “mandar” instalar um app no celular à distância. Hoje a Play Store faz essa comodidade, mas naquela época era o grande diferencial da AppBrain e o que levava muita gente a usá-la em detrimento da loja oficial.

Perder tal exclusividade não fez com que a AppBrain acabasse. Atualmente ela oferece um SDK, o AppLift, para que desenvolvedores integrarem publicidade em seus apps, um sistema de recomendação de apps próprio e a possibilidade de compartilhar na web listas com os apps que você tem instalado. E, embora tal detalhe não vá despertar o desejo de baixar todos os seus apps de lá, ela tem um blog bacana onde saem comentários de mercado, estatísticas e opiniões.

Outra loja alternativa é a App Center, do conglomerado AndroidPIT. Os diferenciais são a janela de arrependimento na compra de apps, de 24 horas (contra 15 minutos no Google Play), a aceitação de PayPal na hora de pagar por eles e reviews de apps feitos pela própria equipe do site.

MiKandi Adult App Store V4 About Video

Existem mais, inclusive algumas especializadas em nichos. A MiKandi, por exemplo, só tem apps adultos. Ela se diz a maior loja de apps pornográficos do mundo, com quatro milhões de usuários e mais de oito mil apps, e não tem vergonha de apostar em invencionices a partir da união entre tecnologia e sexo — aquela paródia de filme pornô com Google Glass, por exemplo, foi iniciativa dos caras.

Desconheço de pronto, mas devem existir outras tantas lojas alternativas, de nicho e até que disponibilizam apps piratas. A exemplo da maioria dos usuários, para mim essas mainstream são suficientes. Ter opções, porém, é sempre uma boa — e o app gratuito diário da Amazon Appstore, por si só, já é um bom motivo para tê-la em qualquer aparelho.

Você usa alguma loja de apps além do Google Play?

Leituras da semana #5

Smartphone, tablet e ereader: todos prontos para a leitura.
Foto: Rodrigo Ghedin.

Na seção Leituras da semana, a ideia é trazer até cinco posts de outros sites publicados no decorrer da semana que merecem ser lidos. São artigos primariamente sobre tecnologia, mas que, seguindo a linha editorial do Manual, podem também flertar com comunicação, psicologia e outras áreas desde que tenham uma abordagem relacionada a gadgets ou bits.

Na sequência, você tem os links e breves descrições de cada artigo. No final do post há um link para o Readlists.com. Por lá é possível baixar um ebook contendo os artigos listados na íntegra ou exportá-lo para seu Kindle, outro ereader ou tablet e ler na piscina, no sofá, onde quiser durante o fim de semana. Espero que gostem.

Sobre o What Would I Say?

O What Would I Say? é um app para Facebook que pega tudo o que você já escreveu lá e monta frases aleatórias. Quando vejo uma galera publicando dúzias dessas mensagens me vem à cabeça um macaquinho que ganhou uma câmera fotográfica e fica tirando autorretratos. Devon Maloney, da Wired, foi atrás dos criadores do app, pegou umas frases felizes do Nathan Jurgenson e fez uma bela reflexão do WWIS?: é a insegurança, não o narcisismo, o que estimula o uso do app.

Wired: É insegurança, não narcisismo, o que nos faz gostar do “What Would I Say”

Sobre os termos e condições do Lulu

O Lulu, app de review de homens, assusta muita gente que aparece nas listas de reviews das mulheres sem sequer ter ouvido falar do app. Como? Graças ao Facebook. Os termos de uso e política de privacidade do Lulu são escandalosos. Andrew Couts faz uma análise detalhada deles e dá dicas certas para quem quiser se ver fora disso.

Digital Trends: Termos e condições: perdão senhores, o Lulu capturou vocês pelos seus dados

Sobre o vício em tecnologia

Entrevista bacana da Dani Arrais com David Baker, ex-editor da Wired inglesa. Ele fala sobre desconexão, excesso de trabalho, a loucura da modernidade e outros temas que interessam muito.

don’t touch my moleskine: Por uma vida mais off-line


Todos os artigos acima estão listados no Readlists.com, onde você pode enviá-los para o Kindle, por email, para dispositivos iOS ou baixar um ebook.

O reducionismo do Lulu, o app de reviews de homens

O Lulu chegou ao Brasil com uma ótima localização e marketing agressivo para atrair mulheres interessadas em ajudar amigos a ganhar moral com possíveis pretendentes ou fazer aquele desabafo anônimo de caras que não foram legais com elas.

Em uma definição simples, o Lulu é um app de reviews de homens. Em um contexto maior, mais um que mistura bits com sentimentos.

A primeira das várias polêmicas recai na objetificação dos homens, no sentir na pele o que as mulheres vivem no dia a dia desde que o mundo é mundo. Polêmica que cai por terra pelo clima descontraído que norteia o Lulu e porque… bem, talvez até existam, mas é meio rara a figura do homem-objeto, seja em um app, seja andando por aí. Bater nessa tecla é reforçar a ideia insana de preconceito contra héteros, por exemplo.

Poderia desenvolver melhor o raciocínio, mas já o fizeram em 140 caracteres:

https://twitter.com/chinisalada/status/403969676138381312

Aos incomodados, existe a opção de pedir a remoção do perfil no app. Ele não é “opt-in”, ou seja, não cabe aos homens se cadastrarem lá e esperarem as opiniões; atrelado ao Facebook, todo mundo começa automaticamente dentro da brincadeira. Um ponto perigoso e com enorme potencial de acabar em briga na justiça.

Antes de chegar a esse extremo, porém, o Lulu é capaz de estragar um encontro, ou magoar algum marmanjo?

Difícil. O ambiente é controlado e abusa do bom humor. As hashtags são pré-definidas e mesmo as negativas foram redigidas de forma descontraída. Os homens podem apelar contra o que as mulheres disserem dele incluindo eles próprios as hashtags que acharem adequadas.

De qualquer forma, nada exclui as notas e as hashtags mais cruéis delas e, nessa, imagino que deva ser preciso uma autoestima elevada para quem ficar com nota vermelha ou for bombardeado com #FriendZone e #Cascão. O suficiente para amaldiçoar o destino amoroso de um homem para sempre? Pouco provável.

A minha grande crítica ao Lulu é outra, é em relação ao reducionismo da proposta, algo que paira sobre mídias sociais e sobre a Internet de modo geral.

Viramos números, arrobas, resultados de algoritmos que processam informações por si só reduzidas, distorcidas. Vai do mais escancarado, o Klout, até os anúncios que Facebook e Google direcionam baseados no que fazemos online. Estamos nos adequando aos computadores ante a incapacidade deles de, no momento, se adequarem a nós. Como David Auerbach conclui em seu belíssimo ensaio na n+1, “a estupidez deles [computadores] se transformará na nossa”.

Esmiuçando o problema de transformarmos personalidades em dados binários, na hora de avaliar aspectos da natureza humana o leque de alternativas extrapola em muito duas alternativas, o “sim ou não”. Não raro, a razão dá lugar à emoção e detalhes circunstanciais e/ou temporários ganham pesos desproporcionais em relação ao todo.

Um casal sem uma boa química não significa que ambos ou um deles seja uma pessoa a ser evitada. A pessoa “X” que no relacionamento com “Y” era distante, pode ser só amores com a “Z”. Posso ter conhecido alguém e ficado com ela uma noite; qual a base que essa mulher teria para me avaliar?

Se somos tampas procurando a panela compatível, limitar as opções baseados em um app é reduzir uma questão complexa a uma solução capenga, falha.

Pareço exagerado, mas é esse o tom de Alexandra Chong, co-fundadora do Lulu, na matéria do New York Times.

“Quando você pesquisa um cara no Google, não quer saber para quem ele votou ou qual foi o tema de conclusão de curso dele. Você quer saber se as sogras gostam dele. O cara tem bons modos? Ele é atencioso?

(…)

Você não tem controle se o cara é ótimo ou um babaca e no fim da experiência, mesmo que ninguém leia você sente que deu o troco no cara. Você recuperou parte do controle.”

Um discurso que parece descompassado com a realidade do Lulu que, como já dito, tem um ar bem leve. Talvez fosse legal os criadores do app se posicionarem mais firmemente em relação a isso.

Como os caras ficam no Lulu.
Arte: Brenton Powell/Tumblr.

Não vejo com maus olhos o auxílio da tecnologia na hora de flertar. Sendo um introspectivo e a princípio desinteressado, pelo contrário; acho essa tendência bacana. O grande dilema aqui é o contexto, ou a falta dele.

Homens falam de mulheres, imagino que mulheres também falem de homens. A diferença entre essa prática antiga e o que Lulu proporciona é que nesse último o alcance das críticas é bem maior e livre do contexto que a convivência com os parceiros de fofoca oferece. Na forma como se apresenta, o Lulu é um julgamento tácito, uma condenação sumária sem a mínima possibilidade de defesa.

Talvez o Lulu fique só como “o assunto do Twitter no dia 22 de novembro de 2013”, talvez cole e vire a certidão de cara legal do século XXI. Mas a exemplo da Vivian, depois de ver os dois lados do app, no celular de uma amiga e no meu próprio, acredito que seja só uma farra, uma brincadeira sem maiores consequências. Na verdade torço para que seja o caso. Seria muito chato ser dispensado de antemão porque ganhei a hashtag #MaisBaratoQueUmPãoNaChata. O que não é o caso. Acho.

Ter apps populares como Instagram e Waze não resolve o problema do Windows Phone

Nessa semana o Windows Phone recebeu o Instagram, app até então símbolo do descaso com a plataforma. De carona vieram o Waze, popular app de GPS com informações enviadas pelos próprios usuários, e o MixRadio, um app de streaming simples e inteligente da própria Nokia.

Foram passos importantes na consolidação da plataforma, que dia desses completou três anos de vida.

Não devo servir de parâmetro, mas no meu Android, com seus milhões de apps, não encho quatro páginas do app drawer com eles. Dos que uso efetiva e diariamente, cabem todos em uma tela inicial — e ainda sobra espaço.

Ter os apps certos, que nesse contexto significa os mais populares, foi o primeiro passo que a Microsoft deu, ainda que com certo atraso. No dia a dia esse esforço em trazer grandes nomes para a plataforma já se faz notar: na transição que fiz para um Windows Phone em testes aqui, senti falta de pouca coisa na experiência central de uso — leia-se nos apps que uso em ~80% do tempo.

Comparando as duas telas iniciais dá para ver que boa parte do que uso no Android está coberto pelo Windows Phone:

Android e Windows Phone, apps básicos cobertos.

Se havia dúvidas de que o Windows Phone era o terceiro cavalo do páreo, os lançamentos recentes de apps e os diferenciais da linha Lumia, especialmente as câmeras incríveis da Nokia, dirimiram elas. É preciso sempre ler com um pé atrás as comemorações de quem trabalha diretamente com o fruto da celebração, mas no caso deste tuíte do Joe Belfiore (onde, presumo, ele acidentalmente trocou 2013 por 2014) o cara tem razão em ficar feliz pelo Windows Phone:

Isso é muito bom, mas não é suficiente. Para a maioria, ter Instagram, Facebook e Twitter basta; mas as frustrações derivadas de apps estão longe de serem sanadas porque o Windows Phone continua correndo atrás de Android e iOS.

Guarde essas pedras aí, espere um pouco antes de xingar a minha mãe. Deixe-me terminar o raciocínio primeiro :-)

Não é nem o caso de grandes nomes ainda ausentes na plataforma, como Dropbox e Pocket. O próximo ponto onde a Microsoft precisa focar é em trazer apps-sensação para o Windows Phone, aqueles relativamente novos que fazem as manchetes dos sites de tecnologia e são baixados aos milhões nas lojas de apps dos concorrentes. Snapchat, Tinder, Lulu, Potluck, Shots of Me e outros de quem você talvez não tenha ouvido falar — ainda.

É bem provável que daqui um mês a maioria desses apps tenha caído no esquecimento, mas o efeito que o conjunto deles exerce em quem está nessa de smartphones e apps não pode ser ignorado. Em tempos tão efêmeros, estar na fileira principal de plataformas que recebem novos apps é um fator crucial. Não adianta muito receber Angry Birds, Fruit Ninja e Cut the Rope anos depois de eles terem aparecido na Play Store e na App Store.

Para não dizerem que é picuinha com a Microsoft, o Android também sofre com uma situação similar, só que nos tablets. Temos os (ótimos) do Google, alguns poucos adaptados e bem feitos, mas a oferta para aí. O que o sistema oferece não é suficiente para fazer frente ao iPad e seus apps educacionais e inovadores, principalmente os jogos. A Toca Boca, que já citei aqui em outra oportunidade, desenvolve apps infantis de extrema qualidade. Ela tem cerca de 20 disponíveis, todos com versões para iOS, apenas três na Play Store.

Tecnicamente, há tablets Android muito bons e que não devem muito a um iPad Air. Ano passado os Androids pequenos eram reconhecidamente superiores em especificações, principalmente tela, em relação ao iPad mini. Mas falta ainda o essencial, faltam apps que explorem o formato. É o mesmo que ter uma Ferrari sem gasolina, ou uma TV UltraHD sem programação compatível.

Nokia MixRadio é um exemplo de app inovador para Windows Phone.
Foto: Nokia/Reprodução.

Voltando ao Windows Phone e continuando com a analogia televisiva, hoje é como se o sistema tivesse acesso à programação aberta/básica: Globo, Record, Band e RedeTV, o arroz com feijão do meio, estão todos lá. Mas faltam os canais específicos da TV a cabo, a opção de ver vídeos da Internet, as possibilidades que uma plataforma difundida pode (e deve, se quiser ser popular) oferecer. Faltam mais MixRadios, um app muito bom saído dos laboratórios da Nokia e sem igual em outras plataformas.

O ponto positivo desse cenário é que agora que a escassez de apps já não é mais um problema tão grave, desenvolvedores talvez se sintam incentivados a apostarem no Windows Phone. O que não significa, nem de longe, que é um nó fácil de se desfazer. O Android, quando era a única alternativa viável ao iOS, sofreu bastante para alcançar paridade com o sistema da Apple no tocante a lançamentos de apps — e até hoje é preterido em alguns casos, como os do Shots of Me e Potluck. De qualquer maneira, o prognóstico para usuários de Windows Phone, hoje, é mais animador do que era um ano atrás. Ainda há esperança.

It really whips the llama’s ass! Winamp, o nostálgico player de áudio, será descontinuado no fim do ano

Há uns dez anos a dinâmica da Internet era um bocado diferente. A velocidade reduzida das conexões discadas, a ingenuidade dos desenvolvedores e usuários e as tecnologias ainda pouco robustas limitavam muita coisa. Era tudo sofrido, mas era divertido.

A forma de se consumir música era outra. Dava para comprá-las, sim, mas a própria ideia de gastar dinheiro na Internet, em coisas que não se pode pegar, era estranha à maioria. Imperava a pirataria através do Napster, KaZaA, eMule e outros. Na hora de reproduzir os arquivos MP3 baixados, o player mais popular era o Winamp.

Com uma curta mensagem no site oficial, a Aol marcou a data para o fim do Winamp: 20 de dezembro de 2013. As versões para Windows e Android serão descontinuadas e quem quiser baixá-las dos canais oficiais tem até esse dia para garantir sua cópia. Depois disso, só em repositórios de velharias.

Mensagem de encerramento do Winamp.
Clique para ampliar.

Atualização (14/1/2014): a Radionomy, um grupo especializado em rádios online, anunciou a compra do Winamp e da tecnologia SHOUTcast, da Aol. Com isso o app não só continuará disponível, como receberá novas funções em versões futuras. Alexandre Saboundjian, CEO da Radionomy, disse que “seu papel [do Winamp] é claro na futura evolução da mídia online — planejamos fazer dele um player ubíquo, desenvolvendo novos recursos dedicados ao desktop, mobilidade, sistemas automotivos, dispositivos conectados e todas as outras plataformas”.

O bom, velho e rápido Winamp

O Winamp era legal por uma série de fatores. Era poderoso e leve, flexível o bastante para aceitar skins e plugins e tocava vários formatos populares. Ser gratuito também era um ponto bem positivo. Havia diversos apps para ouvir música, alguns cópias descaradas do Winamp, quase todos mais lentos e confusos que o original. Pela simplicidade e poder, o Winamp 2 era o preferido de muita gente.

Skin padrão do Winamp 2.
Winamp 2.

O sucesso da segunda versão foi avassalador. Durante um bom tempo ele foi o programa para Windows mais baixado do mundo.

Tamanha popularidade levou a Nullsoft a desenvolver novas versões. O Winamp3 foi totalmente reescrito e lançado em agosto de 2002. O que parecia ser um belo recomeço mostrou-se um desastre: o software ficou pesado, eliminando uma das características mais notáveis da versão anterior. A rejeição foi tão grande que a o Winamp 2 continuou recebendo atualizações em paralelo até o lançamento do Winamp 5, pouco mais de um ano depois.

O Winamp 5 fundiu as duas versões anteriores (por isso, 2+3, que ele recebeu esse número de versão e não foi chamado Winamp 4). Era um app mais ágil, mas nessa época os sinais de ostracismo começavam a aparecer, mais por culpa da concorrência do iTunes, de outros players melhores e por mudanças no comportamento do usuário médio do que por demérito da Nullsoft no desenvolvimento do Winamp.

Ainda saíram mais duas grandes atualizações, o Winamp 5.5 em 2007, celebrando os 10 anos do player, e o 5.6, com integração com o app para Android e outras poucas novidades.

Em algum ponto dessa trajetória de 15 anos prestes a se encerrar o Winamp ganhou um app elogiado para Android, passou a rodar vídeos, foi vendido para a Aol e perdeu espaço para formas conectadas de consumir música. Como todo ciclo, este é mais um que se fecha. Os players padrões dos sistemas em uso atualmente são bons e, quando se buscam alternativas de terceiros, há muita coisa legal que ultrapassa o Winamp em funcionalidades e comodidade.

Pelas tardes e madrugadas ouvindo música, as milhares de skins e os muitos plugins bacanas, o meu muito obrigado!

E nunca se esqueça:

Os preços do iPhone 5s e 5c no Brasil são assustadoramente caros

Os preços do iPhone 5s no Brasil assustam.
Foto: Apple/Reprodução.

O lançamento oficial dos novos iPhones no Brasil será na sexta-feira, mas os preços do iPhone 5s e 5c já foram revelados. Prepare-se: eles são assustadoramente caros.

A tabela foi divulgada pela TIM e ratificada pela Saraiva — que já tirou do ar a página onde ela aparecia. Confira:

  • iPhone 5c (16 GB): R$ 1.999
  • iPhone 5c (32 GB): R$ 2.399
  • iPhone 5s (16 GB): R$ 2.799
  • iPhone 5s (32 GB): R$ 3.199
  • iPhone 5s (64 GB): R$ 3.599

Talvez algum esteja escapando da minha memória, mas não me lembro de outro smartphone recente, com exceção do iPhone 5 de 64 GB vendido diretamente pela Apple, que tenha chegado aos R$ 3.000.

O Felipe fez as contas e o aumento no preço do iPhone 5s em relação aos valores cobrados no lançamento do modelo anterior, o iPhone 5, ultrapassa a valorização do dólar no período. A variação fica entre 16,7% e 20%, enquanto a moeda estrangeira, normalmente apontada como culpada pelos valores salgados dos gadgets por aqui em conjunto com os impostos, subiu 11% no mesmo período.

Comparar os novos preços com os dos iPhone 5 é um exercício curioso:

Gráfico com preços de iPhone no Brasil.

Haverá festas de lançamento em shoppings à meia noite de quinta para sexta-feira, com distribuição de brindes e ofertas especiais para os corajosos que enfrentarem fila para pagar tão caro por um smartphone. Os locais podem ser vistos no Giz.

A perspectiva de que os estoques iniciais, provavelmente limitados, deverão sumir em poucas horas tem respaldo nos modelos anteriores. Todo ano o iPhone chega aqui mais caro, todo ano a história se repete. É aquela velha questão: enquanto houver quem pague, por que fugir dessa precificação maluca? Comentamos isso, aliás, no último podcast.

Uma das alternativas a pagar tão caro em um iPhone novo é trazer de fora. Com a questão do 4G, não é todo iPhone que é compatível com a infraestrutura brasileira — embora no 3G qualquer um funcione sem problemas. Mesmo que o 4G não seja um fator importante para você no momento, a diversidade de modelos de um mesmo iPhone afeta a garantia: a Apple local só presta suporte aos modelos que são comercializados aqui. O MacMagazine explica bem quais países vendem o mesmo iPhone vendido no Brasil e que, portanto, pode recorrer à garantia local.

Além de comprar de fora, uma última saída para quem não considera um Android ou Windows Phone no bolso é apelar para modelos usados de iPhone 5. O hardware é virtualmente o mesmo do iPhone 5c, ou seja, ainda tem fôlego para gastar, e de segunda mão os valores ficam mais digeríveis. E, questão de gosto, o visual do iPhone 5 para muita gente é mais bacana que o do 5c. (Eu também acho!)

Foi isso o que fiz para ter um “iPhone da redação”:

O iPhone da redação.
Foto: Rodrigo Ghedin.

[Review Rápido] Optimus L7 II, o topo da linha mid-range da LG

Ano passado a LG apresentou a linha Optimus L, composta por smartphones low-end e mid-range com preços atraentes e desempenho agradável principalmente nos modelos mais simples. Em 2013, sem muita criatividade e com poucas mudanças, a LG lançou a segunda leva desses aparelhos chamando-a de L II.

Um review rápido é o que o nome diz: a análise de um gadget feita com menos detalhamento do que reviews convencionais. Como sou um só e às vezes o volume de aparelhos é maior do que a minha capacidade de analisá-los, a saída encontrada para falar um pouquinho do excedente sem correr o risco de fazer julgamentos precipitados foi encurtar esses reviews.

Optimus L7 II: Android intermediário da LG.
Foto: Rodrigo Ghedin.

O Optimus L7 II é o modelo mais robusto desses novos — o L9, que existia na primeira geração, não fez a transição para a atual. Ele conserva diversas características do seu antecessor e traz algumas melhorias interessantes, ainda que insuficientes para destacá-lo — o que, convenhamos, é bem difícil no mar de smartphones Android.

Nos Optimus L do ano passado o design angular era um diferencial questionável. Os aparelhos eram bem quadrados, impactando até a ergonomia. O L7 II é diferente, assemelha-se mais ao padrão de outros aparelhos e fabricantes, com cantos e bordas traseiras arrendondadas. Ele é confortável de segurar.

A tampa traseira com acabamento em black piano.
Foto: Rodrigo Ghedin.
O tamanho do Optimus L7 II em perspectiva.
Da esquerda para a direita: Nexus 4, caneta BIC, Optimus L7 II e iPhone 5. Foto: Rodrigo Ghedin.

O acabamento é todo de plástico e para desespero de quem tem TOC com limpeza a tampa de trás é em black piano, aquele ímã de impressões digitais. Ela sai com facilidade, revelando a bateria e os slots para o SIM card e cartão micro SD — um de 4 GB acompanha o aparelho. Há ainda, no mercado local, o L7 II Dual, com suporte a dois SIM cards.

Na frente, chamam a atenção a borda prateado e o botão principal que traz um LED multicolorido no seu contorno, como o Optimus G Pro. Vem desse phablet, aliás, outro toque exclusivo: o botão extra do lado esquerdo, acima dos de volume, configurável nas opções do sistema.

O Optimus L7 II herda alguns detalhes do Optimus G Pro.
Foto: Rodrigo Ghedin.

Configurações medianas com dois destaques

A tela do L7 II mantém a tradição da LG de fabricar painéis bonitos. Ela tem 4,3 polegadas, painel IPS, boa fidelidade de cores. Só escorrega na resolução, de 800×480, o que não chega a incomodar na maior parte do tempo, mas revela serrilhados na hora de reproduzir vídeos, jogos e fontes pequenas àqueles com olhos mais atentos. De qualquer forma, com 217 pixels por polegada é uma tela bacana.

Detalhe curioso (e chato): não há controle automático do brilho. Isso passa numa boa em modelos de entrada, mas para um que se posiciona como mid-range é uma ausência estranha.

Botões frontais do Optimus L7 II.
Foto: Rodrigo Ghedin.

Para mostrar o que aparece na tela e receber os comandos do usuário, o L7 II conta com um Snapdragon S4 Play, um SoC mediano com processador Cortex-A5 dual core de 1 GHz, GPU Adreno 203 e 768 MB de RAM. Está longe de ser ruim; ele lida bem com o Android e as intervenções da LG no sistema, e na maior parte do tempo não é impedimento ao bom uso do smartphone. Mas basta exigir um pouco mais, com um jogo ou intensificando o uso da multitarefa, que algumas engasgadas se fazem notar.

Optimus UI: piora em relação ao Android puro.

O L7 II não foge à regra e, a exemplo dos demais Androids da casa, vem com uma camada extra sobre o Android (4.1.2, no caso), a Optimus UI. Elementos visuais e configurações, quando aplicáveis, são os mesmos do Optimus G Pro, incluindo o QuickMemo – que em uma tela abaixo das 5 polegadas não faz lá tanto sentido. As críticas feitas à Optimus UI no último review se repetem aqui: as alterações são feias, a usabilidade é pior que a do Android puro e, ainda que existam, é difícil encontrar pontos onde ela se justificam no sentido de serem benéficas ao usuário.

A câmera de 8 mega pixels é o que se esperaria de uma topo de linha em celulares há dois anos: passável em ambientes com bastante luz, sofrível com luz artificial e proibitiva em locais com baixa iluminação. É relativamente fácil deparar-se com ruído e o baixo alcance dinâmico atrapalha. Novamente: para um mid-range, está de acordo. São fotos que ficam bonitas em redes sociais, redimensionadas, e que são suficientemente boas para guardar para a posteridade. O mesmo não pode ser dito dos vídeos, dada a incapacidade de filmar em alta definição. O L7 II só grava vídeos em 480p a 30 quadros por segundo, o que é uma pena.

Além da tela, a bateria é outro ponto que se destaca no L7 II. Ela tem 2460 mAh, um valor alto nesse patamar. A título comparativo, o modelo anterior tinha uma bateria de 1700 mAh e alguns concorrentes do atual, como o Xperia M, da Sony, e o Lumia 620, da Nokia, ficam bem abaixo do que o L7 II oferece — 1750 e 1300 mAh, respectivamente. Dá para ficar mais de um dia longe da tomada com esse smartphone, uma coisa sempre boa independentemente da faixa de preço em que ele se insere.

Como telefone o aparelho cumpre bem o que se espera de um. O alto-falante traseiro, porém, é um tanto ruim, com volume baixo e um som pobre, carente de detalhes e graves. Os fones de ouvido que vêm na caixa são bem ruins também.

Vale a pena comprar um Optimus L7 II?

Um bom smartphone intermediário.
Foto: Rodrigo Ghedin.

Quando lançado no Brasil, em abril, o L7 II com suporte a um SIM card tinha o preço sugerido de R$ 929. Hoje é encontrado em lojas virtuais confiáveis por valores que variam de R$ 720 a R$ 800, o que o coloca em choque com aparelhos bem atraentes.

O Nexus 4, também da LG, está em promoção eterna no varejo local e, enquanto não esgotarem os estoques, é a melhor compra não só nessa faixa, mas de todas do mercado. A uma cabeça de distância aparece o Moto G, da Motorola, que bate o L7 II em praticamente todos os quesitos e tem preço sugerido quase R$ 100 mais barato que o aparelho da LG já com descontos promocionais aplicados. Outros modelos correm por fora, como o Lumia 720, da Nokia, e o Xperia L, da Sony.

Comprar o Optimus L7 II não é mais um bom negócio. E é compreensível: ele foi lançado há oito meses, uma eternidade em se tratando de smartphones que parece ainda maior entre os modelos de entrada e intermediários. Se vê-lo em alguma promoção agressiva, porém, de repente pode ser uma boa. Apesar das mexidas infelizes da LG no Android e do SoC mediano, tela e bateria ainda estão acima da média e são capazes de deixar qualquer dono de um L7 II bem contente.

Compre o Optimus L7 II

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Comprando pelos links acima você ajuda a manter o Manual do Usuário no ar.

Leituras da semana #4

Smartphone, tablet e ereader: todos prontos para a leitura.
Foto: Rodrigo Ghedin.

Na seção Leituras da semana, a ideia é trazer até cinco posts de outros sites publicados no decorrer da semana que merecem ser lidos. São artigos primariamente sobre tecnologia, mas que, seguindo a linha editorial do Manual, podem também flertar com comunicação, psicologia e outras áreas desde que tenham uma abordagem relacionada a gadgets ou bits.

Na sequência, você tem os links e breves descrições de cada artigo. No final do post há um link para o Readlists.com. Por lá é possível baixar um ebook contendo os artigos listados na íntegra ou exportá-lo para seu Kindle, outro ereader ou tablet e ler na piscina, no sofá, onde quiser durante o fim de semana. Espero que gostem.

Sobre mapas e apps padrões no iPad

Apesar do início desastroso, o Apple Maps do iOS conquistou uma boa parcela dos usuários norte-americanos de iPhone. Mérito do serviço ou a comodidade de tê-lo instalado vence uma possível supremacia do Google Maps, a alguns cliques de distância na App Store? Estamos em 2013 e a Apple ainda não permite definir apps padrões diferentes dos nativos no seu sistema móvel.

Guardian: Apple Maps: o Google perdeu quando todo mundo achou que havia ganho

Sobre privacidade e democracia

A gente se preocupa um bocado com o que as empresas fazem com nossas informações, ficamos irritados com anúncios direcionados, coisas do tipo. Mas as implicações que análise e processamento de dados maciços dos cidadãos vão muito além disso, chegam a colocar em xeque a ideia de democracia. Para ler e reler algumas vezes.

MIT Technology Review: O verdadeiro problema da privacidade

Sobre universos simulados

E se Matrix for verdade? Parece surreal, mas a possibilidade de sermos uma sessão de The Sims em um super computador qualquer existe, e cientistas estão há anos tentando descobrir se é o caso. Na prática, um dos pesquisadores diz que descobrir isso não afetaria muito a percepção do mundo — seria, pois, mais uma teoria para se juntar às criacionista e evolucionista.

Discover: Nós vivemos na Matrix?

Sobre fones de ouvido baratos

O Wirecutter é um site de reviews que avalia de tudo. Seus comparativos são bem profundos, inclusive este de fones de ouvido. Impressionante o trabalho de Lauren Dragan, que fez emergir, com um método bem consistente e a ajuda de amigos audiófilos, o melhor fone de ouvido por menos de US$ 30.

Wirecutter: Os melhores fones de ouvido por menos de US$ 30

Sobre mestrado em mídias sociais

O mestrado em mídias sociais da Universidade da Florida tem como tarefas fazer retweets, escrever (e ler) posts de blog, interagir com pessoas no Twitter e acompanhar marcas no Facebook. Nesta matéria do BuzzFeed, um mestrando conta como é a rotina no curso.

BuzzFeed: Como é um um mestrado em mídias sociais


Todos os artigos acima estão listados no Readlists.com, onde você pode enviá-los para o Kindle, por email, para dispositivos iOS ou baixar um ebook.

Snapchat e Facebook: como dizer “não” a US$ 3 bilhões

O Facebook tem um app para iOS chamado Poke. Não é a cutucada que existe há eras na rede social, é um app que permite enviar mensagens, fotos e cutucadas que expiram em poucos segundos. Igualzinho o Snapchat.

Criado no final de 2012 para bater de frente com o Snapchat, o Poke foi concebido em apenas 12 dias. Era um recado do Facebook a startups inovadoras: vocês têm uma boa ideia? A gente faz igual, e faz rápido.

O único problema é que ninguém deu muita bola para o Poke e, sem surpresa, o app acabou caindo no esquecimento. Nem o próprio Facebook parece ter levado sua cria a sério, sensação que se fortaleceu com a divulgação pelo Wall Street Journal de que a rede social tentou comprar o Snapchat por US$ 3 bilhões e ganhou um não como resposta.

Você recusaria US$ 3 bilhões?

Por que o Facebook quer o Snapchat?

Telas do Snapchat.

Há um ano e meio o Facebook comprou o Instagram por um terço do valor oferecido ao Snapchat. De lá para cá o mercado de apps mudou um pouco.

Se antes o Instagram era visto como o El Dorado da fotografia digital, hoje ele divide espaço com concorrentes menos óbvios — Snapchat e WhatsApp, para citar dois. Se considerarmos a quantidade de imagens trocadas nesses serviços por dia, o Instagram some: dados levantados por Benedict Evans indicam que por ali passam diariamente 55 milhões de fotos. No Snapchat? 350 milhões, a mesma quantidade que o Facebook recebe.

O Facebook ainda sofre com a saturação junto a um público muito especial, o dos adolescentes. Mês passado, ao revelar os números do trimestre como toda boa empresa aberta faz, a empresa admitiu uma queda no engajamento dos jovens. Esse público estaria migrando para redes mais privadas, sem a presença de adultos; o Snapchat se posiciona como um paradigma dessa nova safra — não há legado, não há pai, mãe e tia, você manda uma foto e ela some rapidamente.

Em evento relacionado, uma pesquisa da PiperJaffray indicou que 26% dos jovens americanos veem o Twitter como a rede social mais legal. Em um ano o Facebook perdeu a liderança nessa pesquisa, sendo agora a resposta de 23% dos entrevistados — mesma porcentagem dos que indicaram o Instagram como sua rede social preferida. A aquisição do Instagram se justifica e esses dados todos dão base para o interesse no Snapchat.

Por que o Snapchat recusou a oferta do Facebook?

Bobby Murphy e Evan Spiegel.
Foto: Lightspeed Venture Partners.

É a pergunta que todos se fazem. Evan Spiegel e Bobby Murphy, co-fundadores do Snapchat, parecem ter planos ambiciosos para o app. Novos recursos, como as Histórias, melhoraram a experiência e o uso vem numa crescente já faz algum tempo.

Mas ainda que o cenário seja dos melhores, o grande problema é que o Snapchat não gera um centavo. Nada. Zero. Pela natureza privada do serviço e a sensibilidade do público a esse respeito, qualquer investida no sentido de gerar renda se torna difícil. Incluir anúncios? Complicado. Mediar a entrega de snaps? Também. Você consegue imaginar alguma forma de ganhar dinheiro com isso? Nem Evan e Bobby conseguem.

Em tom de brincadeira, Will Oremus tentou imaginar como o Snapchat faria dinheiro. Entre sequestrar imagens e extorquir usuários e outras ideias malucas,  surgiu a de vender itens virtuais, como chapéus e outros enfeites para as fotos. Parece (e deve ser!) piada, mas pode ser uma boa. O Line, um app de mensagens japonês nos moldes do WhatsApp, faturou US$ 132 milhões no segundo trimestre de 2013 vendendo jogos, stickers (adesivos virtuais) e oferecendo stickers patrocinados.

Claro, adesivos não são a resposta absoluta e certeira para o problema do Snapchat. Não é tão simples assim, não é uma receita de bolo. Qualquer mudança no modo de funcionamento do app, que é dos mais simples, precisa ser estudada — mais ainda uma que envolva pedir dinheiro dos usuários.

Segundo o Wall Street Journal, Spiegel, que também é CEO do Snapchat, disse que recusou a oferta do Facebook por acreditar no crescimento da base de usuários, visando uma valorização ainda maior para 2014. É bom reforçar que toda essa discussão se funda na declaração de “pessoas inteiradas do assunto”. Pode ser que nada disso tenha rolado no fim das contas.

Considerando que, sim, houve as negociações e elas não avançaram, para os usuários a manutenção dessa independência é boa. O Snapchat é a antítese do Facebook, quase uma ode à privacidade que a rede social tanto castiga em prol de dados dos usuários e anúncios direcionados. São serviços incompatíveis; tenho comigo que um dos motivos de o Poke ter afundado é essa desconfiança inerente em relação ao Facebook.

Ninguém sabe muito bem como tornar o Snapchat lucrativo, mas os co-fundadores parecem confiantes de que isso é possível. E convenhamos: eles disseram “não” a US$ 3 bilhões. Tamanha coragem e sangue frio merecem, no mínimo, um crédito de confiança. Estou curioso para saber no que o Snapchat se transformará.

[Review] Optimus G Pro, o phablet amigo da natureza da LG

“Nossa, que grande!” é o que mais se ouve de quem vê o Optimus G Pro pela primeira vez. Lançado no Brasil no final de agosto de 2013, o telão de 5,5 polegadas realmente se destaca, mas há outras qualidades (e estranhezas) neste phablet da LG.

O Optimus G Pro foi anunciado durante o World Mobile Congress, na Espanha, em fevereiro deste ano. Na época, chamou a atenção por ser o primeiro smartphone com o então novo Snapdragon 600, SoC poderoso da Qualcomm, e por trazer diversas características superiores às do Galaxy Note II, da Samsung, concorrente direto na briga de grandões no universo Android.

A demora em chegar ao Brasil desgastou o brilho do aparelho? O que a LG fez para diferenciá-lo dos outros phablets? Com LG G2 e Galaxy Note 3 já disponíveis por aqui, ele ainda é uma boa compra? Tentarei responder essas e outras dúvidas neste review.

Review em vídeo

Amor e ódio com o tamanho

Como é atender uma ligação com um phablet.
Foto: Vitória “Toia” Santos Cruz.

Para meu alívio, o  Optimus G Pro coube em todas as calças e shorts em que tentei colocá-lo. Faltar espaço ali para colocar o phablet era o maior temor antes de receber essa unidade de testes, e um justificável, afinal são 150,2 x 76,1 x 9,4 mm.

Apesar da relação harmoniosa com os bolsos, o tamanho avantajado cobra seu preço em diversas situações. O manuseio com uma mão é difícil, mesmo com os truques de jogar os teclados para um dos lados da tela e as pequenas decisões de design que melhoram a empunhadura — bordas traseiras arredondadas, botões laterais colocados no meio do corpo, em vez do topo, e largura e moldura da tela mais finas. Alcançar o botão home (físico) e os táteis que o ladeia também é um exercício de malabarismo dos mais chatos, com o risco iminente de tocar a base da tela e desencadear algum comando sem querer. Bônus indesejado: a LG substitui o botão de multitarefa do design padrão do Android pelo de menu, e isso afeta a Action Bar de todos os apps. Afinal, para que seguir um padrão se podemos mudar tudo?

Quanto mais cedo se admite que o Optimus G Pro, a exemplo de todo phablet, é aparelho para duas mãos, mais rápida é a adaptação a ele.

Decisões estranhas de design da LG.
Foto: Rodrigo Ghedin.

Embora tenham nomes parecidos, a LG posiciona o Optimus G Pro em uma categoria diferente da do Optimus G. A desse último seria a linha premium, que privilegia acabamento e design; a segunda, na qual se insere o Optimus G Pro analisado aqui, é a linha desempenho, com foco, também, em ergonomia.

Essa ruptura com o Optimus G, apesar da nomenclatura e visual similares, fica bem evidente quando se pega os dois na mão. O perfil fino, leve e com acabamento envidraçado dele (e do Nexus 4) cede lugar, no Optimus G Pro, ao plástico e soluções ergonômicas, citadas acima, para tornar o uso de um phablet mais natural.

São esforços válidos, mas em termos de design parece um passo atrás. O Optimus G Pro não é selado, ou seja, é possível remover sua tampa traseira e trocar a bateria, algo raro em smartphones topo de linha hoje. O plástico não tem um aspecto barato, parece resistente e tem até uma textura visual de quadradinhos brilhantes similar à dos irmãos com vidro menores, mas o conjunto é, de fato, menos “premium” que nesses outros. Ele também é pesado, com 172 g, embora seja algo esperado para um aparelho tão grande.

Acabamento mais simples no Optimus G Pro.
Foto: Rodrigo Ghedin.

Bem servido de portas e botões, o Optimus G Pro guarda algumas invencionices legais. O conjunto básico está lá: porta micro USB, microfones (um normal, para falar, e outro para cancelamento de ruídos), botões de volume e liga/desliga e saída de áudio. Ao lado dessa última, começam as surpresas: um sensor infravermelho.

Alguns modelos high-end recentes, como Galaxy S 4 e HTC One, vêm com ele. No phablet da LG, o app QuickRemote pré-instalado permite usá-lo para interagir com diversos aparelhos da casa. Testei com uma TV Samsung e funcionou muito bem. Como é mais fácil perder o controle remoto do que o celular, é um recurso bem-vindo.

O Optimus G Pro vem com um sensor infravermelho.
Foto: Rodrigo Ghedin.

Na lateral esquerda reside algo ainda mais único, um botão configurável. Por padrão ele ativa o QuickMemo, outro app da LG que, no caso, transforma a tela que está sendo exibida em um caderno de desenhos. Dá para fazer anotações, setas, desenhar, enfim, o que quiser e, depois, salvar o trabalho no Caderno, o app que gerencia essas anotações, ou compartilhá-lo — só faltou uma stylus para aproveitar melhor isso, né? (Outra forma de abrir o QuickMemo é clicando no primeiro slider da área de notificações.)

Nas opções do Android, a Tecla rápida, como a LG a chama, pode ganhar funções variadas, inclusive abrir e servir de disparador para a câmera, como é padrão nos Windows Phones.

Por fim, o LED de notificações é enorme. Na verdade, ele é a borda do botão home frontal, que é grande, logo… Chama a atenção, talvez até demais. Prefiro soluções mais sutis como a do Nexus 4.

Solta o som e desligue as luzes: que bela tela você tem!

Tela fantástica do Optimus G Pro.
Foto: Rodrigo Ghedin.

Se você precisa de algum motivo para comprar este phablet (ou explicar aos amigos por que comprou um), aposte na tela. A LG talvez seja quem faça as melhores telas de celulares hoje e o Optimus G Pro é o ápice dessa arte: 5,5 polegadas, resolução de 1920×1080, densidade de 401 pixels por polegada, painel IPS. Traduzindo: uma tela estonteante.

Esperta que só, a fabricante ainda inclui alguns vídeos demonstrativos que fazem pulsar a telona. A qualidade dessa tela é assombrosa de tão boa. Graças ao SoC poderoso, lidar com vídeos na resolução nativa, Full HD, não é problema. O que talvez cause um gargalo aqui é o espaço de armazenamento, de apenas 16 GB na versão brasileira (lá fora é de 32 GB), pouco para vídeos de alta resolução. Essa escassez de espaço pode ser remediada com o uso de um cartão microSD de até 64 GB.

A sonzera sai de um alto-falante solitário ao lado da câmera. Não impressiona, no volume máximo se notam distorções bem aparentes, mas na falta de fones de ouvido, quebra o galho.

Por falar em fones, os que acompanham o produto são bem bacanas. Bom isolamento acústico, graves ok e atenção aos detalhes. São feios que doem, mas oferecem boa qualidade sonora.

Desempenho e bateria

O Optimus G Pro tem tampa removível.
Foto: Rodrigo Ghedin.

Não há muito o que reclamar do hardware do Optimus G Pro. Com um Snapdragon 600 composto por um processador quad-core de 1,7 GHz e GPU Adreno 320, mais 2 GB de RAM, ele voa. Nem mesmo a skin esquisita da LG afeta o desempenho do phablet, que é notável. Ele é rapidíssimo, inclusive em jogos intensivos como Real Racing 3.

A bateria tem 3040 mAh e uma tecnologia que a LG chama de SiO+. Ela acrescenta partículas de silício na composição da bateria que, segundo o site oficial do Optimus G Pro, aumentam sua densidade. O resultado é uma recarga mais rápida e duração estendida de 5% a 25% em comparação a uma bateria similar sem essa tecnologia.

No mundo real, a autonomia do Optimus G Pro agrada. Diferentemente do que 3040 mAh nos leva a pensar, ela não se converte em dias de despreocupação com recarga, como no RAZR MAXX, da Motorola, ou no Honor, da Huawei. A tela provavelmente compromete a bateria, mas não a ponto de torná-la sequer mediana. Dá para passar um dia longe da tomada sem sustos.

O Optimus G Pro é enorme.
Foto: Rodrigo Ghedin.

O aparelho é compatível com bases de recarga da bateria por indução que sigam o padrão Qi — o mesmo que a Nokia usa bastante na linha Lumia.

Câmera

O Optimus G Pro vem com uma câmera traseira de 13 mega pixels, sensor de 1/3,06 polegada e lente com abertura f/2,4. Ela não traz nada espetacular como as câmeras PureView, mas gera resultados satisfatórios e o software se aproveita do poder de processamento do Snapdragon 600 para oferecer diversos truques, uns curiosos, outros úteis.

Anote aí: disparo por voz, captura prévia de imagens (tira fotos antes e depois do disparo para o usuário escolher as melhores), modo panorama VR (igual o PhotSphere do Android 4.2), câmera dupla para fotos e vídeos, modo automático inteligente, focagem manual ou automática (com um incomum slider no primeiro) e estabilização de imagem para filmagens.

A câmera é rápida, as fotos saem boas, considerando ser um smartphone, e enormes na configuração padrão, graças aos 13 mega pixels. Em certas circunstâncias as imagens saem um pouco lavadas e em condições extremas, como cenários naturais com muitas folhas ou outros elementos pequenos em grande quantidade, perde-se um pouco de definição. No geral, porém, as fotos são acima da média, com imagens bem definidas e bonitas. À noite, mesmo com pouca iluminação é possível obter resultados aceitáveis.

Crop de 100% de uma foto em ambiente interno, com iluminação natural:

Droidinho: bem definido pela câmera do Optimus G Pro.
Crop de 100% em uma foto.

O HDR também é legal (lado esquerdo normal, lado direito com HDR ativado):

Comparativo de HDR.
Foto: Rodrigo Ghedin.

E algumas amostras em condições variadas:

Optimus UI

Optimus UI, a skin para Android da LG.

As fabricantes sul coreanas têm certo fascínio pela natureza. A Samsung usa muito esse tema na promoção e inclusão de recursos da linha Galaxy S e a LG, com a nova Optimus UI, também recorre a campos verdejantes, gotas d’água e nuvens no tapa visual que dá no Android.

O Optimus G Pro vem com o Android 4.1.2 profundamente modificado. Dos elementos de interface às opções, tudo passou por um tratamento de beleza. Um tanto duvidoso, diga-se de passagem.

Embora a combinação de hardware potente com anos de trabalho tenha acabado com a fama de lentidão das skins de fabricantes, é difícil superar o trabalho de UI/UX e design do Google — é difícil superar o Android puro. Em alguns pontos a Optimus UI mais confunde do que ajuda e, em termos estéticos, é raro encontrar alguma parte dela que seja mais bonita do que a do visual base do sistema.

Um local emblemático é a área de notificações. Boa parte do espaço dela se perde para atalhos rápidos, os aplicativos QSlide (que flutuam sobre a tela e rodam em paralelo com outro app) e o slider de brilho. Tudo bem que a tela é enorme, mas as notificações também o são e, nessa alteração, quase metade da área destinada a elas é ocupada por elementos intrusos.

Área de notificações do Optimus G Pro.

Outra coisa que incomoda deveras é a preocupação exagerada com RAM, gerenciador de tarefas, administração de apps. Parece um viagem no tempo, de volta aos anos 1990 a bordo de um Windows 98. A LG destina um widget específico para mostrar quanto dos 2 GB de RAM está em uso, criou um app dedicado à administração de apps abertos e coloca, na tela de multitarefa, atalhos rápidos para forçar o fechamento de todos os apps que estão na memória.

De verdade: não precisa de nada disso.

2 GB de RAM sobra para o Android hoje. Fosse em um aparelho comprometido nesse aspecto, com… sei lá, 512 MB, seria compreensível — ainda que o adjetivo “vantajoso” permaneça questionável. No Optimus G Pro, isso tudo é bobagem. O Android gerencia a memória bem e o único efeito que saber quanto de RAM está em uso tem no usuário é o de paranoia ao ver muito dela está ocupada. Normal: memória existe para ser usada, não economizada.

A LG redesenhou profundamente o Android.

As intervenções visuais na Optimus UI são, na maioria das vezes, deselegantes. As nuvens no app drawer, os ícones redesenhados, os seletores dos menus, a animação ao alternar as telas iniciais, tudo é esquisito, parecem partes distintas que não conversam entre si e destoam drasticamente das diretrizes de design do Android que, nos apps (bem feitos), aumentam ainda mais essa sensação de estranheza e distanciamento visual.

Algumas intervenções felizes da LG.

Está tudo perdido? Não. Há coisas para se gostar na Optimus UI. A tela de desbloqueio possui atalhos rápidos bem úteis e os apps QSlide oferecem um workflow multitarefa bastante versátil. O recurso que mantém a tela ativa monitorando o olhar do usuário é bacana, bem como o que pausa um vídeo quando quem o assiste olha para outra direção — infelizmente, esse só funciona no player nativo.

As opções, aliás, merecem um pente fino: várias configurações interessantes ou mal definidas por padrão se escondem ali. Exemplo? O teclado, que por padrão vem com o método swipe de escrita e a correção automática desativados.

Um grande phablet

LG Optimus G Pro.
Foto: Rodrigo Ghedin.

Como todo bom Android, três meses após ser lançado por aqui o Opimus G Pro, cujo preço sugerido é de R$ 2.099, já pode ser encontrado por menos de R$ 1.600 em lojas virtuais confiáveis. É um preço bem tentador para um aparelho que ainda é capaz de segurar o status de high-end, e que fica ainda mais interessante quando comparado ao seu concorrente direto, o Galaxy Note 3, cujo preço sugerido é de R$ 2.800. Ouch!

Existem poucos motivos para desgostar do Optimus G Pro, mas esses poucos podem ser insuportáveis. O tamanho é o primeiro e mais óbvio: nem todo mundo gosta de andar com um negócio tão grande e destacado no bolso. Colocá-lo no rosto para conversar (ah é, ele faz ligações também, e nada a reclamar nesse ponto) é quase cômico. Em contraponto aos vídeos de tirar o fôlego e joguinhos imersivos proporcionados pela sua bela e grande tela está o tamanho físico, que afugenta quem prefere tamanhos mais manuseáveis e dificulta o uso.

A outra baixa é a personalização do Android. É feia e esquisita, um choque para quem, como eu, está habituado ao sistema puro, como concebido pelo Google. Pelo menos não notei engasgadas ou travadas de qualquer espécie, algo que, no passado (e, dizem, com alguns modelos atuais de outras fabricantes) era um problema crônico derivado das skins de fabricantes. O Optimus G Pro é um foguete.

O Optimuns G Pro não caiu no lago durante a produção dessas fotos.
Foto: Rodrigo Ghedin.

Apresentam-se como opções de phablets no mercado nacional o Optimus G Pro e o Galaxy Note 3. No custo-benefício, o modelo da LG é imbatível. Além do preço, em termos gerais ele é ótimo. Se phablets forem a sua praia, é um aparelho a se considerar bastante.

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Tablets para crianças: apesar das dúvidas, eles podem auxiliar o aprendizado

Tablets para crianças.
Foto: Byron P/Flickr.

Não é muito difícil encontrar um adulto com filhos que exalte a desenvoltura da prole com celulares e computadores, geralmente usando adjetivos exagerados como “gênio” ou “hacker”. Sem ter o cérebro condicionado pelo passado, as gerações mais novas, de nativos digitais, adotam essas novas tecnologias intuitivas de maneira bastante natural. Entre facilidade e utilidade, porém, pode haver um grande buraco. Tablets fazem bem para as crianças?

O assunto voltou à tona com a divulgação dos resultados de uma nova pesquisa, feita nos EUA, pela Common Sense Media. A primeira, de 2011, foi muito usada para embasar argumentações pró e contra o uso de tablets por crianças nos últimos dois anos. Os novos números, revelados mês passado, mostram que tablets e smartphones estão ainda mais populares entre esse público que ainda não sabe escrever, mas que aprende muito fácil e adora telas que respondem a toques.

  • O número de crianças menores de oito anos que tiveram algum contato com dispositivos móveis (tablets, smartphones) dobrou entre 2011 e 2013.
  • O número de crianças que têm em suas casa um tablet (dos pais ou próprio) mais que quadruplicou no mesmo intervalo — de 8% em 2011, foi para 40% em 2013.
  • O tempo diário médio gasto por elas triplicou, chegando a 15 minutos em 2013. Foi o único número temporal que subiu nesse intervalo. As outras telas (TV, video game, DVD e computadores) tiveram reduções no tempo gasto — ainda assim a TV continua líder absoluta na preferência dos pequenos.
  • Entre bebês com menos de dois anos, o salto no uso foi grande: 38% interagem com tablets, em relação a 10% na primeira pesquisa. 7% das crianças têm seus próprios tablets.

São números fascinantes (o relatório completo da pesquisa pode ser lido online) e, ainda que restritos ao mercado norte-americano, antecipam uma tendência que deve se espalhar para outros locais. O mais importante, porém, é se e como essas mudanças de comportamento afetam o desenvolvimento das crianças. Afinal, tablet para criança faz mal ou ajuda no desenvolvimento das suas capacidades?

Tablets e crianças, uma combinação potencialmente positiva

XO Tablet, do OLPC.
XO Tablet, o tablet educacional de Nicholas Negroponte. Foto: Wayan Vota/Flickr.

Dar um tablet a uma criança pode ser encarado como o equivalente do século XXI a colocá-las em frente à TV: os pequenos ficam entretidos, dão um sossego para os pais cansados e, de quebra, podem aprender alguma coisa enquanto se divertem.

Só que o tablet é uma janela muito mais ampla e atraente do que uma coleção limitada de DVDs ou a programação matutina das emissoras de TV. Se até hoje se discute como conciliar a TV com os primeiros anos de vida de um ser humano, ou se o video game é uma má influência na formação de uma pessoa, o que dizer de uma polêmica que se instaurou há menos de três anos, ainda tão nova e misteriosa?

Criança usando um tablet educacional.
Foto: Wayan Vota/Flickr.

Talvez por ser tão recente, o assunto está longe de chegar a um consenso. Os que são pró-tablets dizem que apps educacionais favorecem o aprendizado e que algumas temáticas mais complicadas de serem ensinadas por métodos convencionais se beneficiam das peculiaridades desses equipamentos. Jacqueline Cappellano, coordenadora de uma escola infantil em São Paulo, disse à Folha que “um conteúdo que você não consiga atingir por meio de uma estratégia dentro da sala de aula, usando material concreto, consegue que a criança entenda por meio da tecnologia”.

A proibição parece uma medida extrema que corre o risco de cair naquela ideia, quase sempre acertada, de que os extremos são perigosos. Não é como se o tablet fosse a encarnação do mal para uma criança e, sejamos francos, cedo ou tarde elas terão contato com a tecnologia. Sendo assim, não é melhor tê-lo em casa, sob a supervisão dos pais em um ambiente controlado?

O mapa do tesouro — ou as dicas de ouro — dos tablets para crianças

Tablets para crianças.
Foto: Arne Kuilman/Flickr.

Vários especialistas são favoráveis aos tablets para crianças, mas com ressalvas. De todos os cuidados, três são listados recorrentemente como imprescindíveis: ter apps adequados, monitorar constantemente o uso e limitar o tempo destinado ao tablet.

O mercado de apps e jogos móveis encoraja compras impulsivas, desafios desnivelados e itens chamativos, tudo para direcionar o usuário à compra de itens dentro deles. Esses, de pronto, não devem figurar uma lista de apps infantis. Mesmo os que se dizem estar nessa categoria precisam ser analisados previamente — nem sempre o conteúdo corresponde às promessas da embalagem.

Na mesma reportagem da Folha, Christine Bruder, diretora da Primetime, escola também de São Paulo que atende crianças de até três anos, comentou o trabalho que foi chegar a apps lapidados para crianças:

“Até os três anos, eles aprendem pondo a mão na massa, vivendo, experimentando, com liberdade. E muitos aplicativos fechavam o bebê em ‘aperte aqui’, ‘aperte agora’, incentivando a rapidez dos movimentos ou queriam ensinar a criança a ler, a reconhecer letras, números. Demorei tempo para achar conteúdo que fizesse sentido para apresentar a um bebê.”

Design Clothes with Toca Tailor Fairy Tales | Gameplay Trailer | @TocaBoca

Existem alguns apps exemplares, como os da Toca Boca, mas é preciso garimpar bem a App Store para encontrar outros bons exemplos. O auxílio do adulto vai além dessa fase de preparação; é preciso estar presente para guiar e dividir as descobertas dos pequenos. Como disse Jim Steyer, diretor executivo da Common Sense Media, ao Estadão:

“Tablets podem ser excelentes ferramentas educativas, mas não devem ser usadas como babás eletrônicas. Tanto o conteúdo, como o tempo de uso, devem ser vigiados de perto.”

O monitoramento se relaciona intimamente com o tempo que é permitido às crianças para brincarem com iPads. Deve ser complicado fazer esse controle se elas são “donas” do tablet, um cenário não tão alienígena nos EUA como a realidade brasileira e de outros países nos faz supor, e que mesmo aqui dá sinais de força — a tendência dos tablets de verdade para esse público, não aquelas calculadoras gigantes da Xuxa/Hot Wheells, é forte entre as fabricantes nacionais. De qualquer forma, sendo propriedade da criança ou não, recomenda-se limitar o uso diário do tablet.

Um desafio (e pessoas) em formação

Três crianças brincando em um tablet.
Foto: Eric Peacock/Flickr.

O iPad abriu a era dos tablets modernos no começo de 2011. Estamos falando do impacto de uma tecnologia super recente em pessoas tão ou mais recentes que ela. Ben Worthen, em matéria no Wall Street Journal, compara crianças munidas de iPads a cobaias:

“De muitas maneiras, uma criança pequena que usa um iPad é uma cobaia. Embora o iPad tenha sido posto à venda há dois anos, estudos científicos rigorosos sobre a maneira como um dispositivo desse tipo afeta o desenvolvimento da criança geralmente levam de três a cinco anos.”

Algumas instituições desse campo se lançam com recomendações estritas. A Academia Americana de Pediatria desencoraja quaisquer tipos de telas para menores de dois anos, por exemplo. Se isso é certo? Difícil dizer com certeza. Faltam estudos sobre os impactos do uso de tablet por crianças nessa faixa etária, e não só os educacionais: o uso dele piora o desenvolvimento das aptidões sociais? Atrapalha o convívio familiar? Incentiva o sedentarismo? Atrofia a criatividade?

Há muita experimentação rolando, pesquisas sendo feitas e apps, bons e ruins, nas lojas. O tablet pode ser um punhado de coisas, incluindo um poderoso auxiliar do aprendizado. Como diz Bruna Figueiredo Elias, do Colégio Brasil Canadá, em São Paulo, “As atividades com tablet não podem substituir explicações do professor; as brincadeiras com tablets não podem e não devem substituir as entre as crianças; o contato físico com amigos reais é mais importante — e imprescindível”.

Substituir todas essas atividades por um tablet está fora de cogitação. Ignorar a sua existência, também. A grande dúvida, que só o tempo e muito estudo poderão responder, é em que medida podemos deixar ele entrar na vida dos pequenos para que seus efeitos positivos sejam sentidos e os negativos, minimizados.

Pagamento via celular: o que as operadoras já oferecem no Brasil

Não é de hoje que se fala em pagamentos por celular. Em várias partes do mundo, como Estados Unidos e alguns países africanos, esse método de pagamento já é realidade, com sistemáticas diversas, todas usando o aparelho como meio. As grandes bandeiras de cartão de crédito também já investem pesado nisso lá fora. E no Brasil? A matéria foi regulamentada nesta semana, marco que promete acelerar a migração dos cartões de plástico para os smartphones. A mudança, aliás, precede a nova lei.

Mês passado a Lei nº 12.865, que trata dessa questão, foi aprovada e publicada no Diário Oficial da União. Havia ainda a necessidade de regulamentação do Banco Central, que por sua vez precisava ser aprovada pelo Conselho Monetário Nacional. Tudo terminou bem e na última segunda-feira (4/11) o final feliz foi anunciado em um evento no Ceará pelo Presidente do BC, Alexandre Tombini.

Quais os objetivos da nova lei?

Os serviços afetados pela nova lei são três: pagamentos via celular, cartão de débito pré-pago e “moedeiros virtuais”, que são como contas correntes, mas que operam via Internet — pense em PayPal, PagSeguro ou Google Wallet.

Além de definir regras básicas para o funcionamento desses serviços, alguns já em operação por aqui e outros em fase de testes, a lei brasileira passa a oferecer algumas garantias aos usuários. Com esse conjunto de diretrizes, espera-se que tais serviços se popularizem no Brasil e deem mais agilidade à economia.

Outra esperança do governo é que a facilidade desses meios, comparada à burocracia da conta corrente tradicional, estimule o brasileiro a se livrar do dinheiro em espécie e abraçar a tecnologia. “É mais fácil esquecer a carteira que o celular”, disse um comerciante que já aceita pagamentos via NFC na Grande São Paulo. Números oficiais também dão uma boa ideia de como nós somos avessos à praticidade: quase 40% dos brasileiros adultos não têm conta corrente.

Cá para nós: é bem mais fácil criar uma conta no PayPal do que ir a um banco, levar aquela papelada toda, conversar com o gerente, descobrir que esqueceu um papel, voltar… O governo concorda e, pensando lá na frente, imagina um futuro em que contas atreladas a celulares serão usadas também para o recebimento de benefícios de programas sociais, como o Bolsa Família. Como a maioria das ofertas desse tipo de serviço independe de sistemas e tecnologias modernas, como apps e NFC, é uma aposta realista, pé no chão.

As instituições interessadas em prestar esse serviço terão que conversar com o Banco Central e se submeterem à supervisão dele no prazo de 180 dias. Elas precisarão, ainda, deixar uma espécie de caução no BC para garantir os valores depositados pelos usuários em caso de quebra, como instituições bancárias fazem.

As ofertas de pagamento móvel das operadoras

As maiores operadoras de telefonia móvel do Brasil se anteciparam bastante à legislação e estão testando serviços de pagamento via celular há algum tempo. Algumas até já comercializam soluções. Veja o que cada uma tem, hoje, ou oferecerá em breve nessa área.

Meu Dinheiro Claro

Logo do Meu Dinheiro Claro.Em parceria com o Bradesco, a Claro opera o Meu Dinheiro Claro. É preciso ir a uma loja física para fazer ou finalizar o cadastro, o que é meio chato. Além de ser cliente Claro, é preciso ter à mão CPF, RG e comprovante de residência.

Feito isso, o usuário pode transferir e receber dinheiro para/de outras contas do serviço, fazer compras em estabelecimentos credenciados, adquirir créditos para o celular e até realizar saques na rede de atendimento do Bradesco.

O funcionamento se dá através de um código USSD, o mesmo usado para conferir o saldo, o que significa que não há consumo de minutos ou dados nas operações. Digitando *444# surge um menu de opções e, para garantir a segurança, toda ação exige a entrada de uma senha de quatro dígitos. A maioria dos serviços é gratuita; apenas dois, transferência e saque, são cobradas. Pelo menos esses valores se convertem em bônus de minutos para falar com outros clientes Claro.

A seção de ajuda do site do Meu Dinheiro Claro traz orientações bem claras sobre como proceder a partir daí de acordo com a opção desejada. O serviço foi lançado mês passado em quatro cidades: Belford Roxo, São João de Meriti e Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, e Goiânia, em Goiás. A expectativa é que ele seja expandido para o Brasil inteiro no começo de 2014.

Oi Carteira

A Oi se gaba de ser pioneira nesse setor. Data de 2007 a primeira investida em pagamentos móveis, feita em parceria com a Cielo. Ao longo dos anos, o Banco do Brasil entrou na jogada e compõe, hoje, a oferta da empresa, o Oi Carteira.

O Oi Carteira é um sistema híbrido: dá para usar o celular para todas as ações permitidas (saque, transferência, compra e recarga de créditos), mas a Oi e o Banco do Brasil ainda mandam um cartão convencional de plástico para a casa do usuário. A operadora diz que seu sistema é “a única transação móvel aceita em larga escala no Brasil”, graças à Cielo — mais de um milhão de estabelecimentos com a maquininha dela aceita, também, pagamentos via celular com o Oi Carteira.

Diferentemente da Claro, a solução da Oi cobra uma tarifa mensal, de R$ 8, que se converte em créditos para falar ao telefone. Ela só é cobrada quando existe crédito suficiente na conta do usuário para cobrir o custo. Após a primeira recarga, é cobrada uma taxa de R$ 10 para a emissão do cartão. O plano contempla um saque gratuito por mês — os excedentes são mais baratos que na Claro, custam R$ 1 cada.

O funcionamento do Oi Carteira se baseia no SMS. São dois números, o 4004 e o 40040001. O site oficial informa exemplos de textos que desencadeiam as ações, e existe também uma animação que explica de forma didática os recursos disponíveis:

Oi // Tutoriais Oi Carteira

TIM Mobile Payment e Mobile Money

A TIM atua em duas frentes: uma em torno de pagamentos com celular via NFC, outra de pagamento via celular (conta virtual).

A primeira está em fase bem avançada. de testes. Eles começaram no início do ano e a previsão de lançamento comercial é para o primeiro trimestre de 2014. O TIM Mobile Payment tem um grupo de parceiros de peso: Itaú, MasterCard, Redecard, Gemalto, Bradesco, Visa, Motorola e LG. A TIM ressalta a importância da Gemalto devido à sua solução TSM, que permite a instalação remota e segura de recursos baseados em NFC e, segundo a operadora, é “fundamental” para o oferecimento desse tipo de serviço.

O TIM Mobile Payment funciona com NFC e se restringe ao pagamento por bens e serviços em estabelecimentos comerciais. Na hora de efetuá-lo, o comerciante insere o valor na máquina habilitada e o usuário apenas aproxima o celular dela. O valor é, então, cobrado da conta do cliente em um dos bancos parceiros — Itaú e Bradesco.

Já o TIM Mobile Money tem como parceiras a Caixa e a MasterCard. Ele é uma “conta pré-paga virtual” e se assemelha às soluções da Claro, Oi e Vivo: o usuário poderá fazer pagamentos, transferências e outras ações com o celular ou um cartão vinculado ao número do aparelho. A conta será gerida pela Caixa e o processamento dos pagamentos, pela MasterCard.

A TIM não dá, ainda, muitos detalhes nem um prazo para o início dessa operação, mas garante que graças às suas parcerias, quando estiver em funcionamento o serviço será aceito de pronto em mais de 1,5 milhão de estabelecimentos comerciais em todo o Brasil.

Zuum (Vivo)

Logo do Zuum.A Vivo, em parceria com a MasterCard, tem o Zuum. Assim como as ofertas da Claro e Oi, trata-se de uma conta pré-paga virtual atrelada ao seu celular e, a exemplo da Oi, com cartão de plástico — mas aqui ele é opcional.

Com o Zuum é possível fazer compras, transferir e receber valores e inserir créditos na conta pré-paga do celular. O cartão, que custa R$ 14,90, é opcional e garante R$ 30 em créditos para conversar. A transferência de dinheiro para outra conta Zuum custa R$ 0,99 e o saque, R$ 6,90 sem nenhum gratuito, como na Oi — aqui tem a tabela completa.

Cadastro e operações são feitos via USSD, pelo número *789#. Não é preciso levar documentos a um estabelecimento físico; apenas a aquisição do cartão e o depósito de dinheiro na conta Zuum exigem que o usuário vá a um lugar específico.

O Zuum foi lançado em maio de 2012 e funciona nas seguintes cidades: Osasco, Sorocaba, Mogi das Cruzes, Jundiaí e Guarulhos, todas de São Paulo, e Belo Horizonte, Minas Gerais. O site oficial diz que ele estará disponível para o resto do Brasil “em breve”.

A Vivo ainda tem uma parceria com o PayPal que permite adquirir créditos usando esse sistema de pagamento, a primeira do tipo no mundo envolvendo o PayPal e uma operadora — segundo a Vivo. É possível criar uma conta no PayPal pelo celular, via mensagens USSD, e além da recarga de créditos, comprar e receber dinheiro por ali também.

Como a regulamentação do Banco Central afeta essas iniciativas?

Antes, uma tabela comparativa com as tarifas dos três serviços já em operação:

Tarifas de pagamento via celular.

As operadoras responderam ao meu pedido para se posicionarem sobre a regulamentação do Banco Central. Ela afeta esses programas em testes ou já em funcionamento? Na prática, muda alguma coisa para os clientes? Aparentemente, não — as parcerias com instituições bancárias dão as garantias aos clientes exigidas pelo Banco Central e, assim, dispensam aquele procedimento de adequação pelo qual outras empresas independentes, como PayPal e PagSeguro, precisarão passar..

A Oi preferiu não comentar.

A TIM disse:

A TIM está analisando a regulamentação de serviços de pagamentos móveis estabelecida pelo Banco Central. A operadora entende que as novas regras passam, primeiramente, pelas instituições financeiras e irá conversar com seus parceiros para que os projetos em desenvolvimento se adequem ao que foi determinado.

A companhia ressalta que os serviços de pagamentos móveis são uma oportunidade de suportar o core business das operadoras de telefonia e – no caso da TIM – reforçar o seu posicionamento inovador, entregando ainda mais benefícios para os clientes e conferindo ao celular um novo uso mais abrangente. Por isso, está realizando projetos pilotos de pagamento com a tecnologia NFC – em parcerias com Itaú, MasterCard e Redecard e Bradesco, Visa e Cielo – e desenvolvendo um produto de mobile money (cartão pré-pago no celular), em conjunto com a Caixa Econômica Federal. Os lançamentos estão previstos para o próximo ano.

A Claro:

A Claro entende que a regulamentação da Lei para pagamentos móveis ajuda a estimular cada vez mais o acesso da população aos serviços bancários, especialmente o público não bancarizado. Um dos benefícios é a simplificação do modelo de cadastramento nas contas mobile, por meio de telefone ou via web.

Conversei com Maurício Romão, diretor de serviços digitais para B2C da Vivo, sobre o Zuum. Para ele a regulamentação do Banco Central dá mais tranquilidade às empresas que já atuam ou pensam em entrar nessa área de pagamentos via celular. O Zuum, uma joint venture, tem correspondido às expectativas e até superado algumas previsões, como o volume de gasto médio dos clientes. Romão espera que o Zuum e outros serviços supram a lacuna dos brasileiros que possuem renda, mas trabalham apenas com dinheiro em espécie, sem qualquer tipo de conta bancária.

É cedo para prever se o impulso das novas regras locais será sentido na prática, se os serviços de pagamento via celular terão a adesão do público e mudarão o cenário da economia nacional. Ainda existem incompatibilidades (não dá para transferir dinheiro entre operadoras concorrentes, por exemplo), e mesmo para vanguardistas ainda existe certo receio em aderir a essa nova modalidade. São os primeiros passos de algo que pode ter um impacto significativo na maneira com que lidamos com dinheiro.

Ilustração: Satoshi Kambayashi/The Economist. Agradecimentos ao Thássius pela revisão, valeu!

O que o fim precoce do Everpix nos diz sobre startups e posse de dados

No final de agosto, Casey Newton e Ellis Hamburger publicaram um belo comparativo de serviços de armazenamento de fotos na nuvem. Um dos três vencedores, a melhor opção para usuários comuns, foi o Everpix, serviço relativamente novo, lançado menos de um ano antes com um modelo freemium e várias boas ideias para resolver o problema crescente que é organizar e revisitar toneladas de fotos digitais.

Ontem, o Everpix anunciou seu encerramento.

O que deu errado? Por que um produto tão bom não conseguiu se manter? Mais importante que essas questões é compreender o que esse fim precoce nos diz sobre a cultura de startups nos EUA e a importância de estar no controle da informação. Continue lendo “O que o fim precoce do Everpix nos diz sobre startups e posse de dados”